Mi Sol escrita por Dark Angel


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

O maior erro deste filme é esses dois não ficarem juntos.
Me lembro de assistir esse filme quando criança e pensar que Warren Peace era lindo demais. Hoje em dia percebo que ainda acho isso. E que meu -agora ex namorado- se parece com ele.
Eu escrevi essa one para mim, e embora eu ache que ainda não está como eu gostaria, decidi compartilhar.
OUÇA A MÚSICA! Ela é ótima.
https://www.youtube.com/watch?v=bv5kl1t_Itw
Espero que goste!



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Então é isso, esse é o fim. E antes de você diga que estou apenas sendo dramática, eu respondo, não é drama! Dessa vez eu estou acabada mesmo, penso. 

—Você não ouviu? Ninguém quer você aqui – repete Gwen. 

Urgh, eu odeio ela. Odeio como ela é magra e alta. Odeio como seu cabelo é escuro e brilhante ao mesmo tempo. Odeio como sua pele é sempre perfeita e odeio como tudo isso faz Will ficar suspirando pelos cantos. 

Cretina. 

Estou a ponto de engolir a humilhação de ser expulsa da casa de meu melhor amigo quando sinto um braço quente ser colocado sobre meus ombros. 

Tão togo sinto o calor sou capaz de ouvir sua voz: 

—Eu a quero aqui. 

Sei que devo estar transparecendo todo o meu choque. Tenho plena ciência de que sou incapaz de esconder o que realmente sinto. E no momento sinto choque. Muito choque. 

Warren Peace disse que me queria aqui. Será que estou sonhando?  

Mas antes que eu tente me beliscar discretamente, sinto suas mãos guiando meu corpo para longe da cretina. Digo, Gwen. 

Nós atravessamos a sala cheia de alunos com quem eu nunca falei e duvido muito que Will tenha falado também e chegamos à cozinha. Embora ele tenha me soltado ainda sou capaz de sentir meu corpo todo quente. 

Talvez seja só por conta dos poderes dele, tenta argumentar meu lado racional. Talvez seja a raiva da cretina me aquecendo. Sussurra uma vozinha que vinha ganhando força dentro de mim. A mesma voz que me mandou virar minha bandeja de comida sobre Gwen semana passada.  

Olho para Warren e percebo que seus lábios estão se movendo. Droga, o que ele disse mesmo? 

—E então? - Pergunta ele. 

—Desculpe... - digo eu, esperando ser isso que ele quer ouvir. 

—Não deveria deixar ela falar assim com você. 

Eu sei.  

—Não tenha medo de se impor, Layla Williams. 

E então, como se não fosse nada, ele sai pela porta dos fundos da casa dos Stronghold. 

Deus. É pecado eu ter gostado de como meu nome soou na boca dele?  

E como se um feitiço tivesse se apossado de mim, minha mente se fixou naquele momento até eu pegar no sono, mais tarde naquela noite. 

—Está namorando Warren Peace? - Perguntou Will escorado no meu armário. 

Achei estranho não tê-lo visto no caminho para a escola, mas para ser sincera, ele estava estranho há algum tempo. 

—Bom dia, Will. Sim, eu dormi bem, obrigado por perguntar – respondi com um sorriso sarcástico. 

—Layla, não é hora para brincadeiras – disse ele, me segurando pelos ombros. Suas mãos estavam mais fortes desde que descobriu os poderes, mas nem de longe tinham o calor das mãos de Warren. Oh, droga. De onde veio esse pensamento?  - Ele é um sociopata, não sabe como tratar uma garota delicada como você - continuou com seu discurso idiota. 

Com um suspiro resignado eu apenas o encarei de volta. Não era possível que isso aqui fosse real. Eu devia estar sonhando. Isso! Provavelmente ainda estava dormindo e isso era um sonho! 

E como a maior prova de que eu estava errada, Gwen apareceu pelo corredor colocando suas mãos sobre Will como se fossem garras. Tá legal, não pareciam garras, na verdade as unhas dela eram bem bonitas, mas isso não muda o fato de ela ter o jeito de uma ave de rapina! 

E como se eu tivesse sido infectada por algo letal, Will me soltou tão rápido que quase caí no chão. 

—Bom dia, Layla – disse a Cretina. - Espero que não se importe, mas preciso levar Will comigo. 

E antes mesmo que eu pudesse abrir a boca ela já estava longe. Sorte a minha, assim poupo meu latim. 

Com esperança de não precisar mais ver aqueles dois o resto do dia, me encaminhei até a sala onde teria a primeira aula. 

Desde que Will foi passado para a turma dos heróis não tínhamos mais aulas juntos, o que me deixou bem incomodada no começo, mas hoje, parecia mais um alívio. 

—Bom dia, Layla – disse Magenta, se sentando na classe ao meu lado. - Eu soube que Will deu uma festa ontem... 

Estranho. Magenta não é do tipo que liga para festas. 

—Então... Você foi? - continuou ela, como se eu não a estivesse encarando como se fosse um alienígena.  

—Bom dia... eu, ahn, dei uma passada 

Com um movimento rápido ela deslizou sua cadeira pelo chão até parar bem ao meu lado. 

