Dancing is a Dangerous Game escrita por prongs


Capítulo 4
Here’s to wondering if you feel the same




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Dois dias depois de ter pousado em Los Angeles e de finalmente ter recuperado a liberdade de andar descalço e sem camisa por seu apartamento todo sem se sentir desconfortável ou deslocado, Albus recebeu uma inesperada mensagem de sua prima, Rose Weasley. 

Eles não se falavam há anos, assim como Albus não falava com ninguém da família com a exceção de breves conversas esporádicas com os irmãos. Ele ficou atônito ao ler a notícia que Rose tinha conseguido um estágio de verão em alguma empresa do Vale do Silício em São Francisco — Rose trabalhava com marketing e publicidade há alguns anos — e precisava de um lugar para morar. Como Albus residia em Los Angeles e ela só necessitaria ir trabalhar presencialmente alguns dias por semana, ela havia se lembrado dele.

Os dois nunca tinham tido um relacionamento ruim, pelo contrário; Rose e Albus costumavam ser melhores amigos até o ensino médio, antes do garoto largar tudo e todos pela sua carreira nos Estados Unidos, mas ainda assim ele não soube como responder à prima, deixando-a no escuro por algumas horas. Receber Rose em seu apartamento daria abertura para que sua família ficasse envolvida em sua vida de novo e lhe cobrasse atenção, presença, e até dinheiro, coisas que ele não estava pronto para dar, nem sabia se estaria algum dia.

Foi quando ele recebeu uma segunda mensagem, dessa vez de Rigel Thomas-Finnigan, perguntando se Albus queria encontrá-lo em seu apartamento naquela noite, e ele agradeceu aos céus pelo timing perfeito. Albus não sabia o que fazer e, em outras circunstâncias, pediria a opinião de Scorpius, mas o amigo provavelmente ainda estava com raiva dele depois da conversa complicada que tiveram em Vancouver, a qual parecia ter acontecido há meses, assim, Rigel era a segunda melhor opção disponível.

Após a dificuldade para chegar até o endereço de Rigel sem chamar atenção e ficar em choque com o tamanho do apartamento — que, por acaso, era uma cobertura — do ator, Albus se encontrava mais uma vez nu e enrolado em lençóis com a cabeça do rapaz em seu peito. Ele definitivamente não tinha reclamações a fazer quanto à situação.

— Acredita que eu tô sentindo falta da praia? — Albus murmurou, sem pensar muito no que estava falando. Apenas falar o que lhe vinha à mente era estranhamente fácil quando estava por perto de Rigel. — Eu nunca gostei muito de ir para praia, mas acho que o tempo em Vancouver me deixou com saudade, sabe. De dirigir e ver as palmeiras, sentir o cheiro do mar, essas coisas.

— Eu vou te levar para Venice Beach qualquer dia desses — Rigel se acomodou mais no corpo do garoto, de olhos fechados. — A gente vai de madrugada, quando ninguém estiver prestando atenção.

— Ninguém, só os paparazzis noturnos — Os dois riram juntos.

— Ah, quem liga pra paparazzis idiotas? — Rigel sorriu mais.

— Ninguém, só todos os jornais de fofoca, tabloides, ah, além de toda a internet, é claro — Albus balançou a cabeça e suspirou. — Posso pedir sua opinião quanto a um assunto sério? — Ele perguntou enquanto acariciava os cachos de Rigel, que se virou na cama, deitando-se de bruços para que pudesse olhar para o moreno.

— Me diga o que aflige o seu pequeno coração, Albus — Rigel sorriu, tirando o cabelo de Albus de cima dos olhos. O garoto revirou os olhos antes de começar a falar.

— Resumindo uma longa, longa história… Eu não falo mais com a minha família. Não tem nada a ver com a minha sexualidade — Ele logo negou, sabendo que essa seria a primeira pergunta. — Eu só… queria uma vida melhor do que eu tinha quando eu tava na Inglaterra, e eu deixei tudo para trás quando me mudei para cá e parei de falar com eles. Não propositalmente, eu acho, só aconteceu porque eu precisava do meu próprio espaço, minhas próprias coisas — Ele suspirou, passando uma mão no rosto. — Mas uma das minhas primas me mandou mensagem essa semana, e a gente costumava ser bem próximo… e ela me contou que arranjou um emprego em São Francisco e perguntou se poderia passar um tempo comigo, no meu apartamento… e eu não sei o que responder.

