Elizabeth havia perdido a conta de quantas vezes teve de dar explicações, a respeito do ocorrido na aula do professor Napier, e de quantas vezes teve de mentir ao informar que o feito se tratava de um feitiço sem varinha.

A garota entendia o motivo pelo qual, a mãe havia pedido para que ela guardasse segredo, o que Lizzie ainda não tinha claro em mente era: quem poderia usá-la como escudo, afinal? A pior parte de toda aquela descoberta bombástica, era saber que não podia contá-la ao seu tio Keith, que sempre soube de todas as coisas que aconteciam com ela.

No caminho de volta ao seu dormitório, após as aulas, Mcguire acabou encontrando Severus Snape que interrompeu o seu trajeto para questionar a respeito de seu feito, na aula de Defesa contra as Artes das Trevas.

—Mcguire, eu posso falar com você? – Questionou o rapaz.

—Claro. – Respondeu Lizzie, solícita.

—O que foi que aconteceu na aula do professor Napier? – Perguntou, curioso – Foi mesmo um feitiço sem varinha?

—Foi sim, Snape. – Respondeu, sucintamente.

—E como você conseguiu? – Voltou a questionar.

—Eu não faço ideia. – Respondeu, dando de ombros – Só aconteceu.

—Você deve ter pensado em algum feitiço de proteção e ele foi emitido. – Apontou.

—Você já conseguiu fazer um desses? – Questionou, curiosa pela especificidade dita pelo estudante.

—Apenas uma vez. – Respondeu – Bom, caso consiga criar alguma técnica para realizá-los, poderia me passar?

—Passo sim. – Respondeu – Olha, em Uagadou eles são peritos em realizar feitiços sem a varinha, por que você não tenta trocar cartas com alguém de lá?

—Você conhece algum estudante dessa escola? – Perguntou.

—Não, mas se você quiser eu posso...  – Falava Elizabeth, antes de ser interrompida por uma voz masculina que chamava o seu nome.

—Depois a gente se fala. – Disse Severus, antes de se afastar da colega de casa, que ao olhar para trás, identificou quem a chamava.

—Eu não sabia, que você tinha virado amiga do Ranhoso. – Afirmou Sirius, incomodado.              

—Ele só veio me perguntar, a respeito da aula do professor Napier. – Respondeu – Mas se por acaso eu me tornasse amiga dele, qual seria o problema?

—Você está brincando, né? – Perguntou, gargalhando.

—Antes que eu me irrite com você, é melhor a gente mudar de assunto. – Afirmou Elizabeth.

—É melhor mesmo. – Concordou, antes de posicionar as mãos na cintura da garota – Eu vim te convidar para ir até a Torre de Astronomia, comigo.

—Eu não posso, tenho um encontro com os meus amigos. – Informou Mcguire.

—E vocês não podem ter esse encontro depois do jantar ou coisa assim? – Perguntou, contrariado.

—Não, nós vamos treinar e não pode ser de noite. – Respondeu, angariando a feição de confusão do estudante.

—Treinar para quê?

—É que esses dias a gente estava falando que não temos muito ânimo para nada, sabe. – Mentiu – Aí, o Henry sugeriu montar um treino para ganharmos mais energia.

—Por acaso a Evans e a Fortescue vão com vocês? – Questionou.

—Vão, como você sabe? – Perguntou, se fazendo de desentendida.

—É que esses dias elas estavam reclamando disso também. – Explicou Black.

—Se você quiser, pode ir também. – Convidou, tendo a certeza de que o estudante não aceitaria, por ser Henry o responsável pelos exercícios.

—Tô fora. – Reclamou, rindo – Meu tipo de exercício é outro. – Afirmou, antes de beijar Elizabeth e puxá-la para mais perto de seu corpo.

(...)

No decorrer do almoço, Mcguire acabou recebendo um pacote e uma carta de seu tio Keith.

Ao abrir o embrulho, avistou seis anéis sem coloração e de imediato soube que aqueles objetos serviriam de comunicador entre os Vingadores.

Querida Lizzie, minha sobrinha favorita, porque é a única que eu tenho

Eu amei o nome da equipe, aposto que você escolheu o Homem de Ferro para representar, não foi? Você é bem sacaca igual a ele...isso foi um elogio, claro.

Bom, eu sei que vai parecer repetição da minha parte, mas eu sou um gênio. O comunicador que vocês vão usar são esses anéis que eu encaminhei e funcionam da seguinte maneira: primeiro vocês precisam escolher uma cor para cada um, depois coloquem o anel, falem os seus nomes perto do objeto e em seguida a cor selecionada.

Todos os seis anéis possuem um feitiço de conexão entre si, e para que haja a comunicação basta falar perto dele, que os demais vão receber a mensagem, a voz de quem está falando.

