Kiss me, Weasley escrita por Anna Carolina00


Capítulo 3
...Vem o próximo...




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Acordei com uma clássica cólera  do Dragão depois de beber tanto whisky de fogo. Enquanto minha cabeça latejava, minha visão foi gradativamente se acostumando com a luz do quarto, pelo visto o sol da manhã batia exatamente sobre a cama de Percy…. PERCY?!?

Levantei de uma vez com a avalanche de memórias da noite passada. Dormimos juntos? Confere. De roupa? Confere. Alguma… Coisa aconteceu sob os edredons? Não. Não que eu me lembre. 

Não sei até que ponto quero ter certeza sobre isso.

Já deve ser quase 8 da manhã, o que significa que Percy já deve ter voltado para Hogwarts. Me pergunto por que não me acordou. Será que eu fiz besteira na noite passada? 

Sobre o criado mudo ao meu lado, encontrei um copo com um líquido verde pastoso e um bilhete com uma bela caligrafia " beba".

Pelo cheiro, parecia raiz de azevinho com mel, um típico inibidor de ressaca… Percy conhecer tal produto me faz pensar em como ele é uma caixinha de surpresas.

Fui para o banheiro me arrumar para ficar minimamente apresentável pro trabalho. Aquela hora já não teria mais carruagens a caminho de Hogwarts, o que quer dizer que terei enfim uma longa caminhada até o castelo, ao menos foi o que pensei até  que...

—Bom dia, senhorita Granger. Café da manhã?

Aberforth me cumprimentou assim que desci as escadas, não havia ninguém no bar naquele horário.

—Bom dia. Obrigada, mas preciso ir, estou atrasada e vai ser uma longa caminhada até Hogwarts.

—Ou você pode sentar, comer bacon e torradas, então voar até o castelo! - O bruxo tirou debaixo do balcão a vassoura de ontem - Percy pediu que eu insistisse que você tomasse café da manhã  e aceitasse ir de vassoura para Hogwarts.

Bobo. Mas não posso negar que nem lembro quando ganhei algum tipo de cuidado especial como esse. Comi as torradas com um sorriso impresso em meu rosto.

Agradeci a refeição e aceitei a vassoura. Aquilo definitivamente não era meu ponto forte, mas pelo menos a vassoura pareceu me responder bem até os jardins de Hogwarts.

Fui imediatamente para a biblioteca, era estranho, mas eu sentia falta de ver  uma pessoa que estava ao meu lado há  poucas  horas.

Lá estava ele, pelo visto adotou uma vestimenta menos enfadonha e mais… casual. A camisa de mangas dobradas  estava com alguns botões à frente abertos e seu cabelo parecia solto, sem gel dando o aspecto de senhor "perfeição". Bonito, Percy realmente estava bonito, ainda mais quando sorriu assim que me viu.

—Bom dia, dorminhoca.

—Bom dia...Poderia ter me acordado!

—Você parecia estar precisando dormir… Quando acordei e você estava… Comigo, eu não tive coragem de te chamar. Na verdade, tive de fazer um esforço para sair da cama.

Percy estava flertando? Ele deve ter percebido o que disse, pois abaixou a Cabeça constrangido e voltou para sua pilha  de livros.

Eu não insisti no assunto, apenas voltei para meu posto com os livros e agimos como se nada tivesse acontecido, voltamos a contar histórias sobre livros, com risadas e boas recordações… Vez ou outra trocamos olhares com sorrisos bobos e voltávamos ao que estávamos fazendo.

O dia passou rápido, no horário do almoço decidi retribuir o café da manhã  e trouxe um ensopado que foi servido no salão, assim pudemos almoçar na biblioteca.

Percy comentou sobre suas terríveis experiências na cozinha bruxa, mas que descobriu que com utensílios trouxas, consegue cozinhar muito bem. 

