Long Story Short escrita por violet hood


Capítulo 4
CENA 4. EXT. SET DE QUEBRADOS – DIA


Notas iniciais do capítulo

Posso ter bebido, mas juro que escrevi essa fic sóbria!!

Aqui está o último capítulo, foi uma longa jornada de surtos, mas graças a Trice que me ajudou muito consegui terminar antes do tempo (milagre)
Carter espero que você goste ♥



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Dois dias depois e Rose ainda não se sentia completamente curada da resseca que a atingiu. Havia prometido que não iria mais beber, pelo menos pelo restante do mês.

Ela nem ao menos conseguia lembrar da noite direito, só de ter acordado com a pior dor de cabeça do mundo, e Jia e Dominique dormindo no tapete da sala.

— Eles fazem milagres com essa maquiagem — comentou James enquanto eles caminhavam em direção ao local da próxima cena. Eles entraram pelas grandes portas do estúdio para gravar uma interna.

— O quê? — perguntou Rose, distraída.

— A sua cara estava horrível — explicou. — A maquiadora até me perguntou se você estava doente.

— Não estou doente — disse fazendo uma careta, tinha jurado que a sua cara não estava tão ruim quando saiu de casa. Pelo menos estava melhor do que no dia anterior. — Só não dormi muito bem.

Rose estendeu a mão e James entregou a garrafa de água roxa que segurava. Ela tomou um gole esperando que, pelo menos, pudesse parecer melhor estando hidratada.

— Você tem que se cuidar melhor — disse James quando ela devolveu a garrafa. — As filmagens estão acabando, mas ainda precisa parecer estar viva por mais um dia.

Rose soltou um muxoxo descontente. Só de pensar em trabalhar mais ficava com preguiça, ela iria precisar de férias antes das divulgações do filme começarem.

Como se a situação não pudesse ficar pior, sua primeira cena do dia era logo com Scorpius, a pessoa que Rose ainda estava tentando evitar. A sua vontade era pedir para a primeira assistente de direção parar de fazer as cenas iniciais de Rose serem justamente as com Scorpius, não fazia bem para o coração dela ver Scorpius logo pela manhã.

E ele parecia perfeitamente bem às 7 horas da manhã, enquanto Rose sentia-se completamente drenada por dentro.

— Bom dia, Rose — cumprimentou, contente.

— Bom dia — respondeu, tentando parecer pelo menos um pouco animada.

— Como foi o final de semana? Fez algo interessante? — perguntou.

Rose arqueou uma das sobrancelhas, Scorpius normalmente tentava puxar assunto depois que as cenas terminavam — o que facilitava para Rose conseguir fugir —, eles não tinham muito tempo para conversar agora.

— Foi tranquilo — respondeu, ocultando toda a parte de ficar enjoada por conta da bebida e ainda estar sofrendo com a ressaca. — Só descansei e encontrei umas amigas.

Scorpius abriu um sorriso e concordou com a cabeça. Tinha algo de estranho naquele sorriso, era quase como se ele estivesse rindo dela, mas Rose não havia contado uma piada ou feito algo engraçado.

Não conseguiu analisar mais, porquanto, no minuto seguinte, eles estavam se preparando para a cena e o sorriso de Scorpius já havia sumido.

***

Tinha algo de errado com Scorpius Malfoy. Rose não conseguia descobrir o que, mas ela tinha certeza disso.

Ele continuava sorrindo para ela, com aquele mesmo sorriso da manhã, e Rose não conseguia entender o motivo. Ficava ainda mais difícil de ignorá-lo quando estava tão curiosa. E Scorpius nem ao menos havia tentado puxar mais algum assunto com ela, ele só a encarava de longe. E sorria.

Rose estava muito perto de perder a cabeça e isso tudo ainda lidando com as sequelas da ressaca.

Tudo ficou ainda mais estranho quando Rhiannon apareceu no trailer dela para perguntar sobre.

— Você fez algo com o meu primo?

— Eu? — questionou, chocada com a pergunta abrupta.

Rhiannon suspirou, jogando-se no sofá que ficava de frente para Rose.

