Champagne Problems escrita por Tahii


Capítulo 2
... all my Champagne Problems


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá, olá! ♥

Nessas notas quero contar sobre a aventura que foi achar um plot. Demorou um pouco para eu conseguir ter uma ideia, admito. Eu queria seguir a maioria das suas preferências e, ao mesmo tempo, eu estava/estou numa fase de ir para o extremo oposto delas. No começo, o canon me travou total. O que diabos eu iria fazer no mundo bruxo? Talvez se eu tivesse escolhido drastoria teria sido “mais fácil” ter uma ideia [mas aí eu ia surtar MESMO porque amo as suas drastorias, então fiquei com scorose e segui o baile]. Depois disso, fiquei pensando: como fazer uma fic meio deprê [você pediu, mas não muito kkkkkk] e um final feliz com Champagne Problems? Fiquei tipo ??????????? Eh o fim.

Passei SEMANAS em dúvida e totalmente estagnada. Quando percebi que precisava escrever, tive uma outra ideia e tudo que tava ruim ficou pior. A ideia nº02 era uma comédia romântica de mais ou menos sete capítulos. Ciente de que eu não conseguiria terminar, abandonei a coitadinha depois de escrever uns 12k e voltei para o que era para ser uma one. Decidi dividir para não ficar um capítulo muito grande.

Pois bem. Dito isso, espero que goste dessa segunda parte. O capítulo anterior foi mais sobre o começo, esse é o meio e o fim ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/801371/chapter/2

2 0 3 1 

— Você não pode, simplesmente, ir embora! — a voz de Rose pareceu ecoar por toda a estação e, ao atingir os ouvidos de Scorpius, não pareceu surtir efeito algum. Ele estava perto de um dos pilares de ferro, as mãos trêmulas tentando organizar as passagens enquanto negava com a cabeça e secava as lágrimas traidoras com o ombro. — Scorpius! — ela grunhiu mais próxima, apressando os passos. — Scorpius! 

— Por que você está aqui? — embora a resposta nunca lhe agradasse, não era uma perguntava que conseguia evitar. Ergueu o rosto para fitá-la, esperando mais um golpe no seu coração surrado. 

— Para te dizer que fugir não é algo do seu feitio. 

— Não estou fugindo. Estou escolhendo ir embora — disse com os olhos fincados nos dela. — E eu acho que me deixar ir é o mínimo que você pode fazer por mim, já que estar com você não é uma opção. 

Era quase meia noite e fevereiro estava quase no fim, assim como eles. Fazia um pouco mais de um ano que Scorpius tinha pedido Rose em casamento. Ela disse não, sem conseguir dar um único motivo.

Apesar da boa eloquência, do vocabulário requintado e raciocínio lógico veloz, Rose não conseguia explicar a complexidade do que sentia por Scorpius. Nunca tinha sequer imaginado que viveria tantas coisas com ele, não conseguia acreditar nas próprias memórias quando virava o rosto para o passado, era incapaz de compreender como ele tinha permanecido por tanto tempo. E Rose o amava tanto. Cada mínimo detalhe. Os cantinhos dos lábios quando sorria, o nariz pontudo, a risada extravagante, as sobrancelhas perfeitamente desenhadas, gostava de enrolar os fios loiros em seus dedos antes de dormir, de sentir o perfume cítrico impregnado em todos os lugares, o excesso de drama, as pontas dos dedos estranhamente macias, as roupas esquisitas de marcas trouxas, tudo. Quanto mais vivia com Scorpius, mais tinha medo que o amanhã chegasse para tirar ele de sua vida, por isso, quando foi pedida em casamento, não pestanejou no sonoro não. Preferia tê-lo sempre, mesmo que distante, já que perto eles estariam suscetíveis a todos os seus efeitos colaterais danosos. 

Foi assim que o anel de Astoria ficou dentro da caixinha de veludo, Albus não tomou o Dom Perignon, os Weasley ficaram estarrecidos, Scorpius sentiu seu coração se despedaçar. Tentaram, por alguns meses, seguir em frente, mas não tinham destino. 

— Como posso te fazer mudar de ideia? — Scorpius negou com a cabeça, embora uma corrente gelada tivesse chegado à boca do estômago, quase o convencendo de que, talvez, aquele seria o momento ideal para mudar, de fato, as coisas. 

— Não pode — disse simplesmente, respirando fundo antes de dar o que achava que seria a sua última cartada: — A não ser que queira embarcar.

— Eu não posso ir com você.

Rose nunca podia. 

• • •

Foi no último passeio a Hogsmeade do quinto ano que Scorpius conseguiu convencer Rose a tomar uma cerveja amanteigada com ele. 

