Tons do Amor escrita por Kah Nanda


Capítulo 5
Blue


Notas iniciais do capítulo

Boa noite. Estão animadas para ler esse capítulo? Espero muito que sim, pois ele está fofíssimo, cheio de ótimos momentos e com uma grata surpresa no final...
No mais, quero agradecer por todo apoio com a short. Sério, vocês têm feito minha alegria com as reviews e o engajamento que estão dando.
Leitoras novas sejam sempre bem-vindas e quem ainda não comentou, é sempre tempo de fazê-lo ;).
Apreciem Sem Moderação.

Capítulo Postado Em: 08/06/21



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Forks, Washington – 09 de fevereiro de 2022

O fim da noite prosseguiu como seu início...

Como esperado, a equipe americana de hóquei ganhou mais um jogo, deixando Edward e Fred muito contentes com o resultado, porém após o fim da partida, o adulto logo se prontificou a ir embora.

Ele se despediu das crianças e o acompanhei até a porta. E em meio ao nosso tchau, informou que não poderemos prosseguir com a organização do baile desde cedo, já que ele terá aulas e também treino.

Sendo assim, ficou combinado de nos encontrarmos à tarde para ir até Port Angeles comprar os últimos itens necessários para encerrar a decoração. Despedimo-nos com um breve aceno e quando Edward entrou em seu carro, fechei a porta focando minha concentração nas crianças.

Logo elas subiram para escovar os dentes e repousar em suas camas, acredito que cansadas por conta de mais um dia agitado.

Eu, no entanto, antes de ceder ao maravilhoso mundo dos sonhos, desci novamente para verificar se tudo está em ordem pela casa, após o quase colapso com a lavadora de louças, mas ao constatar que tudo continua em ordem, segui meu caminho.

Porém antes de entrar no quarto, parei em frente ao armário que fica no corredor entre os quartos para pegar mais um edredom, mas como está na parte superior, tive que procurar pela escada guardada na parte debaixo para poder alcançá-lo.

Só que me surpreendendo, ao mexer em uma caixa ao lado da escada, acabei notando que contém alguns materiais de pintura, bem antigos é claro, provavelmente Alice ficou com eles quando mudei. Talvez nossos pais tenham ficado sem espaço na outra casa e ela se dispôs a guardá-los.

Enfim, no momento não descobrirei como vieram parar aqui e porque ela os têm guardados por tanto tempo, mas continuando a mexer, encontrei até uma boa gama de itens.

Acabei esquecendo a escada e o edredom, e puxei a caixa para fora do armário, seguindo para o andar inferior no intuito de não arriscar acordar as crianças.

Com a curiosidade artística em vigor, passei a testar os pincéis e tubos de tinta para avaliar o que ainda é válido e o que poderá ser jogado fora e foi com grande alegria que constatei que a maioria das coisas ainda estão em bom estado.

De repente, inundada por uma onda de inspiração, que não me assolava há tempos, peguei a maior tela encontrada dentro da caixa, sendo uma de tamanho médio, mas para minha sorte também em bom estado e decidi me arriscar.

Comecei com leves pinceladas, porém com o passar das horas e composições de tinta sobre a tela, acabei me deparando com uma obra completa exposta sobre a superfície antes branca...

Não tenho ideia da hora que dei por finalizado o projeto, só sei que fui dormir com um enorme sorriso no rosto e uma sensação de contentamento que não sentia há muito tempo...

 

Forks, Washington – 10 de fevereiro de 2022

— Está com sono tia Bella?

Bree perguntou após meu segundo bocejo no carro, durante o trajeto de casa até a escola.

— Um pouco querida.

— Pelo menos a senhora poderá dormir quando voltar para casa. – Comentou.

— Vou ver se consigo.

Pisquei a ela pelo retrovisor do carro e não demoramos a chegar à escola.

— Vocês dois se cuidem e comportem. – Falei quando estacionei o carro. – Bree, ao fim da aula venho te buscar e o Fred depois do treino.

— Não precisa tia Bella. Hoje o treino é dentro do horário de aula, então quando vier buscar a Bree, também já vou embora.

Fred respondeu quando saiu do carro.

— Que maravilha. Então aproveitem o dia. – Falei após Bree descer.

Hoje ambos seguiram juntos para dentro da escola e quando os perdi de vista, decidi voltar para o carro, mas fui interceptada por uma figura imponente.

— Bom dia Bella.

— Bom dia Edward.

— Como está?

— Bem e...

Não pude completar a frase, pois fui novamente arrebatada por um bocejo.

— Alguém está com sono... – Brincou.

— Pois é, acabei não dormindo muito noite passada, quer dizer, essa madrugada. – Pontuei.

— Algum problema? Alice e Jasper estão bem?