— Ele tá muito feliz — explicou, pronunciando a última palavra como se fosse algo estranho. — Scorpius é sempre bem tranquilo, nunca muito feliz ou muito triste. Nunca vi ele tão alegre.

Rose não conhecia Scorpius há tanto tempo como Rhiannon, porém ela conseguia entender o que a outra queria dizer. A última vez que lembrava de ter visto Scorpius sorrir tanto foi quando contou para ela que era seu fã, mas ele só estava sorrindo daquele jeito para provocá-la.

Se bem que dessa vez ele também parecia estar querendo provocar Rose de alguma forma.

Entretanto, se Scorpius estava mais feliz que o normal, Rose não conseguia entender o que ela tinha a ver com isso. A única coisa que havia dito para ele foi “Bom dia” e respondido perguntas básicas.

— Por que você acha que eu tenho algo a ver com isso? — questionou, confusa. — Por ele ser meu fã?

Rhiannon soltou uma risada baixa e suspirou alto.

Claaaaro — disse encarando o teto. — Fã!

Ela se endireitou no sofá e voltou a encarar Rose.

— Olha, no domingo fui jantar na casa dele e ele estava tão feliz que até mesmo cozinhou algo para mim, o que ele nunca fez sem que sua mãe o obrigasse — contou, tentando desvendar o mistério. — Você não conversou com ele no domingo? Talvez no sábado?

Rose ficou incrédula com a pergunta, os dois mal conversavam dentro do trabalho, como Rhiannon podia achar que eles haviam conversado no final de semana?

— Claro que não — respondeu, achando aquela pergunta um absurdo. — Passei o sábado com minhas amigas e domingo dormindo.

Rose esqueceu de contar que havia uma parte do seu sábado a noite que ela não se recordava muito bem, depois de beber. Mas ela sempre teve mais controle mesmo bêbada, não era como se fosse mandar mensagens bêbadas para Scorpius.

O pensamento a deixou levemente insegura, e se ela tivesse mandado alguma mensagem constrangedora?

Rapidamente pegou seu celular na mesa, os olhos curiosos de Rhiannon a seguindo, e abriu as mensagens.

— Nenhuma mensagem — suspirou, aliviada. É claro que Rose não havia feito uma loucura daquelas.

— Quem sabe uma ligação? — sugeriu Rhiannon.

Rose estava com um pouco mais de confiança agora. Clicou no seu histórico de ligações.

— Definitivamente não — respondeu enquanto passava por três ligações de James, uma de Jia e uma de sua mãe.

Até que seus olhos pararam no nome que não queria ver.

Scorpius Malfoy.

Ela havia ligado para Scorpius Malfoy, bêbada e não se lembrava de completamente nada.

Rose precisava saber o que eles tinham conversado no telefone, contudo por mais que ela tentasse, não conseguia se recordar de nada. Nunca tinha bebido o bastante para ficar assim.

Scorpius possuía menos cenas que ela hoje e, se quisesse mesmo saber, precisava perguntar antes que ele fosse embora. Por isso reuniu toda a coragem que tinha para ir até o trailer dele.

A porta já estava aberta e dava para ver que Scorpius estava sozinho mexendo no celular.

Rose respirou fundo antes de tomar o próximo passo.

— Scorpius? — chamou da porta.

Ele rapidamente tirou os olhos do celular e sorriu para ela. Aquele mesmo maldito sorriso.

— Rose, oi! — exclamou feliz ao vê-la. — Entre!

Rose entrou, sentindo-se um pouco envergonhada com o olhar dele sobre ela. Ainda mais agora que sabia que ele estava escondendo algo dela. Bem, não escondendo, não era culpa dele se ela não lembrava. Porém Scorpius claramente sabia que Rose não recordava de nada, e estava se divertindo com isso.

Sentou-se na cadeira mais próxima e encarou o chão, precisando de um momento antes que pudesse olhar para Scorpius.

— Eu percebi... — começou, finalmente o encarando, e ele ainda sorria. — Que te liguei no domingo de madrugada. E eu bebi um pouco naquele dia, não lembro muito bem o que disse.

Rose sentia suas bochechas enrubescerem. Poderia ter uma situação mais constrangedora que aquela?

Para piorar tudo, o sorriso de Scorpius aumentou. Ele cruzou os braços e relaxou na cadeira.

