Maybe I'm still in love with you escrita por docpadfoot


Capítulo 1
Because, baby, for your love I'll do whatever you


Notas iniciais do capítulo

Ok, demorou, mas nasceu!!!!
Aproveitem!!



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 Sirius deveria ter escutado a sua empresária: pegar um táxi para o hotel que James tinha alugado (inteiro) era uma má ideia. O motorista tinha olhado para ele algumas vezes pelo espelho até perceber que sim, Sirius Black, vencedor do Grammy seis vezes, Brit Awards oito (tudo num intervalo de cinco anos) e capa de inúmeras revistas estava de fato no banco de trás.

 O homem tinha falado sobre como a filha mais velha amava as músicas dele, de como a do meio tinha pôsteres dele pelo quarto todo e o filho mais novo gostava de imitar as performances dele pela casa toda. A. Viagem. Toda.

 Normalmente isso não incomodava Sirius, ele sempre foi apaixonado pela atenção. Remus, seu ex-namorado - e o único amor da sua vida - dizia que o nome dele era perfeito para ele já que Sirius era a estrela mais brilhante da sua constelação, assim como ele precisava ser o que mais brilhava sempre.

 

 Remus era lindo, Sirius não cansava de observá-lo. Mesmo com as cicatrizes que cortavam seu rosto e abdômen, o corpo magro estava coberto apenas por uma regata e uma calça de flanela vermelha. Ele dormia tranquilamente na cama dele e Sirius não conseguia dormir de jeito nenhum.

 Ele olhou para as outras camas no quarto, James dormia sem camisa com uma perna “abraçando” a coberta. James era um cara bonito também, o cabelo dele era bagunçado de um jeito até charmoso e tinha um corpo bem atlético, mas ele não era Remus. Peter tinha a coberta até o pescoço e o rosto fofo e cheio estava afundado no travesseiro, ele parecia uma criança apesar de ter dezessete anos.

 “Os seus pensamentos estão atrapalhando o meu sono…” Sirius ouviu alguém sussurrar. Remus estava acordado.

 “Oi…” ele sussurrou de volta. “Eu não queria te acordar”.

 “Eu sei que não” Remus respondeu, sentando no colchão e esfregando os olhos tranquilamente, “Mas eu já acordei de qualquer jeito”.

 “Eu não consigo dormir de jeito nenhum”.

 “Quer deitar aqui comigo?”

 Era assim toda vez que um deles dormia mal, James e Peter já estavam acostumados com aquilo, James brincava que antes de Remus ele era o travesseiro favorito do melhor amigo, ao que Sirius respondia com um “vai tomar no cu” seguido pelo dedo do meio.

 “Eu realmente não quero dormir…”

 Remus levantou da cama, colocou um casaco quente e pegou suas botas.

 “Então vamos dar uma volta”.

 Sirius repetiu as ações do namorado, assim que os dois estavam bem agasalhados e com botas eles saíram do quarto em silêncio, a mão de Sirius apertando a mão de Remus firmemente.

 Apesar da ideia de dar uma volta ter sido de Remus, Sirius que liderava o caminho, para onde eles iriam? Estufa? O lago estava fora de questão, estava muito frio - o que era esperado para a metade de janeiro - . Quem sabe a torre de Astronomia? Não tinham aulas lá, às vezes professores de física levavam alunos para lá para mostrar um pouco do espaço, mas era muito perto dos dormitórios dos professores, arriscado demais.

 O Auditório! Era o lugar perfeito. Sirius gostava quando Remus se sentava na primeira fileira para vê-lo ensaiar para as peças da escola, gostava de olhar para ele ajudando os outros com suas falas e com os figurinos e cenários. Remus simplesmente conectava com os outros de uma forma impressionante, todo mundo gostava de ouvi-lo falar e dar direções, se não tivesse uma professora responsável pelo clube de teatro todos jurariam de pé junto que Remus era o responsável.

 Sirius empurrou o namorado até que o mesmo estivesse sentado na cadeira e subiu no palco.

 “Um show só para mim” ele brincou.

 “Eles geralmente são para você…” Sirius sorriu e se sentou no banquinho do piano e começou a tocar, inicialmente apenas brincando com as teclas, nenhuma música em específico até porque ele não fazia ideia do que tocar. Ele olhou para Remus, que num movimento suave apoiou o queixo na mão, sorrindo e inclinando o corpo para o lado, o cotovelo firme no apoio da cadeira. Ele era lindo.

 Oh! You Pretty Things foi o que ele decidiu tocar. Era uma das músicas favoritas de Sirius, direto do álbum ``Hunky Dory`` de David Bowie. Ele tinha começado a ouvir Bowie ainda criança, seus pais detestavam e seu irmão acompanhava-o para esconder os vinis em seu quarto.

 As notas do teclado preenchiam todo o anfiteatro, depois a voz dele cresceu, ele fazia graça com os ombros e sorria. Era uma música sobre como os mais velhos não gostavam propriamente de como os mais novos se comportavam, uma briga de gerações, mas tinha uma energia tão boa.

 Quando Sirius cantou “The earth is a bitch, we've finished our news” ele fez uma careta de desgosto fingido, fazendo Remus rir ainda mais.

 Ele terminou a música e se levantou do banco, andou até a frente do palco e fez uma reverência exagerada.

 “Bravo!” Remus dizia enquanto se levantava e batia palmas, Sirius levantou o corpo e começou a dispensar com a mão e dizer “Obrigado, muito obrigado!”

 Sirius pulou do palco e se sentou ao lado de Lupin.