—Então é verdade? Está mesmo namorando Warren Peace? 

—O quê? De onde tirou isso? 

A confusão estampando o rosto dela não refletia em nada o choque que eu senti. Aquela era uma fofoca descabida! Warren nem sequer falava comigo! 

—Pela sua cara não é verdade... Eu sinto muito em dar a notícia, mas a escola toda está comentando que ontem ele só foi à festa para te buscar e vocês foram vistos indo embora de mãos dadas. 

AI MEU DEUS! 

Meu cérebro parecia incapaz de absorver aquilo. Eu era a fofoca da escola. E era embasada em um namoro. Com Warren Peace. 

—Olha, não se preocupa, já que não é verdade, a fofoca provavelmente vai morrer logo. Deixa pra lá. Na pior das hipóteses, Warren não vai gostar de terem inventado uma fofoca sobre ele e vai tirar satisfação com quem lançou o boato. 

Oh, merda. Warren. Não tinha pensado ainda em como isso afetaria ele. Droga.  

O sinal soou no mesmo momento em que o professor passou pela porta para dar início à aula, mas eu não fui capaz de absorve nem mesmo uma palavra do que ele disse. 

Cinquenta minutos depois, eu me esgueirava pelo corredor, procurando por uma jaqueta de couro ou cabelos pretos pelo ombro que tinham pequenas mechas de cor vermelho fogo. 

Estava ficando desconfortável andar, eu conseguia sentir o peso de cada olhar que estava sobre mim. Era como andar pelada pelo corredor, um verdadeiro pesadelo. 

Minha mente estava tão cheia que não percebi que tinha esbarrado em alguém até sentir as mãos da pessoa em meus braços. Mãos quentes que estavam deixando minha pele arrepiada. 

—Hey, você está bem? - Perguntou a pessoa. 

Eu queria dizer: não, não estou bem! Todos estão me encarando e isso me deixa desconfortável! Mas quando abri a boca nenhum som saiu por meus lábios. E para piorar, meus olhos se encheram de água. Era meu fim, eu ia chorar no meio do corredor. 

—Vem comigo – disse a voz. 

Eu ainda não conseguia distinguir de quem era, mas era calma e quente. Como pegar sol numa tarde de primavera. 

Meus pés se arrastaram pelo caminho em que estava sendo guiada, e quando finalmente paramos a pessoa me ajudou a me sentar e me passou um copo de água. 

—Me des-des-desculpe – eu disse, debilmente. 

Me sentia tão patética agora. Eu queria procurar Warren para me explicar, queria dizer que eu não comecei a fofoca e que desmentiria se perdurasse. Ele só tinha sido legal comigo e não merecia acabar falado por causa disso... mas ao invés de seguir os passos simples de encontrar a pessoa e dizer o que planejei, eu acabei chorando em algum canto da escola. Triste. 

—Você não tem que se desculpar, Layla. Mas estou começando a ficar preocupado com você. 

O jeito como a pessoa disse meu nome foi tão familiar... Gostoso, até. Bebi o resto da água e tratei de limpar o rastro de lágrimas que marcava meu rosto, finalmente adquirindo coragem para olhar para meu salvador. Warren Peace estava agachado a minha frente, me olhando com algo que não parecia ser raiva. 

—Você não está zangado? 

Eu queria que a pergunta tivesse sido clara e direta, mas na verdade pareceu que eu iria voltar a chorar a qualquer instante. 

—Por que eu estaria zangado? - senti suas mãos quentes e um pouco calejadas passarem suavemente sobre meu rosto, limpando o resto remanescente de lágrimas e por fim, pondo uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.  

Nossa. Seus olhos são tão intensos que faz parecer que meu corpo inteiro se aqueceu. 

—Ahn, obrigado. Eu acho – disse ele sem jeito. Suas mãos subiam e desciam em meus braços, passando uma sensação de conforto. - Na verdade, achei que precisasse de um pouco de calor. Estava muito gelada quando esbarrou em mim. 

E como se um terremoto estivesse acontecendo, Zach abriu as portas do ginásio dando-me um susto.  Ironicamente, o assustado parecia ele, quando Warren olhou em sua direção ele começou a pedir desculpas e tratou de sair logo dali.  

—Acho que a quadra vai ficar cheia logo, o que acha de sairmos daqui? 

Sua mão estava estendida em minha direção. Era o convite mais tentador que tive em um bom tempo. A quem quero enganar? Foi a coisa mais excitante que me aconteceu a vida toda. 

E conforme as vozes vindas do corredor que levava ao ginásio aumentavam, também crescia em mim a vontade de fugir dali com Warren. 

Então quando o som dos passos anunciou que que meu tempo estava esgotado, eu agarrei sua mão e saí correndo em direção ao vestiário feminino. 

Quando Warren percebeu onde estávamos prestes a entrar quis parar, tentou me dizer que não devia entrar ali, mas com a determinação e adrenalina correndo em minhas veias não lhe dei ouvidos, puxei-o para dentro da última cabine do curto corredor e tratei de abrir a janela. 