— Não se preocupe, não foi por nada grave. E até onde sei, estão sim. Estou aguardando uma nova ligação na verdade, mas imagino que esteja tudo bem.

— Ótimo, mas sabe que se precisar de qualquer coisa, pode contar comigo.

— Eu sei e agradeço muito. – Informei. – Mas para falar a verdade, preciso de uma nova ajuda.

— É só pedir.

— Realmente necessito do contato de um encanador, pois como você falou, a lavadora ainda tem que ser consertada e como ficarei na cidade por mais um dia, quero adiantar isso.

— Ah, pode deixar que envio por mensagem.

— Obrigada. Mas agora já vou para não atrasá-lo e também para cuidar dos meus assuntos.

— Está bem. Até mais tarde?

— Sim, venho buscar as crianças quando terminar o horário de aulas e após o almoço, podemos nos encontrar. – Falei.

— Tenho uma ideia melhor. Eu levo as crianças embora, assim você não precisa vir até aqui e depois que almoçarem, vamos a Port Angeles. – Tentei refutar, mas ele logo me barrou. – Não aceito não como resposta, é a melhor ideia e está decidido.

— Não lembrava como você pode ser teimoso.

— Não sou teimoso, mas sim sensato. – Piscou, enquanto revirei os olhos. – Até mais tarde Bella.

Falou já caminhando em direção à entrada de um dos prédios.

— Tchau Edward.

Despedi-me entrando no carro e seguindo para casa.

Porém mal estacionei o carro na garagem e passei a chave na porta da cozinha entrando no cômodo, quando meu celular começou a tocar.

— Bom dia Alice.

— Bom dia Bella. Está podendo falar?

— Estou sim. Acabei de entrar que fui deixar as crianças na escola.

— Ótimo. Está tudo bem por ai?

— Sim. E com vocês? Aliás, onde estão?

— Estamos chegando a Chicago.

— Caramba. Então já dirigiram muito. Ontem vocês pararam na capital da Pensilvânia mesmo?

— Sim, mas após não conseguirmos embarcar, decidimos parar e descansar voltando à estrada logo cedo, por isso já rodamos tanto.

— Entendo. Mas quais são os planos? Vão tentar o voo em Chicago e caso não consigam, pretendem continuar a busca por mais aeroportos? Será que não seria melhor voltarem à Nova York, que ainda está perto e ficarem seguros no meu apartamento a espera dos voos normalizarem? Eu só preciso voltar ao trabalho na segunda-feira, mas se for necessário, peço mais uns dias de folga.

— Esse é o ponto Bella. A estrada não está ruim, de manhã quando começamos a dirigir tinha um pouco de neblina, mas agora o clima está ótimo. A questão com os aeroportos é não ter voos que compensem a espera ou não estar operando normalmente. Porém Jasper e eu conversamos e estamos pensando que se não conseguirmos embarcar em Chicago, talvez sigamos direto até Forks de carro.

— Nossa. Será uma viagem e tanto.

— Sim. Mas você parece feliz com as crianças, elas também estão ótimas. E como disse ontem, de algum modo parece que iniciamos uma Road trip inesperada, mas está sendo divertido também cruzar o país de carro. E caso esse acabe sendo o plano final, mesmo com as paradas para comer e dormir, ainda chegaremos a Forks no mais tardar sábado de madrugada ou pela manhã. Assim também dará para você voltar a tempo.

— É como disse Alice. Por aqui as coisas estão ótimas, então minha maior preocupação é com vocês dirigindo pelo país, mas se está falando que estão curtindo e está tudo bem, têm meu apoio para seguir desse modo.

— Obrigada irmã. Realmente não sabemos o que faríamos sem você.

— Isso mesmo Bella. Você está nos fazendo um enorme favor. Prepare-se para um presente de aniversário incrível esse ano.

Ouvi a voz de Jasper comentando ao fundo.

— Já falei que não tem o que agradecer. Estou amando passar esse tempo aqui.

— Falando em amar... Você não quer me contar o que Edward Cullen estava fazendo na nossa casa àquela hora da noite? Aliás, você precisa me contar tudo que está acontecendo aí. Como passaram de ajudantes na organização do baile para...

— Para nada Alice. — A interrompi. – Mas vou contar o que realmente aconteceu...

Contei sobre tudo, desde a conversa que tivemos e os devidos esclarecimentos.

É claro que tomei uma bronca enorme quando ela soube o porquê de ter passado tanto tempo sem retornar a Forks, já que sempre consegui guardar bem o verdadeiro motivo do meu afastamento.

Mas quando parou de brigar e me deixou voltar a falar, relatei o restante dos fatos. Sobre o almoço com Rose e Emmett, e por fim, a situação com a lavadora de louças e que por isso Edward estava aqui ontem à noite nos auxiliando.