As cores servem para identificar quem está dialogando, por exemplo, se você escolher a cor verde, quando for falar, o anel de todos fica verde.

Para finalizar com chave de ouro, a aliança fica invisível quando entra em contato com o dedo, para que o outro grupo não ache estranho que todos vocês estejam usando anéis, de uma hora para a outra.

Bem simples, né? Eu sei.

Você e o Sirius já devem ter se acertado, e se você vier com essa história de briga de novo, eu vou pessoalmente para Hogwarts resolver isso.

VOCÊ ESTÁ ME ENTENDENDO?

É isso.

Beijos e chutes nas canelas

Elizabeth se apressou para chamar os amigos e mostrar os anéis que o tio havia encaminhado para eles. Como todos já estavam vestidos para o treino com Henry, aproveitaram e já foram até o local da reunião para ouvir as explicações de Elizabeth, a respeito do recebido.

—Isto aqui... – Disse Lizzie, apontando para umas das alianças – ...será o nosso comunicador.

—E como funciona? – Perguntou Evans, já pegando o seu anel, na companhia dos demais.

—Primeiro a gente precisa escolher uma cor para cada um. – Explicou – A minha será o verde.

—Azul. – Definiu Raven.

—Amarelo. – Disse Henry.

—Rosa. – Afirmou Lilian.

—Laranja. – Disse Alice.

—Vermelho. – Finalizou Frank.

—Agora a gente precisa falar o nosso nome para o anel e depois a cor que escolhemos. – Explicou Mcguire, antes que todos realizassem o processo antes dito – Sempre que falarmos algo perto do objeto, essa mensagem será passada para todas as alianças e a cor emitida no objeto será a da pessoa que está falando.

—Seu tio é incrível. – Afirmou Evans, impressionada – O anel até ficou invisível, quando eu coloquei.

—É para o outro grupo não achar estranho, que a gente esteja usando isso de uma hora para outra. – Explicou Elizabeth.

—O seu tio sempre se supera. – Disse Longbottom, empolgado – Eu não vejo a hora de conhecer ele.

—Eu também. – Concordou Henry – Mas agora, nós precisamos começar o treino.

—Antes disso, eu queria avisar que consegui fazer o feitiço no mapa deles, para que os nomes da Alice e da Lilian não apareçam, quando elas quiserem. – Afirmou Longbottom.

—Arrasou, Frank. – Parabenizou Raven.

—Mas eu só consegui, porque as meninas me ajudaram enrolando eles no Salão Comunal. – Informou o grifinório.

—A gente até aproveitou para deixar no ar, que estávamos muito cansadas e que precisávamos ganhar energia. – Afirmou Evans, rindo.

—E eles caíram direitinho. – Informou Lizzie, rindo – Quando eu disse para o Black que teria esse treino, ele perguntou se vocês duas iriam participar, porque ouviu vocês falando que estavam precisando ganhar energia.

—Agora vamos mudar de assunto e começar o treino, antes que um deles apareça e ouça alguma coisa. – Pediu Raven.

—Isso mesmo. – Concordou Thompson – Bom, vamos começar com um aquecimento para não lesionarmos nenhum músculo.

Henry iniciou o aquecimento com um alongamento simples dos membros, para que houvesse o aumento de temperatura corporal e circulação sanguínea, fazendo com que os músculos que fossem utilizados na atividade, fossem nutridos.

—Agora que já aquecemos, vamos fazer uma corrida no lugar por trinta segundos. – Ordenou, fazendo com que os amigos iniciassem o exercício pedido.

—Nossa, eu já cansei. – Reclamou Lizzie, antes dos trinta segundos acabarem.

—Eu também. – Concordou Longbottom.

—Tempo encerrado, vamos repetir esse movimento mais duas vezes. – Informou o lufano, reiniciando a corrida e repetindo o movimento anterior – Agora, quinze polichinelos.

Não muito longe de onde estavam, os Marotos observavam toda aquela movimentação com curiosidade e estranheza.

—O que eles estão fazendo? – Perguntou Pedro, confuso.

—Eles estão treinando para ganhar energia. – Respondeu Sirius.

—E pra quê? – Questionou Pettigrew, com desdém.

—Pelo que a Lilian me disse, eles estavam se sentindo muito cansados e o Henry sugeriu uma série de treinos, para ajudar. – Explicou Lupin.

—Que intrometido. – Reclamou Potter – O meu lírio deveria ter pedido ajuda para mim, eu sou o capitão da casa dela.

—E a Lizzie deveria ter pedido para mim, eu sou o namorado dela. – Reclamou Sirius, também.

—Você pediu ela em namoro e não avisou para a gente? – Queixou-se James.

