Isso não é Romeu e Julieta escrita por Lady Black Swan


Capítulo 18
Pego em flagrante!


Notas iniciais do capítulo

Abram o Google tradutor! =^.^=



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/801753/chapter/18

Aaron estava pensando seriamente em passar na gráfica para escanear aquele comunicado e adicionar a assinatura de sua mãe com a ajuda do photoshop em casa, e depois levar para escola, mas infelizmente ele conhecia bem a vizinhança intriguista e fofoqueira onde morava e sabia que se fizesse isso, logo haveria histórias sobre ele estar envolvido em falsificações de alguma natureza — o que talvez não estivesse tão longe da verdade afinal — e quando menos esperasse a policia estaria batendo na sua porta de novo.

O que ainda não seria tão ruim quanto à outra possibilidade: a escola ligar para confirmar com sua mãe que ela havia assinado mesmo e a peia vir em dobro, assim como da última vez que ele tentou uma “gracinha” daquelas, quando falsificou as assinaturas de sua mãe em todas as provas que tirou nota vermelha.

Por isso parece que só restava a segunda opção: Fazer o torresminho comer aquilo.

É claro que essa não era a primeira vez que Aaron tinha problemas na escola, por exemplo, uma vez quando ele tinha oito anos, inventou de levar uma caixa de fósforos para a escola, porque naquela época ele e os amigos adoravam desperdiçar folhas de caderno com competições de aviões de papel, apostando para ver qual conseguia ir mais longe, e Aaron, com toda sua imaginação infantil, achou que se colocasse fogo na parte de trás do aviãozinho ele se transformaria em um jato e voaria mais que todos os outros… e é claro que ele não estava planejando causar um princípio de incêndio, mas como o ele de oito anos de idade poderia saber que um aviãozinho pegando fogo e um matagal seco poderia ser uma combinação tão inflamável?!

E as coisas nem ficaram tão sérias assim, graças àquele professor e ao zelador que apareceram desesperados com um par de vassouras, mas isso o livrou de levar uma suspensão de duas semanas? Nãããããão.

E sua mãe quis escutar alguma coisa do que ele tinha a dizer antes de fazer o cinto de coro cantar? Não também… de qualquer forma o que ele poderia dizer a D. Mariangel que a apaziguasse?!

“Oiga madre, hoy defendí una chica de un pedazo de basura que le estaba diciendo montón de mierda, y la escuela ha quedado tan orgullosa que incluso me felicito y enviaron una certificación para marcar la fecha, ¡firma aquí!”… sem chances.

Pelo menos ele sabia que teria até o anoitecer para pensar no assunto… por que seu pai estava em casa?

Melhor dizendo, o que ele estava fazendo agachado perto das plantas de sua mãe?

Alejandro Davila, que havia tido um pequeno sobre salto ao ouvir o barulho do portão de repente, se sentiu aliviado vendo que se tratava apenas do filho, e não da esposa.

Aaron parou, olhou para o avental que o pai usava e então para as mãos sujas de terra, desviou o olhar e tentou seguir como se não tivesse visto nada…

— ¿Crees que tu mamá se dará cuenta de que nos falta um plato? — Alejandro perguntou de repente.

Com certeza.

—Quizas no — Aaron parou sorrindo inocente.

Ele tinha certeza que se um dia La jungla de los Davila fosse escavada, ela também se revelaria um verdadeiro sítio arqueológico de louças quebradas, e por isso preferia continuar a agir como se não soubesse de nada para que no dia que D. Mariangel descobrisse — e ela iria descobrir um dia! — ele não acabasse no meio do fogo cruzado.

Adila com certeza pensava assim também.

Mas seu pai, o único que parecia não saber estar sentado sobre uma mina de dinamites cada vez maior, sorriu aliviado.

Genial, ¡así mejor termino de lavar los platos! — afirmou confiante, retornando para casa.

Aaron olhou por um momento para o montículo de terra recém-mexida antes de ajeitar a mochila no ombro e começar a seguir o pai.

—Si todavía estás lavando platos, ¿por qué ya cerraste la tumba?

Que chistoso tu, ¿no? ¡Obviamente porque ya no romperé nada!

Claro que não, Aaron riu debochado, mas parou, havia pensado em duas opções para resolver seu problema com a notificação da escola: falsificar a assinatura de sua mãe, ou dar para o Toucinho comer… mas talvez houvesse uma terceira opção.

Foi atrás do pai na cozinha.

—Papa, hay algo que necesito que me firmes.