Por muito tempo, nenhum dos dois foi capaz entender como, em questão de horas, tudo pôde se resolver: Scorpius esclareceu que não teve a intenção de quebrar o nariz dela no duelo do quarto ano, Rose discorreu sobre como Hubi Spinnet era a inventora do boato sobre a paixonite não correspondida e, de repente, serem amigos parecia uma questão de destino. Os dois gostavam de gatos, feitiços e números mágicos, e posteriormente compartilhariam suas paixões por gelatina de abóbora rosa, dias ensolarados, documentários trouxas, cartões postais e almoços n’A Toca. Ele logo mais descobriria que Rose gostava de chocolate amargo, crumpets com geléia de morango, chiclete de hortelã, do número sete e da forma como ele cantava desafinado, e ela que Scorpius gostava de chá com leite, sorvete de maracujá, cebola roxa, do número três e de como ela mexia as sobrancelhas conforme falava. Alguns dias depois, ambos descobriram como seria difícil passar as férias de verão longe um do outro.

— Eu prometo — terminando de escrever no dorso de sua mão o endereço para o qual deveria mandar cartas, Scorpius sorriu ao fitá-la de soslaio. A movimentação no corredor do vagão já começava a fazer barulho, deixando-o ainda mais ansioso pelo desenrolar daquela inédita despedida. — Talvez as minhas respostas demorem para chegar quando eu estiver viajando. 

— Humhum — ela assentiu, esticando o pescoço para ver a caligrafia horrível na pele pálida. — Tudo bem. Assim que você voltar a gente vai naquela banca de jornal. 

— Certo — murmurou para si, colocando a mochila de couro no ombro. Rose queria lhe mostrar como o dono de uma banca de jornais híbrida de Londres usava os números mágicos para disfarçar os conteúdos e vender tanto para bruxos quanto para trouxas o mesmo papel. — Tente não morrer de saudades até lá. 

— Vamos estar nos falando, então, não acho que isso vá acontecer — ela deu de ombros, não escondendo a curva nos cantos dos lábios. Scorpius deu alguns passos para encarar seus olhos azuis vívidos de perto. — Faça uma boa viagem para Wiltshire e não esqueça de me escrever.

— Não esqueça de alimentar o Ed — Rose chacoalhou a cabeça ao rir pelas narinas. — E não se esqueça de mim. 

Várias possibilidades de respostas passaram pela cabeça de Rose naquele instante, mas ela não teve chance de verbalizar nenhuma delas porque Scorpius, simplesmente, lhe interrompeu com um beijo doce que lhe tirou o ar — e a consciência — pelo resto do verão. 

Os lábios dele eram finos, a boca tinha gosto de chiclete de morango, o toque em sua cintura era tão gentil quanto o singelo encostar de seus narizes; seria, de fato, bem difícil de esquecer ele e tudo o que lhe causou durante alguns instantes. Quando ele quebrou o beijo com alguns selinhos, Rose abriu os olhos, ligeiramente espantada por não estar se importando com a drástica diminuição de volume da barulheira dos alunos. O trem deveria estar quase vazio àquela altura, com apenas os atrasados e apaixonados enrolando a sair. Fitando as orbes cinzentas, ela ficou na ponta dos pés para lhe beijar o canto da boca, sibilando um quase inaudível “até mais”. Muitas seriam as despedidas que acelerariam seus corações sem deixá-los cair no chão. 

Scorpius apareceu n’A Toca algumas vezes durante as férias, puderam ir até a banca de jornal, tomaram sorvete de chocolate com menta num dia chuvoso, passearam com Ed e Castor, escreveram cartas gigantes um para o outro sobre os mais diversos assuntos. Hermione achou curioso ver Rose se dedicar mais à escrita do que à sagrada leitura e comentou com Ronald sobre os sorrisos suspeitos às oito da manhã quando ia verificar a correspondência, mas ele apenas questionou a disposição de acordar cedo, nas férias, para ler cartas. “A cada dia tenho mais certeza que ela é sua filha”, Ronald murmurava durante o café da manhã, observando as reações de Rose conforme devorava as centenas de linhas de uma caligrafia horrorosa. As coisas apenas puderam ser esclarecidas em Setembro, quando os dois se encontraram na Estação King’s Cross. 

— Eles não parecem apenas amigos — Ronald constatou num sussurro, fazendo Hermione dar ombros. Rose não tinha afirmado nada, tampouco negado. A única coisa que sabiam era que tinham virado amigos, mesmo que, como Ronald estava percebendo, eles não parecessem tão amigos assim. 

Algumas semanas depois, Rose enviou uma carta para os pais contando sobre o seu novo namorado. O coração de Ronald já tinha sobrevivido ao impacto do primeiro relacionamento adolescente sério da filha — e ele particularmente gostava de Michael Turner —, então pensou que não seria um bicho de sete cabeças aguentar o desenrolar daquela trama irônica e ligeiramente trágica com o Malfoy. Ele apostou com Harry que não duraria mais do que um semestre. 

Quando recebeu Scorpius em sua casa pela primeira vez, não pensou que, algum dia, pediria para que não fosse embora. 

— Esse não é o fim — tentou convencê-lo em vão, algumas horas antes dele embarcar no trem para Manchester. 