 “Brilhante performance, não?” ele perguntou.

 “Você é brilhante", Remus respondeu, se inclinando em direção à Sirius para um beijo. Eles ficaram ali por uns minutos. “A estrela mais brilhante, Sirius” ele sussurrou entre beijos curtos.”A mais brilhante”.

 

 Remus tinha razão, ele era a estrela mais brilhante, tinha a atenção de todos. Por Deus, Lady Gaga estava na sua última fez de aniversário.

 Mas Remus ultrapassava o status de estrela, ele era a Musa. Assim como os antigos gregos invocavam as Musas para terem inspiração, Sirius trazia memórias com Remus e escrevia suas letras.

 Ele queria que o motorista fosse mais rápido. Ele amava velocidade, quando eram adolescentes Remus sentava atrás dele na moto e eles corriam. Os braços de Remus sempre apertavam a sua cintura e a cabeça apoiava em suas costas.

 O motorista fez uma curva mais acentuada, trazendo Sirius de volta à realidade. Eles continuavam a semi-conversa na qual o homem falava horrores e Sirius respondia com “Sim”, “Não” e “Hmm”.

 Por que o hotel ficava tão longe do aeroporto?

 Sirius notou que o homem tinha uma imagem de Ganesha, símbolo importante no Hinduísmo, responsável por remover obstáculos além de representar educação, conhecimento, sabedoria e riqueza. Ele tinha aprendido um pouco sobre o Hinduísmo quando se mudou para casa de James já que ele vinha de uma família indiana.

 O homem continuou a falar sobre como a filha mais velha queria ir num show dele, mas ele não tinha o dinheiro para isso e como isso matava-o por dentro.

 Sirius pegou o celular e perguntou para Sai - o motorista - quantos ingressos ele gostaria. Sai levaria os três filhos para o show. Sirius mandou uma mensagem para a sua empresária avisando para reservar 5 ingressos no nome de Sai Bhasin, que agradeceu inúmeras vezes. Eles esclareceram todos os detalhes e Rooney confirmou tudo.

 Sirius agradecia que o Bhasin gostava tanto de falar, senão ele acabaria fazendo Sai de psicólogo. Como ele reagiria se soubesse que Sirius cantava sobre como ele sofria e escrevia músicas sobre desilusões amorosas, sua fama e problemas familiares quando na verdade ele que estragou tudo? Que Remus não tinha sido o errado de tirá-lo de sua vida e que ele que tinha afastado o ex?

 Remus era sua maior inspiração e força para se apresentar desde os dezesseis anos - ele já tinha vinte e oito, faziam dez anos desde o término. Às vezes ele tentava entrar no perfil do Instagram dele, mas era privado e ele tinha sido bloqueado anos antes. James e os outros ainda seguiam Remus e ele seguia de volta.

 Ele era o único bloqueado.

 Sai parou em frente ao enorme hotel, eles saíram do carro, Sai tirou a mala do porta malas, Sirius pagou, Sai agradeceu mais uma vez pelos ingressos, entrou no carro e foi embora. Sirius ainda não tinha coragem de entrar no hotel. Ele ficou uns minutos olhando para a porta. O segurança do hotel veio ver se estava tudo bem e se ele precisava de ajuda, Sirius nem teve coragem de responder, ele abriu a boca, mas não saiu nada.

 Ele já estaria lá com certeza. Ele era um dos melhores amigos de Lily desde o sexto ano quando todos entraram em Hogwarts. Ele tinha muitas amigas mulheres, um grupo pequeno de homens composto por James, Peter, Frank e ele. Sirius era um dos melhores amigos de Remus antes dele beijar Remus no segundo ano do Ensino Médio. E deixou de ser um melhor amigo quando Remus terminara com ele antes da formatura.

 O segurança colocou a mão no ombro de Sirius para tentar “acordá-lo” e ele balbuciou “Potter” e o segurança acenou e entrou no lobby. Poucos minutos depois, James abriu a porta, sorrindo de orelha a orelha. James Potter tinha ficado ainda mais bonito do que ele era. Ele parecia muito com Dev Patel em Modern Love, eles tinham o mesmo cabelo bagunçado, um porte parecido, um sorriso similar e até o vestuário era parecido.

 “Você chegou!” ele gritou e pulou para cima de Sirius, dando um abraço apertado no amigo. “Faz o que, três anos desde a última vez que nos encontramos pessoalmente?”

 “Algo assim…” Sirius respondeu, apertando James ainda mais, “Chamadas vídeo uma vez a cada duas semanas não são o suficiente aparentemente…”

 “É claro que não!” James rebateu enfaticamente. “Você é meu irmão, caramba!”

 Eles entraram no lobby e James puxou o irmão para o balcão, eles fizeram um check-in e foram para o quarto de Sirius. James já conhecia  cada centímetro do prédio (e do salão de festas e das outras áreas de lazer) afinal o dono do hotel era um antigo amigo do pai de James.

 “Alguns convidados já chegaram, a maioria deles na verdade. Você foi um dos últimos” James explicava, gesticulando. “Lily está com alguns deles na piscina, coloca um shorts e vamos descer” ele continuou antes de se jogar na cama. Sirius obedeceu, tirando a calça jeans e a camisa. James começou a mexer no celular dele, respondendo e-mails e mensagens de clientes, amigos e das empresas contratadas para o casamento.

 Eles desceram assim que Sirius ficou pronto, eles andaram até a piscina.

 “Vem!” James pegou na mão de Sirius e começou a puxá-lo. “Lily vai ficar tão feliz em te ver. Ela está meio neurótica com o casamento”.

