Youth escrita por red hood


Capítulo 1
I: shadows settle 15/16


Notas iniciais do capítulo

FELIZ PRIDE MONTH 2021!

Nem acredito que essa já é a segunda edição desse projeto tão especial ♥; a do ano passado foi incrível. Passei por momentos muito ruins durante o ano passado e ter participado desse projeto tão querido sem dúvidas me ajudou muito a manter o mínimo de sanidade mental para continuar! Espero que quem entrou esse ano tenha uma experiência boa também ♥ meu maior orgulho é de saber que as fanfics me trouxeram amigas incríveis, pessoas que guardo com muito carinho e que tem um coração enorme.

Queria agradecer principalmente minhas queridas amigas adms, karou, camila e clara, vocês são tudo pra mim!!!! Acho que foi o melhor reencontro do mundo fanfiqueiro possível, vocês são as melhores do mundo.

Ah! E minha queria gêmea de outra mãe e 141 dias mais velha que eu, violet hood, obrigada por betar esse capítulo!

AGORA SOBRE A HIST?“RIA!

Ela foi uma desculpa para escrever sobre Dominique Weasley e também enfiar toda a confusão mental que vivi durante a minha adolescência. Cada dia que passa sinto que entender sobre a nossa própria sexualidade pode ser muito mais complexo do que simplesmente se em titular algo. A autoaceitação pode ser algo mais traiçoeiro e difícil de se conquistar. Homofobia internalizada é algo complexo, principalmente quando você já carrega o fardo de querer agradar todo mundo.

Enfim, talvez essa seja o modo que encontrei de ficar em paz comigo mesma, enquanto escrevo um final feliz para a confusa Dominique Weasley.

Essa é a primeira parte da vida da nossa queria protagonista, levemente baseada em Youth (Daughter), o título se chama "Shadows Sette", pois é como se fosse o início ai das "sombras" que a maturidade muitas vezes pode trazer e nem sempre a gente ta preparado para isso. Além disso temos o início de uma Dominique começando a pensar sobre sua sexualidade.

TW: Esse capítulo aborda sobre ansiedade sutilmente. ALERTA DOS MOMMY ISSUES! SE VOCÊ TAMBÉM TEM, BEM-VINDA AO CLUBE!

Here I am com mais uma short-fic que irei me arrepender de ter transformado em short-fic em algum momento... mas ta tudo bem!

Espero que gostem!



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Our minds are troubled by the emptiness

 

Dominique sempre sonhou com o momento que sairia de casa. Aos 15 anos já estava certa de que não aguentava mais problemas familiares, precisava de novos. 

Novos problemas, não novos familiares.

Ela muitas vezes se sentia sufocada, como se estivesse presa em um ciclo sem fim. Não tinha tempo de se apaixonar por meninos de conduta questionáveis igual suas primas, ou sofrer com o clube de debates da escola.

Eram só problemas familiares.

Além dos problemas corriqueiros de se criar 3 filhos em um mundo em crise econômica constante, sua mãe jamais fora a mesma depois da morte de seu avô. A antiga Fleur radiante, que usava vestidos floridos, tornou-se uma mulher muito mais ansiosa e ríspida. Era como se a simbologia de deixar de ser filha tivesse mudado sua mãe, tirando dela parte da leveza da juventude. Pelo menos esses eram os pensamentos que rondavam a mente de Dominique quando era alvo de críticas de sua mãe.

Contudo, apesar dos gritos, brigar e encheção de saco até que gostava de sua família. Gostava de seu pai, que para ela sempre seria um gigante ruivo e bondoso. Gostava de sua mãe, mesmo que seus olhos parecessem tempestades quando ela ficava furiosa. Gostava mais ainda de seus irmãos: Victoire, a mais velha, sempre responsável e modelo de conduta e Louis, o caçula de toda a família Weasley, o pré-adolescente mais inteligente de sua idade.

Nada nunca era certo quando se tratava de Dominique Weasley. Então ela não sabia se gostava muito de si mesma ou se os outros gostavam dela de volta. Não sentia que possuía nada de especial. Ela era a filha de Fleur Delacour que não havia herdado os cabelos loiros quase brancos, e nem os cabelos ruivos flamejantes de Bill Weasley. Não tinha as melhores notas na escola, não era a prima mais bonita da família, não sabia tocar nenhum instrumento ou jogar algum esporte.

