Whenever with you. escrita por Jones


Capítulo 1
classy girls don't kiss in bars.


Notas iniciais do capítulo


Qualquer termo médico que aparecer nesse ou em outros capítulos é apenas fruto do google e da minha experiência de anos com Grey's Anatomy - apesar de eu não assistir mais, porque Shonda destrói a vida do telespectador.

Qualquer erro de francês vem da minha falta de prática, já que faz tempo que larguei o cursinho. Mas fiz até o Francês 7!

Qualquer erro de português tem a ver o com o fato de que não é um trabalho betado, mas prometo consertar em breve ♥

Anyways, espero que vocês gostem ♥



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Havia algo sublime em estar em um lugar novo onde ninguém te conhece, sabe sua história, seu passado e sua vontade de simplesmente fugir de si mesma. Não, ali ela podia simplesmente ser, simplesmente existir e não ter que explicar nada para ninguém, pelo menos naquele primeiro dia naquela pequena cidade. Ali ela teria controle da sua história, controle do seu destino e do que as pessoas saberiam sobre ela e sua irmã.

Mais cedo naquele dia, quando Fleur Delacour levantou sua bagagem azul de mão e abraçou a irmã mais nova pela cintura, ela respirou fundo.

— C’est ça.

Gabrielle olhou para ela com os olhos grandes e azuis inquisitivos e apertou sua mão. Por mais difícil que sua irmã fosse, ela compreendia que elas precisavam de um novo começo, uma nova casa e um novo capítulo, só não concordava que fosse tão longe de sua antiga casa. Com os pés afundados na neve grossa do mês de dezembro no inverno escocês, ela pensou no quanto amava o sul da França.

— Olhe lá! - Fleur apontou para o castelo de Hogwarts a distância, tentando reprimir seu sotaque francês o máximo suficiente já que desde que descera do trem as pessoas a olhavam torto por seus ‘erres’ arrastados. - Sua futura escola.

— Disfarce sua animação em se ver livre de mim, Fleurette. – Gabrielle girou os olhos. – Quer me enfiar em um internato estrangeiro em que ninguém fala minha língua para não ter que lidar comigo.

— Você estudava em Beauxbatons, Gabrielle, que é um internato. – Fleur colocou as malas perto das caixas que já haviam sido entregues na semana interior e olhou o pequeno casebre. Era aconchegante e bonito o suficiente para duas pessoas. – Você está falando a língua deles nesse momento e você não vai se ver livre de mim já que estamos no mesmo lugar.

— Admite que você não sabe o que fazer comigo e quer me jogar numa escola enorme para só me ver aos fins de semana. – ela cruzou os braços emburrada. – Se você pudesse já tinha me jogado lá, deve estar pensando nesse momento “malditas férias de fim de ano”.

— Precisamos de lenha para essa lareira adorável. – Fleur sorriu, dando um rodopio. – E não seja boba, irmãzinha, se eu te jogasse em Hogwarts no fim de dezembro, quem me ajudaria a desfazer as malas e arrumar essa casa?

Je te detéste. – ela semicerrou os olhos.

Pas du tout. – Fleur respondendo abraçando sua irmã com um sorriso largo.

— Eu sei que eu não te odeio de verdade e que nós somos tudo o que nós temos e que você me ama. – ela recitou naquele tom entediado de adolescente. – Mas-

— Vamos dar uma chance a esse lugar, ok? – a irmã mais velha suspirou.

— Não é como se eu tivesse alguma escolha. – ela bufou, levando uma das caixas com seu nome para o quarto que seria seu no segundo andar.

Olhando para si mesma, com um vestido preto e meias calças grossas num banco de um bar talvez ela se sentisse um pouco culpada por deixar a irmã de quinze anos sozinha em uma nova casa dormindo enquanto ela buscava um tempo para si mesma. Era completamente compreensível se você pensasse bem: ela era uma jovem de vinte e quatro anos responsável por uma outra pessoa de quinze que ela não tinha nem colocado no mundo.

Com vinte e quatro anos ela imaginava que a vida dela seria muito diferente do que estava sendo naquele momento, ela imaginava que após acabar sua especialização como enfermeira obstetra, ela iria sim se mudar para uma cidade menor e que não tivesse um exagero de ala obstetra como em seu último emprego, talvez arranjasse um namorado ou dois, saísse mais a noite nos dias que não estivesse de plantão e uns três ou quatro anos depois ela se casaria, teria alguns filhos e chefiaria uma enfermaria com suas qualificações que ela acumulara tão jovem.

Entretanto, a vida tinha outros planos, aparentemente.