Alejandro que estava agora enxaguando uma panela, perguntou sem virar-se:

¿Qué és?

Aaron sentou-se à mesa observando como quase metade da garrafa de sabão liquido já havia ido embora e, ao invés de responder, perguntou:

—Papa, ¿qué  diría mamá se supiera que vi a un imbécil maldiciendo a una chica e hice nada?

¡Te pegaría! ¡Tú cita con el cinturón o quizá las chancletas voladoras serian pronto! — ele gargalhou.

Certo, ele já esperava por essa resposta.

—Pero… — tamborilou na mesa — ¿y si lo hubiera golpeado  hasta que se besara el suelo?

— ¿Te involucrase en problemas con la policía? — Colocou a panela no escorredor de louça — ¿Te detuvieran?

—No… — começou a dizer.

—Entonces… — Alejandro virou-se secando as mãos no avental — ¿quizá felicitarte?

—La policía no… Pero la escuela si, y enviaron una advertencia para ella firmar. — completou tirando a notificação da mochila para mostra-lhe.

—Ah… — o pai coçou a bochecha, sentando-se junto com ele —  ¡pero sin embargo que sigues siendo un bueno corredor!

E isso por acaso era para consolá-lo?!

— ¿Y hacía donde correría? — Desesperou-se afundando o rosto entre as mãos — ¡¿Colombia?!

—Tenemos parientes allí…

— Papá, deja de chistes y ayudarme: ¡Firma la advertencia! — reclamou sacudindo o tal papel.

—Ok, no te enfades, solamente chisteaba. — O pai riu pegando a advertência para lê-la — ¿Y ninguna palabra disto a tu mamá?

— ¡Por supuesto!

Sua reação fez o pai gargalhar.

—¡Ojalá que tu mamá nunca lo sabas! Pero por lo menos en esta vez no peleaste en riba de un escenario. — comentou enquanto lia a notificação enviada pela escola e estendia a mão pedindo por caneta.

Mas naquela ocasião Aaron não teve escolha, eles iam interpretar “O mágico de Oz” e aquele moleque teve a cara de pau de se aproximar de Aaron e perguntar se sua mãe havia dado para o King Kong ou para o Garibaldo, e é claro que ele não ia levar desaforo para casa! Sorte foi sua mãe não ter subido no palco para lhe dar uma pisa ali mesmo.

—No, en el patio de la escuela. — Aaron entregou a caneta.

—Envía una advertencia solo por una pelea, el año pasado abriste un agujero del tamaño de un cráter en el jardín, cuando exploto aquel hormiguero e nadie envió un aviso a tu escuela “¡Cuidado! Peligro: ¡posible hombre bomba!”. — ele girou os olhos assinando.

—Papá, ¡eso fue hace tres años! 

No tienes huesos rotos, moretones o incluso rasguños… — o pai lhe devolveu a notificação mostrando o mesmo sorriso cínico que Aaron tantas vezes ostentava —¿entonces ganaste?

Le metí un puñetazo en el medio a la cara.

¡Campeón! — comemorou passando o braço em torno de seus ombros e bagunçando-lhe os cabelos.

Por outro lado seu pai foi aquele que levantou no meio da platéia e gritou “¡El mono de alas és mijo!”.

E agora mesmo se sua mãe viesse a descobrir, Aaron pensou consigo mesmo, talvez ele só precisava dizer “¡creí que papá te lo diria!”…

Julieta, por outro lado, não tinha nenhuma chance de uma colher de chá:

—“Menina é mais tranqüila” disseram, pois sim! — Maria Alice reclamou impaciente enquanto lia a advertência e batia o pé no chão — Julieta eu sinceramente não sei mais o que fazer com você! Eu já nem sei com que cara eu vou aparecer na reunião de pais e mestres agora, quero saber se estou criando uma menina ou um bicho aqui!

—Ah mãe. — Julieta reclamou emburrada de braços cruzados — Nem foi pra tanto…

—Como não? Isso vai ser mais um fato para o seu histórico escolar!

—E daí?

Maria Alice parou, ergueu as mãos e respirou fundo.

—Eu preciso beber água. — avisou saindo… e voltando meio segundo depois: — E por que a senhorita acha que não foi nada demais? Hoje é um histórico escolar conturbado, amanhã é uma ficha criminal!

—Não é para tanto mãe… e ele mereceu.

—Eu preciso mesmo te dizer todos os dias antes de sair que você não pode quebrar uma cadeira nas costas de ninguém? Julieta você é uma mulher negra com vitiligo e o mundo está cheio de estúpidos, mas não pode fazer todo mundo que te provoca engolir os dentes!