—Eu me expressei errado, tá bom. – Respondeu, incomodado – Só acho que a gente deveria ir até lá com a capa de invisibilidade, só para ter certeza de que é apenas um treino do Thompson.

—Boa ideia. – Concordou Potter.

Enquanto os quatro voltavam para o dormitório, para que pudessem se esconder dentro da capa de James, o grupo dos Vingadores continuava a se exercitar aos comandados de Henry que decidiu fazer um intervalo para que retomassem o fôlego.

—Agora vamos fazer uma pausa de dez minutos. – Avisou o lufano.

—Finalmente. – Afirmou Mcguire, animada – Vou aproveitar e comer alguma coisinha. – Disse, retirando um chocolate do bolso de seu blusão.

—Você vai comer chocolate, enquanto treinamos? – Questionou Thompson, atônito.

—O que tem? – Perguntou, fazendo pouco caso do comentário de seu amigo.

—Tem que, vocês deveriam comer melhor a partir de agora e não se entupir de besteiras. – Retrucou o lufano.

—Ei, não ofende o chocolate. – Reclamou, Elizabeth.

—Ele tem razão. – Concordou Raven, estendendo a mão para pegar a guloseima da amiga – Me dá, Lizzie.

—Não. – Contrariou a sonserina – Ele é meu precioso.

—Agora. – Rebateu a corvina, seriamente.

—Ninguém tem paciência comigo. – Reclamou Mcguire, antes de entregar a comida para a amiga.

—Falando nisso, a gente precisa regular as nossas refeições também, para ficarmos mais saudáveis. – Apontou Alice.

—Eu vou fazer um cardápio para vocês. – Informou Henry, animado – E só para lembrar, teremos três treinos por semana, dois dias para focamos em aeróbica e um dia para corrida.

—Mas nesse cardápio você vai tirar todo o doce? – Perguntou Lizzie, preocupada.

—Não, só vou diminuir a quantidade. – Respondeu Henry.

—Ainda bem. – Disse aliviada, antes de perceber a emissão de algumas vozes que vinham de perto, porém e para a sua surpresa, não havia ninguém por perto

Nisso, a garota cogitou na possibilidade de serem os alunos da Grifinória, que estavam vigiando o treino deles com o auxílio da capa de invisibilidade.

—Todo o nosso sacrifício vai valer a pena. – Afirmou Frank – E quando a gente conseguir estra... – Dizia o estudante, antes de ser interrompido por Mcguire que fingiu tropeçar e o levou para o chão com ela.

—Eles estão aqui. – Avisou baixinho perto do aluno, antes de tentar se levantar – Eu preciso que alguém me ajude. – Pediu, antes de Lilian se prontificar em pegar a sua mão e a puxar para cima – Sem querer eu pronunciei uma parte de uma música dos Beatles.

—Essa banda faz muito sucesso. – Afirmou Longbottom, se levantando – Parece até que está por toda a parte.  

—É, por toda a parte. – Reiterou Mcguire com ênfase, fazendo com que os outros estudantes se entreolhassem, esclarecidos.

—Bom, vamos iniciar a segunda parte do treino, antes que a gente se distraia. – Disse Thompson, a fim de mudar o assunto e evitar que qualquer novo comentário gerasse alguma desconfiança, na mente dos alunos da Grifinória.

O lufano também teve de mudar a série de exercícios que coordenaria dali por diante, pois precisava tomar cuidado para não ensinar movimentos que aproximassem as mãos dos alunos de suas bocas, fazendo com que os anéis fossem acionados.

—Para finalizar, vamos fazer um deslocamento lateral. – Determinou o estudante – Funciona assim, nós vamos dar alguns saltos de um lado para o outro por trinta segundos, e a série será repetida mais duas vezes.

No decorrer da última série de exercícios, James resolveu pregar uma pegadinha em Thompson, que foi trombado para o lado, no instante em que o griifnório lançou um feitiço contra ele.

—Você está bem? – Perguntou Longbottom, estendendo a mão para ajudar Henry a se levantar.

—Estou sim, eu acho que acabei escorregando. – Respondeu, já de pé.

—Tem certeza de que você não se machucou? – Questionou Lilian, preocupada.

—Tenho, não se preocupem. – Tranquilizou os amigos – Agora vamos finalizar a tarefa do dia, para irmos descansar.

—Esse é o momento que eu estava esperando. – Desabafou Lizzie.

Após a conclusão do treinamento, cada qual foi para o seu dormitório para que pudessem tomar banho e posteriormente jantar, mas antes que eles saíssem de seus Salões Comunais, o anel de todos ficou na coloração laranja.

—Gente, eu acabei de ouvir qual será a próxima pegadinha dos Beatles. – Avisou Alice, animada – Todos prontos para a nossa primeira missão?