O amor nos tempos da quarentena. escrita por Jones


Capítulo 1
let me take you for a ride.


Notas iniciais do capítulo

Aviso de menção a pandemia e outros problemas :) Não tem smut, mas tem menção a.

Todo mundo que me conhece sabe que eu tô passando por um mês complicado, com mudança de apartamento, uma amiga morrendo de covid e o governo querendo nos foder. Mas eu espero que mesmo com meu senso de humor mórbido, vocês gostem dessa história ♥

Beijos.



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Louis assistia ao noticiário sem prestar muito a atenção. O que ouviria além de mais centenas de milhares de morte, governantes mundialmente ineficientes no combate do problema, negacionistas se recusando a tomar vacina e etc, etc.?

Como um bom estudante de história de uma universidade que ele se recusava a terminar há anos, Louis sabia que essa não era a primeira pandemia da história. Só no último século existiram cinco grandes pandemias que mataram uma caralhada de pessoas e em todas elas os governos e pessoas eram ineficientes. Como na grande peste bubônica que atingiu Londres em 1665 e matou vinte por cento da população londrina, o que o povo fez ao invés de melhorar suas condições sanitárias? Matou um monte de cachorro e gato como se a culpa fosse deles. Ou como a gripe espanhola que a galera inventou que surgiu na Espanha, assim como estão fazendo com o vírus atual, como se alguém tivesse tido o interesse lá em 1918 de matar grande parte da população e inventar um vírus colocando a culpa na Espanha... Nem Hitler estava aspirando tanta grandeza em 1918 assim.

Uma das pandemias mais loucas é de uma doença que poderia ser erradicada com vacina e prevenção, chamada cólera. Apesar de Gabriel García Marquez ter dito que o amor era nos tempos do cólera, Louis defende que cólera é um substantivo feminino. E essa introdução toda é importante para relacionar como Louis se sente impactado todas as vezes que terminava de ler Amor Nos Tempos do Cólera. Talvez fosse mais impactante ler dessa vez, pois estava ele também no meio de uma pandemia mundial, talvez fosse impactante porque ele achava que os poucos conhecidos que tinha que lia livros que não eram exclusivamente europeus (os esnobes!) preferiam Cem Anos de Solidão.

Na verdade, eram esnobes os que liam exclusivamente literatura europeia ou os que desenrolavam um sotaque castelhano para pronunciar os nomes nos personagens da obra colombiana? Louis precisava ponderar sobre isso em algum momento.

Louis sentiu o corpo quente de Ethan se afundando ao seu lado e tirando o livro de seu colo para depositá-lo na mesa de centro amarela do apartamento em que dividiam em Camden na velha Londres.

— Parece que vamos ter que nos preparar para mais um lockdown. – ele disse com sua voz jovial e sarcástica. – Eba.

— Não era como se não estivéssemos esperando por isso. – Louis girou os olhos, finalmente focando-os na TV enquanto Ethan colocava um cobertor sobre os dois e deitava a cabeça em seu ombro.

Era nesses momentos que ele não sabia controlar sua respiração, se sentia patético como o poeta lúgubre Florentino que perseguiu a mesma mulher por cinquenta e um anos. Será que era esse tempo que levaria para que ele arranjasse coragem de fazer alguma coisa e tomar algum tipo de atitude?

Ethan o cutucou amigavelmente e bufou.

— Podiam ter anunciado isso há umas duas semanas quando a gente bem soube que a situação das unidades intensivas estava quase insuportável para a NHS. – disse indignado. – Agora só parece que querem tapar o sol com a peneira.

— E eu que voltei as aulas ontem para voltar para o EAD hoje. – Louis reclamou. – Um universitário de vinte e cinco anos que nunca vai se formar.

— Esse é seu último período, não exagere. – Ethan sorriu, mudando o canal da TV. – E aí você se junta a força trabalhadora de Londres.

— Mal vejo a hora.

— Bem-vindo ao mundo emocionante do home office. – ele riu, encontrando uma reprise qualquer de um sitcom americano. – Você acha que ao invés de pedir thai hoje, a gente poderia fazer um Guacamole? Saudades de comer um abacate. Apesar de que se eu continuar consumindo tanta caloria sem fazer um abdominal vou acabar barrigudo.