— Sim — respondeu tranquilamente, fingindo que não sabia onde Rose queria chegar com a conversa.

Ela respirou fundo e mentalmente contou até três. Scorpius de fato a queria tirar dos nervos.

— Eu queria saber o que eu disse.

Ele fez uma cara pensativa.

— Hmmm... Você quer saber? — perguntou.

Rose não conseguia entender como conseguia se sentir atraída por ele e, ao mesmo tempo, querer socá-lo na cara.

— Sim, por favor, me conte — implorou querendo logo descobrir o quão constrangedor havia sido.

Scorpius arqueou uma das sobrancelhas.

— Você quer mesmo?

— Scorpius! — gritou já irritada.

Por sorte não havia ninguém perto para escutar o surto dela.

— Tudo bem — admitiu derrotado, mas Scorpius ainda parecia estar se divertindo. — Você disse que não para de pensar em mim...

— O quê?! — indagou em choque. — Eu não disse isso!

Scorpius ignorou.

— E também que seu coração bate mais rápido quando eu estou por perto — contou, orgulhoso de si mesmo. — Esse tipo de coisa.

— Eu não disse isso! — repetiu Rose em negação. E provavelmente mais vermelha que um tomate. — Tenho certeza de que não disse isso.

— Você parece ter muita certeza mesmo para alguém que admitiu não lembrar de nada — comentou Scorpius, rindo.

Ele estava certo. Porém, não tinha como Rose ter esquecido de ter confessado para alguém. Ou será que tinha?

Não sabia o que dizer, ou pior, não sabia como sairia daquela situação.

Scorpius continuou a falar, tirando Rose da crise que estava tendo em sua mente.

— Mas você desligou, e eu nunca pude te dar uma resposta...

Rose arregalou os olhos. Ela não precisava receber um fora de Scorpius e aumentar ainda mais o constrangimento que estava sentindo.

Levantou-se da cadeira, impedindo Scorpius de continuar.

— Eu posso não me lembrar, mas nunca teria dito isso — começou, torcendo para que fosse uma atriz boa o bastante para enganar Scorpius. — Porque não tenho esse tipo de sentimento por você, somos apenas colegas de trabalho.

Depois disso saiu o mais rápido possível do trailer, sem nem ao menos ver a reação de Scorpius.

James não entendeu muito bem o porquê de Rose ter pedido a ele para deixá-la na casa de Albus, principalmente porque eram oito da noite e ela precisaria trabalhar na manhã seguinte. Mas, talvez o rosto vermelho e os gritos consigo mesma dentro do carro tenham sido o bastante para que James não questionasse muito.

Albus não parecia nem um pouco feliz com a invasão dela.

— Por que você só aparece quando estou correndo com os prazos? Tenho até amanhã para entregar isso.

Rose não ligou, ela nunca ligava. Jogou-se na poltrona de Albus como se estivesse na própria casa. E faz a única coisa que poderia ter feito naquele momento, tampou  o rosto com as mãos e soltou um grito.

Albus parou de digitar na mesma hora.

— Você sabe que eu não sou seu psicólogo? — perguntou, ajustando os óculos no rosto.

Rose tirou as mãos e encarou o primo.

— Sei, por isso chamei Jia e Dominique.

Albus respirou fundo.

— Você fez o quê?

Na mesma hora a porta da frente abriu e eles ouviram Jia e Dominique conversando na sala.

— Como elas sabem a senha? — perguntou Albus, confuso.

Rose deu de ombros.

— Eu mandei por mensagem.

Albus abriu a boca, provavelmente para xingá-la. Mas ela não deixou.

— MENINAS! ESTAMOS NO ESCRITÓRIO — gritou.

As duas abriram a porta e Dominique logo comentou.

— Meu deus, Albus. Esse lugar está uma zona — observou os papéis por todos os lados. — Sua mãe já viu isso?

Albus massageou a testa com os dedos.

— Já vi que vou perder o prazo.

Rose o ignorou.

— Peguem duas cadeiras da mesa de jantar — disse para as amigas, como se a casa fosse dela.

Elas obedeceram, pegando as cadeiras e as colocando do lado da poltrona. Rose olhou para Albus, que observava tudo sem reação, e fez um movimento com os dedos para que ele se aproximasse.

