Conexão. escrita por Erika Aline


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas. É a primeira vez em anos que escrevo e compartilho uma história aqui com vocês e tinha que ser um KawaSumi, meu mimo. Sendo assim, let's go!



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Conexão (s/m): ligação de uma coisa com outra; união, vínculo.

 

"Ele é vazio, oco... Não vale nada, além de ser meu saco de pancadas, é claro." Aquelas palavras ecoavam em algum lugar distante na minha mente, me fazendo lembrar de uma época onde acreditará que as coisas poderiam ter sido diferentes, ainda que igualmente difíceis. Aquele homem, cujo um dia eu havia chamado de pai e herói, hoje era apenas um mero borrão do qual meu cérebro insiste em relembrar, principalmente de suas palavras sujas e cruéis. Com Jigen não fora diferente, diria que até pior. Bem pior. Passei apenas a existir, não a viver. Não se pode confiar em ninguém, nem ter amigos ou grandes vínculos que te façam fraquejar. Você se torna patético. Gentileza, empatia, gratidão... Amor. Eram coisas que não precisava e abominava, mas somente porque ninguém havia demonstrado ou provado que valia a pena. E não importava. Não até eu conhecer Uzumaki Naruto e sua família e... Ela.

Acordei do meu torpor e encarei Sumire do outro lado da sala, remexendo em alguns frascos e agulhas, ao mesmo tempo em que falava algo que eu não conseguia assimilar com Katasuke. Passei a observar os pequenos detalhes e gestos daquela garota e achava curioso o cuidado e atenção que tinha comigo. No início, pensei que era apenas uma mera formalidade com o intuito de ganhar minha confiança e tentar uma amizade que pouco ou sequer me interessava. Tola. No entanto, percebi que por mais que eu pisasse em qualquer faísca de esperança que ela tivesse para com uma amizade comigo e até mesmo que já tivesse esgotado todo meu arsenal no quesito frieza, rispidez e grosseria, Sumire não se abalava. Não lembro dela ter me tratado da mesma forma, ainda que estivesse magoada. Pelo contrário, continuava me cercando com seus cuidados, demasiada atenção e uma gentileza que poucos possuem.

— Muito bem. - Ouço sua voz suave, se aproximando da cama onde eu estava deitado. – Trouxe esse analgésico para a dor. Vai aliviar as dores no seu braço, só tem alguns efeitos colaterais. Nada do qual possa se preocupar. - Concluiu, com um sorriso amigável nos lábios.

Analisei o remédio em suas mãos e como já havia tomado do mesmo em situações parecidas, apenas suspirei e balancei a cabeça em sinal de afirmativo. Segundos depois, ela ergue um copo com água e a pequena pílula, o que me faz engolir de uma vez, sem titubear. – Obrigado. Pior do que está não fica, certamente. - Respondo no meu tom naturalmente ranzinza, arrancando um baixo e adorável riso de Sumire.

— Ei, não fale assim! Você vai ficar melhor e poderá finalmente se livrar de mim e desse lugar. - Ela responde, franzindo levemente o cenho, típico de quando se sente contrariada. Observo a mesma se afastar para pegar uma cadeira de ferro e colocá-la ao lado da cama onde estou, logo se senta e passa a me analisar cuidadosamente. – Tenho certeza que ficará bem, Kawaki.

Sorrio minimamente com o entusiasmo de suas palavras, sabendo que ela estava certa. Fecho os olhos brevemente, inspirando lentamente e bem consciente do olhar que repousava sobre mim. Volto a olhá-la, erguendo uma sobrancelha em confusão para logo provocá-la. – O que foi? Vai zelar meu sono? - Questiono com um sorriso irônico, rindo internamente do modo como Sumire reage aos meus questionamentos.

— P-por que? Alguma objeção? - Ela responde afiada, cruzando os braços acima do peito. – Preciso me certificar de que você ficará bem, afinal eu cuido de você. Além do mais... - De repente Sumire interrompe a si mesma, ficando levemente ruborizada, desviando o olhar para o chão. Após alguns segundos, ela novamente ergue o olhar, ainda com as maçãs do rosto bem marcadas. – Eu... Gosto de estar aqui, sabe. De você, digo, de cuidar e me sentir útil. Não é um dever ou porque é meu trabalho. Faço porque quero e não adianta querer me expulsar. Não vou sair!