 “Tenho certeza que sim” e lá estava Lily, radiante. Porque Remus Lupin estava ao seu lado.

 Lily estava num maiô verde e o cabelo estava num rabo de cavalo, ela ria de algo que Remus falava, a cabeça jogada para trás e uma mão no braço dele. Ele também ria enquanto falava, porém era bem menos contido.

 Remus estava com um shorts preto e sem camisa. O cabelo estava um pouco mais comprido, ele estava mais musculoso, mais definido. As cicatrizes ainda estavam lá, entretanto Remus já não se importava com elas, quando eles tinham dezesseis anos Sirius beijou cada uma delas enquanto elogiava Remus.

 James chegou perto de Lily e abraçou-a por trás, dando pequenos beijos no rosto dela e depois sussurrando algo no ouvido da noiva, que sorriu para ele, deu um beijo na bochecha dele e se virou para Sirius.

 “Hey, Estrela do Rock” ela cumprimentou Sirius. Saiu dos braços do noivo e puxou o amigo para um abraço apertado.

 “Hey, Lírio” ele brincou e ela deu um soco na barriga dele. “Ouch! Isso dói, pequena!”

 “Cuidado, Lily” Remus falou, bebendo do copo dele “Ele pode escrever uma música sobre como você machucou ele” e saiu andando até Frank e Alice, uma amiga da época de Hogwarts. Eles tinham se casado uns quatro anos antes, e Frank era mais velho que o grupo, mas era advogado na empresa do pai de James e ele e James trabalhavam juntos. James fez estágio na empresa do pai desde o primeiro ano da faculdade, ele e Frank ficaram amigos e James brincou de Cupido apresentando Alice e Frank.

 Sirius respirou fundo. Honestamente, ele já esperava esse comportamento dele, não era como se ele esperasse beijos e abraços e carinho.

 “Sabe…” Lily começou a falar, “Se vocês tivessem me explicado o que aconteceu talvez eu poderia ajudar” e começou a fazer carinho nos cachos longos de Sirius.

 “Você realmente não poderia ajudar, Lily” ele murmurou, abraçando a amiga de novo. “Já tem gente demais envolvida”.

 “Vocês dois praticamente me juntaram com James, não é justo que eu tenha o amor da minha vida e vocês estão privados do de vocês por algo que aconteceu dez anos atrás…”

 “Lily, por favor, pare. Não”, ele insistiu.

 “Eu realmente tenho que falar com mais pessoas, meu amor” ela disse, soltando o abraço. “Fica com o James”.

 “Sua família já está aqui?”

 “Meus pais chegam hoje às oito” ela fechou a cara.

 Petúnia não vinha.

 “Você sabe que nós te amamos muito, né?” ele apertou Lily mais uma vez “Eu sou o teu irmão mais velho”.

 “Eu sei, Six. E eu também te amo” e foi cumprimentar outras pessoas. Sirius não conhecia nenhum deles, provavelmente amigos da faculdade de Medicina ou do hospital.

 “Então…” James começou a falar.

 “Hey, -” Sirius interrompeu e apontou para James “Você está de calça jeans e suéter de cashmere” ele colocou as mãos no quadril “Porque você está de calça jeans e suéter de cashmere? Estamos numa piscina”.

 “Eu ia me trocar quando você chegou” ele deu de ombros “Eu estava numa reunião quando a recepção me ligou dizendo que você estava catatonico em na porta”.

 “Caralho, eu te tirei de uma reunião?”

 “Relaxa” ele puxou Sirius pelos ombros e eles começaram a andar “Já estávamos no final, nós já tínhamos resolvido tudo, só que um estagiário deixou escapar que eu me caso amanhã e os clientes passaram uns minutos me parabenizando”.

 “E eles estavam felizes? Que caso é esse em que as pessoas gostam de conversar com o advogado?”

 “Era só um processo de legalização, eles são imigrantes e eu estou legalizando a moradia deles aqui”. Sirius fez que sim com a cabeça e James empurrou-o para a piscina. Sirius mostrou o dedo do meio e nadou até a borda. James, assim que notou o que Sirius queria fazer, saiu correndo, gritando "Suéter de cashmere, o cloro vai estragar!” Ele entrou no hotel e correu para o elevador, Sirius correu atrás, escorregando e caindo no meio do caminho.

 “Venha aqui, Jamesie” ele gritou, levantando, “Não fuja do padrinho do seu casamento. E do futuro padrinho do seu primogênito!”

 “Nem vem” James berrou de volta, apertando o botão do elevador repetidamente “Volta pra piscina que eu te encontro lá” e com a porta fechando ele mostrou os dois dedos do meio. Sirius chegou no elevador assim que as portas fecharam.

 “Filho da puta!” Sirius riu.

 “Senhor Black!” A recepcionista tocou no ombro de Sirius, “Eu peço que o senhor esteja seco quando entrar no lobby, os outros hóspedes podem escorregar”.

 “Claro” ele respondeu, juntando as mãos. “Perdão…” ele olhou na plaquinha no uniforme e continuou “Grace. Não vai acontecer novamente”.

 Ela ficou vermelha e ele foi para a piscina. Remus olhava para ele com um claro desprezo, Sirius acenou e Remus acenou de volta, virando o pulso e mostrando o dedo do meio. Sirius fechou a boca e balançou a cabeça. O carinho de Remus provavelmente iria continuar o mesmo durante todo o fim de semana.

 Lily chegou perto dele e entrelaçou o braço dos dois.

 “Algumas amigas minhas são suas fãs, você se importa de tirar algumas fotos?”

