Argumentos escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 1
Capítulo Único




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Muito velho.

Eu não me importo.

Muito pobre.

Eu não me importo.

Muito perigoso.

Eu não me importo.

Não estava funcionando.

Remus Lupin, além de ser a pessoa mais teimosa que Tonks teve o (des)prazer de conhecer, também era a mais “racional” — dependendo do conceito do que poderia se chamar racionalidade. Dizer que não se importava que ele fosse mais velho do que ela, mais pobre e mais perigoso não estava dando certo.

Tinham tido muitas discussões desde que ele descobriu os sentimentos que ela nutria por ele, e desde então esteve tentando se afastar e inventar desculpas do porquê não poderiam ficar juntos.

Tinha que ter uma maneira de convencê-lo. E, se não desse certo, ela só precisaria mudar de estratégia da próxima vez que se vissem.

Sentou-se no tapete em frente à lareira da sala de estar, com uma garrafa de firewhiskey aberta.

Os adolescentes estavam em Hogwarts, e Sirius parecia mais deprimido do que nunca. Tinha se trancado no quarto da sua mãe, onde mantinha um hipogrifo foragido. Remus estava sabe-se lá em que missão estúpida tinha decidido se voluntariar, tudo para evitar vê-la.

As noites tinham se tornado muito mais solitárias, e Tonks sentia que as coisas não iam melhorar dali pra frente.

Tomou mais um gole do seu copo, pensando o quão irônicas as coisas eram. Estava agindo exatamente como Sirius, parecia que a melancolia dele era contagiosa, afinal.

Escutou passos quase silenciosos vindos do corredor dos retratos, passando em direção às escadas que levavam ao segundo andar.

— Você tem razão — ela disse em voz alta, olhando na direção da cristaleira, que refletia a imagem vinda da porta — Não daria certo.

Sentiu lágrimas se acumularem em seus olhos, motivadas pelo nível de álcool presente no seu sangue.

— Eu não sou mulher suficiente pra você.

Remus a observava pasmo, como se não conseguisse acreditar no que estava escutando. Parecia ter se esquecido momentaneamente do seu plano de ignorá-la.

— Você está bêbada? — ele entrou no cômodo, parecendo irritado.

— Eu sou muito nova. Quando estava em Hogwarts, não ligava pra namoro e essas coisas, e quando fui pra Academia quase nem tive tempo pra pensar sobre isso. Enquanto que você... — ela continuou falando apressadamente.

— Essa é a maior estupidez que eu já escutei em toda a minha vida — Remus a interrompeu — Dora, você é incrível, ousada, engraçada...

Ele parecia realmente indignado com o que ela disse, tanto que nem comentou sobre ser Sirius que costumava dizer as maiores idiotices do universo.

— E egoísta — ela o interrompeu — E tenho um sangue péssimo. Eu vivo com um alvo nas minhas costas, Remus! Não só por ser auror, mas também por causa da minha família! A minha tia quer literalmente me matar só por ter nascido. Como eu posso me envolver com alguém assim? O quão egoísta eu sou pra envolver alguém nessa bagunça?

— Todos nós estamos com alvos nas nossas costas — Remus voltou a falar assim que ela terminou, tentando se acalmar e acalmá-la — Qualquer um que não seja sangue puro agora está com um alvo nas costas. Nós estamos em guerra!

Ela tomou mais um gole do whiskey, deixando o silêncio ocupar o cômodo.

Sentiu a mão de Remus em seu rosto, limpando as suas lágrimas.

— Sim, todos nós estamos com um alvo nas costas. Nós, mais do que todos, por causa da Ordem. E tem a minha família também — Tonks voltou a falar, olhando para a lareira — Então eu acho que você ser um lobisomem é o menor dos meus problemas.

Não precisou olhá-lo para perceber que ele tinha sido pego na sua armadilha e estava tentando se recuperar.

— Isso... Isso é diferente — ele tentou falar.

— Eu sou perigosa e inexperiente, e mesmo assim você não se incomodaria em estar comigo se não fosse pela sua insegurança — ela retrucou — Não acho que seja diferente. Quanto ao dinheiro, acho que você tem um ego masculino extremamente frágil que acha que eu preciso que alguém me sustente.

Remus cambaleou para trás, atingido por suas palavras.

Tinha sido diferente das outras discussões. Tonks tentou não se sentir culpada por ter pegado tão pesado. Desviou o olhar dele, enchendo mais um copo de whiskey.

— Sirius está lá em cima — disse com suavidade.

Ele não se moveu, parecendo ainda raciocinar sobre o que tinha acabado de acontecer ali.

— Dora...

A sua voz estava fraca, praticamente implorando para que ela entendesse o seu lado. Ela entendia, realmente entendia, mas ele não entendia o seu. Ele queria decidir as coisas por ela, tirar as suas escolhas.

— Você tem alguma ideia do quanto me destrói te ver assim? — ela sentiu a sua voz estremecer — Se você tivesse outra pessoa, eu entenderia, eu juro que entenderia. Mas não, você se nega a chance de viver por achar que não é digno de ser amado. E isso acaba comigo de um jeito que...

Fechou os olhos, sentindo-se repentinamente exausta.

— Eu só queria que você entendesse, que parasse de me tratar como se eu fosse uma criança mimada que não sabe o que quer.

Ela voltou a abrir os olhos, notando como Remus estava mais próximo dela do que se permitiu estar nos últimos meses.

— Por que você precisa ser tão boa com os argumentos? — ele perguntou, acariciando o seu rosto.

— Eu não precisaria pensar em argumentos se você não fosse tão teimoso — ela sorriu fracamente, cobrindo a mão dele com a sua — Sorte sua que eu sou mais.

E antes que soubesse o que estava acontecendo, eles se beijaram.

Pelo menos por aquela noite, ela tinha vencido.


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