Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 78
O Pomo do Éden


Notas iniciais do capítulo

A tripulação d'o Esperança de Atena chega ao continente antártico onde acreditam estar a Segunda Relíquia dos Mares. Após atravessarem um planalto congelado, eles se deparam com algo misterioso: um vale paradisíaco.



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A tarde na Ilha da Rainha da Morte era de um calor escaldante terrível; engana-se quem pensa que é por culpa do sol, pois na verdade o próprio chão é morno e por vezes incandescente graças à lava ativa de um vulcão que levanta-se na montanha mais alta daquela ilha. O sol frequentemente estava escondido atrás das nuvens de fumaça que a boca do vulcão soprava para o céu.

Debaixo da fuligem e encostada a um monturo de antigas armaduras despedaçadas, uma criança está empolgadíssima com uma boneca na mão; uma boneca feita dos restos dos metais daquele lugar, toscamente na figura de uma menina. Um outro boneco igualmente tosco estava deitado no chão.

— E é isso o que você ganha por desafiar a mais poderosa da região. Isso mesmo, eu sou Lunara, a rainha da ilha da rainha da morte. Blergh! — falava ela, como se dublasse a voz da boneca que tinha nas mãos.

E então chocava os dois bonecos de metal, fazendo mil barulhos com a boca simulando a mais divina das batalhas com suas bonecas feitas de pedaços quebrados do metal escuro daquele entulho.

— O que acha de criar algumas dessas de verdade? — falou uma voz, interrompendo sua brincadeira.

Quando a menina levantou os olhos, viu em cima de um monte de entulho metálico a figura de uma garota usando roupas toscas como as dela. Mas então era alguém que ela já conhecia, pois era a guerreira mais famosa da região.

— Ai, você é a Ikki, né? — falou a pequena Lunara. — Fique sabendo que você deu sorte, que se você não conseguisse a Armadura, eu ia conseguir ela daqui uns anos, pode apostar.

— Sorte a sua que eu consegui. — falou Ikki, descendo até Lunara. — E então, acha que consegue criar armaduras como essas que você fez para suas bonecas, mas para mim, do meu tamanho, como a de Fênix?

— Ai, é claro que sim, mas eu não sou Cavaleira Negra. Vai lá falar com eles.

— Eles já aceitaram se juntar a mim. Mas agora eu preciso que eles se pareçam com nossos inimigos.

— Como se fosse uma modificação? — perguntou Lunara, finalmente interessada.

— Uma melhoria.

Ikki sabia que ali havia ganho a garota, famosíssima na região por não sair daquele lixão metálico, que era para onde iam as sobras das Armaduras criadas toscamente pelos Cavaleiros Negros da Ilha da Rainha da Morte. Lunara era da última geração de órfãos a serem enviados pela Fundação Graad ao redor do mundo, antes da morte do velho Kido; e, talvez por sua sorte, Ikki havia conquistado a Armadura de Fênix recentemente, poupando-a de um terrível treinamento.

— Disse que os Cavaleiros Negros aceitaram. — adicionou a pequena Lunara. — Eles são legais?

A pergunta desconcertou Ikki, que nem por um segundo refletiu se eram garotos e garotas agradáveis de estarem juntos. Ela não soube muito bem o que responder e sua resposta talvez estivesse mais carregada de rancor do que de verdade.

— São órfãos como nós.

Lunara ficou pensativa e voltou a olhar para seus bonequinhos de metal.

— Vou fazer parte de um grupo, então?

— Do melhor grupo. — provocou Ikki, com um leve sorriso no rosto.

E isso fez o rostinho da pequena se iluminar. Ela estava dentro.

 

—/-

 

"Diário de bordo, oitavo dia de viagem. Conseguimos selar a primeira Relíquia e isso trouxe um grande reforço na moral de todos. Atravessamos as águas do Oceano Índico sem grandes problemas, graças ao desempenho exemplar da tripulação, e finalmente chegamos às águas gélidas do Oceano Antártico, em que as temperaturas em alto-mar já são drasticamente menores. A Carta Náutica da alferes Lunara indica que a próxima Relíquia encontra-se dentro do continente gelado. Ancoramos próximo à costa e partimos para selar a segunda Relíquia. O grupo de exploração sente-se confiante. Eu também. Mas o paredão de gelo à nossa frente é uma visão absolutamente espetacular e aterradora."

Dentro do barco auxiliar, a pequena Lunara vestia um casaco de peles branco que lhe sobrava nos braços, muito maior que ela; Seiya havia lhe dado para usar de forma que sentisse menos frio naquela gélida e inóspita missão. Adiante deles, estendia-se uma costa toda branca. Não havia faixa alguma de praia, o oceano escuro e gélido encontrava-se com uma geleira vertical, com plataformas enormes. Teriam de escalar se quisessem seguir adiante.