Ela fez muitas perguntas e interlocuções durante meu relato, mas ao término pareceu se dar por satisfeita com as respostas, então quando entraram de fato em Chicago, encerramos a ligação para que se atentassem as questões dos voos.

Porém Alice prometeu me manter informada sobre a resolução de tudo, então sei que em breve nos falaremos de novo.

Com o fim da ligação, vi que Edward enviou uma mensagem passando o contato do encanador, agradeci a gentileza e em seguida entrei em contato com o mesmo para saber se poderá vir consertar a lavadora.

Para minha sorte, ele informou ter um horário vago pela manhã mesmo, então mais do que rapidamente o chamei para vir efetuar o serviço.

No fim das contas, o encanador era um senhor muito simpático, que me reconheceu como a filha do chefe Swan e tratou do serviço com muito esmero, elogiando também a forma como Edward cuidou do problema ontem à noite.

Quando terminou tudo e a lavadora voltou a funcionar, paguei pelos serviços prestados e acompanhei o senhor até a porta. Após nos despedirmos, mandei uma mensagem a Edward agradecendo mais uma vez pela ajuda e transmitindo os elogios do encanador.

Trocamos mais algumas palavras, mas logo ele teve que se despedir, pois começaria a dar uma aula.

Sozinha e finalmente livre de qualquer compromisso, ao menos por enquanto, decidi mexer novamente na caixa com os materiais de pintura e talvez arriscar alguma outra coisa.

Esperando ainda estar envolta ao espírito de inspiração que me assolou ontem à noite e pela madrugada adentro, apesar de a pouco estar cansada quando fui levar as crianças, só de pensar em trabalhar em algo novo todo meu cansaço se esvaiu...

Passei a manhã e o início da tarde entretida com a pintura, porém consegui me atentar a tempo com o preparo do almoço. Dessa forma guardei tudo, inclusive as telas com o maior cuidado para não estragar e fui providenciar a refeição.

Conforme prometido, assim que as aulas e o treino terminaram, Edward mandou mensagem informando estar a caminho com as crianças e como se tivessem um reloginho interno, ouvi a porta central abrir e o som de passos no exato instante que dei tudo por preparado.

— Tia Bella. Chegamos. – Bree falou.

— Ótimo. E como foi o dia?

Parei de arrumar a mesa para recepcioná-los.

— Muito bom. Eu fiz dois gols hoje no treino tia Bella.

— Que maravilha Fred. Não tenho dúvida de que é um dos melhores jogadores. – Pisquei ao garoto.

— Ele com certeza é.

A voz de Edward se sobressaltou quando passou também pelo batente da porta.

— Oi de novo Edward.

— Oi de novo Bella.

Sorrimos.

— Muito obrigada por ter trago às crianças, espero que elas tenham se comportado nesse meio tempo.

Comentei lançando um olhar às duas.

— Perfeitamente, não se preocupe. – Informou. – Mas agora vou deixá-los almoçar e volto daqui a pouco para irmos até Port Angeles...

— O que? De maneira nenhuma. Você fica para almoçar com a gente. – Afirmei.

— Não posso aceitar Bella.

— E por que não? Estou aqui com o almoço pronto, até já arrumei seu lugar a mesa. – Apontei para a superfície arrumada a quatro lugares. – Duvido muito que tenha qualquer coisa preparada em casa e ainda assim, vai dispensar minha comida?

— A tia Bella cozinha muito bem treinador.

— Fred, já disse que fora da escola pode me chamar de Edward. – Informou novamente ao meu sobrinho. – Mas o ponto não é esse.

— Fica Edward, por favor.

Bree pediu e fiquei a espera para ver se recusará seu pedido.

E dando-se por vencido, finalmente cedeu.

— Está bem, eu fico.

— Assim é melhor. – Falei. – Agora vocês dois subam, troquem de roupa, lavem as mãos e desçam para almoçarmos.

Com as minhas indicações, os pequenos seguiram para o andar superior deixando-nos a sós.

— Você pode lavar suas mãos nesse banheiro.

Indiquei o cômodo próximo à cozinha.

— Obrigado.

— Não tem de quê.

— Não só por isso, mas pelo convite também.

— Imagina Edward, era o mínimo que podia fazer depois da gentileza de trazer as crianças.

Respondi dando de ombros. Ele assentiu e seguiu até o banheiro, então passei a cozinha para terminar de colocar a comida nas travessas e servir a mesa.

— Você parece animada.

Comentou quando entrou no cômodo novamente.

— Pareço?

— Sim. De manhã estava com um ar cansado, mas agora está renovada. Conseguiu dormir?