Depois de mais um longo dia de trabalho separando os livros, à noite estávamos esgotados. Jantamos no salão junto aos professores e todos os voluntários. Não haviam mesas separando por Casas, era bom ver todos os bruxos juntos por um bem em comum. Isso de certa forma me lembrou da batalha de Hogwarts.

Voltamos com as carruagens e cumprimentamos rapidamente Aberforth, antes que outra garrafa “por conta da casa” nos fizesse passar a noite bebendo.

Enquanto Percy usava o banheiro para colocar um pijama, comecei a reparar os livros na estante. Boa parte deles eu já havia lido, foi então que reparei em um livro pequeno de capa escura com uma pena dentro. 

A curiosidade me obrigou a abrir o livro cujo título era “Como sobreviver e prosperar no Ministério”. Mesma caligrafia do bilhete. Sorri.

—Hermione? O que você está…

Percy saiu do banheiro e me viu com o livro em mãos. Em hipótese alguma imaginei que a reação de Percy seria correr até mim tentando retirar a força do livro. Se antes eu estava curiosa, agora o livro tinha toda minha atenção.

Começamos uma pequena batalha com Percy tentando me imobilizar enquanto eu saia agilmente lhe fazendo cócegas quando necessário. Retiro o que eu disse, apesar de magro, o ruivo definitivamente era forte. A batalha foi vencida quando ele me jogou em sua cama prendendo minhas duas mãos próximas à cabeceira e seu tronco pressionava meu corpo contra o colchão.

Estávamos próximos. Muito próximos. Eu sentia gotas de água do seu cabelo em meu rosto, ouvia sua respiração. Percy cheirava a Pergaminho novo. Como era possível alguém cheirar assim? Não tenho ideia.

—Você cheira...bem.

Me arrependi do que disse no mesmo instante.

—Você… Não… - o ruivo começou a rir da minha cara e em seguida completou - Se quer mesmo ler meu diário, tome um banho e podemos ler algumas páginas antes de dormir. 

Assim que me soltei, peguei minha roupa de dormir e corri para o banheiro. Eu queria me afogar por alguns segundos para esquecer o desfecho da cena… Mas o início dela foi deveras agradável. Percy me segurando daquela maneira me fez pensar em terminar aquilo em um beijo.

Beijo? Enquanto deixava a água me fazer refletir, tive certeza de meus pensamentos. Queria que Percy me beijasse, e seria naquela noite.

Eu estava com minha roupa confortável, mas tinha algumas ideias de como parecer sexy com elas. Nunca as coloquei em prática antes, mas não havia nada a perder. Percy parecia querer tanto quanto eu, só precisava que um de nós tomasse iniciativa.

Sequei meu cabelo com magia, deixei alguns botões da parte de cima abertos e ao invés da habitual calça, coloquei shorts para dormir. Saí do banheiro com a expressão mais cativante que pude imaginar…

E as luzes estavam apagadas.

Por um segundo pensei que o Weasley havia dormido e eu me sentiria infinitamente envergonhada, mas então vi a luz apenas de sua varinha em sua cama.

— Pode vir, Granger, juro que não mordo.

Ele chegou para o lado para que coubessem os dois na cama. Sentei-me ao seu lado e me cobri com a mesma coberta. Foi como se toda a autoconfiança de antes sumisse. Quem eu queria enganar?  Eu não tinha ideia do que estava fazendo… Me lembrei que Percy podia parecer tímido e na dele, mas era 3 anos mais velho e certamente tinha outros planos comigo com essa proposta de lermos juntos na cama.

O nervosismo começou a me abalar, mas respirei fundo e repeti em minha mente: “Você é Hermione Granger, você assaltou um banco e fugiu em um dragão, domou visgo do diabo com menos de um ano de conhecimento em magia, invadiu o Departamento de Mistérios e lutou contra Voldemort! Você é incrível!”