Além disso, todos os dias ouvia pelo menos uma vez que era um caso perdido e de fato era isso que ela sentia muitas vezes: perdida. A sensação que parecia morar em seu peito era a da insuficiência constante. Era cruel ter que carregar o fardo de jamais ser capaz de corresponder às expectativas colocadas nela. Estava cansada de acordar e logo ouvir sobre seus cabelos despenteados, como precisava de uma limpeza de pele ou como ela não iria conseguir terminar o ensino médio sem antes reprovar.

— Dominique Weasley, eu desisto de você! — sua mãe sempre gritava, enquanto jogava todas suas roupas para fora do guarda-roupa, pois como se não bastasse a cabeça da filha ser uma bagunça, o quarto tinha que refletir isso.

Tudo que a garota tocava se transformava em caos. Era assim com seu quarto, na escola e nas amizades. Era como um imã atraindo problemas desnecessários e dramas diários. Dominique se sentia péssima o tempo todo. Era sempre desajeitada e estranha demais. Antipática. Antissocial. Insuportável. Por mais que quisesse mudar tudo que era para receber o mínimo de aprovação, no fundo sabia qual era seu maior defeito: não ser Victoire.

Em dias bons, Dominique olhava para a irmã mais velha e pensava que realmente queria ser mais como ela. Ter um grande coração, ser prestativa, fácil de lidar e conversar. Sua irmã mais velha era exemplo de perfeição, alinhamento, carregando como bônus o namorado perfeito aprovado pela família.

Em dias ruins, tudo que ela via era como a perfeição não existia e Victoire pagava com doses de ansiedade generalizada para continuar em um padrão quase insustentável de excelência. Havia perdido a conta de quantas vezes viu a irmã esconder, com pesadas camadas de maquiagem, o cansaço de noites de insônia. Enquanto pulava refeições atrás de refeições, porque não poderia perder foco, já que tinha que se preparar para entrar em Oxford com excelência. 

Por mais que odiasse toda aquela situação, Dominique não conseguia ter raiva da irmã mais velha. Afinal, apesar de toda diferença entre as duas ser ressaltada com frequencia, Victoire era a pessoa em que Dominique mais ouvia.

E quando tinha vontade de impulsivamente fazer tudo contrário do que sua mãe pedia, Victoire suplicava a ela, com seus olhos piedosos e todo o cansaço que os estudos traziam, então Dominique era incapaz de dizer não. Chegou a em algum momento havia passado a atear fogo nas palavras direcionadas a sua mãe apenas por diversão. Sabia que sua mãe conseguia machuca-la com facilidade, mas ela também tinha a capacidade de revidar com a mesma moeda.

Infelizmente, a rebeldia de Dominique, muitas vezes custava a sanidade de Victoire, que com 17 anos já carregava fardos mais pesados do que os necessários para uma adolescente.

 

Destroy the middle, it's a waste of time

 

Aos 16 anos tudo que Dominique mais queria era se sentir amada de alguma forma, mesmo que acreditasse que no final iria morrer sozinha. Afinal, se nem sua família era capaz de aguentá-la, como ela podia esperar que outra pessoa fizesse isso?

As coisas se tornaram um pouco mais difíceis desde que Victoire foi para a faculdade. Deixara de ter um apoio para dias em que tudo que gostaria de fazer era sumir, ou alguém para amenizar suas broncas e apoiar suas pequenas mentiras.

Então, a menina resolveu naquele ano que se esforçaria para gradar a todos ao menos um pouco. Porém, como de esperado, tal plano só lhe causou mais desconforto e atritos familiares.

Dominique passou a acreditar que havia se tornado duas pessoas em um corpo só. Dentro de sua casa ela sempre seria a personificação da palavra problema, mas fora ela conseguia ser a verdadeira Dominique: leve, dedicada a fazer o melhor quando amava algo, criativa, intuitiva, brilhante. Ela era como o sol, iluminando onde passava, podendo queimar, mas também aquecer.

Amava sua família, mas no auge de sua adolescência, Dominique já se sentia exausta e incapaz de trazer qualquer orgulho para eles, principalmente para sua mãe.

Dominique sabia que sua mãe a amava muito, contudo, em alguns dias questionava se ela realmente gostava dela. Por baixo de toda confusão e cobranças que a relação mãe e filha gerava, será que elas poderiam ainda conviver em paz? Será que em outra vida teriam a capacidade de se tornarem amigas?

Em dias bons, ela amava a paixão de sua mãe por livros, o jeito como ela sempre palpitava sobre as roupas de Dominique, o sotaque francês e como Fleur odiava cozinhar, mas era capaz de executar as receitas mais incríveis do mundo.