— Para falar a verdade não. Mas você tem razão, realmente estou me sentindo renovada. – Concordei.

— E posso saber o motivo?

No entanto, antes que pudesse responder, as crianças voltaram e indiquei para sentarem para almoçarmos. E os assuntos dispersaram a outras direções.

Os informei sobre o conserto a lavadora, como também sobre a ligação de seus pais e que ainda a pouco Alice mandou mensagem informando que após não encontrarem um voo compensável em Chicago, optaram por fazer o trajeto de carro mesmo.

Eles ficaram animados com a viagem dos pais, comentando sobre querer fazer algo assim um dia e perguntando a Edward e eu se já fizemos algo semelhante. Com nossas negativas, entramos no tópico de como e por onde faríamos uma Road trip se tivéssemos oportunidade.

Desse modo, o almoço passou rápido e muito agradável, quando terminamos de comer colocamos as louças na lavadora e ao constatarmos que está funcionando perfeitamente, nos preparamos para sair.

Subi com as crianças para pegar mais agasalhos e quando descemos, encontramos Edward a nossa espera e seguimos viagem após nos acomodar em seu carro.

Durante o trajeto até Port Angeles, comentei com Edward sobre a lista de lojas que Alice recomendou que passemos, pois segundo ela, encontraremos todo o necessário para finalizar a decoração.

Bree está quase sem se aguentar de animação por participar dessa parte da organização, de um jeito bem parecido com a mãe. Enquanto Fred, que no início da semana não estava muito entusiasmado com a ideia do baile, também parece entretido, talvez seja pelo envolvimento de Edward, uma pessoa que ele tanto admira.

Enfim, após o percurso de pouco mais de uma hora, chegamos a Port Angeles e como teremos que andar por várias lojas, Edward optou por deixar o carro em um estacionamento e fazermos o trajeto ao centro a pé.

Procuramos seguir a lista que Alice passou para otimizar tempo, mas é claro que acabamos passando por outros estabelecimentos e pensando em tudo que já organizamos para o baile.

Com quase duas horas rodando por, percebi que preciso me afastar por um instante para comprar uns itens que não estão na lista antes de irmos embora.

Em meio a uma das compras, resolvi colocar a ideia em prática.

— Edward.

— Sim? – Respondeu de pronto.

— Você se importa de ficar com as crianças por alguns minutos enquanto vou a outra loja?

— Não, de forma alguma. Mas você não quer esperar para irmos juntos?

— Não. Será uma coisa rápida e o que comprarei não é para a escola. – Acabei confessando.

— Ah, então tudo bem. Você nos encontra aqui?

— Sim, sim. Minha compra será rápida e eu volto logo.

— Está bem, nos vemos daqui a pouco.

Assim que ouvi sua concordância, comuniquei às crianças que ficarão com ele por uns minutos e sai.

Caminhei rapidamente até chegar ao estabelecimento escolhido, com a certeza dos materiais que necessito, assim que a vendedora me abordou a informei sobre as escolhas e ela de pronto passou a checar se dispõe de tudo.

Como se o destino estivesse querendo me ajudar, consegui encontrar tudo e após pagar, segui até o carro de Edward, já que ele deixou a chave comigo na última vez que guardamos algumas sacolas.

Acomodei tudo que comprei de modo a não ocupar demais o porta-malas e também não arriscar quebrar nada junto ao restante das coisas, então com tudo organizado tranquei novamente o veículo e voltei ao encontro de Edward e as crianças.

Quando os reencontrei já foi no caixa.

— Conseguiu encontrar tudo o que procurava?

Edward perguntou quando me aproximei.

— Sim, encontrei.

— Que bom. Acho que com isso compramos tudo, não concorda?

— Sim, por mim podemos ir embora. As crianças ainda têm que fazer os deveres e não queria chegar muito tarde.

— Então está combinado, encerramos por aqui.

Assenti com seu indicativo e após sair da loja, seguimos até o carro para voltar a Forks.

E o trajeto foi tão divertido e confortável quanto o anterior e quase não vimos o tempo passar.

Durante o caminho, ficou combinado que tudo permanecerá no carro de Edward para que leve a escola amanhã, assim quando paramos em frente a casa, descemos do carro agradecendo pela carona, deixei as crianças entrarem logo para saírem do frio, enquanto Edward e eu caminhamos até o porta-malas para pegar minhas coisas.

Nesse momento, claro que ele viu o que comprei, porém apesar de ter lançando um olhar significativo, não falou nada.

E quando entramos, após posicionar tudo na sala, comentei.

— Você pode voltar para jantar conosco.

— Não sei se devo.

— Isso é um convite. – Informei.

— Mas eu já almocei com vocês, não quero abusar.