Continuo a encará-la com um Q de diversão, assimilando suas palavras e reações. É notável o quanto Sumire se empenha em seu trabalho, ganhando merecidos elogios de Amado e Katasuke, bem como de outros cientistas do laboratório, assim sendo reconhecida pelo seu talento e inegável inteligência. – Previsível. - Falo baixo, observando seu rosto com atenção. Fazia pouco tempo que tive conhecimento dos sentimentos da garota por Boruto. Obviamente que não me importei e fiz pouco caso do assunto, resumindo-o a uma paixão boba de criança. E como a vida gosta de pregar peças, essa bobagem me fez refletir e me dei conta de que, sim, me importei. Apenas não quis admitir. – Não me importo que fique aqui, se quer saber. Aprecio sua companhia, mesmo sabendo que a minha não seja exatamente aquela que você queria. 

Minha resposta soou firme, apesar de fria. Não era uma mentira, afinal. Eu realmente passei a apreciar a companhia dela, ainda que não fosse com a frequência da qual eu gostaria. Mesmo com tudo isso, para mim era difícil imaginar que Sumire gostasse de estar comigo por livre e espontânea vontade e não por uma única e exclusiva questão de trabalho. E depois do meu descobrimento, as coisas pareciam ainda mais difíceis e complexas para que eu entendesse. Observei quando o rubror se intensificou pelo rosto de Sumire pelo que tinha dito, mas logo dissipou quando ela levantou nervosa, tropeçando nos próprios pés até chegar do outro lado da cama, onde fechou a janela. Pelo que pareceu uma eternidade, ela se virou e me encarou metódica.

— Naquele dia... Quando você me questionou sobre meus sentimentos pelo Boruto, fiquei com tanta vergonha que tive vontade de abrir uma cratera no chão e afundar ali mesmo. Não esperava que fosse ser tão direto, mas eu devia ter previsto algo assim, não é? - Sumire sorriu, se aproximando novamente. Ela se sentou na borda da cama, olhando diretamente para a janela recém fechada. Inspirou profundamente, como se estivesse prestes a me contar um segredo guardado a sete chaves. – Eu realmente gosto dele, é alguém precioso que estimo muito, principalmente por sua amizade. Boruto me vê apenas como uma amiga e está bom assim. Depois daquele dia, finalmente entendi o que sentia por ele. Meu gostar nada mais é do que uma afinidade... Afeição, entende? Ele me mostrou o caminho certo, me salvou da escuridão e eu sempre serei grata por isso, por ter tido uma segunda chance. Então quando eu digo que gosto dele não é no sentido romântico, mas sim porque eu aprecio sua presença, as coisas que ele diz e faz e o bem que ele representa como pessoa. - A garota finaliza com um leve sorriso nos lábios. Continuo a observá-la atentamente, absorvendo cada frase dita. Realmente não esperava por esse monólogo e muito menos vindo dela. Esperava que Sumire não fosse se abrir novamente e fui surpreendido, principalmente pelo fato dela não ter sentimentos românticos pelo Uzumaki como outrora havia pensado. – Fico feliz por gostar da minha companhia, Kawaki. Saiba que isso sim é recíproco. - A ouço falar, virando o rosto para mim e me agraciar com um belo sorriso.

A verdade é que aquela garota era uma caixinha de surpresas. É muito fácil querer estar com ela, mesmo que você lute com todas as suas forças contra. Ela era igual a mim. Tivemos passados semelhantes, uma base familiar terrível, abusos físicos e psicológicos, obrigados a sermos alguém que não queríamos, fadados a viver uma vida miserável e sombria, conectados por sermos tão parecidos e ao mesmo tempo tão distantes. Apesar dos males ruins, Sumire possuía uma alma pura, bem diferente da minha que já havia sido corrompida há muito tempo.

— Isso foi bem inesperado, devo dizer. Mas eu gostei de ouvir. - Falo e deslizo uma das mãos pelo colchão, a procura da dela. Sinto-a estremecer ao sentir o contato de nossas mãos, visualizando seu rosto bem próximo ao meu. Talvez fosse efeito do remédio, já que meus olhos estavam pesados e sabia que dormiria a qualquer momento. Mas aquele olhar... Tinha algo nele que eu não sabia descrever. Uma conexão, um sentimento... Não sabia dizer. – Pelo menos alguém vai me salvar quando eu estiver pronto para... Morrer. - Sussurro as últimas palavras, me permitindo ser levado pelo sono. Mesmo entregue a exaustão, escuto a voz de Sumire clara e algo deslizar pelo meu rosto, seguido da seguinte frase:

Não importa quantas vezes queira morrer, eu sempre vou estar pronta para te salvar.

 

 

 

FIM.


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Notas finais do capítulo

É isso! Não tão longa, mas também não tão curta. Precisamos de mais KawaSumi por aqui, alô autoras, haha! ❤

Obs: Não sei quem foi a pessoa que fez a edição que utilizei como foto de capa e só por isso não dei o devido crédito na imagem. Eu apenas clareei no PS e coloquei o título da história. Você que fez essa arte linda, favor apareça, quero dar teu créditos, visse? No mais, é isso. Partiu! :D



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