— Como se você ficasse qualquer coisa além super tonificado o tempo inteiro de maneira irritante. – Louis bufou, tentando não corar com a observação sobre o corpo que ele certamente não observava demais, ou o tempo inteiro de maneira absolutamente vergonhosa.

— Você acha? – ele perguntou erguendo as sobrancelhas e sorrindo.

— Você não precisa de mim para aumentar seu ego já inflado o suficiente. – ele girou os olhos.

— Eu gostava mais de você quando você era mais gentil, onde foram parar seus modos franceses?

— No meio do seu-

— Ah, mas você gostaria! – ele sorriu, daquela maneira incrivelmente sedutora de canto que só ele conseguia fazer e Louis esperava que ele não tivesse visto quantos tons de vermelho seu rosto atingiu. – De qualquer modo, você vai ter que aprender a usar calças novamente dentro de casa.

— Ah, mas a melhor parte do lockdown é não ter que me vestir. – ele reclamou. – A vida de camiseta e cuecas.

— Claro, e aí meus companheiros babacas de escritório te veem seminu na câmera e começam as gracinhas sobre eu ser gay, se eu sou passivo ou ativo...

— Eles não fariam isso.

— Ah, fariam. – ele girou os olhos. – Você não sabe o quantas crianças de treze anos tem num escritório fingindo ter quase trinta.

— De qualquer forma, você é gay. – Louis observou.

— Absolutamente, muito gay inclusive. – Ethan riu. – Mas eu não preciso de lidar com homofobia além do bullying de ser o “cara novo Elliot ou alguma coisa assim”. Eles quase descobriram aquela vez que eu estava almoçando com William perto do escritório.

— O fato de seu ex-namorado ser um babaca e ter o mesmo nome do meu pai é algo impressionante. – Louis comentou.

— Ele não era tão ruim assim. – ele girou os olhos.

— Ele só te traiu com qualquer bunda que cruzasse seu caminho. – Louis tentou afastar a raiva que sentia só de pensar em William. – Você sempre tem os piores namorados.

— E você sempre tem nenhum, guru de relacionamentos.

Como explicar que é porque ele está ali apaixonado pelo melhor amigo e colega de apartamento desde os treze anos quando se conheceram na escola. Claro que não era um santo e não permaneceu virgem durante os últimos doze anos, o que o aproximava cada vez mais de Florentino e suas garotas. Ele não estava esperando pacientemente que Ethan se apaixonasse por ele, mas depois de passar tanto tempo apenas com ele, trancados naquele apartamento quarentenados e fazendo tudo juntos – menos a parte de estarem juntos – ele se perguntava qual era o ponto de se envolver com qualquer outra pessoa que não fosse Ethan.

Ethan com seu corpo vários centímetros mais baixos que o seu, todo tonificado mesmo que pequeno. Com seus olhos perfeitamente azuis e seu sorriso encantador e enorme. Ethan com seu humor esquisito e sua racionalidade e praticidade.

Ethan tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Por mais dramático e clichê que isso soasse... Ele tinha acabado de ler ANTDC, deixem-no em paz. Ainda mais enquanto ele pensava em fazer um Florentino e escrever uma carta de sessenta páginas descrevendo tudo desde o momento em que se apaixonara por ele, todos os anos tortuosos em que o vira entrando e saindo de relacionamentos horrorosos com caras que não o mereciam.

Patético, ele se sentia patético.

Ele se sentia um Teddy que ficou parte da adolescência perseguindo Victoire (sua irmã mais velha) só que ele no caso conseguiu o que queria e agora eles eram casados e felizes e com crianças que Louis só via por facetime. Ele se sentia um Ted Mosby (talvez ele devesse mudar o nome para Ted...) que ficou rodeando em volta dizendo estar em busca da mulher da sua vida para no final ficar com a Robin – porque a Robin era quem ele queria de verdade e nenhuma outra pessoa jamais se compararia a ela.

Meu Deus, ele era tão Florentino. Patético.

— Eu me dediquei a uma vida de celibato. – Louis brincou saindo de seu transe.

— Ah, mas é claro. – Ethan girou os olhos. – Talvez nos últimos meses que a gente só vê um ao outro e não pratica atividade carnal do amor. Antes disso era um desfile de Johns e Phillips que você aparentemente dispensava sem nem um café da manhã... Mais uma vez me pergunto onde foi parar a etiqueta francesa.