— Vou mudar a senha — murmurou, mas arrastou sua cadeira de escritório até chegar perto do grupo. — E instalar uma tranca em cima.

Rose suspirou, nem sabia por onde começar com toda aquela história. Por fim desabafou, contou sobre como Scorpius estava agindo estranho nas gravações, depois sobre ter feito a ligação e como tinha descoberto que havia se confessado bêbada e, enfim, falou sobre suas últimas palavras a Scorpius.

Quando terminou todos os três a encaravam chocados, até mesmo Albus que sempre tinha algo a dizer, estava sem palavras.

Jia foi a primeira a quebrar o silêncio:

— Amiga, preciso dizer que a sua vida está parecendo um roteiro de filme.

Rose suspirou.

— Eu já trabalho com filmes, não quero viver um também.

O comentário de Jia pareceu animar bastante Dominique:

— Agora é a hora que você descobre que ele também gosta de você!

— Ele não gosta de mim! — retrucou Rose. — Estava pronto para me dar um fora.

Albus soltou uma risada sarcástica, que fez com que todas se virassem para ele.

— Se ele gosta ou não, vai ficar difícil saber — comentou. — Depois do que você disse para ele.

— Realmente pegou pesado — concordou Jia.

— Se ele gosta da Rose deve ter ficado bem magoado — acrescentou Dominique.

Rose sentia que Scorpius não a via daquela maneira, contudo pensar que ela poderia ter o magoado a deixava bem frustrada consigo mesma.

— Rose — começou Jia se virando para a amiga. — Você tem que dizer a verdade, aposto que ele gosta de você.

Os outros dois concordaram ao mesmo tempo em que Rose negava.

— Eu não posso — admitiu. — Não acho que ele goste e, mesmo se gostar, não posso namorar agora. Prefiro que ele fique magoado, do que realmente ter alguém gostando de mim — explicou, os amigos pareciam prestes a protestar, então rapidamente acrescentou: — E, se gostava antes, tenho certeza de que agora não gosta mais.

Era melhor daquele jeito.

Rose sabia disso. Mas por que seu coração doía tanto com o pensamento?

 

***

O último dia de filmagem havia chegado, e Rose e Scorpius não estavam se falando muito.

Ele não tinha mais tentado conversar com ela depois daquele dia, apenas a cumprimentava na frente de todos. E Rose sabia que era melhor assim, eles eram apenas colegas de trabalho.

Entretanto, não conseguia deixar de se sentir triste pela falta de atenção de Scorpius. Sabia que era egoísmo pensar desse modo, mas era tão estranho não o ter sempre tentando puxar assunto com ela ou sorrindo assim que a via.

Como era o último dia, todos os atores e a equipe estavam emocionados e também muito felizes. Rose queria estar mais feliz, porém parte dela sabia que agora não teria mais o trabalho para a fazer ver Scorpius todos os dias e, outra parte dela, estava aliviada justamente por esse motivo.

E, quando chegou a hora da cena final ser gravada, uma só com os dois, Rose desejava registrar bem em sua memória como era estar ali com Scorpius na sua frente. Aqueles poucos momentos que ela podia realmente olhar para ele, que ela era Lyla e ele era Jack, e eles estavam apaixonados um pelo o outro.

Ali, dentro do set, Rose podia olhar para Scorpius como ela realmente queria olhar, até mesmo com as câmeras desligadas. Porém ela não poderia, então Lyla e Jack eram tudo que eles tinham.

— CORTA! — Rose ouviu pela primeira vez. E, enquanto a equipe batia palmas e parabenizava todo mundo, ela ainda olhava para Scorpius.

— Rose! — chamou Rhiannon, aproximando-se dela e a envolvendo em um abraço. — Você foi perfeita!

Rose sorriu carinhosamente para a amiga que havia feito graças a esse filme.

— Não teria feito sem você.

Depois de Rhiannon vários outros, incluindo o diretor, apareceram para a parabenizar. E, quando Rose finalmente pôde olhar em volta, Scorpius já havia sumido.

***

—  A gente podia sair para comemorar — sugeriu James enquanto eles pegavam as coisas de Rose no trailer.