Ele olhou para Rigel com um nó na garganta. Não gostava de conversar sobre sua situação com a família porque era complicado e delicado, e nem mesmo ele entendia direito o que sentia, porém precisava tomar uma decisão naquele momento, qualquer que fosse.

— Por quê? — Foi a única coisa que Rigel disse, e Albus franziu as sobrancelhas.

— Como assim?

— Por que você não sabe o que responder? — Albus deu de ombros. — Vocês eram próximos e nunca brigaram, certo? — O garoto assentiu, confirmando. — Então por que você não sabe se quer que ela venha ou não? Do que você tem medo?

Albus suspirou. Aquela era uma pergunta difícil.

— Eu acho que tenho medo de deixar minha família se envolver na minha vida de novo. Eu já conquistei tanta coisa sozinho e não compartilhei nada com eles, e já ignorei tantas vezes que eles tentaram se reconectar comigo… não sei.

Rigel o observou com olhos gentis.

— Então você sente um pouco de culpa por ter deixado eles para trás completamente?

Albus nunca havia colocado o sentimento em palavras, e sabia que era porque aquilo era vergonhoso e mesquinho. Que tipo de pessoa abandonava a própria família em outro país por motivo nenhum e não os ajudava quando tinha condições para isso? Albus sabia que tinha suas mágoas e machucados, mas ele era jovem e revoltado quando tomou aquelas decisões. Agora precisaria aprender a lidar com as consequências delas.

— Talvez.

— Então talvez esse seja o primeiro passo para resolver essa questão, tanto com eles quanto com você mesmo — Rigel fazia carinho no rosto de Albus enquanto falava, fazendo todas as muralhas do rapaz se desarmarem ao seu toque. — Sua família parece te amar e devem sentir sua falta, especialmente essa sua prima. Ela não falaria com você depois de tantos anos se não amasse, e é meio difícil ela não te amar se realmente te conhece tão bem.

Albus sorriu sem jeito. Não sabia como lidar com conversas emotivas, principalmente quando elas se tratavam dele próprio, então apenas segurou a mão de Rigel que passeava por sua pele alva e a apertou.

— Como você é tão bom nessas coisas? 

O ator riu e deu de ombros.

— Meus pais gostam de falar bastante sobre sentimentos, aprendi uma coisa ou outra com eles.

Albus notava agora que Rigel era bem mais humilde e gentil do que todas as fofocas sobre ele diziam que ele era, e Albus se perguntava por que — homofobia apoiada em achismos, já que ele não estava fora do armário? Ou será que era o jeito irônico e expansivo dele se expressar? Ou talvez fosse até o fato de Rigel ser um ator britânico negro ganhando espaço na indústria cinematográfica americana extremamente racista. Albus só podia se questionar.

Ele também percebera e aprendera, depois de várias conversas, que Rigel não tinha apenas dado sorte para entrar na indústria de entretenimento. O hoje ator já passara horas lhe contando sobre como havia feito testes para propagandas e shows britânicos desde muito novo, tentando arranjar um papel por menor que fosse. Contou sobre como seus pais, um casal gay, adotaram-no quando Rigel já era um pouco mais velho que a maioria das crianças no sistema, e como eles tinham feito de seu objetivo de vida realizar todos os sonhos do pequeno.

Albus conseguia enxergar facilmente o brilho em seus olhos quando Rigel falava sobre atuar e estar na frente das câmeras e se encantava cada vez mais por ele.

— Eu tenho que conhecer eles qualquer dia desses — Albus brincou, mas logo sentiu seu corpo se enrijecer de nervosismo. Não queria que Rigel confundisse as coisas entre eles, contudo, por sorte, o rapaz apenas riu e se levantou da cama, descontraído como sempre.

— Pode deixar, Potter, vou arranjar esse encontro o mais rápido possível — E olhou para trás, parado no meio do quarto, enquanto Albus encarava seu corpo escultural. — Vou pedir uma pizza. Qual o seu sabor predileto?

Entre risadas, Albus respondeu que gostava de qualquer coisa com bacon e pegou o celular para, enfim, responder Rose que sim, ela poderia vir passar quanto tempo quisesse com ele e que seria muito bem-vinda.