— Você tem razão — Scorpius assentiu, rindo pelas narinas. — O fim foi há dez meses. Eu tentei, eu juro para você, Ronald, que eu tentei, mas a sensação de estar com alguém que não deseja, verdadeiramente, ficar com você… Eu não consigo. Se ela me ama, por que não casar? — por mais indignado que ele ainda estivesse, seu tom de voz era baixo, como se Rose estivesse no andar de cima, dentro do quarto que sempre fora seu, escutando. — E ela não toca no assunto, não explicou o que aconteceu naquele dia, ela não… Eu me conheço. Entende? Eu me conheço. Enquanto houver uma mínima possibilidade de estar com ela, eu vou tentar, mas não posso passar a vida inteira assim. Se ela não quer, é isso. Pronto. Não quer. O que estamos fazendo juntos? Perdendo tempo.

Ronald não teve como argumentar porque também não era de seu conhecimento os motivos pelos quais Rose não aceitou o pedido de casamento. Até onde sabia, ela o amava, mas… Não era o que parecia aos olhos alheios. 

Por isso desejou boa sorte para Scorpius, pediu para que não perdessem o contato e lhe abraçou antes de vê-lo aparatar, torcendo para que não fosse a última vez. Sentado na poltrona de couro da sala de estar, Ronald abriu a caixinha de veludo com o anel de noivado. Não sabia onde iria guardar, nem como diria para Rose que o amor estava escapando de seu alcance. Considerou forçá-la a ir atrás dele, mas não teve coragem de intervir. Talvez fosse melhor para Scorpius sair daquela redoma e começar uma vida nova, sem os enroscos amorosos com Rose. 

— Eu não quero tentar fazer ele feliz e fracassar — essa foi a única coisa que ouviu da filha, ainda naquela noite gelada de fevereiro, depois de recebê-la em casa aos prantos. 

— Você é a pessoa mais idiota que eu conheço, a mais covarde — Albus cuspia as palavras sem dó, encarando-a como se fosse uma aberração. Ronald preferiu ficar quieto, porque, àquela altura, não discordava tanto do sobrinho. Rose era capaz de fazer Scorpius feliz sem o mínimo esforço. 

Acima de tudo, porém, Ronald queria ver Rose com a vida feita, da maneira que seu coração verdadeiramente desejava e, de preferência, com um largo sorriso no rosto. Por sorte, ele teve o privilégio de acompanhar de perto vários momentos da vida dela, convicto de que não seria certo intervir em suas decisões. 

Ao longo do tempo, várias foram as vezes que reencontrou Scorpius. Não foram necessários vinte e quatro meses para que ele voltasse de Manchester com a terrível notícia de que estava namorando uma tal de Cindy Schimmidt; Ronald ficou preocupado uma semana depois com a notícia de que tinham terminado, e as coisas ficaram piores quando Rose começou a namorar Connor Wood, com quem viria a se casar dali cinco anos. Por debaixo dos panos, ele aconselhou Scorpius a permanecer distante caso quisesse preservar sua saúde mental e, do outro lado da guerra, dizia para Rose como deveria fazer escolhas conscientes. Munida de um discurso racional, ela não se deixou levar por nenhuma palavra do pai, mas ficou abalada quando descobriu que o casamento de Scorpius aconteceria três meses antes do seu e uma certa onda de realidade lhe atingiu como um soco na boca do estômago por perceber que os dois iriam se casar com as pessoas erradas.

— É claro que eu te levo comigo, afinal, quem nunca estragou um casamento, não é mesmo? — embora parecesse estar falando sério, Rose não parecia acreditar nele. — Qual é o plano?

— Não tem plano.

— Como assim “não tem plano”? 

— Vou pedir para ele não se casar. Fim. 

— Ah, porque você tem muita moral para um pedido assim, imagino — ela revirou os olhos, soltando a respiração. Não sabia por que ainda pedia ajuda para Albus. — E se ele falar que não?

— Você acha que ele vai?

— Eu falaria, e mandaria você se foder — o sentimento de Albus parecia ser muito verídico, irrefutável, coerente. Rose balançou a cabeça, ciente de que essa poderia ser uma alternativa bem provável para o desenrolar deles. — Mas eu não sou o Scorpius. Talvez ele aceite deixar a noiva no altar por você. Que papelão, meu santo Merlin. 

— Você não está me tranquilizando.

— Não é a minha intenção — negou com a cabeça, tomando um gole de cerveja na garrafa esverdeada. — O que vai fazer se ele aceitar? 

— Hã… Não sei. Vamos… Voltar, suponho.

— Vão ser namoradinhos para sempre? Até os oitenta anos? Que adorável — ironizou, balançando o pé que estava apoiado no joelho. 

— Você é um babaca, sério. 

— Ah, me desculpe, nunca pensei que você dividiria esse título com mais alguém da família. 

— Eu estou tentando consertar as coisas e você parece estar fazendo uma tempestade para me dissuadir.