Em dias ruins, ela chorava após as brigas. Chorava porque não gostava da pessoa que era nos olhos de sua mãe, não gostava de como não conseguir conversar com ela sem embargar a voz, como até mesmo Louis com 14 anos sabia se expressar melhor com a mãe do que ela.

Assim, naquele ano, Dominique começaria uma busca inconsciente pelo fantasma da aprovação de sua mãe em tudo que fazia, enquanto deslizava, errava, e provocava as piores discussões e brigas que já tiveram. Algumas provocadas por notas, outras pelas respostas acidas da menina e, por fim, porque Dominique simplesmente não era o suficiente, pelo menos era assim que ela interpretava tais conflitos.

Suas inseguranças pareciam crescer dentro de seu corpo a cada dia, como pragas em uma plantação, apertavam seus ossos. Seus pulmões já haviam sido corrompidos pela ansiedade e ela raramente encontrava conforto interno, fazendo com que inconscientemente fundamentasse toda sua autoestima em sua aparência.

Sendo assim, recentemente havia resolvido ouvir sua mãe e aderido aos cremes e rotinas de limpeza de pele. Cortar o cabelo na altura do ombro tinha sido talvez a melhor decisão que tomara, poupando tempo de cuidado e fazendo com que ela se livrasse te todas as pontas secas e quebradiças. Aos poucos ia descobrindo em quais roupas se sentia mais confortável, como se pudesse ser uma nova Dominique a cada dia, até achar uma que selasse sua paz com o espelho.

Não demorou muito para as pessoas notarem as graduais mudanças nela. A puberdade parecia finalmente começar a fazer pequenos milagres em seu corpo esguio e desengonçado. Mesmo assim Dominique ainda tinha algumas questões.

Há essa altura da vida, grande parte de seus amigos já haviam se apaixonado pelo menos uma vez. Outros já namoravam e, enquanto Dominique nunca havia dado um beijo se quer em uma pessoa, eles já adquiriam outros tipos de experiência.

Em dias bons, ela se autoconsolava falando que cada pessoa tinha o seu tempo e que se ela nunca havia se apaixonado, para que a pressa de se quer querer beijar alguém?

Em dias ruins, Dominique colocava sua playlist mais triste e questionava se havia algo quebrado dentro dela. Só queria ser capaz de gostar de alguém e ser correspondida, mas também não sabia como fazer aquilo.

Foi então, que no fim do semestre algo aconteceu. Esse algo se chamava Charles Wood, capitão do time de futebol da escola, filho do técnico e melhor amigo de James Potter, um de seus primos mais velhos.

Dominique o achava lindo assim como uma boa parte das meninas e meninos de sua escola, porém, jamais cogitara em ter qualquer coisa com ele. Era algo distante demais para ela. Ele era alguém para se admirar e comentar durante as partidas, quando ela e as primas fingiam estar prestando atenção em qualquer coisa que não fosse o garoto.

Os dias de jogos do colégio eram os favoritos de Dominique. Ela, Rose e Roxanne se juntavam na última fileira da arquibancada para fofocarem sobre os jogadores e rir das brigas patéticas em campo. Em alguns dias Lysander e Lorcan, os gêmeos que estudavam com ela desde o fundamental se juntariam a bagunça narrando de modo cômico o jogo e contando quantas vezes Charlie secaria o rosto com a própria camisa, apenas para chamar atenção.

Porém, foi na festa de Lucy, sua prima que estudava com Charlie, que eles trocaram a primeira interação. Depois disso foram muitas conversas casuais até culminar em um beijo inesperado – pela parte de Dominique – em uma sala de cinema com um filme ruim passando no telão.

Ele a beijava em um ritmo estranho, enquanto Dominique tentava corresponder, questionava-se como havia parado ali. Se achava que não sabia o que estava fazendo, Charlie parecia tão inexperiente quanto ela. Sentia que as mãos dele estavam passando em todos os lugares errados do seu corpo. Dominique não era muito inocente em muitos aspectos, entretanto, havia sido quando pensou que aquela seria apenas uma saída entre amigos. Não tinha nem entendido que aquele era seu primeiro encontro e já estava tendo seu primeiro beijo.

Charlie era lindo, simpático, se dava bem com toda sua família, mas Dominique não conseguia parar de pensar: então isso que é beijar alguém?

 

► ★ ◄

 

No dia seguinte, no seu grupo de amigas, o único comentário eram sobre como Dominique havia conseguido fisgar Charlie Wood. Aparentemente já havia rumores de que o garoto a chamaria para o baile e que não parava de falar da loira.