 “Desde que elas prometam só postar segunda, alguns fãs são meio maníacos e poderiam aparecer aqui no hotel - nós não podemos permitir que o seu casamento seja arruinado por pessoas que definitivamente precisam de ajuda”.

 “E você fala assim dos seus fãs?” ela perguntou chocada.

 “Eu amo meus fãs, mas às vezes eles se esquecem da própria vida e colocam a minha em primeiro lugar, eu só me preocupo”.

 “Eu sei, anjinho, eu sei” e eles foram até as amigas de Lily. Ela sempre foi assim, Lily era uma boa pessoa. Era fácil de entender o porquê de James ter se apaixonado por ela em primeiro lugar, ela era linda, gentil, inteligente e sabia manter uma discussão, ela fazia James querer ser uma pessoa melhor e sempre conseguia animar qualquer pessoa.

 

 James estava no treino quando Sirius viu Lily passando pelo gramado. As aulas tinham começado há um mês, mas James já estava puxando os colegas de time ao limite (como sempre) e a Treinadora Hooch adorava a empolgação de James então incentivava ainda mais.

 Remus lia Mrs. Dalloway de Virginia Woolf sentado em cima do seu casaco com as costas numa árvore e Sirius estava com os fones deitado com a cabeça nas coxas do namorado, Bowie tocava bem alto.

 Lily andava atrás de Dorcas, Marlene e Alice. O cabelo loiro de Marlene estava preso num rabo de cavalo e o braço estava entrelaçado com o de Dorcas, que ajeitava os cachos que caiam no rosto. Alice ajustava a gravata do pescoço quando ela parou para esperar Lily, que arrumava os livros em sua mala, ela provavelmente iria fazer deveres de casa no gramado.

 Lily, assim como Remus, amavam a biblioteca, mas como o inverno era tão doloroso eles tinham que ficar dentro do castelo o tempo todo, então eles aproveitavam todos dias com temperaturas acima de 10 graus fora da escola. O que incluía fazer suas obrigações com as folhas caindo das árvores por causa do outono.

 “Você sabe que está encarando, né?” Remus perguntou, puxando os fones do ouvido de Sirius.

 “Como?” ele indagou confuso.

 “A Lily” ele respondeu, fechando o livro “Você está encarando a Lily”.

 “Eu preciso falar com ela” ele afirmou, sentando-se “Não é justo que ela ofenda o James toda vez”.

 “Ele exagerou da última vez…” Remus deu de ombros.

 “Ah, claro” Sirius revirou os olhos, “Ele chamou a Lily para sair, ele é tão exagerado” e ele colocou uma mão na testa, jogou a cabeça para trás, fazendo drama.

 “Ele tinha caixas de chocolate e disse para ela usar uma fantasia”.

 “Ele chamou a Lily para ir com ele numa festa de Halloween, o que é suposto usar numa Festa à Fantasia, Remus John Lupin?”

 “Eu já disse que ela é insegura com o corpo dela, ela deve achar que foi uma piada de mal gosto com o corpo dela” Lupin explicou.

 “Mas você já não explicou para ela que ele gosta de cada centímetro dela?” Sirius perguntou irritado.

 “Sim, mas ela se recusa a acreditar”.

 “Isso acaba hoje” Sirius se levantou e jogou os fones e o Ipod no colo do namorado, “James não dormiu nada a noite, ficou ouvindo música alta o tempo todo, não prestou atenção em nenhuma aula e agora está torturando o time - tudo porque ela chamou meu irmão de idiota, inútil, energúmeno, desperdício de espaço e filhinho de papai convencido”.

 “Desde quando você se importa com a atenção dele na aula?” Remus jogou a cabeça para o lado.

 “Desde quando ele está quase chorando durante a aula da McGonagall, até a Minnie notou que ele não estava bem” Sirius colocou as mãos no quadril, ”Eu me recuso a deixar essa palhaçada continuar! Ele adora o chão que ela pisa e ela só xinga toda vez” ele bateu o pé no chão antes de começar a andar para onde o grupo das meninas estava.

 Alice foi a única que notou que Sirius se aproximava, com Remus correndo atrás, carregando seu casaco, o livro e o Ipod do namorado com os fones enrolados. Marlene e Dorcas estavam abraçadinhas, conversando baixinho e Lily lia o manual de História e fazia apontamentos no mesmo. Alice cutucou Lily e falou algo, ela levantou os olhos do manual e levou-os para Sirius.

 “Oi, Evans!” Ele gritou, “Nós vamos ter uma conversinha. Agora”:

 Ela se levantou do gramado e começou a se afastar do grupo para ter a conversa em particular com os dois rapazes.

 “O que foi, Black?” ela cruzou os braços, desconfortável.

 “Quando você vai parar com a sua atitude de merda?”

 “Que atitude de merda?”

 “A sua, cacete!” Ele apontou para ela, “Eu estou cansado de recolher as peças do James toda vez que você decide ser completamente rude sem motivo”.

 “Sem motivo?” Ela abriu a boca em choque.

 “Sem motivo” ele repetiu, “James é apaixonado por você desde o oitavo ano e você só joga ele pro lado sendo mal educada”

 “Ele não é apaixonado por mim” ela negou, virando o rosto para o lado.

 “É sim. Eu divido o quarto com ele desde o sexto ano e moro com ele desde o primeiro, ele só fala de você”.

 “Eu não acredito” ela deu de ombros.