— Não, Rose, eu só quero saber o que está passando nessa sua cabeça fodida. Porque não adianta nada você se prestar a essa situação, estragar a única chance que o cara tem de seguir em frente, para depois começar a fazer cu doce como você sempre faz. Se for para foder a vida dele, eu-

— Entendi — ela o interrompeu, recostando-se na poltrona. — Eu sei que não tive as atitudes mais lindas do mundo e não é difícil reconhecer que eu errei. Errei feio. Mas eu estava com medo. 

— Medo de quê?

— De estragar tudo, exatamente como eu fiz — desviando o olhar do teto, ela fitou as orbes esverdeadas por trás das lentes redondas do primo. — Nunca me achei capaz de fazê-lo feliz e, para ser sincera, nunca tive expectativas de viver tudo o que vivemos juntos. Sempre pensei que, talvez, seria melhor adiantar o fim do que esperá-lo espontaneamente. Eu não queria que terminássemos para sempre, porque é óbvio que eu não sei viver sem ele. E romances não são eternos, então… Era um pensamento bem idiota e, infelizmente, só nas últimas semanas eu pude perceber isso. Dez anos fazem uma grande diferença. 

— Antes tarde do que nunca, suponho — Albus murmurou, negando com a cabeça. Era uma ideia estupidamente romântica, mas, se fosse pelo bem da nação…

Albus colaborou para muitas empreitadas burras desde o começo do relacionamento deles e pode-se dizer que, apesar de achá-los péssimos no quesito amor e resolução de conflitos, sempre deu apoio moral para ambos. Foi Albus quem avisou Rose que Scorpius estava indo embora, foi no casamento dele com Alice Longbottom que eles se reencontraram depois da dramática ida para Manchester, foi Albus quem levou Rose para estragar o casamento de Scorpius, assim como também foi ele quem consolou ela, esteve ao seu lado após a morte de Connor e comprou duas passagens para uma viagem de trem na Suíça. Albus fez tudo o que pôde, mas mudar as linhas de destino não estava ao seu alcance. 

 

— Eu sinceramente não sei como a Alice consegue aguentar ele até hoje.

— Você deveria me perguntar como eu aguento ele até hoje. Mas, sabe, o Albus, quando ninguém está vendo, é um chorão. Ele passou anos se martirizando por ter te levado no meu casamento, pedia desculpas por ter se envolvido em algo que não lhe dizia respeito e por nos chamar de idiotas. Quando a gente se encontrava e parecia que ia se resolver, ele ficava todo sorridente. 

— Não me lembro dele sorridente em trinta e sete. 

— Hã… Você sabe que não enfeitiçamos o quarto naquela noite, não sabe?

— Ah, é?

— É. Estávamos ligeiramente embriagados e o quarto do Al era bem ao lado, mas… Eu acho que ele ficou esperançoso, no fim das contas

— Você acha?

— Ele e o seu pai eram os nossos maiores fãs. 

— Acho que o meu pai era seu, não nosso, fã.

— Talvez porque eu sempre fui irresistível. 

— E modesto. 

— Bonito.

— Um pouco irritante de vez em quando. 

— Mas você me amava. 

— Ainda te amo

 

2 0 5 3

Demorou um pouco para que Scorpius aceitasse os desvios da vida, mas quando o fez, pôde ser genuinamente feliz. Saber que tinha conseguido resolver seus problemas com Rose de uma forma tão incisiva lhe fazia delirar de tristeza e alívio; com quarenta e sete anos, ainda a amava ardentemente, mas como tinha novas pessoas para ocupar seu coração, esse sentimento não lhe sufocava. E, na contramão de todas as expectativas que tinha, ficava alegre quando recebia boas notícias dela. 

Várias foram as vezes que encontrou Rose e Connor na Estação King’s Cross, mas foi no fim do segundo ano de Sunny que ele foi obrigado a cumprimentá-los de perto porque eram os pais de Violet, sua nova melhor amiga. 

— Agora que vocês se conhecem, acho que a gente pode dormir uma na casa da outra durante as férias, né? — a loirinha sugeriu, sorridente, com os olhos cinzentos fincados em Penelope. — Por favor?

— É claro que sim — correspondendo à animação da filha, ela arrumou os fios por trás das orelhas. 

Encarar Rose nunca havia sido um problema. Ela e Scorpius conversavam abertamente sobre o passado e, visando uma relação sólida, os segredos não tinham espaço entre os dois. Quer dizer, ele tentava evitar que alguns fossem descobertos, mas não era como se seus olhos fossem capazes de esconder tópicos tão escancarados e bem esclarecidos. Penelope só não veria se não quisesse e, mesmo assim, poderia ouvir o coração do marido batendo à mil.

— E se você quer saber mesmo, nós já nos conhecíamos. Estudamos juntos em Hogwarts — o comentário, cuja intenção era trazer uma certa nostalgia alegre, fracassou; por sorte, Violet soltou um suspiro divertido. 

— Como o mundo é pequeno. Imagino que o tio Al deveria estar no meio desse grupo.

— Ele é o melhor amigo do meu pai até hoje.  