Dominique demoraria anos para admitir que aquela experiência havia sido péssima, porém, por hora, tudo o que fez foi concordar e dizer como ela tinha tido a sorte de ter o primeiro beijo com alguém como ele. O que não era totalmente uma mentira, afinal o “ato” havia sido péssimo, porém, isso não anulava o fato de Charlie ter sido extremamente fofo com ela o tempo todo, oferecendo até carona na volta.

Felizmente, no final de semana seguinte Dominique foi mandada para França. Sua mãe havia dito que seria bom para ela pensar no que faria no ano seguinte, afinal tinha que entrar em alguma faculdade. E talvez passar um tempo longe de casa ajudasse ela a nutrir algum juízo. Resolveu ignorar os comentários ácidos de sua mãe e apenas aproveitar a oportunidade. Sua cabeça continuava atordoada e seu coração batendo estranhamente, mas era aliviantes sair de sua cidade Natal. Charlie Wood continuava a lhe mandar mensagens e propor encontros para o seu retorno em agosto e, ela torcia para que ele conhecesse outra garota enquanto estava fora.

Se um dia o achara um dos meninos mais lindos que já vira, agora só lembrava da sensação da língua dele lambuzando em seu rosto, enquanto as mãos dele puxavam seu cabelo, como se aquilo fizesse com que suas bocas se encaixassem melhor.

Lembrava-se de todas as vezes que ouvira Dorothea Nott, uma de suas amigas de classe, reclamar que sentia falta de beijar alguém desde que terminara com Luke Zabini. Agora Dominique não conseguia parar de pensar como alguém poderia gostar de algo assim.

Só tinha certeza de que precisava de alguma outra experiência para comparação, pois aquilo não deveria ser um beijo real, não era possível que as pessoas clamassem e sofressem para ter algo assim.

Nos seus primeiros dias em Paris, Dominique nem conseguiu aproveitar muito bem. Se sentia na obrigação de responder os mil memes de futebol que não entendia e as conversas nada apelativas de Charlie. Porém, felizmente tudo mudou no dia que tia Gabrielle a levou para seu ateliê de costura.

Mesmo tendo muito contato com a tia, Dominique não sabia muito sobre a profissão dela. Sabia que ela trabalhava com moda e sempre lhe dava os presentes mais incríveis, que nem mesmo Dominique sabia que iria gostar tanto até receber.

A verdade era que até então, a jovem Weasley nunca havia se interessado muito por nada. Gostava de música, de desenhar e havia dançado balé por obrigação por longos anos. Contudo, não era particularmente boa em nenhum de seus hobbies e se alguém perguntasse, qual era sua profissão dos sonhos, ela responderia prontamente que não sonhava com trabalho. Por mais que sua vaidade ainda clamasse para que ela encontrasse algo que fosse se destacar.

Tudo isso mudou quando Dominique sentiu seu coração palpitar de emoção ao entrar pela primeira vez no ateliê de sua tia.

Havia algo mágico em estar cercada por panos, botões,  linhas e, por tantas possibilidades de criação. Ver os croquis e as peças quase completamente feitas.

Então, ela passou a ir religiosamente com sua tia para o trabalho. Foi descobrindo que Gabrielle Delacour era uma estilista em ascensão na cidade e com os festivais de cinema chegando junto com a temporada de premiações, ela estava abarrotada de pedidos das mais diversas celebridades.

Havia criado uma rotina que consistia em vagar sem rumo pela cidade pela manhã e trabalhar com a tia todas as tardes. Dominique passava os dias torcendo para ser útil e em talvez um dia ser capaz de tornar um quadrado de ceda em um elegante vestido ou ousado corpete. Não tinha tempo em pensar nos amores que deram errado, ou no garoto que ainda mandava mensagens para ela e a prometia poesias de métricas questionáveis. Dominique só queria saber da linha e da agulha que trabalhavam em conjunto na máquina de costura.

Naquele verão, Dominique se apaixonou.

Mas não por uma pessoa, não por Charlie Wood, mas pelas coisas que poderia criar.

From the perfect start to the finish line


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham paciência com a nossa pobre Dominique Weasley, ela é um ser humano muito confuso ainda tentando ter outras experiências e entender o seu lugar! A ideia central é abordar o amadurecimento dela
O próximo capítulo teremos mais um round mãe x filha, Dominique na faculdade e a aparição da cremosa e cheirosa possível par da Dominique ♥

Me digam o que acharam! Irei amar ouvir as opiniões de vocês!



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