— Tem certeza que é nessa direção? — perguntou Seiya para todos.

— Sim. Os apontamentos da alferes são sempre precisos. Precisamos chegar até o topo desse paredão. — comentou Geist ao seu lado

O gelo maciço levantava-se íngreme e vertical por mais de vinte metros e quase confundia-se com o céu branco daquele ponto do mundo. Lunara guardou no bolso daquele casaco branco a versão menor da carta náutica que trazia e buscou no barco auxiliar uma corrente escura com a ponta triangular; ela entregou para June, que havia treinando na Ilha de Andrômeda e era também muito habilidosa. A Cavaleira de Camaleão queimou seu cosmo verde-esmeralda e lançou a corrente escura que enterrou-se muitos metros no paredão de gelo; estava firme tanto quanto poderia estar. Kaire tomou a outra ponta e amarrou o barco auxiliar para que ele estivesse ali quando voltassem.

Havia outro par de correntes que Lunara trouxe, com ganchos afiadíssimos nas pontas, que June lançou até o topo do paredão de gelo para que eles pudessem escalar; Cavaleiros exímios como eram, não demoraram muito para saltar pela parede vertical com o auxílio das correntes retráteis. A pequena Lunara foi a última a subir, içada pela própria força da corrente mecânica que ela havia inventado.

À frente deles abriu-se um gigantesco planalto branco, que se estendia para todos os lados, e um vento cortante fazia esvoaçar as barras dos sobretudos que usavam. Seguiam Lunara, que ia adiante como a navegadora que era. O planalto seguia até um monte que se levantava baixo no horizonte; deixaram o gelo puro para caminhar na tundra da montanha, quando algo espetacular começou a acontecer conforme caminhavam: o gelo diminuía drasticamente.

A grama congelada de instantes antes foi transformando-se em uma trilha verde e impossível, conforme desciam por um vale em que, pouco a pouco, as árvores começavam a reaparecer com suas cores naturais e não a camada branca da neve. Ao surgirem do vale finalmente para a paisagem que se abria no fundo dele, estacaram, surpresos e deslumbrados.

— Por Atena, como isso é possível? — perguntou-se Seiya, enquanto Lunara ao seu lado tinha brilho nos olhos.

Era um vale paradisíaco.

Corria um rio baixo e cristalino de um lado do vale, margeado por uma planície verdejante em que crescia uma plantação baixa e colorida onde algumas pessoas faziam uma breve colheita. Algumas pequenas casas de madeira fumegavam por chaminés simples e havia um claro sinal de ocupação, bem como de um enorme contentamento entre seus habitantes. O grupo de exploração entreolhou-se sem conseguir compreender como aquilo era possível.

— Eu já tô morrendo de calor. — falou Lunara, tirando o casaco branco de Seiya e devolvendo para ele.

— Como isso é possível? Até o céu está limpo e azul. — falou June, olhando para cima.

— Alferes Lunara, tem certeza de que estamos no caminho da Relíquia? — perguntou Kaire.

— Sim, capitão. — respondeu ela. — Ela com certeza está em algum lugar por aqui.

— Um vale paradisíaco no meio da Antártida não é algo comum. — comentou Geist, muito séria.

— Vamos investigar. — falou o Capitão. — Escondam as Armaduras e fiquem atentos. Mesmo o Paraíso tem seus mistérios.

Os cinco tripulantes do Galeão de Atena desceram para o fundo do vale e não demorou muito para que fossem notados. E, para surpresa deles, foram recebidos com enorme festa por todos. Logo estavam rodeados por praticamente todos os habitantes daquele vale paradisíaco; todos usavam roupas improvisadas, leves, tinham um sorriso enorme no rosto. Todos adultos, felizes, das mais variadas raças e gêneros, alturas e larguras. 

Foram recebidos com diversas boas-vindas em idiomas diferentes e alegres, acenos e carinhos. Uma mulher mais velha ajoelhou-se na altura de Lunara e ofereceu-lhe um doce claro.

— Que menininha mais adorável. Quer um docinho, querida?

— Ai, eu quero. — aceitou Lunara de uma vez, colocando o delicioso doce inteiro na boca, para pavor de June, que mal teve tempo de impedir que ela comesse, com medo de que houvesse ali qualquer veneno.

Mas a pequena Lunara achou uma delícia e teve a bochecha apertada pela senhora.

— Faz muito tempo que não vemos uma criança. — comentou ela com Kaire, que de todos ali era o único adulto pleno. — Vocês todos são muito jovens.

— Também naufragaram aqui perto? — perguntou um homem para eles.