— Não faça cerimônia Edward. Além do que, o almoço foi uma cortesia. O jantar é um convite. – O olhei firmemente. – E também gostaria de te mostrar uma coisa...

— Está bem. Vou para casa tomar banho e organizar uma coisas e volto para jantar com vocês.

— Ótimo. – Respondi contente. – Obrigada por toda ajuda do dia.

— Não tem o que agradecer. Até mais tarde.

— Até.

Esperei vê-lo entrar no carro para fechar a porta e procurar as crianças que não vi pelo andar inferior.

Ao encontrá-las em seus quartos, tratei de encaminhá-las para tomar banho e logo depois passarem a fazer os deveres.

E depois de limpos e quentinhos, os deixei na sala estudando e fui tomar banho. Quando voltei também composta, vi que Alice mandou mensagem perguntando se pode ligar, mas ao invés de respondê-la, apenas iniciei a chamada.

Porém não fiquei muito tempo ao telefone, logo entregando o celular as crianças para falarem com os pais.

Jasper e Alice estão realmente bem com a viagem improvisada e com isso fico mais tranquila em continuar aproveitando meus privilégios em permanecer em Forks mais um pouco...

Enquanto auxilio Fred no seu dever de história e Bree finaliza a lição de inglês, a campainha soou. E sabendo quem é, levantei rapidamente para atender.

— Oi.

Falei ao abrir a porta e encontrar Edward ainda mais lindo, se possível, do que a pouco, vestindo suéter e calça jeans.

— Oi. Combinamos.

Comentou se referindo ao fato de que também estou de suéter, mas combinei a peça com uma saia e meia calça por baixo.

— De certo modo. – Sorri. – Mas entre, não fique ai fora no frio.

Abri um pouco mais a porta e ele passou.

— Desculpe se cheguei cedo, mas como não sabia que horário costumam jantar, não quis que se atrasassem por minha causa.

— Está tudo bem, as crianças estão terminando os deveres. Mas você é sempre bem-vindo.

Informei, ele sorriu assentindo e passamos para perto das crianças, as observando ou ajudando um pouco também até que terminassem as tarefas.

E ao terminarem, antes de se entreter com outra coisa, pedi para aguardarem um pouco enquanto busco algo para mostrá-los.

Bree e Fred ficaram curiosos para saber o que é, enquanto Edward permaneceu quieto apenas aguardando.

Com cuidado, peguei a tela média que pintei durante a madrugada e as outras duas menores que mexi pela manhã e carreguei até a sala para mostrar aos presentes.

Quando posicionei os quadros, imediatamente notei as expressões em seus rostos mudarem.

— Ai que lindos tia Bella. A senhora que pintou?

— Foi sim Bree. Você gostou?

— Sim, eu amei.

— Obrigada querida. E você Fred, o que achou?

— Somos nós aqui?

Apontou para uma das telas pequenas e assenti, já que pincelei o vislumbre de duas crianças caminhando ao lado oposto da tela.

— Ficou muito legal. Bem que a mamãe sempre fala como a senhora é talentosa.

— Obrigada meu lindo.

— E as outras também estão muito bonitas. Pra mim esses são os quadros mais lindos do mundo.

— Ai vocês são incríveis. Muito obrigada pelas palavras.

Aproximei-me dos dois os abraçando.

Mas quando os soltei, direcionei meu olhar a Edward que permanece quieto.

Com receio de suas próximas palavras, falei para as crianças irem assistir um pouco de TV e quando se afastaram, chamei a atenção do homem parado ao meu lado.

— Edward?

— Por isso você comprou aquelas coisas hoje... – Falou finalmente.

— Sim. Encontrei essas telas e algumas tintas em uma caixa guardada por Alice e como acabei utilizando tudo que podia, quis comprar coisas novas caso a inspiração continue batendo. – Informei.

— Quando você as pintou?

— A maior foi ontem a noite depois que você saiu.

— Por isso estava cansada pela manhã... — Praticamente sussurrou. – Aposto que ficou a madrugada toda pintando, como antigamente...

— Algo assim.

— E as outras?

— Hoje de manhã, depois que o encanador foi embora e antes de preparar o almoço.

— Agora entendo o motivo da sua animação. Devia ter suspeitado que tinha a ver com algo assim. Você sempre transcendeu através da sua arte Bella. — Comentou me olhando intensamente. — E isso aqui é talento puro. Gostava de pensar que o quadro que me deu era uma das obras mais lindas que já fez, mas agora sinto que ele perderá espaço para sua nova criação.

Falou indicando a pintura da tela maior.

— Não é para tanto Edward. – Comentei constrangida.

— Não se acanhe diante desse tipo de elogio Bella, pois você merece. – Pensei em comentar outra coisa, mas fui contida por sua conclusão. – Eu tenho tanto orgulho de você.