—Mas se eu der o exemplo com um ou dois pode ser que o resto se toque. — Julieta deu de ombros — E em machista a gente senta a mão, mãe.

—É?! E o que você acha que eu vou dizer se a mãe do garoto vier tirar satisfações comigo hein Julieta Alice?!

Ainda emburrada e de braços cruzados, Julieta voltou a dar de ombros.

—Ele quem foi o ridículo e pediu por isso, então a senhora vai tentar explicar e, se a mulher continuar insistindo que seu filho babaca é um santo, vai sentar a mão na cara dela.

—E aí seu pai vai ter que me buscar na delegacia de novo! É isso que você quer garota?! — de cara fechada, Julieta recusou-se a responder — Ótimo então! Seja uma pugilista de rua e arraste sua mãe para cadeia com você que eu vou abrir uma poupança para pagar os advogados e as fianças! — a mãe exclamou saindo revoltada da sala, ainda continuando a reclamar em alto e bom som: — E nós ainda vamos conversar direitinho sobre isso com seu pai também, e vamos ver se ele ainda vai querer fazer a sua festa na semana que vem!

A expressão mal humorada de Julieta se desfez em curiosidade.

—Que festa?

Assim como quase todo o resto em suas vidas Romeu e Julieta também dividiam as festas de aniversário, embora quase nunca houvesse uma “festa” propriamente dita, e geralmente se resumisse às famílias fazendo algum passeio juntas… mas tia Valerie havia deixado de ser convidada desde que apareceu com um leitão de presente para sua sobrinha de doze anos, o aniversário de Romeu e Julieta seria na semana seguinte, mas naquele ano parecia que os dois haviam se esquecido disso completamente, e não apenas eles…

—Ah verdade, você está quase fazendo dezoito. — Vanessa concordou distraída comendo um pacote de castanhas de caju — E em uma hora bem oportuna, agora que temos um bebê a caminho.

—Por quê? — Romeu piscou.

—Bem, porque você está chegando à maioridade, o que significa que logo não serei mais legalmente obrigada a te dar casa e comida, então poderemos abrir mais espaço para o bebê. — comentou enquanto comia suas castanhas.

—Mãe! — Romeu arregalou os olhos.

—Eu só estou brincando, Romeu, quer castanhas? — ofereceu enquanto virava-se para o marido: — Samuel, o que acha de pintarmos o antigo quarto de Romeu de verde bebê?

O pai de Romeu, que estava deitado no sofá assistindo “A dama e o Vagabundo” pelo Disney + na televisão, respondeu sem nem prestar atenção:

—Ah, claro.

—Pai! — Romeu gritou.

Romeu vinha estando se preocupando esse tempo todo sobre como poderia ser um bom irmão mais velho, mas parecia que seus pais já tinham tudo muito bem planejado.

Japonese Doll: seus pais só estavam brincando, os meus criaram 4 enfurnados num quarto só.

Zac: ta brincando né?!

Japonese Doll: o mais velho vai fazer 26 e sem sinal de q vai sair de casa também.

Japonese Doll: teve uma vez q um idiota duplo me perguntou c eu era tão pequena pq tive pouco espaço para crescer.

Lorde Zucker: E então você deu uma cabeçada no joelho dele?

Considerando que Japonese Doll era namorada dele e sabia onde ele morava, o jeito que Lord Zucker brincava com a vida era diferente.

Zac: KKKKKKKKK

Japonese Doll: Milord não me teste!

Miragem: quando eu nasci meus pais mandaram construir um quarto extra na casa.

Chilli: mas se for uma irmã, vc tem que se lembrar de uma coisa Montéquio!

Montéquio: o que?

Chilli: seja mais velha ou mais nova, se um cachorro safado a engana, você pega a chave de fenda e ajuda ela a furar os quatro pneus do carro dele!

Japonese Doll: canivete serve também?

Lorde Zucker: QUE?!

Zac: pq isso pareceu tão específico?

Chilli: ouvi falar.

Montéquio: que bom que tem tanto orgulho de defender as mulheres, pq o vídeo de hoje na escola já está na internet, sabia? ¬¬

Miragem: que vídeo???

Montéquio: alguém compartilhou no grupo da sala e também no grupo das mães! Quando eu cheguei, mamãe já tinha assistido e compartilhado com a mãe da Julys!

Zac: Montéquio que vídeo é esse?

Japonese Doll: Chilli puxou um canivete na escola?