— Ah, então é você o loiro aguado que ele sempre fala? — com o apontamento ingênuo, Scorpius não conteve o riso, enfiando as mãos no bolso da calça enquanto pensava no que diabos Albus falava sobre ele quando não estava por perto. 

— Violet — a censura de Connor saiu baixinho, causando uma expressão de confusão na ruivinha.

— Isso é um sim?

— É um com certeza — ele disse, trocando um olhar com a esposa, que negava com a cabeça pela menção do “cunhado”. — Suponho, então, que você deva ser a pimentinha que ele tanto se refere.

— Sou eu mesma. Sabe por que ele me chama de pimentinha?

— Porque você tem o gênio forte dos Weasley? 

— Também. Mas é que eu nasci pequena e toda vermelha, ele achou que era uma pimenta e não um bebê. 

— Olha só, que curioso — Scorpius deu risada. — Não duvido dessa possibilidade. Vocês são ótimos atingindo quinze tons de vermelho em menos de um minuto. 

— É um feito para poucos. Quando a mamãe ‘tá brava ela fica parecendo um vulcão em erupção.

— Devo concordar.

Erguendo o rosto para encarar a ex-namorada, fitaram um os olhos do outro por intermináveis segundos que se passaram rápido demais. Rose balançou a cabeça, logo correspondendo ao pedido que Violet fazia para que a situação estranha pudesse logo chegar ao fim.

— Então, por que Sunny não dorme em casa no próximo fim de semana? — sugeriu, causando uma pequena comoção entre as duas. — Se estiver tudo bem para vocês. 

— Perfeito — Penelope respondeu, enroscando o braço no de Scorpius. — Mantemos contato até lá. 

Se Penelope e Connor gostaram realmente da amizade das duas, Scorpius não sabia, mas partindo do princípio de que eram adultos e não mais adolescentes, agiu como se estivesse tudo bem. Talvez elas conseguissem atingir o que os pais sempre desejaram: cuidar um do outro. 

• • •

Sunny e Violet permaneceram amigas por muito tempo. Mesmo com eventuais desentendimentos, meses distantes após a formatura em Hogwarts e famílias que construíram, elas sempre encontravam um espaço para conversar uma com a outra; afinal, passaram por muita coisa juntas, como se, de fato, fossem irmãs. Três eventos, em especial, marcaram a juventude delas de uma forma essencialmente semelhante: o divórcio de Scorpius e Penelope, quando Sunny tinha dezoito anos; a morte de Connor, quando Violet tinha vinte e um; a descoberta da história dos pais. E por mais inédito que pudesse parecer, não foi Albus quem contou para elas.

Dois anos após a morte de Connor, Rose e Violet decidiram se mudar para a Irlanda do Norte. Uma transferência de Rose para Belfast pareceu ser a oportunidade perfeita para começarem uma nova etapa de suas vidas, e, àquela altura, não havia motivos para permanecerem em Londres. Com o coração e as malas nas mãos, Rose sentia as próprias pernas fraquejarem conforme a hora do embarque não chegava. Amava estações de trem, embora nem sempre fossem um bom presságio. Uma certa melancolia lhe atingiu ao lembrar que beijou Scorpius pela primeira vez quando o Expresso Hogwarts chegou na King’s Cross, que percebeu que o tinha perdido quando ele embarcou para Manchester na Estação Victoria, e que estava ali, ao lado de sua filha, numa nova estação. 

Quando ouviu seu nome reverberar no ar, seus olhos arderam. Por que, ainda, estavam ali?

— O que o tio Scorpius está fazendo aqui? — Violet perguntou quase que para si mesma, com a sobrancelha arqueada, assistindo-o se aproximar. Tinha uma feição séria, as sobrancelhas franzidas e o maxilar travado. Ela abriu a boca para repetir a pergunta, mas fora impedida pelo que seria o início de uma discussão estranha.

— Você não pode, simplesmente, ir embora! — ele disse quando já estava mais próximo delas, os olhos cinzentos transbordando tristeza. 

— Por que você está aqui?

— Para dizer que você não precisa ir embora para reconstruir sua vida. E isso não tem nada a ver com nós.

— Não? — perguntou irônica, fechando os olhos. 

— Não, porque seria uma razão insignificante para ficar, suponho. Mas a sua mãe está aqui, Rose, seu irmão, sua família. Por que ir? 

— Recomeçar. Em outro lugar. Conhecer coisas novas, me desprender das antigas.

Scorpius meneou a cabeça chateado, porém, nem um pouco surpreso. Apesar de tudo, Rose ainda era Rose; teimosa, covarde, ilógica. E ele, bem, igualmente teimoso, sonso, masoquista. Seu maior erro, até aquele momento, foi não tomar a mesma atitude que ela estava premeditando — desprender-se do passado — e continuar, inutilmente, cultivando um sentimento comprometido desde os primórdios. Já não deveria estar claro que ela não o amava como ele queria? 

— Por que, pelo menos, não me contou o que estava pensando em fazer?

— Para não nos encontrarmos nessa situação. 

— Ingênuo da sua parte, não acha? Pensar que o destino e Albus não iriam contrariar seu plano. 