— Enfim, quando for arranjar o próximo, mantenha-o fora da lista dos Weasley porque é difícil odiar pessoas que tem o mesmo nome dos seus parentes.

— Existem o que? Um milhão duzentos e vinte e sete mil Weasleys no Reino Unido? – ele fingiu ponderar.

— Ah, e tente arranjar alguém menos... Não sei, traíra?

— Ah isso é fácil. – Ethan brincou, vendo que Louis ignorara sua piada velha sobre o número de parentes que ele tinha. – Para chegar no nível de trairagem de William a pessoa tem que fazer um tipo de curso e um pós doc depois. O rapaz é profissional.

Louis pensou em como não gostaria que Ethan arranjasse alguém que não fosse ele.

E esse pensamento perdurou quanto mais adentravam o lockdown. Cada vez que cozinhavam juntos e ele tentava fazer com que Ethan não queimasse a casa abaixo, ou quando faziam semanas temáticas de filme como a semana Bring it On (mais conhecido no Brasil como As Apimentadas) ou liam juntos algum livro vergonhoso disponível no Kindle Unlimited como A Garota do Calendário e Cinquenta Tons de Cinza.

Esse lockdown era diferente, talvez porque dessa vez não existisse o embuste o William que praticamente se mudou para lá no último lockdown, porque eles falavam regularmente por facetime com os sobrinhos de Louis e os pais de Ethan, porque ao invés de ansiosos para sair de casa, estivessem “okay”.

E Louis não conseguia suas mãos quando ele estava perto, talvez grudento e carinhoso demais. E ao invés de pensar como pensava antes de que talvez um dia ele conseguiria superar o que sentia por Ethan, mesmo que fizesse tantos anos... Agora ele pensava que amaria Ethan até o dia que ele morresse, feito um Lord Byron e seu romantismo fúnebre – menos a parte das traições, orgias e amor “livre” que envolvia não assumir os próprios filhos.  

E pela primeira vez ele não desejou sumir com os próprios sentimentos.

Pensou que pela maneira como Ethan não se afastava mais de seu toque, talvez ele estivesse começando a sentir a mesma coisa que ele sentia por ele. Ou talvez fosse apenas aqueles desejos profundos que você tem quando assopra a vela do bolo e quer tanto que se torne real que começa a acreditar que está acontecendo.

É como ler seu horoscopo e ficar impressionado com a declaração “hoje algo de muito importante e transformador vai acontecer na sua vida”. Ou um biscoito da sorte com algum provérbio chinês destacando a importância de correr atrás de seus sonhos.

— Você comprou mais chocolate! – ele exclamou abrindo a geladeira.

— Tenho que cuidar do meu benzinho. – Louis brincou de onde estava, sem largar seu livro.

O jeito que Ethan o olhava enquanto pegava um pedaço de seu doce favorito e o jeito como sua voz soou magneticamente rouca e sensual na próxima frase, fez o sangue fluir em seu corpo.

— Ninguém cuida de mim melhor que você. – ele sorriu e virou o corredor para o seu quarto.

O outro sinal de que talvez seus sentimentos não sejam tão não recíprocos assim, é quando estavam assistindo Titanic, na semana de filmes românticos, mais uma vez enrolados sob cobertores pesados.

— A gente deveria fazer um cruzeiro ou algo assim quando isso acabar. – Ethan murmurou.

— O que te deu a ideia de entrar num barco gigantesco e cruzar o mar? Já sei um navio se partindo em dois no meio do Oceano Atlântico. – Louis brincou.

— Vai me dizer que você não quer me pintar como uma de suas garotas francesas?

— Eu não sei pintar e você não é uma garota. – ele girou os olhos. – Pintar garotas francesas me faz pensar nas minhas parentes e isso me assusta em um nível.

— Você destrói meus sonhos. – ele riu. – Mas sério, talvez a gente deveria viajar, nós dois... Para um lugar bacana.

— É? – Louis odiou o quão esperançosa sua voz soou ao pensar num fim de semana romântico em qualquer lugar com Ethan quando ele provavelmente estava pensando em algum passeio aventureiro entre amigos.   

Mas se fosse entre amigos ele mencionaria algumas outras pessoas, como Scorpius Malfoy por exemplo ou seu antigo colega de quarto na escola e primo de Louis, Albus.