As próximas duas semanas passaram mais rápido do que Albus gostaria, mas ele não tinha muito do que reclamar. Estava se encontrando com Rigel com regularidade, tanto no apartamento dele quanto no seu próprio, e os dois trocavam mensagens praticamente o dia inteiro e, embora ele reconhecesse o perigo desse cenário, gostava demais do conforto que sentia na presença do ator, da facilidade presente em todas as conversas e ainda não estava pronto para abrir mão disso.

Entre os encontros, ele trocava mensagens com Rose e esvaziava um dos quartos em seu apartamento para que ela pudesse se mudar, já que Rose chegaria na semana anterior ao começo das gravações, o que deixava apenas mais alguns dias para que Albus preparasse o território para recebê-la. Ele também havia voltado a falar com Scorpius, depois de relutantemente pedir desculpas ao amigo por ter escondido a situação com Rigel dele, e o ator estava ansioso para finalmente conhecer Rose — como ele costumava dizer para irritar o assessor, era raro encontrar alguém que quisesse passar tanto tempo com Albus por vontade própria.

O dia da chegada da Rose chegou, e Albus foi ao aeroporto buscá-la sozinho. Suas mãos estavam suadas e Rigel lhe mandava mensagens tranquilizantes constantemente, dizendo que também queria conhecer a famosa Rose Weasley; Albus havia passado as últimas semanas contando várias histórias de sua adolescência para o rapaz, que gargalhava em seus braços e lhe contava suas próprias histórias, amolecendo o coração de Albus mais a cada palavra, mesmo que ele não quisesse admitir.

Quando Albus viu uma cabeleira ruiva aparecendo no portão de desembarque, não conseguiu evitar o sorriso enorme que tomou conta de seu rosto, e sua prima logo correu para pular em seus braços e lhe dar um abraço apertado, deixando as enormes malas para trás, fora a mochila extremamente pesada que carregava nas costas.

— Eu senti tanto a sua falta, Alb — Foi a primeira coisa que Rose disse, antes mesmo de soltá-lo do abraço, como se ele pudesse ir embora de novo se ela o soltasse. Albus a abraçou mais apertado, percebendo que não tinha noção do quanto sentia falta dela até agora.

— Eu também, Rosie — Ele sussurrou, e se afastou para encará-la com um grande sorriso. — Então, como está… tudo? — Os dois caíram no riso. — Como estão as coisas com o McLaggen?

Rose arregalou os olhos para o primo, agarrou as malas atrás de si e balançou a cabeça para ele.

— Nós realmente temos muito assunto para colocar em dia.

No caminho até o apartamento de Albus, Rose não parou de falar um segundo sequer, e Albus ouvia tudo com um sorriso no rosto. 

O namorado de anos de Rose, Adam McLaggen, não ocupava mais tal posição depois que ela descobriu que ele estava traindo-a com uma menina do curso de engenharia que Adam fazia. Hugo tinha entrado no mesmo curso de desenvolvimento de jogos de Lily, e Lily começou a namorar Luke Zabini após se reencontrarem na universidade e o relacionamento estava às mil maravilhas. Tio Percy tinha voltado da Alemanha do nada há alguns anos e feito as pazes com os pais e com as filhas. Ela lhe contou em detalhes sobre como tinha conseguido aquele estágio da marketing numa grande empresa de tecnologia e agradeceu a Albus aproximadamente mil vezes por acolhê-la.

— E você, o que anda fazendo? — Ela perguntou com um sorriso gentil quando eles estavam perto do apartamento. — Ninguém sabe de nada do que tá rolando com você, todo misterioso.

— Para, Rose — Ele riu, mas suspirou. — Ah, eu continuo naquela mesma agência que eu te contei há uns anos… só que agora eu tô trabalhando como assistente pessoal de um ator, que inclusive vai estar na série nova de Little Women da Netflix — Ele tentou não sorrir, sabendo que Rose era estranhamente fissurada por vários atores de Hollywood e com certeza saberia quem era Scorpius.

Exatamente como ele esperava, a ruiva se virou para ele com os olhos arregalados e a boca aberta.

— Não me diga que você é o assessor de Rigel Thomas-Finnigan, Albus Potter!