Rose já não podia mais se dar ao luxo de tentar justificar visões equivocadas de décadas atrás. 

Se um dia pensou que não conseguiria fazer Scorpius feliz, que seria melhor adiantar o fim do que esperá-lo ou que nunca o perderia se não o tivesse, àquela altura de sua vida ela podia, enfim, admitir que estava errada, embora sua consciência não lhe cobrasse muito em relação a ele porque, na sua medida, ela tinha, ao menos, tentado consertar todo aquele cenário caótico quando pediu para que ele não fosse para Manchester ou quando o procurou no dia do seu casamento. Tudo bem, talvez a carga dramática de ambos momentos não tivesse colaborado para resoluções adultas e racionais, mas Scorpius, por si só, era tão dramático que nem deveria se importar com detalhes tão insignificantes. Ele se casou com Penelope porque quis. Ele foi para Manchester porque quis. Rose não sentia o peso das escolhas dele em seus ombros porque, simplesmente, não lhe pertenciam; já bastavam as suas próprias. 

Contudo, ela conseguia perceber todas as vezes, nas orbes cinzentas, a ingenuidade e incoerência do embaraço de suas inseguranças, responsáveis por atrapalhar não apenas uma linda história de amor, mas a maior parte das possibilidades de reverter erros imberbes. A atitude mais madura, para ambos, deveria ser pautada numa extrema franqueza para que deixassem de lado a necessidade de colocar a culpa do fracasso um no outro. Scorpius tentou. Rose também. Falharam. E chegaram ao fim. 

— Sempre parece que é a última vez — Rose disse, olhando-o ternamente. — A última vez que você vai dizer que eu fui estúpida, que eu vou falar que você foi egoísta, que nós vamos fazer propostas que o outro não vai acatar. Não vou pedir para que vá comigo e espero que não peça para eu ficar. Porque não podemos. Como sempre. 

Era uma verdade. Quantas vezes não tinham se colocado em situações apenas para reafirmar como não dariam certo?

Com o horário do embarque se aproximando, Scorpius pensou que a última coisa que gostaria de ver seria ela indo embora. Assentiu, insatisfeito, e virou as costas antes que seu coração traidor lhe fizesse gravar permanentemente aquela cena com pesar, na tentativa de substituir a visão imaculada da garota pela qual ele se apaixonou aos dezesseis e, quem sabe, sofrer menos até o fim de sua vida. Rose, sem saber se deveria ou não colocá-los em mais um exemplo de perguntas infrutíferas, só pôde sentir, de novo, seu coração partindo. O trem estava chegando e já era tarde para consertos erros de uma vida. 

— Não está se esquecendo de nada? — ele parou de andar para respondê-la, girou os calcanhares e negou com a cabeça, um sorriso triste estampando os lábios ressecados. Cabelo grisalho, o rosto liso sem barba com alguns sinais de expressão marcados, olhos cinzentos opacos; Scorpius tinha envelhecido e, mesmo assim, parecia estar congelado nos trinta e poucos anos. 

— Nem me esforçando muito eu conseguiria esquecer você, ou de todos os problemas que criamos para não ficarmos juntos. E, como você disse, nós não podemos. Como sempre. 

Rose e Violet embarcaram para Belfast, e no caminho conversaram sobre o romance que, depois de tanto tempo, parecia ter chegado ao fim.  

Naquela noite eu entendi o que você sentiu a vida inteira. Adiantar o fim seria melhor para nos prepararmos para o verdadeiro, só que… Sempre pensávamos que era a última vez. E não era. Porque não fomos feitos para acabar. Se tivéssemos entendido isso com vinte e um anos, nossa vida teria sido diferente. 

— Teria, mas… Agora já foi.  

 

2 0 7 1

Dez anos depois, Rose e Violet voltaram para Londres com mais dois membros na família: Liam, o marido de Violet, e Mackenzie, uma linda bebê que adorava crumpets com geleia de morango. O plano de se desprender do passado e iniciar um novo capítulo foi o único que Rose conseguiu executar sem arrependimentos ou falhas. Quer dizer, mais ou menos. Como Scorpius lhe disse da última vez que se viram, seria muita ingenuidade acreditar que o destino e Albus não iriam lhe contrariar. 

— Eu tenho um presente para você — o Potter disse, sem mais nem menos, num tom deveras despretensioso. Era uma quarta-feira gelada típica do fim de fevereiro, ele tinha ido passar uma tarde com ela e Mackenzie, que assistia um desenho na televisão. 

— Não é meu aniversário.

— Para você ver como eu sou adorável, hum? 

Rose achou estranho, mas aceitou o envelope marrom que ele estendia. Dentro tinha uma passagem de trem. 

— Uma passagem de trem?

— Sim. Você adora trem, pensei que iria gostar da ideia de fazer uma viagem pela Suíça para comemorar mais um ano de vida.

— Não é meu aniversário — frisou, fazendo-o revirar os olhos.

— É apenas modo de dizer. Você vai aceitar, não vai?