 “Mas eu lido com isso há quase cinco anos” ele começou a imitar o amigo: “A Lily cortou o cabelo, ficou tão bonito. Você viu como ela sorriu? Ela é tão linda. Ela é a garota mais inteligente dessa escola, ela consegue tornar a aula de Química do Slughorn em uma aula tolerável”.

 “Ele não fala isso…” ela começou a fraquejar.

 “Porque você conhece o James tão bem, né?” Ele perguntou sarcástico, “Você passa tanto tempo com ele” Sirius afirmou com a cabeça.

 "Por que você se importa tanto? Porque eu gostaria de passar um tempo com ele?”

 “Eu me importo porque eu estou cansado de vê-lo chorar e lamentar, eu não aguento mais ver a cara de cachorro que caiu da mudança toda vez que você rejeita ele. Eu cansei de ver o meu melhor amigo destruído por sua causa” ele apontou para ela mais uma vez. Remus apareceu finalmente, ele tinha deixado os dois conversarem a sós antes de interferir. Ele tinha deixado as coisas com Alice, que agora passava as páginas do livro de Remus desinteressada.

 “Vamos nos acalmar” ele colocou uma mão no ombro de cada um, ”Não é necessário gritar” eles nem tinham notado que tinham aumentado o tom de voz, algumas pessoas já estavam entretidas com a discussão. Snape era uma delas.

 “Eu estou calmo” Sirius rebateu.

 “Eu estou super tranquila” Lily deu de ombros. “O seu namorado que está descontrolado”.

 “Descontrolado?” Sirius riu, “Eu só estou tentando enfiar senso na cabeça dela. Para alguém tão inteligente ela age como uma criança estúpida”.

 “OK…” Remus acenou, “Não há necessidade de usar xingamentos, Sirius”.

 “Senso?” ela repetiu, “Mentiras, você quer dizer”.

 “O que exatamente ele disse?” Remus se virou para Lily.

 “Que James é apaixonado por mim desde o oitavo ano, que ele me acha…” ela parecia lutar com as próprias palavras, “linda e inteligente” e ela passou as mãos pelo rosto e cruzou os braços em frente a barriga dela. Remus ainda olhava para ela com muita atenção. Ele respirou fundo e puxou a amiga para um abraço.

 “Mas não tem nenhuma mentira aí” ele reforçou, passando a mão pelo cabelo dela, “James realmente acha isso, eu também,” ele olhou para Sirius “mas eu não sou apaixonado por você. James é”, Lily bufou, “É verdade. Ele não dormiu nada nessa última noite e eu sei que ele só pensava em como você ficou chateada com a situação de ontem”, ela olhou para baixo, coçando o nariz.

 “E agora ele deve estar se matando de exaustão - e todo time - para tentar conseguir dormir pelo menos uma hora essa noite” Sirius continuou, Lily levantou a cabeça e Remus olhou para Sirius com raiva, um sinal claro para ele calar a boca.

 “Vocês falam isso por serem amigos dele", ela comentou.

 “Eu sou seu amigo a tanto tempo quanto eu sou amigo dele” Remus rebateu, “E eu adoro vocês dois”, Lily se soltou do abraço e começou a andar em direção às amigas. Remus segurou o rosto de Sirius entre as mãos, “Você não pode controlar tudo à sua volta, meu amor”.

 “Mas eu posso tentar” Sirius mexeu o rosto, esfregando a bochecha na mão direita do namorado, “James me salvou, ele merece só coisas boas na vida dele”.

 “Não estou dizendo que ele não merece, porém você está se esquecendo que você se salvou. Ninguém pode tirar o seu crédito” Sirius beijou a mão do namorado, “Você é uma boa pessoa, você não é a sua família, não precisa sobrecompensar”. Ele puxou Sirius pela mão, pegou as coisas com Alice, Lily não olhava para nada além do manual em suas mãos.

 Já com as suas coisas, eles andaram calmamente para o castelo, Remus carregava tudo em uma mão e segurava a de Sirius firmemente na outra.

 Duas semanas depois, Remus e Sirius estavam deitados na mesma árvore, dessa vez Remus lia Fahrenheit 451 em voz alta para Sirius , fazendo carinho no cabelo do namorado, quando Sirius viu James e Lily saírem do castelo e andarem pelo gramado, ele estava com a roupa do treino e estava secando o suor com uma toalha vermelha, ela olhava para ele concentrada enquanto conversavam animadamente. O sorriso de James era notável de longe e ele nem notou o melhor amigo encarando, mas Lily sim. Ela olhou para ele e deu um sorriso de boca fechada, sem graça.

 Duas semanas depois, na festa de Halloween, James e Lily começaram a namorar.

 

 Eram quatro da manhã e Sirius não conseguia fechar os olhos de jeito nenhum. Nem James nem Lily queriam despedidas de solteiro, eles tinham passado a noite toda no salão onde o hotel servia as refeições. Eles beberam todos juntos e cantaram horrores. Marlene, quando já estava mais animada, pediu para Sirius cantar para todos e jogou o amigo para o palco.

 “Você é a nossa Diva particular” ela dizia, ”Canta uma música sua, por favor” ela pediu juntando os lábios num bico, “A favorita da Doe é For your love*”.

 (*Para seu amor)

 “É verdade”, Dorcas confirmou, passando a mão pelo cabelo longo e loiro da noiva, Lene deu um enorme beijo na pele escura da noiva e sussurrou - tentou sussurrar, na verdade, ela já não tinha mais muito controle da própria voz:

 “So baby why don't you please me now / I've got so much I can give to you**”

 (**Então, baby, por que você não me agrada agora / Eu tenho tanto que posso dar a você)

 Sirius riu e subiu no palco e começou a cantar, colocando para fora a persona de palco dele. A Diva confiante, apaixonada pela atenção, alimentada pelos gritos e sexy.