Albus virou-se para ela rapidamente, quase fazendo o carro sair da pista. Nas últimas semanas tinha se esquecido por completo que Rigel era uma celebridade e não apenas o seu ficante secreto e, definitivamente, não esperava ouvir o nome dele saindo da boca de Rose; pelo menos não tão cedo.

— O quê?! Não! Rigel Thomas-Finnigan? Claro que não! — Ele disse com celeridade, balançando a cabeça, percebendo tarde demais que estava agindo de forma estranha em relação ao nome de um ator famoso, e puxando o carro de volta para o lado correto da rua. — O outro galã da série, sabe, o Laurie!

Scorpius Malfoy?! — A voz de Rose saiu esganiçada e seu rosto enrubesceu absurdamente, e Albus não pôde deixar de rir.

— Sim, exatamente, ele mesmo! Você conhece ele?

— Claro que eu conheço ele, você tá brincando? Ele é lindo!

— E quer te conhecer — Rose se virou para o primo ainda mais vermelha, se é que era possível.

— Não.

— Sim! — Ele riu, aliviado que tinha conseguido mudar de assunto.

— Scorpius Malfoy quer me conhecer? — Ela escorregou no banco do passageiro, sendo dramática como sempre.

— Sim, e ainda essa semana, antes que as gravações voltem e ele fique muito ocupado, então por favor, prepare o coração.

Os dois continuaram rindo e atualizando um ao outro de suas vidas enquanto subiam para o apartamento de Albus e arrumavam as coisas no novo quarto de Rose. Passaram horas mudando móveis de lugar, limpando bancadas e desdobrando lençóis e, por algumas horas, Albus sentiu que tinha 17 anos e estava no quarto apertado de Rose em Keswick cantando músicas de Taylor Swift ao mesmo tempo que fingiam que as escovas de cabelo eram microfones.

Ele não conseguia acreditar que tinha se esquecido do quanto amava Rose, do porquê dela ter sido sua melhor amiga por anos, e se arrependia amargamente de ter mantido ela fora de sua vida por tanto tempo. Rose foi a pessoa que o acolheu quando ele não tinha mais ninguém que o escutasse de verdade como sentia que apenas seus pais poderiam fazer, e foi exatamente por isso que ele se deitou do lado dela e ignorou seu coração batendo forte ao pensar no que estava prestes a fazer.

— Rosie — Ele murmurou, observando os fios ruivos dela se misturando aos lençóis. — Eu quero te contar uma coisa.

— Pode contar — Ela virou o rosto para Albus e sorriu.

— Mas você não pode contar pra ninguém. De verdade. É muito sério — O tom de voz preocupado dele deixava isso claro, e os olhos azuis de Rose também ficaram sérios. — E por favor, não pira.

— Pode confiar em mim, Alb.

Ele respirou fundo e passou uma das mãos pelos cabelos negros.

— Eu tô meio que saindo com Rigel Thomas-Finnigan.

Rose franziu as sobrancelhas e se apoiou nos cotovelos, encarando Albus com atenção. Ela estava levando-o a sério, e ele se sentiu extremamente grato por isso; a última coisa que precisava agora eram piadas ou gritos.

— Saindo, tipo, de verdade?

— Bem… mais ou menos.

Albus contou tudo para Rose: como eles haviam se conhecido e passado semanas se provocando, até que o beijo bêbado aconteceu naquela festa e passaram a se ver regularmente. Ele contou sobre as tardes e noites passadas juntos entre as casas dos dois, as conversas importantes, as risadas, a segurança que sentia com Rigel que não existiu com mais ninguém há muito tempo. Ela ficou calada e o escutou com um semblante gentil e compreensivo.

— Tá, eu entendi tudo e estou me segurando pra não surtar agora, mas… — Rose mordeu o lábio. — Você gosta do Rigel? E antes que você negue e diga que eu tô ficando maluca, eu só tô perguntando porque o jeito que você fala dele é diferente, não sei. Nunca vi você falando assim nem do Lorcan, e você era louco por aquele menino.

Albus sentiu uma pontada leve no estômago e se mexeu na cama, um pouco incomodado. Não gostava de falar de sentimentos, mas ele tinha que encarar aquilo; afinal, o próprio Albus quem tinha iniciado aquela conversa.

— Eu… — Ele abriu a boca para falar, mas percebeu que não tinha ideia do que dizer e franziu as sobrancelhas. — Não sei. Não sei se eu gosto dele. Faz tanto tempo que eu não gosto de alguém… 

Rose segurou uma das mãos do primo.

