Vacinada escrita por Lola Royal


Capítulo 1
Vacinada


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi!

Hoje eu recebi minha primeira dose de vacina contra a covid-19 e escrevi essa fic para incentivar vocês a irem se vacinar também quando chegar sua vez.

Boa leitura ♥



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Era um grande dia para mim. Não apenas levando em conta minha carreira como enfermeira, mas minha vida como um todo. 

Terminei de ajustar a máscara em meu rosto e sorri, um ato que não se refletia no espelho, mas que chegava aos meus olhos. O brilho de felicidade estava ali. Pela primeira vez em muito tempo eu não sentia a ansiedade dominando meu corpo, apenas a alegria em sua forma mais pura.

— Grande dia — sussurrei, vendo o brilho em meus olhos castanhos virarem lágrimas. Então, ainda na frente do espelho, eu comecei a chorar, algo que vinha fazendo com muita frequência desde o começo daquela pandemia.

Tinha perdido tantos pacientes, tantos amigos e familiares. Meu avô faleceu para aquela doença, uma das minhas melhores amigas, vários colegas de trabalho. Vidas e vidas perdidas.

Quando tudo começou a esperança era pequena, foi quando a ansiedade me dominou. Eu temia que nunca conseguiríamos sair daquele lugar terrível que a Covid-19 nos colocou, não tinha um remédio, pessoas ainda duvidavam do vírus e eu via todos os dias vidas indo embora no hospital.

Mas, para alívio mundial, as vacinas vieram. Tudo graças a cientistas que deram o seu melhor para ajudar o mundo.

— Grande dia — repeti, sorri mais um pouco, conferi outra vez se minha máscara estava no lugar certo e deixei meu apartamento, levando documentos de identificação, chaves do carro e celular.

Durante o caminho fui escutando a mesma música sem parar, Here Comes The Sun dos Beatles. Não era um dia de Sol em minha cidade, mas eu me sentia animada como se fosse um dia de verão.

Ao chegar no estacionamento do hospital onde trabalhava já estava chorando novamente. Peguei meu celular e vi uma mensagem do meu namorado, entretanto não respondi, faria isso depois.

Deixei o carro, respirei fundo e segui para dentro do hospital. Lá dentro as pessoas estavam animadas, continuava sendo um lugar que tinha suportado muita dor — e ainda suportava —, porém aquele era um dia de comemoração. Seria o primeiro dia de vacina para os funcionários, todos estavam extasiados pensando na segurança a mais que a vacinação nos traria.

Ainda seguiríamos as outras medidas de proteção, uso de máscaras, álcool em gel, distanciamento, lavar as mãos. Só que, estarmos vacinados nos dava, depois de meses de pandemia, uma renovação de esperanças.

— Bom dia, enfermeira Swan! — Alice, minha melhor amiga, foi a primeira a falar comigo quando entrei no salão do hospital onde as vacinas estavam sendo aplicadas.

— Oi! — exclamei de volta, já querendo chorar mais uma vez. — Você já se vacinou?

— Ainda não, mas já vacinei umas dez pessoas, é muito emocionante — a enfermeira disse praticamente saltitando. Eu sabia que ela estava sorrindo, máscara nenhuma era capaz de esconder o sorriso de Alice Brandon.

— Ai, talvez eu…

— Não, sei o que você vai dizer, nem pensar. Vai logo se vacinar! — Apontou em certa direção e eu reconheci o enfermeiro.

Alto, ruivo, cabelos bagunçados, óculos redondos. Pijama azul, com mangas que deixavam suas tatuagens dos braços aparecendo. 

Alice me acompanhou até ele, o enfermeiro Cullen sorriu para mim e perguntou:

— Oi, enfermeira. Está feliz?

— Muito — respondi corando. A máscara conseguia esconder minhas bochechas vermelhas, mas o enfermeiro Cullen riu baixinho e deveria saber muito bem que eu estava corada naquele instante. — Como está sendo por aqui?

— Muitas vacinas aplicadas desde às sete da manhã.

Eu sabia a correria que era um mutirão como aquele, logo mais estaria vacinando os outros também. Pela tarde seria meu turno, estava animada para isso.

— Já são dez, você descansou? — indaguei entregando meus documentos para ele conferir e preencher o meu comprovante de vacinação, estava chegando a hora. Tirei meu casaco e o entreguei para Alice, ela já preparava a câmera de seu celular para me filmar.

— Não — respondeu e me entregou o comprovante devidamente preenchido. — Estava esperando certa enfermeira chegar para vaciná-la. Aí vou receber minha dose.

Eu assenti, sorridente, peguei o comprovante e mostrei para Alice que já tinha começado a filmar.

— Pode doer um pouquinho — ele avisou terminando de preparar a dose e se aproximou de mim. — Qual braço prefere?

— Esquerdo.

— Beleza. 

Edward ergueu a manga curta da minha blusa vermelha e limpou o braço, contou até três em um sussurro e fez a aplicação. Durante todo o processo mantive meus olhos focados no que ele fazia, sem nem prestar atenção em minha melhor amiga, que também era prima dele, que gravava o momento.

Quando finalizou a aplicação Edward colocou o curativo em meu braço, seus olhos se encontraram com os meus e vi lágrimas neles. 

— Eu te amo — ele sussurrou.

— Eu amo você, lindo — sussurrei de volta. — Obrigada por isso.

 

Era mais do que especial ter recebido aquela vacina das mãos do meu próprio namorado. Nós dois tínhamos combatido aquele vírus juntos, no hospital e em casa, aquele era um momento único em nossas vidas.

— Fofos pra caralho — Alice falou e nós dois rimos.

— Não está mesmo chateada por eu ter tomado vacina com o Edward? — perguntei para ela, enquanto meu namorado descartava o material usado para a aplicação da vacina em mim.

Alice era minha melhor amiga desde que nos conhecemos na faculdade, até dividimos um apartamento por três anos. Ela estava a mais tempo na minha vida do que seu primo, entretanto, eu tinha chegado a decisão de vacinar com ele.

— Que nada, Bella — ela afirmou. — Tô de boa. Agora, Edward, põem essa vacina no meu braço que depois eu aplico em você. — Alice passou para mim meu casaco e seu celular. — Grava direito, Isabella.

— Pode deixar.

— Ei, você ainda não respondeu minha mensagem — Edward falou para mim.

— Que mensagem? — Alice questionou.

— Não é da sua conta, Alice.

— Ih, é putaria.

É, era putaria. Só que eu não conseguia pensar em sexo naquele instante, minha mente era pura gratidão por estar finalmente vacinada e ver aqueles que eu amava sendo vacinados também.

O mundo nunca mais voltaria a ser o mesmo, eu sabia disso. Entretanto, era bom sentir esperança Em dias melhores novamente.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Beijos!
Não deixem de se vacinar, é muito importante para frear o avanço do vírus. E meus mais sinceros agradecimentos a todos profissionais essenciais que estão na linha de frente durante esse mais de um ano de pandemia.
Lola Royal.
30.07.21



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