O que é um pouco de esperança em tempos tão difíceis?

Mais um dia de esperança é aquele em que Ethan o convence a cortar seu cabelo, e ele o faz após assistir a um tutorial no youtube e ler um artigo na wikihow. Se sentia fantástico em apenas tocar o seu cabelo e tentar não deixar buracos naquelas mechas negras e sedosas.  

Ele confia tanto em mim. Ele pensou enquanto refletia se um dia deixaria alguma outra pessoa tocar em seu cabelo loiro escuro. Talvez ele deixasse Ethan... Ok, a verdade é que ele sempre faria o que Ethan quisesse que ele fizesse.

Como naquela outra noite quando ele o convenceu a dançar no meio da sala ao álbum novo da Dua Lipa. Enquanto dançavam Levitating ele pensou se não era exatamente o que estava sentindo naquele momento, como se estivesse flutuando. O terror da OMS tinha um ponto e uma metáfora perfeita sobre como uma pessoa pode fazer a outra pessoa se sentir... I got you, moonlight, you’re my starlight.

Entretanto, diferente da parte em que a Dua Lipa diz que precisava dele aquela noite, Louis precisava dele todas as noites, todos os dias, o tempo todo.

Ah, a esperança.

Imaginou como aquela música pop grudenta poderia ser uma música de casal, a que eles dançariam no seu casamento e ninguém entenderia que era uma piada interna. You can fly away with me Tonight, baby let me take you for a ride.

Mas as coisas deixaram de ser só esperança no dia que em que estavam no sofá assistindo a documentário sobre a perseguição eterna a Britney Spears e a tutela criminosa de seu pai (#FreeBritney) e bebendo umas cervejas. Assim que o documentário acabou e outra coisa começou a passar, Ethan começou a cair no sono no colo de Louis.

Louis tentou encolher seus dedos. Ele tentou de verdade, porém não deu para resistir... O cabelo dele estava bem ali e ele queria tanto sentir aqueles fios novamente. Então começou a acaricia-los novamente, delicadamente com todo o carinho que possuía e o medo que ele acordasse.

O que não adiantou muito, porque Louis não sabia se controlar. Minutos ou talvez horas depois ele estava acariciando o rosto de Ethan com toda a reverência que não sabia ser possível, ele estava tocando os lábios dele com as pontas de seus dedos e com a outra mão suas costas quentes.

Foi quando ouviu um gemido, baixinho mas audível, que o fez sentir tudo o que vinha tentando não sentir em suas calças.

Talvez dessa vez fosse verdade, talvez ele o quisesse tanto quanto o queria.

Acariciou os lábios dele novamente, o fazendo abrir os olhos imediatamente e segurar seu pulso. Louis nunca sentiu tanto medo, tanto medo de ser rejeitado, tanto medo de ter dado um passo em falso e nunca mais recuperar aquilo que eles tinham.

De ter perdido sua chance.

O jeito que Ethan o olha enquanto se senta ao lado dele o faz perder a respiração.  

Naquele momento em que se encontram mais perto do que o normalmente necessário, com os olhos de Ethan nos seus lábios e os seus nos lábios de Ethan, Louis se pergunta se ele quer que o que está prestes a acontecer aconteça tanto quanto ele. Se ele sonha acordado com Louis tanto quanto Louis sonha com ele, se ele o deseja tanto quanto... Ou se isso é só efeito da domesticidade de mais semanas de quarentena presos um ao outro.

— Pare de super analisar e me beije. – Ethan murmurou e Louis obedeceu: que se danassem as consequências.

E foi uma bagunça de dentes, línguas e lábios, mas principalmente desejo.

Enquanto corriam para tirar as roupas ali mesmo no sofá da sala, Louis não pôde evitar de perguntar se Ethan tinha certeza. E ele só acenou com a cabeça, pedindo por favor com tanto desespero que Louis mal conseguiu esperar para estar dentro dele.

E foi lindo, explosivo, maravilhoso, extasiante, incrível.

Fantástico.

Foi tudo o que Louis sempre quis. Tudo o que ele quis nos últimos doze anos da sua vida. Os barulhos incríveis que Ethan estão fazendo são mais excitantes que o normal, porque dessa vez eram todos para ele e não para algum William ou Peter que não o mereciam.