— Acho que preciso de uma bebida — admitiu Rose, soltando um suspiro cansado.

— Podemos chamar Rhiannon!

Rose gargalhou alto.

— Por acaso está tentado chamar Rhiannon em um encontro e me levar como desculpa? — indagou achando graça.

James fez uma careta, não imaginado que Rose fosse notar seu plano.

— Não é exatamente assim...

Ela o interrompeu, antes que inventasse mais desculpas.

— Chame ela para um encontro — ordenou, fingindo estar séria. — Não precisa me colocar no meio.

— Mas, Rose... — protestou James.

— Estou falando sério — ameaçou.

Ele pareceu desistir de protestar e Rose o conhecia bem o bastante para saber o que James realmente queria.

— E como você vai voltar para casa? — perguntou, preocupado.

Uma boa pergunta, o set ficava um pouco afastado de algum ponto de táxi ou estação de metrô. Rose pensou que poderia pedir um Uber, provavelmente custaria muito caro, mas era melhor do que nada.

Estava prestes a responder, mas foi impedida por uma voz na porta aberta do trailer.

— Eu posso te levar para casa — Scorpius Malfoy a encarava parecendo mais determinado que nunca.

Rose o encarou surpresa. E James olhou para os dois muito confuso e provavelmente sem entender o clima estranho entre eles.

Por fim, deu de ombros.

— Parece uma boa para mim — disse. — O que acha, Rose?

Rose não sabia o que achar. O que Scorpius poderia querer com ela para oferecer uma carona? Depois de mal estarem se falando nos últimos dias, Rose temia o que aquilo poderia resultar.

Contudo também sabia que não podia fugir, não tinha como dizer não com James ali. E nem sabia se seria capaz de negar caso eles estivessem a sós.

— Tudo bem — disse, por fim.

O carro de Scorpius era bem mais chique que o de James, mesmo que Rose entendesse muito pouco de carros. Graças a sua falta de interesse em tirar a carteira, dependia de James e agora não tinha escolha a não ser aceitar a carona de Scorpius.

Ficou esperando que ele fosse dizer algo, seu coração batia mais rápido que o normal e ela mantinha o olhar na paisagem para evitar encontrar o olhar de Scorpius.

No fim, ele não disse nada. Colocou em uma estação de rádio que tocava músicas lentas e antigas e seguiu em silêncio até chegaram no prédio de Rose.

Ele desceu até o estacionamento subterrâneo e estacionou calmamente na frente do elevador.

Rose ainda estava perdida com toda a situação. Ele realmente só queria deixá-la em casa? Não tinha nada para dizer?

É claro que na mente de Rose, ela tinha muitas coisas que desejava dizer. Mas sabia que não poderia falar, porque era melhor que fosse assim. E, se Scorpius também não tinha nada para dizer, melhor para os dois.

Rose tirou o cinto e se virou para pegar a mochila no banco de trás.

— Espera.

A voz de Scorpius fez com que ela tomasse um leve susto, voltou para sua posição normal, já nervosa com o que ele pudesse dizer.

Mas Scorpius não a encarava e demorou alguns segundos para que ele finalmente a olhasse.

— Sobre o que você disse naquele dia — disse, tão nervoso quanto ela. — Era verdade?

Mentir e magoá-lo uma vez havia sido difícil e Rose não queria ter que fazer de novo. Será que ele queria que fosse mentira? Será que Scorpius de fato gostava dela como os amigos tinham dito?

— Scorpius... — começou, ainda incerta do que deveria dizer.

— Seja sincera, Rose — pediu, interrompendo-a.

Rose mordeu os lábios nervosa, ela queria ser sincera, realmente queria. Mas também tinha medo.

Fechou os olhos e respirou fundo antes de abri-los de novo.

— Eu menti — admitiu, desviando o olhar. — Era verdade o que eu disse quando estava bêbada. Não queria ter mentido para você, mas não consigo lidar com isso agora, não depois de tudo que aconteceu com Adam...

— Rose — chamou Scorpius, fazendo com que ela o encarasse. Ficou um pouco mais aliviada ao ver que ele não parecia irritado ou magoado com ela. — Eu também não fui totalmente sincero com você.