 Remus estava apoiado no bar, bebendo não só o que tinha no seu copo, mas também a performance de Sirius. Num momento de coragem, Sirius olhou diretamente para o ex e cantou: Because baby for your love I'll do whatever you want / For your love I'll do whatever you want / I'll do whatever you want, for your love***

 (***Porque baby pelo seu amor eu farei o que você quiser / Pelo seu amor eu farei o que você quiser / Eu farei o que você quiser, pelo seu amor)

 E a música acabou, os convidados no salão batiam palmas e gritavam, Sirius amava aquilo, ele amava como ele se sentia um deus em suas performances. Como ele era adorado pelo público. Porém não nessa noite, a única pessoa por quem ele queria ser adorado não fez nada além de beber o líquido em seu copo. Nenhuma palma, nem por educação, nenhum sorriso, nada. Ele só mantinha a expressão neutra. Um homem qualquer falou algo no ouvido de Remus, que aí abriu um pequeno sorriso.

 Quem é esse filho da puta?

 A noite tinha acabado por volta das duas e meia, tanto James quanto Lily queriam descansar para o dia seguinte, seria um dia cheio. E todos tinham ido para seus quartos para dormir também.

 Só que Sirius não tinha pregado os olhos o tempo todo.

 Ele decidiu sair do quarto e andar um pouco, quem sabe se ele conseguisse cansar o suficiente ele dormiria. Ele não queria repetir algumas ações que fizeram mal a ele, ele não queria beber até desmaiar novamente, não quando ele já não se lembrava de muita coisa de uns anos passados, ele só sabia que tinham vários corpos suados na sua cama, homens, mulheres, não bináries, pessoas de diferentes partes do mundo. Ele não se lembrava do nome de nenhum deles. Sabia que esse comportamento tinha dado para ele um álbum inteiro (Canis Major era o seu único álbum que não era inteiramente sobre Remus, só tinha um música sobre ele - Ivy, na qual ele admitia que estava tudo bem Remus odiá-lo agora. Que ele tinha quebrado o coração de Remus).

 Ele andou sem rumo pelo hotel, passou pela piscina e andou pelo gramado até chegar no jardim gigantesco, e mesmo com a escuridão ele notou uma pessoa sentada num banco de madeira pintado de branco.

 Remus John Lupin em toda a sua glória. Ele estava olhando para o céu com as costas apoiadas no banco.

 Sirius parou e ficou em silêncio, algo que ele notou ter que fazer muito nos últimos tempos.

 “Quer se sentar?” Remus perguntou, Sirius balbuciou palavras sem sentido e Lupin virou a cabeça para ele, arqueando a sobrancelha, “Desde quando você é tão silencioso?”

 “Eu não quero estragar tudo”.

 “Mais do que já foi arruinado?”

 “Boa resposta” ele deu de ombros e se sentou no banco ao lado do ex.

 “Foi uma apresentação hoje” Remus comentou, cruzando as pernas e os braços.

 “Você não parecia ter gostado”. Remus riu.

 “Eu sempre gostei de te ouvir cantar e você sempre teve presença de palco”.

 “Obrigado” ele respondeu, jogando o cabelo para trás, “Você me parece bem”.

 “Agradeço” Remus passou uma mão pelo rosto.

 “Apesar da Lene ter escolhido a música” ele começou a falar, virando-se para Remus “era para você. Sempre foi para você”.

 “É fácil falar isso e cantar sobre como você foi ferido quando você que me machucou, Sirius”.

 “Eu sou hipócrita por isso eu sei”.

 “Jura?”

 “Eu nunca superei você”.

 “Você que terminou comigo” Remus balançou a cabeça, “Dez anos atrás”.

 “Não foi uma escolha minha...”

 “Foi pela sua carreira?” Remus perguntou sarcasticamente.

 “Pela sua”.

 “Eu sou professor de Inglês em Hogwarts, como que terminar comigo ia servir para lançar a minha carreira? Sabia que todos os meus alunos são obcecados por você? No momento que eles descobriram que eu e você tínhamos dividido o dormitório eles surtaram, eu sou bombardeado por perguntas sobre você todos os dias”.

 “Você foi aceito na Universidade de Oxford, Universidade de Cambridge e King’s College” Sirius começou.

 “Eu sei, eu recebi as cartas de aprovação” Remus falou como se Sirius tivesse problemas de compreensão.

 “Só que eu tenho tios em todas essas universidades” Sirius ignorou a interrupção, “Assim que meus pais souberam que o meu namorado tinha sido aceito em todas essas faculdades com bolsa de estudos eles surtaram” Sirius decidiu parar de olhar para Remus e começou a observar o céu, “E como meus pais não aceitam que eu seja feliz eles me mandaram terminar com você. Se eu não terminasse, eles iam destruir a sua carreira” Sirius passou a língua pelos lábios, segurando as lágrimas, “Meus tios também não gostam de mim e estavam no Conselho de todas as faculdades, eles só não sabiam quem você era e como você era importante para mim até a Walburga contar. A partir daí eles poderiam te tirar tudo. Tirar o seu futuro”.

 Remus não falava nada, ele estudava uma flor que estava perto dele com muita atenção.

 “E eu sabia - ” Sirius continuou, “Se eu te contasse você diria que poderíamos lidar com isso juntos, mas não podíamos. Eu não podia arriscar a sua vida profissional porque eu tinha uma família de merda”.

