I'm Not in Love escrita por Fushigikage


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Hey, olá!~

Aproveitando o momento bad vibes que estou vivendo pra focar em fanfics (e esquecer dos problemas), trago mais uma songfic de qualidade duvidosa. A escolhida da vez é I'm Not In Love do grupo 10cc (https://youtu.be/STugQ0X1NoI).
Eu gosto demais dessa música e faz tempo que queria escrever algo com ela. O impulso em si surgiu quando li a songfic de mesmo nome da SubarashiiAshita e ela sugeriu que eu escrevesse uma "versão" baseada em uma história que contei ?”? na ocasião, eu fui usar essa música pra me declarar e deu a maior confusão (?).

Enfim, espero que vocês gostem da leitura!~



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Havia algo que poderia passar despercebido por aqueles que conviviam diariamente com ela — e, internamente, ela agradecia aos céus por isso. Tendo escolhido fazer carreira em um ambiente predominantemente masculino era um alívio que conseguisse passar aquela imagem de mulher forte e focada. Era isso ou ser vista como frágil ou ainda pior — então era um alívio que conseguisse manter essa parte de sua personalidade em segredo. 

 

Com a rotina corrida, quase não sobrava tempo para si mesma — fosse para sair, para namorar ou ainda para dormir uma noite inteira sem ter interrupções. Esse fato tornava sua postura séria e profissional ainda mais crível, uma vez que a mulher parecia totalmente comprometida com o seu trabalho. Fosse debaixo de sol ou de chuva, lá estava Teresa Lisbon analisando cenas de crime e interrogando suspeitos — e o conjunto pesado que vinha com o seu trabalho colaborava para que, muitas vezes, esquecesse de si mesma. 

 

Obviamente ela não era uma puritana — que os céus a perdoassem, mas ela estava longe de sê-lo. Tinha prazer em explorar o próprio corpo e não era incomum que o fizesse para que pudesse relaxar e dormir. Entre saídas rápidas com amantes mais rápidos ainda, conseguia manter-se focada em sua carreira sem preocupar-se em ter responsabilidade afetiva com quem quer que fosse. 

 

O choque de realidade bateu forte — como um soco no rosto ou um chute no estômago — quando Jane abriu seu coração e, finalmente, a beijou. Como poderia ter escondido esse seu lado por tantos anos? A verdade é que Teresa Lisbon era muito romântica — terrivelmente romântica, para ser sincera. A vida a fez fingir que esse lado dela não existia, porém ele estava lá e fazia-se presente sempre que o namorado estava por perto. Era ouvir a sua voz ou vê-lo sorrindo para pensar em milhões de versos piegas que a morena muito provavelmente teria mandado para o loiro em cartas de dia dos namorados, caso tivessem estudado juntos. 

 

Ainda assim existia um abismo entre o que ela pensava e o que de fato saía de seus lábios. Era só olhar para ele que a mulher sabia que o loiro conseguia ver e sentir todo o seu carinho e amor — porém havia uma crescente necessidade de expressar ainda mais tudo o que sentia por ele. Por mais de uma década, havia apenas Jane em seus pensamentos; ele estava em suas orações e seu peito doía de preocupação para com ele quase o tempo inteiro. E nunca — nem por um instante — ousou pensar que poderia estar ao lado dele um dia.  

 

Agora que estavam juntos, faltavam palavras para expressar todas as centenas de milhares de coisas que sentia dentro de si. Jane era um homem carinhoso e romântico — e, por mais que nunca tivesse cobrado o mesmo dela, Lisbon sabia o quanto ele precisava se sentir amado, cuidado e seguro. Em seu íntimo, sabia que precisava fazer algo — entretanto tudo parecia tão infantil. Escrever cartas? Eles não eram adolescentes! Além do mais, trabalhavam o dia inteiro juntos e passavam a noite na casa dela, precisaria pensar em outra coisa ─ de preferência, uma que não pudesse ser facilmente encontrada por ele. 

 

Foi quase que sem querer que se deu conta de que talvez tivesse uma forma de se expressar sem usar palavras de fato. Era tarde de sábado e o clima estava agradavelmente fresco; Teresa estava organizando sua antiga coleção de CDs enquanto esperava que Jane chegasse o quanto antes para que pudessem dividir uma pizza. Enquanto olhava para as capas que muito embalaram sua adolescência, sua mente vagou para um tempo onde sentia que apenas aquelas letras eram capazes de descrever tudo o que sentia e pensava a respeito do mundo a sua volta e sobre si mesma. Ficou longos minutos segurando um deles, ponderando se deveria ou não tentar essa abordagem com o namorado — porém o som do batidas suaves na porta a tiraram de sua pequena distração. 