—Então…

—Então… 

Vi que ele olhava para o livro que mantinha aberto à nossa frente. Comecei a ler:

—Como se sair bem em seu primeiro grande serviço: leve a sério seu trabalho, mesmo que ninguém leve. Dedique-se com paixão, mesmo que se trate apenas de estudar a densidade do metal dos caldeirões da Grã Bretanha, alguém precisa fazer esse trabalho e se esse alguém é você, seja o melhor nisso. Sua família pode não reconhecer seu trabalho, mas alguém vai.

O livro era, literalmente, descrições de como Percy se sentia com seu trabalho. A próxima página estava arrancada, prossegui na seguinte:

— Quase ninguém lembra meu nome, nos casos mais comuns sou reconhecido como filho de Arthur Weasley e sei que estão sendo sarcásticos. Muitos gostam do meu pai, mas poucos o levam a sério. Se quero ser alguém de sucesso aqui, preciso que me vejam como um bruxo digno de respeito!

Continuei, mas a leitura me deixou incomodada. Percy passou por situações estranhas e se deixou ser subjugado pelas pessoas e mesmo com um objetivo, mas nada disso parecia valer a pena.

Não sei exatamente quando aconteceu, mas senti seus braços ao meu redor enquanto eu lia e seu abraço me confortava.

—Percy, eu não sei se devia ler mais…

— Hermione, tá tudo bem. Se eu não queria que você visse esse meu lado mais patético? De forma alguma. Mas… Se você leu essas coisas e continuou aqui, acho que posso fazer isso…

E me beijou.

Percy me beijou… E foi tão bom quanto imaginei que seria. Seus lábios me sugavam com delicadeza aprofundando o beijo aos poucos. Não havia mais luz, apenas podia sentir suas mãos deslizando por meu corpo me direcionando para deitar na cama. Nos separamos por alguns segundos para recuperar o ar, mas logo senti minhas mãos sendo seguradas junto a cabeceira da cama, como antes.

O ruivo distribuía beijos por meus braços até voltar ao meu pescoço pedindo licença para me morder. Não consegui segurar o gemido com o toque do mais velho e mesmo que não pudesse vê-lo, podia jurar que estava sorrindo.

Rony sequer passava pela minha cabeça. Apesar de ter experiência apenas com outro bruxo, ter o ruivo à minha frente  brincando com meu autocontrole me fez ter vontade de dar o troco. 

Se Percy sabia brincar comigo, eu também faria o mesmo. Aproveitei que segurava minhas mãos para puxá-lo contra meu corpo. Com as pernas enlaçando sua cintura, senti como havia lhe deixado animado. 

Suas mãos me soltaram indo em direção ao meu quadril, apertando-o pedindo mais contato… Mas isso exigia menos roupa.

E nesse instante, tudo parou. Percy  se afastou do meu corpo e  apenas aproximou seu rosto ao meu ouvido para sussurrar:

—Hermione, isso é um sim?

Sorri, mesmo que ele não pudesse ver. Era, de fato, um cavalheiro. E eu deseja mais que tudo poder pervertê-lo naquele momento.

Coloquei as mãos no cós de sua calça de algodão puxando-a vagarosamente para baixo.

—Sim, Percy, é um sim.

 

***

Os próximos dias foram tão empolgantes quanto poderiam ser. No início o ruivo teve vergonha de trocar beijos no “local de trabalho'', mas assim que compreendeu que estávamos completamente sozinhos naquele lugar, o trabalho com os livros passou a ter pausas para amassos contra a parede do castelo. 

Gostava de beijar Percy, gostava de puxar seu cabelo e receber beijos no pescoço, gostava de nossas conversas e trocar histórias, como ele era muito menos orgulhoso e mais piadista com o próprio passado… Gostava como nos encaixávamos bem naquela cama todas as noites… Às vezes no chão. O misto de risco e cuidado virou nossa diversão e eu não imaginava que poderia me sentir tão bem assim em um lugar que não era minha “casa”.

A verdade é que eu não sabia o que faríamos depois que completassem os dois meses. Já estávamos terminando os feitiços para restaurar livros, logo organizaríamos as estantes, o que seria trabalho de um dia ou dois… E então acabaria tudo. Hogwarts estaria pronta para me receber como aluna e Percy voltaria para o Ministério.