 “Então você me traiu” Remus completou. “Essa foi a sua decisão? Me trair para garantir que eu não ia mais querer te ver?”

 “Eu nunca fui o mais inteligente do grupo” Sirius explicou, “Você que era o mais inteligente. E você foi para Oxford. Eu trabalhei num estúdio de tatuagens até uma gravadora decidir me chamar para assinar com eles, agora eu tenho três álbuns de sucesso e tudo foi para você”

 Remus começou a tirar as folhas do caule na flor.

 “Quando meu tio Alphard morreu ele deixou tudo dele para mim, então eu fui atrás de você para tentar me explicar, mas outra pessoa atendeu o seu celular” Sirius soltou um riso frio, “Um Grant disse que você estava dormindo tranquilamente e que ele não queria te acordar”.

 “Grant e eu não estamos juntos” foi o que Remus disse.

 “Mas foi aí que eu percebi que eu tinha te perdido a sério. Você tinha seguido em frente e eu precisava fazer o mesmo, então eu entrei em contato com uma gravadora e mostrei as minhas músicas, como eu estava destruído, eu escrevi sobre aquilo. Eu nunca quis jogar a culpa em você, porque tudo que eu recebi foram consequências das minhas próprias ações” Sirius deu de ombros. “Eu nunca deixei de te amar”.

 “E o…” Remus parou para respirar fundo, “Luke Muir?”

 “Eu precisava que você me odiasse o suficiente para não ter chance de você falar que queria continuar a namorar comigo, então eu convenci o Muir a não desmentir que nós tínhamos ficado juntos. Eu só consegui chegar perto de outra pessoa que não era você depois do Grant atender o seu celular”.

 “Eu só comecei a namorar o Grant no meu segundo ano da faculdade…”

 “E você foi o único que eu beijei ou tive qualquer envolvimento entre os quinze e vinte anos. E depois disso eu bebia até esquecer que não era você na cama comigo, que você não ia me parabenizar pelo sucesso…” ele engoliu seco, “que você me odiava”.

 “Eu -” Remus começou, “não sei o que dizer”.

 “Eu não espero que você de repente me perdoe por tudo isso. James quase me matou”.

 “Ele sabe?” Remus ficou em choque.

 “Não. Ele quase me matou porque eu desapareci e quando eu aparecia eu estava tão drogado que ele quase me matou me batendo” Sirius riu, “De repente eu era o meu pai, um alcoolista com um complexo de superioridade por causa dos status. Eu era a porra do Sirius Black, eu tinha um Grammy, tinha uma tour de sucesso e eu nem precisava fazer nada para as pessoas me servirem” ele começou a estralar os dedos, “James mandou um e-mail para a minha gravadora dizendo que ele era o meu advogado e que eu ia tirar um ano de férias e só ia escrever músicas nesse período se eu quisesse, eu não tinha prazos; se eles se recusassem ele ia meter tanto processo neles que até os tataranetos deles teriam que me pagar idenização.

 “A gravadora emitiu um comunicado dizendo que eu ia passar um ano aproveitando a minha vida e que eu ia voltar depois, e James me internou numa clínica de reabilitação. Foi lá que eu escrevi Canis Major por causa da terapia” e soltou um riso, “Por isso que esse é o único álbum que só tem uma música sobre você e nela eu assumo a culpa de tudo”

 Ele olhou para Remus, que o observava com um misto de empatia e medo.

 “Como que eu não fiquei sabendo disso?”

 “Celebridades só tem vazado o que elas querem, nossa vida pública é cuidadosamente planejada, e James cresceu cercado por advogados, ele sabia como assustar a gravadora” Sirius deu de ombros, “Quando eu voltei a gravar eu troquei de empresário, mandei embora o Tony Marsh e contratei a Rooney, ela, James e Lily garantiram que a gravadora não ia mais me usar e que eu seria tratado como um ser humano. Rooney proibiu todo mundo da equipe de me dar qualquer coisa se eu não fosse educado para lembrar que eu não era um deus e que o meu alcoolismo não era uma desculpa para eu ser um filho da puta.

 “Lily e James iam me visitar sempre na clínica e depois que eu saí eles me mantiveram por perto, mas por causa da faculdade de Medicina ela ficava cada vez mais ocupada, James começou a crescer na área dele e Canis Major foi um sucesso e a tour teve os ingressos esgotados então nós começamos com um sistema de ligações. Eu podia ficar no máximo duas semanas sem fazer chamadas de vídeo com o James e a Rooney mandava updates para ele sempre. Tem sido assim nos últimos três anos”.

 “E como você tem estado?”

 “Alguns dias são piores que outros” ele deu de ombros, “Mas essa é a vida. Eu não bebo faz cinco anos”.

 “E músicas novas? Tem escrito?” Remus tentou animar Sirius.

 “Eu vou começar uma tour em agosto, agora eu estou de férias” ele respirou fundo. “Bom, eu fico feliz que esclarecemos o que realmente aconteceu dez anos atrás" e se levantou, “Eu vou dormir. Boa noite, Remus”.

 “Boa noite, Sirius” Remus também se levantou e eles andaram juntos até o elevador em silêncio. Remus saiu antes de Sirius, acenando.

 Sirius conseguiu dormir depois e só acordou às nove.

 

 O espaço estava tão bonito, os quase cem convidados estavam sentados nos bancos brancos, rosas cor de chá estavam em buquês presos no banco, enfeitando o corredor. Os buquês estavam ligados por faixas de cetim cor de champagne. O tapete rosê estava com pétalas da rosa cor de chá.