— Como vou fazer uma viagem de trem e deixar Violet?

— Violet já tem trinta anos, Rose, sabe se virar perfeitamente e não vai matar a cenourinha na sua breve ausência. Você tem quase setenta anos e nunca foi para a Suíça. Estou te convidando para apreciar a minha companhia por cinco dias. 

Rose não se sentia motivada a fazer inúmeras coisas, mas foi impossível negar o convite de Albus. Violet tentou convencê-la dizendo que seria bom espairecer a mente, passear, fazer algo fora da rotina… Rose tinha certeza de que ela falava assim porque não sabia o que significava conviver com o tio num espaço pequeno por mais de cinco horas. Sem argumentos para refutar a ideia, pegaram uma chave de portal dali um mês e foram para Zermatt, o primeiro ponto de um roteiro agradável que passaria pelos alpes.  

Com sessenta e cinco anos, Albus estava menos insuportável do que em toda a vida. Continuava do mesmo jeito, impaciente e autocentrado, mas parecia se esforçar para ser legal com os filhos e hora ou outra ligava para sua caçula, querendo saber se a bolsa tinha estourado. Pensar que Albus estava indo viajar com a sua filha grávida em Londres lhe causava alguns pontos de interrogação. Ainda faltavam algumas semanas, sim, mas… Quando Violet ficou grávida Rose quase enlouqueceu de preocupação. 

— É claro que já chegamos em Zermatt, Alice — ele dizia no celular bruxo, revirando os olhos, enquanto andavam pela estação. — Você não pode deixar ela comer tanta manteiga, sabia?... Ah, o que eu entendo de gravidez? Eu vou te dizer o que eu entendo de gravidez… Olha aqui, Alice, eu não quero saber, não quero. É estranho comer manteiga frita. Estranho… Que seja, que seja… Logo mais estarei de volta… Sim… Sim… Alice! É claro que sim! Você já viu eu falhar em alguma coisa que me proponho a fazer?... Ah, você já viu? Eu não vou nem te responder porque não quero brigar, não tenho nervos para as suas piadas infames… Tchau, Alice. Tchau… Também te amo.

Rose prendeu o riso, olhando ao redor para tentar encontrar a plataforma número sete. Albus permaneceu resmungando por alguns minutos, até que anunciou a necessidade extrema de ir ao banheiro e lhe deixou sozinha, por conta e risco, no meio da multidão, segurando as passagens. 

Ela não estava nem um pouco surpresa pela vida agitada de Albus e até se alegrou ao pensar que, mesmo com altos e baixos, nunca abandonaram um ao outro na longa estrada da vida. Quer dizer, pensou isso nos primeiros dez minutos de sumiço para a ida ao banheiro, mas depois de vinte minutos começou a se preocupar. Albus precisaria aparecer dentro de quinze minutos para que não perdessem o embarque. 

— Onde você se meteu, Albus? — perguntou para si mesma, levando as mãos nas têmporas para tentar evitar uma possível dor de cabeça. 

— Ele está a caminho e com um pouco de medo — é claro que Rose reconheceu a voz de imediato, sentiu o coração acelerar, as mãos gelarem conforme a boca se abria e os olhos fitavam a imagem de Scorpius, bem ao seu lado, segurando uma maleta de couro marrom. — Oi. 

— Oi — respondeu estarrecida, deixando, aos poucos, um sorriso transparecer em seus lábios. 

Scorpius odiava estações de trem, mas aquela, em Zermatt, lhe trouxe bons sentimentos. 

A verdade é que quando Violet chegou em Belfast, anos atrás, a primeira coisa que fez foi ligar para Sunny e contar o que tinha acabado de descobrir. Depois de muita investigação e conversas com Albus e Hugo, puderam entender que os pais agiram como adolescentes uma vida inteira e precisavam de, pelo menos, mais uma chance, que apareceu quando retornaram para Londres e arquitetaram uma viagem para que eles pudessem, ao menos, conversar “pela última vez”. Albus gostou da ideia de manipular os dois para se encontrarem e, apesar de sentir um pouco de medo da reação de Rose, quando voltou do banheiro e viu os dois sorrindo um para o outro, sentiu que a sua missão estava cumprida. 

— Parem de ser otários e aproveitem a viagem. Essa só vai ser a última vez se vocês decidirem assim. 

E, de fato, foi o que decidiram.

A primavera de 2071 marcou a última vez que Rose e Scorpius ficaram longe um do outro. Durante os cinco dias de viagem, eles puderam, enfim, conversar sobre tudo o que passaram juntos e separados. 

— Naquela noite eu entendi o que você sentiu a vida inteira. Adiantar o fim seria melhor para nos prepararmos para o verdadeiro — Scorpius disse, fazendo menção à ida de Rose e Violet para Belfast. — Querendo sentir menos, sentimos mais. Sempre pensávamos que era a última vez e por isso enfrentamos ela repetidamente, mesmo que nunca fosse real. Se tivéssemos entendido isso com vinte e um anos, nossa vida teria sido diferente. 