Não paramos para conversar sobre nossa… Situação.

Os corredores de Hogwarts já estavam ornados pelos brasões das 4 casas, a inauguração deve acontecer em no máximo um dia e havíamos concluído nosso trabalho naquela tarde. Tínhamos planejado voltar para o quarto de Percy mais cedo, quando ele foi chamado por Shackebolt para uma reunião do Ministério, pensei em esperá-lo, mas Percy sugeriu que eu voltasse mais cedo… De fato eu estava cansada, dos feitiços de restauração, eu havia feitos os mais complexos aquela manhã.

Usei a vassoura de Percy mais uma vez e assim que cheguei em Hogsmeade, aparatei no quarto. As paredes daquele lugar me faziam pensar em quantas boas memórias eu teria daqueles meses. Lembrei do primeiro dia em que estive lá e como o achei limpo e organizado, então pensei em fazer um agrado ao bruxo que recentemente conquistou meu carinho.

Não havia muitos feitiços a se fazer além de tirar poeira, até que chequei  embaixo da cama e havia alguns papéis amassados, pareciam ter a mesma cor amarelada do diário do Percy, o que era estranho, porque ficávamos sempre juntos enquanto estávamos no quarto e não o vi arrancando páginas...

Engrenagens começaram a mover em minha cabeça, alguns trechos do diário que pareciam inacabados vieram a minha mente e uma certeza me cercava: eu precisava ler aquelas páginas.

—Accio!

Eu confirmei que tinha completa razão quando peguei e vi que a forma de escrever no papel era idêntica ao do diário. Mais do que isso, o texto era revelador… Falava sobre uma das poucas alegrias de Percy em seu trabalho no Ministério. Audrey, sua namorada.

 

***

Juntei meus pertences, paguei o que devia a Aberforth, entreguei a ele a vassoura de Percy e saí de lá o mais rápido que pude, deixando para trás apenas um recado escrito em um do versos dos papéis que descreviam como Audrey era gentil e apaixonante! Meu recado era simples e claro “adeus, Weasley”.

Eu queria aparatar para longe dali, mas todo mundo sabia como era perigoso aparatar estando irritada assim. Decidi fazer o que há muito já havia planejado: andar. Ao invés de Hogwarts, segui para a casa dos gritos. O lugar, assim como os demais, também deve ter sido limpo, lembro-me de haver uma grande mancha de sangue de Snape na entrada.

Ao invés de entrar, sentei na porta da casa mal assombrada e respirei profundamente até que conseguisse colocar as ideias no lugar, mas todos os pensamentos só me faziam acreditar mais que Percy era um babaca. O livro, mesmo nas mais recentes páginas, não dava a entender que os dois haviam brigado. Se ainda estavam juntos, porque ele não a chamou para ficar com ele no Cabeça de Javali? Se não a chamou, será que ele já tinha intenções de traí-la? Se sim, será que eu era a única? Cada ideia nova me parecia mais desagradável. Eu me sentia suja, enojada pelo que eu havia feito, ainda que não soubesse o que estava fazendo… Mas ele sabia! Como ele pode ser tão gentil, cuidadoso e divertido...e ousado, galante, provador… Como podia beijar tão bem e me deixar completamente excitada…?

—Não! Nem pensei nisso, Hermione!

Tentei fazer o que eu fazia de melhor, pensar o mais lógico e racional possível. E o melhor a fazer nessa situação era… fugir.

Pode parecer covardia, mas eu não conseguiria respostas agora, nem conseguia lidar com a ansiedade de descobrir ou com o medo de quais seriam as respostas, então só me restava me afastar daquilo até ter alguma resposta concreta.

Agora mais calma, decidi aparatar de volta a Toca e encontrar aqueles que eu já considerava parte da minha família: A Toca!




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Notas finais do capítulo

E agora? Mais Weasleys para Hermione?



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