 

Patrick Jane estava impecável — bem vestido, como sempre, e com aquele sorriso radiante estampado no rosto. Sem demora, pediram duas pizzas grandes enquanto Teresa colocava na geladeira a garrafa de vinho que o loiro trouxe. Estava começando a escurecer quando o casal se sentou no sofá — a luz da sala estava apagada e o único fio de iluminação vinha de uma lâmpada do corredor. Duas caixas de pizza estavam abertas na mesa de centro, assim como a garrafa de vinho que estava quase no fim. Estavam quase adormecendo, quando Jane foi acordado com o movimento brusco de Teresa se levantando. 

 

— Posso te mostrar uma coisa? — Sem dizer nada, o homem assentiu e a morena colocou um CD no aparelho de som. — Eu ouvi essa música por muitos anos. Ela me faz lembrar você...  

— Lembrar de mim? — Perguntou, exibindo um sorriso travesso. 

— Mais ou menos. — Voltando para os braços dele no sofá, continuou. — É mais como eu me sentia em relação a você nesses anos todos. 

— Certo, estou curioso. 

 

A melodia suave preencheu o ambiente, disfarçando o silêncio levemente desconfortável que se fez presente. Teresa estava tensa nos braços dele e mesmo buscando um meio de manter-se calma, sabia que seu nervosismo era palpável. Por outro lado, Jane estava sério, como se estivesse absorvendo aquelas palavras que estavam soltas no ar.  

 

“Eu não estou apaixonado, 

Eu não estou apaixonado” 

 

Quando a canção terminou, a morena se moveu o suficiente para desligar o aparelho com o controle remoto. Mais cedo tinha achado que essa seria uma boa ideia — e agora se arrependia amargamente. Jane se mantinha quieto e impassível ─ e isso não era nada bom. Não havia nenhum comentário, nenhuma piada — o que enviava avisos de alerta para seu cérebro. 

 

— Então, — o loiro pigarreou. — Você não está apaixonada? 

 

A boca da morena se abriu em descrença. Não conseguia ver seu reflexo no vidro da estante, mas sabia que muito provavelmente havia perdido toda a cor de seu rosto. Todos os seus temores tinham se tornado reais, sua tentativa de ser romântica havia fracassado miseravelmente. Realmente, era melhor ter deixado uma carta escondida em seu sofá no FBI. 

 

— Você ouviu a letra? — Sua respiração estava pesada, o olhar baixo com medo de encontrar rejeição no rosto do homem que amava. 

— Ouvi sim e ela dizia que você não está apaixonada. — Disse simplesmente, o tom de voz baixo e calmo como sempre. — Então é assim que você se sente? Se você não me ama, está tudo bem, só me deixe saber quando quiser terminar isso. 

— Mas a letra diz o oposto disso. — Sua voz assumiu um tom mais agudo do que o esperado, as palavras saindo rápidas demais. Os olhos dele tinham um brilho triste, por Deus, ela estava à beira do desespero. — A pessoa da música está apaixonada, mas tenta negar isso a todo custo e... 

 

As palavras se perderam em seus lábios. Ao olhar para o sofá novamente, encontrou Jane sorrindo. Ela estava desesperada achando que ele havia entendido tudo errado e por isso estava magoado — entretanto, lá estava o bastardo rindo dela. Não um riso debochado, mas um riso divertido — repleto de provocação e carinho, tudo misturado.  

 

— Mas você já sabia disso, certo? — Revirou os olhos e cruzou os braços na frente do corpo; era como se estivessem na CBI novamente e Jane a estivesse provocando de propósito. 

— Sobre a música? Sim. — Exibindo seu sorriso mais brilhante, estendeu a mão direita na direção da morena. — Mas não sabia que você se sentia assim. Venha. 

— Então você não estava rindo de mim? — Aceitou a mão que a guiava de volta ao sofá, ainda que fingisse estar indo a contragosto. 

— Jamais, meu amor. Jamais. 

 

Diminuindo a distância entre seus lábios, trocaram um beijo quente e intenso — muito provavelmente por causa do vinho. As mãos dela se aprofundavam no mar dourado dos cabelos do consultor, ao passo que as mãos de Jane seguravam firme a sua cintura. Quando precisaram se separar para controlar a respiração descompassada, Teresa apoiou a cabeça no ombro do namorado — e ele prontamente a abraçou. 

 

— Você não precisa se forçar a demonstrar nada, Teresa. — A voz calma e suave era como música para seus ouvidos. — Eu te amo do jeito que você é e você me ama do jeito que eu sou. Isso que importa. 

 

Levantando a cabeça para encontrar os olhos azulados do loiro, não conseguiu evitar o sorriso que se formou em seus lábios. Trocando mais um beijo, a morena tomou a mão direita do namorado entre as suas — e então foram para o quarto juntos, onde teriam maior privacidade. 


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