— O que? — Perguntei incrédula.

— Você é muito talentosa Bella. E o que faz não pode ser mensurado. Dar vida a algo dessa forma é realmente único.

— Você vai me fazer chorar.

— Por favor, não chore. Não quero vê-la triste.

— Com certeza não estou triste, muito pelo contrário. Suas palavras estão enchendo meu coração de bons sentimentos, sendo que estava receosa em lhe mostrar os quadros... – Confessei.

— Por quê?

Foi sua vez de questionar.

— Porque você mais do que muitos acompanhou minha fase inspirada e os quadros que pintei na adolescência. Na época não tinha dúvida sobre minha precisão artística, afinal de contas, ganhei a bolsa por conta daquelas obras, então sabia que de algum modo tinha talento. Mas depois, com tudo que houve, com o tempo que estava sem conseguir pintar, de repente criar isso foi como se tivesse renascido e agora após suas palavras, sinto que posso ter reencontrado a antiga Bella, a que tinha talento...

Edward enxugou uma lágrima em meu rosto que não percebi ter escorrido.

— Entenda de uma vez por todas que você tem muito talento. E não tenho dúvida que a Bella que conheci, assim como essa que está a minha frente, são artistas incríveis. Você pode ter passado por algum tipo de bloqueio, quanto a isso não posso afirmar, mas o que sei é que jamais poderia perder seu dom. Mas também fico muito feliz em saber que foi despertado novamente.

— É como me sinto também, feliz, completa...

— É uma alegria saber disso, pois não lhe desejo nada menos do que a felicidade completa...

Ficamos nos olhando e com medo de quebrar o clima, preferi manter-me em silêncio, acredito que de algum modo ele sentiu o mesmo.

Então só fomos despertos quando Fred o chamou para jogar um pouco de videogame. E atendendo ao pedido do meu sobrinho, ele se afastou e só ai pude voltar a respirar.

Com calma levei as telas, que agora já estão completamente secas, ao meu quarto. Aproveitei o tempo sozinha para passar no banheiro e me recompor. E quando consegui estabilizar as emoções, desci rumo a cozinha para organizar o jantar. O que acabou não demorando muito e quando aprontei tudo, os chamei para comer.

Envoltos pelas conversas das crianças, Edward e eu nos prontificamos a mantermo-nos atentos apenas aos seus assuntos.

Após terminarmos a refeição, indiquei para os pequenos ajudarem na organização e limpeza da cozinha, claramente dispensei Edward da tarefa, mas foi um pedido em vão, já que ele também auxiliou com tudo.

E quando demos por encerrada as tarefas, Bree sugeriu assistirmos um filme antes da hora de ir dormir. Ela e Fred disputaram para escolher o gênero e após minha sobrinha ganhar a disputa de par ou ímpar com o irmão, acabamos assistindo a uma comédia romântica de sua escolha.

Tudo estava indo bem com a exibição do filme, até Bree comentar.

— Tia Bella, por que a senhora nunca teve um namorado?

Apesar do ambiente escuro, iluminado apenas pela luz da TV, senti meu rosto corar e fiquei com medo de Edward, que está sentado ao meu lado no sofá, acabar percebendo.

— Como assim querida? Quem disse que nunca tive um namorado? – Devolvi.

— Eu nunca te vi com um namorado. E mamãe vive falando com o papai que a senhora precisa encontrar alguém. – Comentou.

— Sua mãe tem que parar de falar da minha vida. – Rebati. – Ainda mais na sua frente.

— Na maior parte das vezes, ela não percebe que estou ouvindo. Mas a senhora não respondeu, por que nunca teve um namorado?

— Eu já tive namorado Bree. Só não estou namorando no momento. – Comentei simplesmente.

— Mas nunca te vimos com ninguém em todas as vezes que fomos visitar. – Pontuou.

— Vocês não me visitam tanto assim.

Tentei mudar o rumo do assunto, mas a pequena parece simplesmente não querer deixar a questão passar.

— Nós te visitamos no natal, no seu aniversário, no quatro de julho...

— Está bem Bree. Não precisa citar todas as datas comemorativas do ano. Se quiser saber, faz tempo que não namoro, mas eu já namorei sim.

Informei a pequena curiosa.

— Quando? Com quem? Por que nunca conhecemos?

— Para falar a verdade, você o conheceu sim. – Falei. – Só não lembra porque era muito pequena.

Bati o dedo na ponta do seu nariz.

— Então já faz muito tempo. Porque já tenho oito anos e lembro de muitas coisas, mas não do seu namorado. – Falou pensativa. – Acho que está na hora da senhora namorar de novo.

— Na hora certa encontrarei alguém para me relacionar Bree, mas estou bem assim, não se preocupe.