E ele não conseguia parar de sorrir enquanto ambos recuperavam a respiração, enquanto ambos suados e nus no sofá não olhavam um para o outro. Mas por motivos diferentes, vejam: enquanto Louis parara de sorrir e franzia o cenho, Ethan sorria largamente.

— Aconteceu alguma coisa? Eu fiz algo de errado? – Ethan perguntou enquanto Louis se levantava e colocava a sua samba-canção.

— Não. – Louis respondeu. Porque era verdade. Ethan não tinha feito nada de errado.

Quem fizera era ele, que se aproveitou de um pouco de falta de sobriedade e a mágica infinita da domesticidade e simplesmente pegou o que sempre quis, sabendo que Ethan não gostava dele do mesmo jeito.

— Olha, Ethan...

— Por que eu sinto que você está prestes a terminar comigo mesmo sem a gente ter oficialmente começado nada? – ele sorriu.

— Ethan, eu estou falando sério agora. – ele começou a andar em direção ao seu quarto. – Eu sei que para você isso deve ter sido apenas efeito da quarentena e tanto tempo sem sexo. Mas para mim isso não foi só um sexo casual que eu faria com um John qualquer... Isso para mim, significou mais do que significa para você. E eu fui egoísta e não egoísta ao mesmo tempo só indo ali e pegando o que eu queria por anos... É, eu não me arrependo, mas, eu só quero um tempo para me recuperar quando você fingir que nada aconteceu.

— Hey, Lou, do que você está falando? – ele perguntou para Louis com o cenho franzido. – Você é a única pessoa que eu quero desde os quinze anos de idade, eu achei que você... Eu achei que você não fazia isso de ter relacionamentos.

— Porque a única pessoa que eu queria ter um relacionamento era você! – ele disse exasperado. – Desde sempre, desde os treze anos de idade.

Ele enfatizou o treze como se fosse algum tipo de vitória pessoal e não algo vergonhoso.

— Eu te amo! – Ethan gritou de volta, como se estivessem tendo uma discussão acalorada. – Isso para mim significou tudo. Tudo.

— Você não está brincando comigo? – Louis perguntou, levantando os olhos com um sorriso tímido.

— Você é um idiota. – Ethan girou os olhos e nas pontas dos dedos encontrou os lábios de Louis.

— Será que se eu acordar amanhã vou descobrir que isso tudo era uma das minhas fantasias? – Louis perguntou alto e ficou vermelho em questão de segundos.

— Você tem fantasias sobre mim?

— Eu não existo só para levantar seu ego.

— Não, você existe para mim e eu para você. – Ethan murmurou. – A gente poderia estar fazendo isso de estar juntos há dez anos. Que absurdo.

— Há dez anos! – Louis sorriu puxando-o em direção ao quarto.

— Sabe, eu tinha esperanças que um dia isso ia acontecer. – ele murmurou. - “Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a esse artifício conseguimos suportar o passado.”

— Você leu Amor nos Tempos do Cólera! – Louis murmurou espantado com a citação. – Apesar de não ter nada a ver com o momento.

— Eu só queria mostrar que eu li e mais de uma vez, sem ser o cara patético que lê tudo o que o cara que ele ama gosta.

— Você me ama mesmo.

— Eu já disse. – Ethan se aconchegou na cama de Louis, esperando que ele deitasse e o abraçasse. – Quem em sã consciência não amaria?

— Eu te amo. – Louis murmurou beijando o cabelo de Ethan. – Muito.

— Finalmente. – Ethan riu. – Estava achando que eu ia aqui entregar todo meu amor e me declarar e você não me diria nada.

Naquela noite Louis dormiu melhor do que já tinha dormido toda a sua vida, embriagado em algo mais inebriante que todo o álcool do mundo. Embalado no maior amor de sua vida enquanto murmurava uma famosa música pop.

If you wanna run away with me, I know a galaxy, I can take you for a ride.

— Eu sabia que secretamente o hipster que lê literatura latina amava Dua Lipa. – Ethan murmurou sonolento.

— Cala boca, I’m levitating. – Louis brincou, apertando o corpo de Ethan mais próximo ao seu.    


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Notas finais do capítulo

yeah yeah yeah yeah yeah...



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