— Acho que isso é mais importante: você acha que o Rigel gosta de você? — Albus suspirou e encarou o teto.

— Eu não sei. Muitas vezes parece que sim, mas às vezes eu também acho que é só diversão pra ele… e ele é um ator, Rosie — Ele encarou a prima com seu típico semblante cético. — Tirando o Andy Samberg e o Scorpius Malfoy, atores são o último tipo de pessoa em que se pode confiar. Olha o que aconteceu com a Taylor Swift e o Jake Gyllenhaal!

— Ah, por favor, Alb — Rose riu e balançou a cabeça. — Por tudo que você já me contou, eu acho que a esse ponto você já saberia se pode ou não confiar nele.

Albus suspirou, sentindo que seus pensamentos estavam voando a mil por hora, e sua semana passou por ele na mesma velocidade. Nos seus últimos dias de folga antes da retomada das gravações, Albus manteve-se ocupado terminando a mudança de Rose e apresentando Los Angeles a ela, além de sair para almoçar com Scorpius para que ele pudesse conhecer a sua prima e organizar tudo para o trabalho que o esperava.

Entre um compromisso e outro, Albus não teve tanto tempo quanto queria para ver Rigel e conversar com ele pessoalmente sobre o que estava sentindo e para onde o relacionamento — se é que ele podia chamar disso — deles estava indo, mas os dois continuavam trocando mensagens todos os dias e até fazendo chamadas de vídeo à noite. Albus havia adquirido o costume de deitar-se na cama e esperar o celular tocar, como se estivesse sentado em um bar de aeroporto esperando seu voo atrasado chegar.

Apesar da comunicação constante, ele sentia falta do toque de Rigel, da sensação de sua voz reverberando em seu peito quando eles estavam deitados juntos, de sua risada, seu calor incomparável e até mesmo de sua simples presença. Os dois combinaram de se encontrar novamente no primeiro dia de gravação no trailer de Rigel e Albus sentia o coração se descontrolar sempre que pensava nisso.

Enquanto tudo isso acontecia, ele tentava reorganizar os próprios sentimentos e pensamentos em seu coração e mente confusos. Ele de fato gostava muito de Rigel e de estar com ele, apesar de todos os sinais de que aquilo não daria certo, entretanto tinha medo de permitir que alguém entrasse em sua vida e bagunçasse tudo naquele momento. Mas será que Rigel bagunçaria as coisas? Albus notava que, muitas vezes, o garoto o ajudava a clarear tudo. Ele tinha de calma o que Albus tinha de confusão, e mesmo que ele pensasse que Rigel seria sua ruína, talvez aquilo fosse exatamente o que precisava.

No fim do dia, Albus sempre voltava para as palavras de Scorpius, que havia o alertado há semanas que Rigel não era totalmente confiável em relação a relacionamentos e poderia acabar machucando Albus. Ao mesmo tempo que sentia a apreensão bater em seu peito para alertá-lo, ele sentia a confiança do outro lado dizendo que não precisava se preocupar com aquilo.

Estar com Rigel era diferente de estar com qualquer pessoa que havia estado antes, qualquer pessoa que havia pensado até amar, o que chegava a ser assustador. Albus podia estar considerando gostar de Rigel, mas amá-lo? Será que ele era sequer capaz disso tão rápido, principalmente depois de tudo o que tinha feito, mesmo que sem querer, para reprimir todo e qualquer sentimento?

Albus precisava saber o que Rigel estava sentindo. Ele necessitava saber se podia mesmo ter expectativas e esperanças ou se estava apenas se iludindo. Ele precisava disso para decidir se valia à pena se entregar por completo àquela situação improvável, maluca e maravilhosa de estar prestes a se apaixonar por uma estrela de Hollywood, que poderia estar se apaixonando por ele também, se Albus tivesse sorte.

Mesmo que depois de semanas, meses ou anos as coisas fossem dar errado ou esfriar entre eles, Albus precisava saber se naquele exato momento deveria deixar seu coração na manga, exposto e vulnerável, ou se deveria se resguardar de novo e continuar sendo a pessoa que não se magoa, apenas magoa os outros ao não sentir nada — ou pelo menos fingir que não.


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