Bebendo um gole de seu gin e tônica, a única bebida mais interessante mesmo que comum que encontrara naquele bar chamado Três Vassouras em Hogsmeade. Que nome engraçado ela pensou enquanto bebericava e ignorava os rapazes que pensavam em oferecê-la drinks. Gostava dos drinks gratuitos como qualquer outra garota, mas usualmente eles eram acompanhados por pessoas, pessoas com papos entediantes e expectativas que não seriam atendidas de jeito nenhum naquele dia.

— Você é nova aqui? – dissera pela milésima vez algum homem diferente ao seu lado direito.

Oui. – ela respondia sorrindo mesmo sabendo falar inglês perfeitamente, ainda que com um sotaque divertido. - Avez-vous deviné par mon accent ou par mon visage antipathique?

Sabia que tinha sido rude e sarcástica perguntando ao homem se ele tinha adivinhado pelo sotaque ou por seu rosto antipático. Mas ele não entenderia mesmo, assim como ela não entendia que eles usavam wee para se referir a poucas coisas e barmy para malucos ou “excêntricos”. Esses escoceses que são “barmy” ela pensou, enquanto sorria para o estranho.

— Madame Rosmerta, que prazer em vê-la essa noite. – uma voz mais grave disse ao seu lado esquerdo.

— Onde mais eu estaria, rapaz? – ela disse sorridente com os olhos verdes brilhando na direção do rapaz de tom de voz jovial. – Nem meu apartamento me vê tanto quanto esse pub decadente.

— Não há nada de decadente no Três Vassouras além da clientela. – Fleur viu pelo canto de olho que ele respondeu fazendo uma careta para o seu antigo professor de química do ensino médio, que estava em uma das mesas do canto do bar em uma conversa séria com algum loiro de nariz em pé que não parecia ser da região como ela.

— Quando você vai deixar de implicância com Snape, menino? – ela riu servindo uma caneca cheia de cerveja para o rapaz.

— Ele fingiu que não me conhecia quando eu assumi os negócios do velho Barnabás. – ele bufou. – Como se não tivesse me dado mais detenções que o aceitável durante todos os meus anos em Hogwarts.

Ela respondeu algo que Fleur não conseguiu ouvir e foi para o lado oposto do bar impedir que um homem embriagado entrasse no banheiro feminino enquanto dizia “esse é um estabelecimento familiar!”.

Fleur percebeu que ele não tentaria puxar assunto com ele, se sentiu até um pouco decepcionada. Estava acostumada a todos os homens pelo menos tentarem flertar com ela, e esse pareceu o mais simpático até o presente momento. Ela não tinha dado uma boa olhada em seu rosto, apenas no perfil: um pedaço de barba ruiva, o cabelo comprido e espesso e igualmente ruivo num tom alaranjado escuro pela iluminação “tímida” do bar.

Perdida em seus pensamentos, ela não percebeu quando ele se virou para ela e disse algo.

— Pardon, senhor? – ela pediu para que ele repetisse.

Primeiro ela olhou para a pasta que ele deixara aos seus pés, com uma etiqueta como aquelas que as mães fazem para os filhos encaparem seus livros didáticos escrita “William ‘Bill’ Weasley”. Um nome que não lhe era estranho, mas resolveu não pensar nisso naquele momento. Olhou para suas botas de neve marrons gastas, seus jeans escuros e sua camisa de flanela grossa até chegar em seu rosto.

Ele parecia que iria retrucar algo como “senhor está no céu” ou qualquer coisa ruim assim, mas as palavras morreram em seus lábios quando ele a viu de fato. Fleur estava acostumada a causar esse efeito nas pessoas, a vê-las boquiabertas e com as maçãs do rosto coradas... Só não imaginava que alguém pudesse causar esse efeito nela. William “Bill” Weasley conseguiu com suas orelhas vermelhas, os olhos claros e o cabelo laranja escuro, as maçãs do rosto altas e o maxilar forte e desenhado.  

Já tinha visto várias pessoas bonitas na vida, pessoas de todos os tipos já tinham a cortejado. Mas existia algo no rosto de Bill que o fazia se destacar perante os demais, talvez fossem os olhos sinceros e o sorriso simpático. A pele salpicada de sardas ou o cabelo preso por um coque desajeitado no topo de sua cabeça.

Ele coçou a garganta, desconcertado e desviou os olhos dos dela, tomando mais um gole de sua cerveja gelada.

— Eu disse que você não deve ser daqui com trajes finos desses num clima típico escocês. – ele sorriu mais uma vez um daqueles sorrisos simpáticos e deslumbrantes. Seu sotaque não era tão carregado como os dos outros, mas estava lá. Talvez ele tenha morado fora ou algo assim.