Por fim, ela pareceu se dar por satisfeita com a minha resposta, pois ficou em silêncio.

Mas esse não durou três minutos, até ela lançar a máquina de perguntas à Edward.

— Edward, você tem namorada?

Ah, meu Deus, por favor. Leve-me agora.

Notei um barulho de riso antes de ouvir sua resposta.

— Não Bree. Não estou namorando no momento.

— E por que não?

— Bree. Isso não é pergunta que se faça. – A repreendi.

— Está tudo bem Bella. Não me importo em respondê-la. – Edward falou. – Acho que assim como a sua tia, não encontrei a pessoa certa para namorar.

— Mas já namorou antes, não é?

Ela perguntou em seguida.

— Sim, já namorei antes. Só não estou namorando agora. – Informou.

— A tia Bella é a minha única tia solteira. Isso que ela é a mais linda das minhas tias.

— Obrigada Bree, mas as irmãs do seu pai são muito bonitas também.

— Eu sei, mas a senhora é a mais linda. – Respondeu. – E o senhor também é o único professor solteiro que tenho e também é muito bonito. – Disse a Edward.

— Obrigado Bree. Você também é uma menina muito linda.

— Obrigada. Mas sabe o que pensei?

Edward e eu nem tivemos chance de questionar, antes que ela soltasse a bomba.

Que vocês dois podiam namorar...

— Meu Deus Bree! — Praticamente gritei.

— Sua tia e eu já namoramos.

Edward falou logo em seguida.

— Edward! — O repreendi.

O que está acontecendo aqui?!

Nesse momento, até Fred que se manteve quieto por toda a conversa, virou o rosto para nos olhar, enquanto isso, Bree praticamente começou a quicar ao meu lado.

— O que foi? Não sabia que nosso relacionamento era um segredo. – Edward falou.

— Não era. Não foi. Mas você me pegou de surpresa.

— Como assim vocês já namoraram? Quando foi isso? – Bree logo perguntou.

— Quando você e seu irmão eram bem pequenos.

Edward respondeu simplesmente.

— Por que também não me lembro disso? – Fred comentou. – Eu sei que a tia Bella morava aqui antes de ir embora, mas não me lembro de você.

— Acho que isso acabou sendo apagado da sua memória. Mas você tinha quase quatro anos quando começamos a faculdade. – Edward respondeu. – E você apenas dois. – Indicou a Bree.

— Então ele é o namorado que eu conheci? – Bree questionou e apenas assenti. – Mas por que vocês terminaram?

Aguardei para ver se Edward dirá alguma coisa, mas quando ele permaneceu calado, esclareci.

— Porque fomos para faculdades em lugares diferentes, muito longe uma da outra, então decidimos não continuar namorando.

— Nossos pais se conheceram na faculdade. – Fred comentou.

— Sim. Eles tiveram a sorte de se conhecer na faculdade, começar a namorar, casar e ter vocês dois. Mas nem todas as histórias acontecem assim. – Conclui.

— Que pena que vocês não se conheceram na faculdade igual nossos pais. Ai podiam estar juntos até hoje também...

Com sua última fala, Bree enfim pareceu tomar o assunto por encerrado, já que se aconchegou no canto no sofá e não falou mais nada.

Fred virou novamente para a TV e eu também quis focar no entretenimento mostrado em tela, mas não me contive em olhar para Edward, somente para encontrá-lo também me observando.

Porém não dissemos nada e assim focamos, ou fingimos focar, nossas atenções no filme...

— Boa noite Edward.

— Boa noite campeão. Até amanhã.

— Boa noite Edward.

— Boa noite princesa. Durma bem.

Meus sobrinhos se despediram de Edward, seguindo para os quartos como indiquei a pouco assim que o filme acabou.

Os instrui a colocar os pijamas e escovar os dentes que logo subirei também.

Mas ao ficarmos sozinhos, Edward falou.

— Obrigado pela noite.

— De nada. – Dei de ombros.

— Realmente gostei muito de passar essas noites aqui com vocês. Mal vejo a hora do bebê da Rose e o Emm nascer para viver experiências assim com meu próprio sobrinho ou sobrinha.

— Você vai adorar. – Afirmei. – Sem contar que será um tio incrível. O bebê terá sorte.

— Espero que sim. Só preciso lembrar como trocar fraldas e colocar para arrotar. – Brincou.

— Nem me lembre dessa fase. Mas falando nisso, você se recorda de quando ficávamos nessa mesma casa cuidando do Fred para que Alice e Jasper pudessem sair?

Comentei o fato assim que a memória me assolou.

— É claro que lembro. Mas naquela época éramos pagos para ficar de babás, não éramos?