Com os olhos fixos nos dedos que estavam entrelaçados aos dele, Rose suspirou. Tinham perdido tanto tempo. Eles não puderam comemorar juntos suas conquistas, ver os primeiros fios de cabelo brancos, não construíram uma família, não dançaram juntos na festa de casamento. 

A carteira antiga de Scorpius estava guardada numa caixa de memórias com uma foto de Rose numa das divisões, e o anel de Astoria permanecia na caixinha de veludo, mas, naquela viagem, dentro de seu bolso. Ronald aparentemente sentia que, mais cedo ou mais tarde, a última chance chegaria para eles e, por isso, deixou aos cuidados da única pessoa que compartilhava da sua visão: Albus. Quando Scorpius recebeu um patrono numa sexta-feira dizendo que precisavam ter uma conversa séria, sequer imaginou que o resultado de algumas cervejas amanteigadas seria uma viagem com Rose, muito menos a volta desse anel para suas mãos. Ele sabia o que significava. Albus também. 

 — Mediante tudo isso, o que você vai fazer? — foi a pergunta mais sensata de Albus em décadas. Scorpius sorriu de canto, segurando o anel com as pontas dos dedos. 

— O que sempre faço. 

Scorpius amava Rose, e sempre amaria; foi isso o que ele disse para si mesmo quando a viu se casar com Connor, quando Violet nasceu, quando os encontrou na King’s Cross, quando elas foram embora para Belfast. Independentemente de tê-la, ele desejava que Rose pudesse ser feliz; mas, frente a possibilidade de um novo capítulo na história torta que tinham escrito, ele não recuaria. Mesmo com os tropeços nos próprios pés, Scorpius sentaria na mesma mesa que ela para, quem sabe, convencê-la a ir no próximo passeio a Hogsmeade com ele.  

Arrumando sua maleta de couro para a viagem, Scorpius ria sozinho visualizando as terríveis proporções do escarcéu que o plano romântico furado poderia tomar; Rose e Albus, dois idosos rabugentos, brigando em alto e bom som no meio de uma multidão de desconhecidos em outro país. Isso se Rose realmente engolisse o convite, é claro. Na pior das hipóteses, porém, Albus prometeu que fariam a viagem juntos, os dois, em comemoração à amizade atemporal que construíram. Apesar de ser uma ideia legal caso desse tudo errado, Scorpius mal pôde conter o alívio quando Rose começou a rir com a explicação mirabolante do primo. Naquele instante, ele percebeu como uma década longe dela pareceu dias. Apesar do cabelo curto acima dos ombros e as rugas nos cantos dos olhos, Scorpius ainda lhe via jovem, com as bochechas coradas e as orbes azuis brilhantes em divertimento. Ela concordou com a ideia, e ele fingiu estar surpreso para que, segundo Albus, reforçasse a aura romântica do plano. 

Acostumados com o fim, não questionaram o porquê — como sempre faziam —, tampouco colocaram palavras na boca um do outro. Já tinham perdido tudo o que poderiam perder, o que era, apesar de aterrorizante, um bom lembrete sobre como deveriam tentar outra vez. Mais uma vez. 

— Se tivéssemos entendido isso com vinte e um anos, nossa vida teria sido diferente. 

— Teria, mas… — ela concordou, fitando-o nos olhos. Uma certa tristeza lhe abateu ao pensar que, infelizmente, não poderiam mudar os quase cinquenta anos que passaram. — Já foi, não é?

— Ainda será — balançar a cabeça, incrédula, foi inevitável. Não sabia, na verdade, como ainda ficava surpresa com Scorpius, cuja expressão lhe lembrava sua versão adolescente. Totalmente apaixonado, rendido e à mercê do destino. — Um dia com você vale mais do que dez anos. Talvez consigamos compensar tudo isso com o que ainda vamos viver — enfiando a mão no bolso, Scorpius tirou a caixinha de veludo e a abriu, pela segunda vez — se você aceitar se casar comigo. 

Seu coração surrado fervilhou com aquelas palavras, assim como quando tinham vinte e um anos. Sentiu-se como se ainda fosse jovem, mas ao invés de deixar seus corações caírem no chão, preferiu se demorar naquele sentimento que não havia se deteriorado, escolhendo manter as doces memórias ainda incandescentes dentro do peito como se fosse o início de um grande amor sem fim. 

— Aceito.

 

Fim 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Amiga secreta, estou tão nervosa KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK Não tenho muito o que dizer, exceto, de novo, que foi um prazer ter te tirado porque te admiro demais ♥

Caso não tenha ficado claro, os diálogos em itálico eram partes da conversa deles no trem porque eles ficaram conversando sobre tudo o que viveram.

Acho que o Albus dessa história foi o mais cuzão que eu escrevi, mas ele se redimiu bem no final, né não? kkkkkkkkkkkk Sunny e Violet viraram o meu hc para as filhas scorose [[vem aí]]

Obrigada a todos que chegaram até aqui!
Um grande beijo ♥ ♥ ♥