— Achei que minha visage de antipática deixava claro – dessa vez ela respondeu de maneira interessada, virando o corpo em direção ao dele e sorrindo. – É o que dizem dos franceses pelo menos, que temos a visage antipática.

Visage é rosto, não é? A última vez que falei francês foi no Ensino Médio. – ele riu. – E sua visage não é antipathique, é uma bela visage.

— Essa deve ser a conversa com o maior uso da palavra visage. – Fleur sorriu jogando o cabelo para trás. Mal podia acreditar que estava flertando com um estranho no bar... Talvez essa devesse ser sua nova identidade.

A pegadora do bar.

Torceu o nariz para si mesma e voltou a conversar com Bill, se esse for mesmo o seu nome.

— O que traz a Hogsmeade? – ele perguntou genuinamente interessado, ou talvez curioso como todas as pessoas que levantaram os olhos no balcão naquele momento.

— Essa é uma pergunta que requer respostas muito profundas para pessoas que acabaram de se conhecer. – ela escondeu o rosto no fim de sua taça de gin. – Essa bebida faz o meu inglês melhorar!

— Então vamos mantê-la abastecida. – disse a Madame Rosmerta com um sorriso acolhedor pela primeira vez naquela noite e Fleur devolveu o sorriso. – E Bill, pare de interrogar a moça.

— Eu estou flertando, é diferente. – ele fez uma careta com o rosto completamente vermelho. – Sem contar que meu palpite era que ela tinha se perdido e o carro dela estava coberto por neve nesse momento.

— E você seria o herói sem a capa que tiraria meu carro da neve como numa comédia romântica? – Fleur riu. – Je suis vraiment désolé, mas eu vim para Hogsmeade com a total intenção de vir para cá. E meu carro está bem coberto e protegido, pretendo inclusive andar para minha acomodação.

— Com essas roupinhas finas?

— Você está bastante preocupado com minhas roupas, non? – ela sorriu um sorriso grande e aberto que chegou até seus olhos claros, tocando-o no ombro e sentindo seu hálito de cerveja e bala de menta. – Sem contar que garotas com classe não sentem frio, apenas um pouco para receber um paletó ou blazer de seu petit ami.

— Garotas com classe tem muitas regras. – Bill disse com um sorriso que não se afastava de seu rosto, se aproximando cada vez mais do rosto dela.

— Uma das mais importantes é que elas não beijam em bares. – ela provocou e sorriu mais uma vez, se afastando e bebendo mais um gole de seu Gin.

— A francesa não está para brincadeira. – um cliente que ela não conhecia, o que era óbvio já que ela não conhecia ninguém, riu em algum lugar as suas costas.

A verdade é que beijaria Bill ali mesmo, sem problema algum. Ele era um rapaz que parecia solteiro, ela era solteira, ele era atraente, ela era claramente muito atraente... Mas aquele era seu primeiro dia em Hogsmeade, uma cidade pequena em que todas as pessoas pareciam se conhecer intimamente. Deixar uma primeira impressão daquelas não seria desejável.

Bill riu, mais uma vez vermelho até as orelhas. Sorrindo de maneira tímida ele a comprou mais um gin e tônica e ela devolveu o favor comprando-o mais uma cerveja. Passaram a noite rindo e conversando, sendo interrompidos algumas vezes por comentários divertidos da Madame Rosmerta e um ou outro conhecido de Bill que o cumprimentava e o agradecia por ele ter feito algum tipo de milagre.

Perguntaria sobre isso para ele em algum momento quando se vissem novamente. Como amigos.

No fim da noite, quando Rosmerta balançava o sino às onze da noite e o bar começava a se esvaziar com pessoas terminando seus últimos goles e reclamando que amanhã era segunda-feira, Bill se ofereceu para leva-la em casa.

Ela era capaz de caminhar sozinha até em casa, estava apenas levemente alta. Entretanto, tinha algo especial nos olhos dele que a fazia querer passar mais tempo com ele e entrelaçar o braço ao dele, enquanto se equilibravam nos ladrilhos escorregadios por toda aquela neve de dezembro.

Continuaram conversando e rindo, enquanto ela fazia perguntas sobre a cidade e ele respondia com alegria e brilho nos olhos. Ela aprendeu que ele estava ali porque a família precisava de sua ajuda, que antes ele trabalhava em Londres e ele aprendeu que ela trabalhava no sul da França e que mudara para Hogsmeade apenas com a irmã mais nova que começaria as aulas em Hogwarts após as férias de inverno. Não entraram em muitos detalhes, para alívio de Fleur e o alívio de Bill também, era assuntos pesados demais para aquele momento.