— Você tem razão, éramos sim. Quando os dois voltarem pedirei nosso pagamento. – Falei e rimos.

— Engraçado, pensando agora tenho mais lembranças de cuidar apenas do Fred e não tanto da Bree.

— É porque eles não confiavam em nós para ficar sozinhos com dois bebês. Na época, contavam mais com a ajuda dos meus pais. – Esclareci.

— É verdade. Mas pode ser também porque quando a Bree nasceu, não queríamos perder nossas noites de sábado ficando de babá, ao invés disso, gostávamos de aproveitar o tempo livre de outras formas...

Corei com as lembranças mencionadas e já que agora a luz da sala está acessa, não tenho dúvida que ele notou.

Com isso, deu um passo em minha direção e tocou meu rosto com uma das mãos, imediatamente meu corpo arrepiou com o toque conhecido.

— Sempre adorei vê-la corar. — Comentou.

— Você sempre teve o dom de me fazer corar.

— É verdade. Eu era especialista nisso.

— Pelo visto continua sendo.

Afirmei olhando-o firmemente.

— Lembro que o nosso primeiro beijo aconteceu assim. Estávamos sentados no gramado da sua casa, eu comentei alguma coisa que te fez corar e quando vi o rubor no seu rosto, só pude pensar em como queria beijá-la...

— Eu estava com tanto medo de ser beijada por você. Ao mesmo tempo em que queria tanto que você me beijasse. – Confessei.

— Me senti o garoto mais sortudo do mundo depois que você confessou que aquele tinha sido o seu primeiro beijo.

— O melhor primeiro beijo que eu poderia querer...

— Bella...

Sua outra mão tocou minha nuca e de repente ficamos tão próximos a ponto de sentir as respirações do outro.

— Eu quero muito te beijar agora.

— Eu quero muito que você me beije.

Não levei um segundo para respondê-lo.

E ele não levou um milésimo de segundo para encostar seus lábios aos meus...

E foi como voltar para casa...

Finalmente me senti de volta ao lugar que pertenço.

Sua boca tocou a minha de forma delicada, começando com um leve roçar de lábios, porém não imaginei que mesmo depois de tanto tempo ainda nos encaixaríamos tão bem, como se não tivéssemos passado anos separados.

A mão que estava na minha nuca desceu para a cintura, enquanto a no meu rosto permaneceu acariciando o local.

E eu procurando senti-lo o máximo possível, passei os braços por seu corpo alcançando o cabelo e tratando de não deixá-lo escapar.

Toquei seu lábio inferior com a língua provando-o, saboreando-o e procurando senti-lo mais. Quando ele abriu a boca e deixou sua língua tocar a minha, o frenesi se espalhou por nossos corpos...

Nosso primeiro beijo foi inesquecível.

Todos os beijos que trocamos foram especiais.

Nosso último beijo guarda um gosto enorme de dor, despedida e lágrimas.

Mas esse daqui, de algum modo parece estar curando tudo, sobressaltando-se as várias memórias felizes que possuímos...

Além do que, tudo em Edward é convidativo, seu gosto, seu cheiro, a textura da sua pele e a maciez dos seus lábios.

E agora, desfrutando de tudo novamente, parece que nunca o perdi.

Que não passei um mísero dia sem seus toques, calor e, sobretudo, sem sua presença...

Como poderei seguir em frente após sentir tudo isso de novo?

Não faço a mínima ideia e de verdade, não quero pensar em qualquer perspectiva de futuro que me obrigue a ficar longe dos beijos de Edward...

Não...

Nesse momento, quero mais do que tudo apenas aproveitar e entregar-me sem medidas ao homem que me tem em seus braços...

CONTINUA.


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Notas finais do capítulo

N/A: Estão vivas? Porque eu estou querendo desfalecer como a Bella, mas ela ao menos acabou de ganhar um beijão do Edward. Agora eu estou aqui só na vontade de um chamego que infelizmente está em falta por conta dessa pandemia...
Enfim, o que acharam do capítulo? Alisper resolveram fazer a Road trip e também queria passar por algo assim. E algumas leitoras chegaram a comentar que a Bella voltaria a pintar e não é que voltou mesmo? Acho que a razão de tal inspiração está mais do que clara, não?
O dia foi cheio, mas não tenho dúvida que a noite foi a melhor parte. Ela mostrando os quadros, o Edward se derretendo, a Bree fazendo a Alice na investigação haha, tal mãe, tal filha. E por fim, esse momento maravilhoso para fechar a noite. Ai amo Beward demais...
Agora é com vocês, comentem, comentem e comentem. Quero muito saber o que estão achando da short nessa reta final e especialmente, o que acharam do capítulo. Sigam-me no twitter: @KNRobsten e até quinta-feira.
~Kiss K Nanda.



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