Rose o encarou sem entender, Scorpius sorriu de leve e continuou:

— Aquele dia no cinema, eu disse que eu era seu fã. — A expressão de choque no rosto de Rose fez com que ele soltasse uma risada, e rapidamente acrescentasse: — Eu não menti sobre isso! Realmente acompanho Rose Weasley Updates.

O comentário fez com que Rose não conseguisse segurar uma risada baixa, até mesmo com o coração prestes a sair pela boca.

Scorpius parecia orgulhoso de tê-la feito sorrir.

— Eu não menti, só escondi uma parte da verdade — contou. — Naquele dia que te vi atuar pela primeira vez, não virei só seu fã. Eu me apaixonei por você. E estou apaixonado desde então.

Rose o encarou, sem acreditar no que ele havia dito.

— Mas... — tentou protestar, porém foi interrompida.

— É verdade, Rose — disse — Quando Seamus Finnigan me disse que estava pensando em você para o papel de Lyla, eu sabia que tinha que estar nesse filme. Era jovem e imaturo em 300 Libras, e não soube lidar bem com o meu primeiro amor. Sabia que essa poderia ser a última chance que eu tinha de me confessar.

Rose negou devagar com a cabeça.

— Mas você mal me conhecia na época de 300 Libras — argumentou.

Scorpius riu.

— Eu conhecia você, Rose. E também te conheço hoje — disse e Rose sentiu suas bochechas ficarem vermelhas com toda aquela confissão. — Vejo de perto quanto amor você tem pelo seu trabalho, como você brilha mais do que ninguém quando está atuando. E passei minha adolescência trabalhando ao seu lado, você e Jia sempre falavam muito sobre tudo que gostavam, até sei que seu integrante favorito do One Direction era o Harry.

— Não acredito! — exclamou Rose envergonhada, mas sem conter o riso.

— Rose, eu gosto de você há anos e há anos quero poder dizer o que sinto. Não preciso que você goste de mim de volta, mas queria ouvir uma resposta — ele sorriu de lado antes de acrescentar: — De preferência sóbria. 

— Eu gosto de você — admitiu Rose, sabendo que não tinha mais um porquê para se esconder. — Não sei ainda se estou apaixonada, mas sei que gosto de você como nunca gostei de outra pessoa antes.

Scorpius abriu um grande sorriso, mas Rose ainda não havia terminado.

— Mas não estou preparada para outro relacionamento agora.

Esperava que o sorriso de Scorpius fosse vacilar, porém, ao invés disso, ele estendeu a mão para segurar a dela no outro banco. Ele já havia segurado a mão de Rose várias vezes, tanto em “300 Libras” quanto em “Quebrados”, mas aquela era a primeira vez que eles faziam isso sem uma câmera por perto.

— Está tudo bem — disse, tranquilizando-a. — Passei minha vida inteira apaixonado por você. Você pode levar o tempo que precisar, posso esperar mais um pouco.

Rose riu, apertou de leve a mão dele para mostrar gostava da ideia.

— É uma boa para mim — concordou. — Mas na verdade tem algo que eu queria que a gente fizesse.

— O quê? — perguntou Scorpius, curioso.

— Algo que queria fazer com você sem as câmeras por perto.

Scorpius arqueou uma das sobrancelhas.

— Hmm, Rose...

— Não é isso! — exclamou Rose, sentindo-se ficar ainda mais vermelha. — É um beijo! A gente só se beijou nas gravações, e ali eu era Lyla e você Jack.

Scorpius abriu um grande sorriso, rindo também da reação dela.

— Eu também quero te beijar — disse, sincero. — Não como Lyla e Jack, e sim como Rose e Scorpius.

Dessa vez, quando eles se beijaram, Rose não se sentia mais nervosa e insegura. Ela estava mais confiante do que nunca dos seus próprios sentimentos e de ser correspondida pelo homem que gostava.

Não sabia em qual direção aquele relacionamento iria.

Mas, no momento, Scorpius Malfoy era a única pessoa com quem Rose queria estar.


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Notas finais do capítulo

Chegamos ao fim!
Espero que tenha te deixado feliz, Carter ♥ ♥
Até um próximo amigo secreto ♥