Bill e todos os seus irmãos estudaram em Hogwarts apesar do valor anual. Bolsas de estudo por serem da comunidade ou por estarem envolvidos em esportes como quase todos os seus irmãos mais novos ou por serem completamente nerds como ele e um de seus irmãos. Ela disse que não conseguia imaginá-lo como um nerd e ele riu e disse que não era para que ela deixasse seus belos traços a enganarem e que nerds podem ser bonitos.

— E quem disse que eu te acho bonito? – ela perguntou com uma sobrancelha erguida quando estavam próximos de sua nova casa. 

— Bom, você não disse que não acha. – ele coçou o cabelo ruivo, tirando-o um pouco do lugar.

— Hmmm. – Fleur tirou as chaves do bolso. – É aqui que eu fico.

— Então é aqui que eu te deixo. – ele sorriu, com as mãos nos bolsos.

— Merci pelo cachecol. – ela tirou o tecido grosso e tricotado de seu pescoço e entregou para ele.

— Eu sabia que essa história de “garotas com classe não sentem frio” era falsa. – ele riu, pegando o cachecol de volta.

— Você descobriu o meu segredo. – ela fingiu espanto e riu. – Sabe o que era verdade? Que garotas com classe não se beijam em bares. Mas nós não estamos mais em um bar...

Bill não precisou ouvir mais nada, se aproximou de Fleur e com uma leve hesitação que se dissipou quando ela assentiu com a cabeça, ele aproximou os lábios dos dela de maneira doce e gentil. Fleur abriu levemente os lábios, dando permissão para que ele aprofundasse o beijo e abalasse suas estruturas com aquela carga elétrica bagunçada e levemente embriagada de lábios, línguas e dentes.

Foi realmente algo.

— Fleur. – ela disse quando eles se separaram para respirar.

— Pardon? – ele perguntou.

— Meu nome, Fleur.

— Não me parece estranho. – ele ponderou.

— Significa flor em francês, uma palavra comum. – ela riu e encostando novamente os lábios nos dele, se despediu. – A gente se vê por aí.

— Com certeza. – ele confirmou sorrindo e esperando-a entrar em casa.

Fleur sorriu ao encostar as costas na porta. E foi desperta de seu transe alegre por um barulho e a voz implicante de Gabrielle do arco de maneira que dava acesso a cozinha, de braços cruzados e um sorriso de canto.  

— Teve uma boa noite, Fleurette?

— Que susto, Gabi! – ela reclamou, colocando a mão no coração.

— Fez amigos novos? – ela perguntou ainda implicando com a irmã.

— Você estava me espiando da sua janela? – Fleur perguntou de olhos semicerrados, olhando o sorriso nada inocente de Gabrielle.

— Eu não tenho uma vida nesse fim de mundo, tenho que viver a sua! – ela riu e mostrou a língua. – Ele é bonito o rapaz. Qual o nome dele?

— Bill. – ela sorriu.

— Que nome mais... Inglês. – Gabrielle riu.

— Você esperava que ele se chamasse o que? Guillaume? – Fleur riu e foi até a irmã. – Já passou da hora da senhora estar na cama. Allez, allez! Bonne nuit!

Gabrielle grunhiu, mas subiu as escadas reclamando e gritando boa noite para a irmã.

Fleur suspirou, também tinha que dormir. Amanhã era segunda-feira e com o início da semana tinha o início de um novo emprego, novos colegas e novas impressões a serem feitas.

Aquele era o início de uma nova vida e tudo daria certo.

                ♥           ♥           ♥

Tudo daria errado.

Tinham combinado que para o primeiro dia de trabalho de Fleur, Gabrielle faria o café da manhã para que ela pudesse ter mais tempo para ajeitar o cabelo naquele clima frio que deixava seu cabelo perfeito menos ondulado. Obviamente a menina nunca acordou para fazer o café da manhã e Fleur teve que engolir um pão integral com requeijão correndo enquanto tentava ligar o carro.

Que não ligava de jeito nenhum.

Respirou fundo, não era tão longe. Trocou os saltos altos por botas de neve sem salto, o que estragava total o visual de jeans brancos e camisa social branca e sobretudo bege. Mas o que podia fazer? Teria que se desculpar pela total falta de compostura no primeiro dia de trabalho e essa péssima ideia de combinar botas roxas com o outfit profissional.

