Mesmo depois de mais de um ano junto de Rigel, Albus achava que jamais iria se acostumar com a mania que seu namorado possuía de se atrasar para absolutamente tudo — entrevistas, gravações, eventos, sessões de foto, tudo. Mas naquele dia Rigel tinha ultrapassado todos os limites e Albus não conseguia acreditar que eles iriam se atrasar para o Globo de Ouro.

— Você viu as minhas botas? — Rigel gritou do outro lado do quarto enquanto tentava arrumar sua gravata borboleta que insistiu em usar.

— Você não vai para o Globo de Ouro de bota — Albus encarou o rapaz incredulamente.

— Claro que eu vou para o Globo de Ouro de bota. Você pode dizer onde elas estão, por favor? — Rigel sorriu, provocante como sempre, e Albus revirou os olhos sabendo que não valia a pena argumentar com ele.

— Debaixo da cama, onde você sempre as deixa, amor — Ele sorriu, sentindo o estômago dar voltas por debaixo de seu terno recém passado.

Albus não sabia quem estava mais nervoso, ele ou o ator, por diversas razões. Durante o último ano a série de Little Women da Netflix, onde tudo entre eles havia começado, tinha tido um estrondoso sucesso de audiência e críticas, o que acarretou várias nomeações ao Globo de Ouro, em especial duas que tinham deixado Albus muito feliz; a de melhor ator em minissérie para Scorpius e a de melhor ator coadjuvante em minissérie para Rigel. Mesmo que os dois não ganhassem, só o fato de terem recebido aquelas indicações tão importantes era gigante.

E existia também o motivo que estava fazendo Albus se sentir tão ansioso ao ponto de não se espantar se tivesse um ataque cardíaco naquela noite. Ainda que ele e Rigel estivessem juntos há um pouco mais de um ano, ambos haviam feito um grande esforço para manter a relação o mais privada possível para se protegerem, porém naquela noite os dois decidiram que iam fazer sua primeira aparição oficial em público como um casal.

— Numa escala de um a dez, quão nervoso você tá? — Rigel murmurou perto de seu ouvido enquanto o abraçava por trás de supetão.

— Vinte e três — Albus disse calmamente, fazendo o namorado rir.

— Você sabe que vai ficar tudo bem — Ele beijou sua bochecha, conseguindo acalmá-lo um pouco.

— Quando você subir naquele palco e agradecer pelo seu Globo de Ouro, sim, tudo vai ficar bem — Albus se virou para olhar para Rigel, que sorria abertamente. 

— E como você quer que eu me refira a você no meu discurso? Meu lindo e charmoso namorado, amor da minha vida, o cara mais chato que já conheci…? — Albus revirou os olhos e balançou a cabeça. Rigel sabia que ele odiava tudo aquilo por ser brega demais e fazia de propósito.

— Por favor, só Albus.

— Não posso nem te chamar de meu amor em rede nacional?

Albus o olhou nos olhos por alguns segundos, sabendo que não resistiria àquele sorriso que o fazia derreter, e suspirou, dando-se como derrotado.

— Pode sim. Mas só isso! E vamos logo antes que a gente se atrase mais ainda, você sabe que eu não gosto que achem que eu não sou pontual!

— Não se preocupe, mesmo que a gente se atrase você sabe que o Scorpius e a Rose vão chegar mais tarde ainda.

— E você acha que isso é bom? Ele ainda é meu cliente! Nós dois vamos ter fama de atrasados!

Rigel caiu na gargalhada e apertou a mão dele, puxando-o em direção à porta para que finalmente fossem até o carro que os esperava, com paciência, do lado de fora para levá-los até o evento. No caminho, Albus escutou Rigel repassar seu discurso de aceitação cinco vezes, além de ouvir ele dizendo várias vezes que não teria problema se não ganhasse o prêmio, apesar de ele definitivamente ser a pessoa mais merecedora da categoria, e Albus não podia discordar.

Ao observar os olhos brilhantes de Rigel e sentir a mão dele apertando a sua no banco de trás daquele carro, ele só conseguia pensar em como era sortudo. Albus continuava sendo o cético que sempre fora e, pelo menos uma vez, pensava que num futuro próximo ou distante as coisas entre eles poderiam desandar e desabar, mas a diferença é que com Rigel ele se esforçava para que isso não acontecesse. Albus queria o presente e o futuro que poderia vir a existir do lado dele e estava disposto a enfrentar todas as consequências que viriam dessa decisão, e sabia que Rigel, corajosamente, também estava.

Albus agora tinha certeza que jamais iria amar alguém como amava o rapaz sentado ao seu lado, e estar com ele para sempre seria a luta mais doce a ser enfrentada por Albus, pelo resto de sua vida.

FIM