 James estava com um terno Slim Fit preto Armani e os padrinhos - Sirius, Remus e Frank - estavam com ternos Regular Fit pretos parados ao lado de James. As madrinhas - Marlene, Dorcas e Alice - andaram pelo corredor com vestidos tipo sereia rosê de seda, seguidas de Lily num enorme vestido branco de princesa.

 No momento que Lily pisou no tapete James começou a chorar. Sirius sorriu ao ver a cena, James e Lily se amavam tanto, Sirius se perguntava se ele viria a ter um momento assim, já a única pessoa que já fizera-o chorar de emoção como James chorava estava ao seu lado e já não tinha interesse nele.

 A cerimônia foi rápida. James e Lily queriam falar que eram marido e mulher o mais rápido possível, os votos fizeram todos chorar, até Alastor Moody, amigo do pai de James tirou um lenço do bolso.

 Na festa Sirius dançou com várias amigas do casal e tias, assim como Remus teve que dançar com várias delas. Eles trocavam olhares toda vez que viam que tinham pares repetidos. James e Lily obedeciam a obrigação dos noivos de conversar com todo mundo, mas era evidente que eles só queriam ir para a suíte deles comemorar sozinhos.

 Já para o final da noite, Remus já tinha bebido um pouco a mais e chegou perto de Sirius.

 “Quer dançar comigo?” Sirius não sabia como reagir. No dia anterior, Remus não queria vê-lo pintado de ouro e agora pedia para dançar com ele. Não que fosse uma grande surpresa a mudança de tensão entre eles depois da conversa de madrugada, o clima estava leve. Se não fosse toda a bagagem emocional guardada por dez anos, Sirius diria que era o baile de finalistas do nono ano novamente, em que eles dançaram juntos no gramado, escondidos dos colegas, ainda se considerando amigos, sem nenhum envolvimento romântico.

 “É claro” ele finalmente respondeu. Eles andaram juntos até a pista de dança e Sirius colocou os braços nos ombros de Remus, que segurou a cintura de Sirius. Eles dançavam em silêncio, um silêncio confortável e tranquilo, eles não tinham preocupações no momento. Eram dois amigos se reencontrando depois de anos afastados e não ex-namorados trazendo a briga e o término como tinha sido no dia anterior.

 Os seus rostos estavam muito próximos e suas respirações estavam meio entrecortadas. Mas eles não conseguiam parar de olhar um para o outro. Sirius começou a se aproximar, olhando para a boca de Remus, que fez que sim com a cabeça.

 Eles acordaram desse momento quando ouviram Lene gritar que a Sra. Potter ia receber um pouco de carinho e James e Lily saírem do salão meio a gritos e assovios. Eles se desvencilharam de um jeito sem graça.

 “Boa noite, Remus” Sirius disse antes de seguir o caminho de James e Lily e subir para o seu quarto. No que ele estava pensando quando aceitou dançar com Remus? Era uma má ideia. Ele não tinha superado Remus e Remus tinha seguido com a vida dele, teve relacionamentos saudáveis, não tinha dependido de algo com a porcentagem de álcool no rótulo. As coisas estavam melhores agora, porque ele tinha que estragar tudo?

 Ele deitou na cama e ficou revirando os lençóis. Cansado de não conseguir dormir juntou as suas roupas na mala e trocou o pijama por jeans e uma camisa do Jimi Hendrix, desceu para o lobby, chamando um táxi e fez check-out. Ele precisava da sua casa. Ele precisava ir para Londres, já tinha cansado de Somerset.

 Ele dormiu o voo todo e dormiu quando chegou em casa.

 No dia seguinte, ele estava no estúdio em sua casa brincando com sua guitarra, tocando Voodoo Child de Jimi Hendrix quando seu celular vibrou no bolso da calça. Ele achou que poderia ser Rooney então pegou o mesmo. Para sua surpresa era um número desconhecido.

 

(020) xxxx-xxxx 11:27AM

Só para você saber, eu teria te beijado se a Lene não tivesse atrapalhado.

Eu cheguei em Londres hoje, eu volto a trabalhar amanhã.

Quer tomar um café?

(020) xxxx-xxxx 11:29AM

James me deu o seu número.

Sem eu pedir ahahah

É o Remus, a propósito!

 

Sirius 11:31AM

Eu quero sim!

Me encontra no Honeydukes às 3?

Eu também teria te beijado…

 

Remus 11:32AM

Até às 3, Sirius

 

Sirius 11:32AM

Até às 3, Remus

 

 Duas semanas mais tarde, Remus andava pelos corredores de Hogwarts antes da sua primeira aula do dia quando percebeu que seus alunos estavam cochichando e apontando para ele. 

 “Sr. Lupin?” Mary Jones chamou levantando a mão no começo de sua primeira aula, logo após a chamada.

 “Sim, senhorita Jones” ele colocou a pauta na mesa e começou a procurar o livro que eles estavam lendo naquele mês.

 “É verdade que o senhor namora com Sirius Black, o cantor?” ele franziu a testa.

 “Quem disse isso?”

 “O próprio” ela se encolheu na cadeira meio apreensiva, “Ele postou uma foto sua” ela apontou para a mala, ele fez que sim, “Duas na verdade. Uma de vocês dois se beijando com o uniforme daqui e uma te abraçando, essa segunda parece mais recente. A legenda dizia Because, baby, for your love I'll do whatever you want****”

 (****Porque, baby, pelo seu amor eu farei o que você quiser)

 Remus revirou os olhos e disse calmamente:

 “O meu noivo é tão dramático…”


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