A voz das primeiras meninas entrando no vestiário para trocar de roupa fez com que meu parceiro de aventura se desse conta de que estaria ferrado se fosse pego ali, fazendo com que tratasse de pular logo a janela que nos levaria para a liberdade. Imitando seus gestos, tratei de me lançar para fora do prédio como ele havia feito segundos antes. Com menos graça, mas inteira. 

Warren parecia ter a graça de um felino quando queria, pelo que pude notar, enquanto eu parecia ser um carvalho centenário e espaçoso, que derrubaria tudo a sua volta caso se movesse rápido demais. 

Sem dizer mais nada, Warren pegou minha mão e nos guiou até o estacionamento.  

Eu não sabia explicar o que era a sensação que ele causava em mim. Não sabia dizer quando começou. Desde que era capaz de me lembrar, Warren era de outra turma, tendo um círculo social diferente do meu, não tínhamos muita interação. Mas desde a primeira vez que sua pele entrou em contato com minha eu me sentia diferente... Era quase como se uma centelha tivesse se acendido, e cada pequeno gesto ou toque dele fosse como um componente de uma trilha de pólvora que eu não tinha a menor ideia de onde ia parar. 

Eu não sabia o que esperar quando saí correndo com Warren, mas certamente não esperava acabar deitada ao lado dele na praia. Ironicamente, era exatamente o que estava fazendo. 

Naquele instante, eram apenas Warren e Layla. Não o filho de um vilão ao lado de uma ajudante. 

O calor do sol não parecia tão aconchegante quanto o calor vindo de Warren. E com um riso frouxo ela ousou olhar para ele, se perguntando como e quando suas escolhas a teriam levado até ali. Ou teria sido o destino? 

—Um dólar por seus pensamentos - disse ele, passando a se apoiar em um dos braços para observar melhor a ruiva. 

—Você acredita em destino? - Perguntou ela, sem nem mesmo pensar a respeito. 

Warren franziu as sobrancelhas levemente, certamente não esperava uma pergunta daquelas. 

—Eu não sei dizer... Às vezes eu gostaria de acreditar – seu olhar se tornou profundo e por um instante Layla se perguntou se aquela frase tinha algo a ver com ela.  Mas outras vezes eu acho que devemos ser capazes de criar nosso próprio futuro. 

E ali estava, aquela melancolia que ela já havia reparado viver dentro dele, agora transbordava por seus olhos enquanto estes miravam o horizonte. 

Aquele calor gostoso que parecia emanar de Warren e envolve-la tão docemente inda estava lá, mas se tornou mais fraco, como se a tristeza dele o impedisse de irradiar aquela energia. 

Então, sem parar para se questionar, Layla levantou da areia fofa e se aproximou de Warren, com o corpo ainda abaixado, seus braços envolveram o tórax do rapaz o abraçando com carinho. 

Warren não esperava pelo gesto carinhoso vindo da hippie, mas não poderia ele negar que aquilo era melhor do que ele esperava.  

Ele sentiu o rosto dela ser repousado em seu tórax e seus braços a envolveram também. Era natural. Estar com Layla era como estar em paz, era algo que ele nunca teve antes, mas reconheceu assim que viu. 

Ele não mentiu quando falou sobre destino, parte dele realmente queria acreditar naquilo... Queria acreditar que de alguma forma, ela era destinada a cruzar seu caminho. 

Ele não seria idiota a ponto de dizer que devia ficar com ele, não. Layla Williams era o conjunto mais puro de coisas boas que ele poderia imaginar, e seria muito ambicioso de sua parte querer que ela o quisesse também, mas parte de si o dizia que poderia aproveitar esses momentos fugazes, que talvez nunca viessem a se repetir.  

Conforme o sol sumia e seu calor se dissipava, o frio começou a tocá-los. Muito mais Layla do que Warren, as vantagens de poder controlar fogo. Vendo os braços da garota se arrepiarem com a brisa fria, ele tratou de levantar da areia fofa, mesmo que estivesse muito confortável e feliz ali, e seguir para seu carro, onde achou sua jaqueta de couro no banco de trás deu para que ela vestisse. 

Havia ficado ridiculamente grande nela.  

Layla não se considerava pequena, ela era da altura de Will, mas se comparada a Warren ela parecia tão pequena... De alguma forma, ela gostava disso. Era aconchegante. 

O caminho para a casa dela foi cheio de risos e cantos. No rádio tocavam músicas dos anos oitenta que surpreendentemente agradavam os dois. 

Warren gostou de vê-la usando sua jaqueta. Parecia tão grande nela, suas mãos mal apareciam através das mangas. Havia um sorriso nos lábios dela... Ele não sabia explicar, mas sabia que aquele sorriso não era o mesmo que via na escola. Não era o sorriso polido e gentil que ela dava aos amigos. Este era um sorriso grande a ponto de seus olhos se fecharem um pouco. Era um sorriso que emanava luz. E contemplando a inegável verdade de que havia se apaixonado por ela, Warren percebeu que finalmente havia encontrado seu sol. 

 


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Notas finais do capítulo

Se você leu até aqui, obrigado!
XOXO



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