Chilli: Gracias por el aviso, amigo, no olvidaré nunca dejarle saber a mi madre de los grupos de clase o conocer a sus madres.

Miragem: que? Enfiou o canivete no ouvido de uma madre?!

Chilli: JAJAJAJAJAJAJA

Chilli: Ya son casi las 6, tengo que irme.

Japonesse Doll: Chilli explica essa história direito!

Mas ele já tinha se deslogado.

Isso era estranho, Romeu pensou consigo mesmo, olhando o relógio no canto da tela, por que Aaron sempre saia por volta das 18h? Antes ele até inventava alguma desculpa qualquer, mas agora ele simplesmente dizia que tinha que ir e saia, às vezes nem avisava, apenas sumia, mesmo que geralmente voltasse cerca de duas horas depois, não deixava de ser algo estranho.

O que será que ele fazia todos os dias no mesmo horário… ah.

Será?

Com um estalo, ele digitou rapidamente que precisava ir também e levantou-se.

—Mãe, eu já volto! — avisou saindo antes que ela pudesse perguntar aonde ele ia.

Se quisesse confirmar logo suas suspeitas, precisava correr…!

Mas antes do final da rua já estava ofegante inclinado com as mãos apoiadas nos joelhos, ah, tudo bem, ele ainda podia fazer uma entrada triunfal mesmo se fosse andando, ao invés de aparecendo repentinamente.

—Andando vai ter o mesmo impacto. — murmurou confortando a si mesmo.

Caramba, por que ele não tinha pensado em pegar sua bicicleta antes? Mas também não dava pra voltar agora… a praça sempre foi tão longe assim?

Caramba, por que ele não havia nem bebido um copo de água antes de sair?

E ali vinham eles, apostando corrida exatamente como Romeu tinha suspeitado.

Ajeitando sua postura ele posicionou-se no centro da trilha de caminhada, endireitou as costas, estufou o peito, colocou uma mão sobre o quadril e apontou vitorioso para o par que vinha correndo a uma velocidade absurda.

—A…!

Mas ambos passaram direto por ele sem nem o perceber ali.

Até mesmo Astolfo, desde quando aquele porquinho corria tão rápido?!

Aquela foi mais uma vitória de Julieta, ao todo já eram dezoito vitórias para ela, onze para Aaron e cinco empates.

—Você está trapaceando, esse porco vem te rebocando e dando mais velocidade! — Aaron, como o mesmo mal perdedor de sempre, reclamou.

—Mas quando você ganha porque jogou alguma guloseima para Astolfinho me puxar para fora da pista, é uma vitória digna? — Julieta perguntou irônica.

Ele levantou as mãos com um sorriso cínico de lado, como se não soubesse do que ela estava falando.

Oiga, mi bien…

—Ora. Ora. Ora. — Romeu disse lentamente ali perto — O que vemos por aqui?

Ele estava sentado no mesmo banco onde Julieta sempre encontrava Aaron, com as pernas cruzadas e os braços estendidos sobre o encosto.

—Romeu? O que faz aqui? — Julieta perguntou movendo o braço e girando metade do corpo involuntariamente quando Altolfinho puxou-a em outra direção, ao escolher um cantinho do gramado ali próximo para urinar.

Romeu sair de casa sem parecer ter sido, de alguma forma, coagido a isso, era certamente um evento muito estranho e raro.

Romeu analisou-os com uma mão sob o queixo.

—Julys, você se lembra de ter me dito que sempre encontra Aaron aqui por acaso?

—E daí?

—Não acha essas coincidências um pouco estranhas?

—Não. — respondeu sem titubear.

Ela visitava aquela praça há anos, e era completamente normal ver sempre as mesmas pessoas por ali.

Mas Romeu reagiu como se ela tivesse dado uma resposta completamente diferente, talvez ele tivesse ensaiado aquelas falas por um bom tempo, independente das respostas que receberia:

—Isso porque não foram apenas coincidências! — Romeu deu uma tapa no próprio joelho.

Aaron até agora estava assistindo-o com uma expressão curiosa, mas de repente ele pareceu bastante surpreso, arqueando as sobrancelhas e erguendo as mãos.

—Espere! Acho que você só esta confundindo um pouco as coisas…!

De repente Romeu se colocou de pé com um pulo, apontando diretamente para Aaron:

—Isso porque não foram meras coincidências: Aaron vem aqui todos os dias propositalmente nos horários em que ele sabe que poderá te encontrar Julys!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até a próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Isso não é Romeu e Julieta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.