Depois de andar os sete quarteirões até a “Clínica Médica de Hogsmeade”, colocou o maior sorriso do mundo enquanto carregava seus materiais na pequena maleta em um braço e sua bolsa com sua pasta cheia de documentos e seu almoço no outro braço.

— Bonj- Bom dia! – ela disse animada quando chegou a recepção e viu uma moça loira com não mais de vinte e anos sentada a mesa, olhando para um espaço vazio além de sua cabeça.

— Bom dia! – ela sorriu. – A clínica só abre em meia hora, posso te ajudar com alguma coisa? Deseja um café... Café acelera as pessoas demais, eu deveria dizer, talvez seja melhor uma xícara de chá. Temos de lavanda, herbal, camomila, chá preto.

— Não, não preciso de nada. – Fleur disse educadamente quando a moça que falava incrivelmente devagar parecia ter terminado de listar todos os chás da lista. – Meu nome é Fleur, Fleur Delacour.

— Ah, o meu é Luna, Luna Lovegood. – a garota disse sorrindo e ambas ficaram se olhando.

Foram interrompidas pela chegada de uma mulher mais velha. Fleur estava se perguntando o que estava acontecendo. Será que não a estavam esperando ali? Se houvesse algum mal entendido as coisas dariam muito ruim, porque precisava do emprego. Tinha dinheiro o suficiente para se sustentar e sustentar a irmã por herança de família, mas o emprego era um dos motivos de estar ali!

Nenhum de seus amigos na época entendera a sua necessidade de sair do sul da França para se mudar para um vilarejo gelado no meio da Escócia. Às vezes nem ela entendia, parecia que tinha colocado um dedo aleatoriamente num mapa e escolhido uma cidade no meio do nada sem transporte público, nenhum aeroporto e apenas uma estação de trem. Na verdade Fleur procurava um emprego em Londres, pensando em como as escolas de lá como Eton e qualquer outro lugar caríssimo como aquele pareciam boas. Seus pais sempre manifestaram o desejo que suas filhas estudassem fora, aprendessem outras línguas e experenciassem outras culturas e ela realizaria o desejo dos pais.

Foi quando se deparou com o anúncio em seu e-mail sobre uma vaga para enfermeira na única clínica que uma pequena cidade no interior da Escócia possuía, que acontecia de estar no mesmo vilarejo da melhor escola do Reino Unido. O empregador prometia um bom salário, um auxílio temporário de acomodação, um trabalho de 8 às 18 e folgas aos fins de semana – claro que com a perspectiva de ser chamada para eventuais emergências.

Parecia ótimo e completamente diferente do que vinha fazendo nos últimos anos na UTI obstétrica e pediátrica de um grande hospital no sul da França. Sem pensar muitas vezes e nem perguntar exatamente a opinião da sua irmã, ela mandou seu currículo e recomendações.

E agora a garota loira a olhava pacientemente como se não soubesse quem ela era ou o que ela estava fazendo ali. Era o fim.

— Poppy. – Luna disse. – Essa é Fleur Delacour.

— Fleur? – a senhora disse. – Ah! Srta. Delacour! Que prazer é te conhecer! Seu currículo é impressionante, uma mulher tão jovem, tão bonita e tão inteligente! Hogsmeade tem a sorte de ter aqui.

— Quem Hogsmeade tem a sorte de ter? – uma voz familiar disse da porta.

— Ah, Dr. Weasley, agora que vou voltar para Hogwarts, finalmente nossa nova enfermeira chegou! – Poppy disse animadamente.

— Madame Pomfrey, você sabe que eu não quero te devolver para Dumbledore, eu sentiria muito a sua falta. – o médico disse a fazendo corar.

— Você é muito charmoso para seu próprio bem, Dr. Weasley. – Poppy disse, sorrindo. – Bill, essa é Fleur Delacour, a nova enfermeira. Enfermeira obstetra inclusive, especialista em partos, pré-natal e nutrição infantil.

— Fleur? – ele disse com as orelhas vermelhas e os olhos arregalados.

— Bill? – ela respondeu igualmente espantada. – Mon Dieu.

— Poppy, acho que eles já se conhecem. – Luna Lovegood disse pensativa.

— Não seja boba menina, ela acabou de chegar da França. – Madame Pomfrey disse, cruzando os braços olhando para os dois que se encaravam surpresos.

As botas roxas com aquele outfit profissional era o de menos. O que você faz quando você descobre que flertou com e beijou o seu novo chefe antes mesmo de começar a trabalhar.

Que primeira impressão maravilhosa.   


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Notas finais do capítulo

E aí, foi meet-cute ou nem?