— Sim, encontramos dificuldades nos mares Antárticos. — respondeu o Capitão por eles, e Geist notou que o Capitão escolheu embarcar naquela narrativa para que não tocasse muito próximo de sua verdadeira missão. 

— Venham, chegaram na hora certa. A hora do almoço! — falou, mostrando duas cenouras enormes na mão. — Sabemos como é difícil a travessia do planalto, portanto primeiro é bom que descansem por um tempo.

O Capitão olhou para sua tripulação e concordou. E assim entraram naquele vilarejo impossível no coração da Antártida. A pequena Lunara seguiu de mão dada com a senhora que havia lhe dado um doce e foi logo cumprimentada por um senhor parrudo e carinhoso, que parecia ser o parceiro da mulher. Entre toda aquela população, havia uma jovem que parecia ser a mais nova de todos eles, embora tivesse pouco menos da idade do Capitão Kaire. Ela também os saudou e Seiya notou, em seu rosto, como se desenhou um sorriso breve quando olhou para ele.

O vilarejo tinha várias construções curiosas, pois eram de diversos tamanhos e cores; por vezes as portas ou janelas eram mais tortas do que deveriam ser e toda a arquitetura do lugar tinha um desprendimento estético enorme em favor do conforto e simplicidade. Os cinco foram escoltados como em uma procissão; levados para dentro da maior construção de todas no meio do vilarejo, com um enorme pé direito, onde ficava claro que era o local em que todos eles dormiam juntos.

Assim que entraram, logo sentaram-se em um enorme banco próximo à porta; um grupo despediu-se deles para que pudessem preparar o almoço. Seiya notou a garota aproximando-se para levar seu casaco de pele e pendurá-lo em uma arara ao lado do banco.

— Aqui não vai precisar dele, confie em mim. — falou ela com um sotaque carregado, e Seiya agradeceu. — Sou a Barbara, qual seu nome?

— Meu nome é Seiya.

— Prazer, Seiya. Descanse um pouco, mas quando puder, venha até o poço para comer alguma coisa.

Ela limpou uma sujeira de neve do cabelo desgrenhado de Seiya e sorriu, antes de sair pela enorme entrada lembrando-o de ir almoçar quando estivessem um pouco mais descansados.

— Quem é a pessoa que cuida desta comunidade? — perguntou o Capitão Kaire para um homem mais velho entre eles, que lhe sorriu de volta.

— Não existem líderes aqui. Eu sou apenas mais velho que todos eles, mas aqui somos todos iguais.

O Capitão Kaire olhou para aquela meia dúzia de pessoas cuidando deles, alguns tirando a neve de suas roupas, outros buscando alguma coisa para o conforto dos convidados entre as camas e alguns somente observando os recém-chegados. Havia um enorme contentamento no rosto de todos.

— Eu gostaria de saber mais como tudo isso é possível. — comentou o Capitão, novamente para um sorriso terno do homem, mas quem lhe falou foi a mulher ao lado dele.

— Somos uma comunidade formada por naufragados de muitas gerações. Encontramos nesse pequeno pedaço de paraíso um refúgio. — falou ela. — O que quiserem perguntar, podem perguntar a qualquer um de nós, pois a resposta provavelmente será a mesma e, cedo ou tarde, todos nós saberemos de qualquer forma.

A pequena Lunara continuava a ser paparicada pelo adorável casal, que a colocou em cima de uma das camas e tirou suas botinas para que descansasse um pouco antes de saírem para comer. 

E quando todo o gelo foi limpo, as roupas quentes empilhadas ou penduradas, suas botinas secas e seus pés esquentados, aquelas simpáticas pessoas se retiraram da enorme construção. A senhora do doce lhes deixou as últimas palavras antes de saírem.

— Sabemos que é muito cansativa a travessia de gelo, e também sabemos que somos muitos e muito curiosos, então deixaremos vocês aqui e, no tempo de vocês, fiquem à vontade para virem se alimentar; serão muito bem-vindos.

— Aliás, — adicionou o homem ao lado dela. — bem-vindos à Terra de Santo.

E assim fechou a porta, deixando-os a sós naquela enorme construção com pelo menos vinte camas espalhadas, muitas juntadas, em angulações estranhas, umas arrumadas, outras desarrumadas. O Capitão Kaire levantou-se e viu por uma janela como aqueles habitantes simplesmente retornaram às suas tarefas diárias com um enorme sorriso e leveza no rosto. Ele ainda totalmente zonzo, sobretudo como as coisas se passaram tão rápido desde que chegaram naquele vilarejo.

— Ai, eu adorei esse lugar. — falou Lunara com a bochecha enorme do doce que ainda chupava na boca.

Não era apenas Kaire que sentia-se soterrado de gentileza, falatório e boas-vindas; todos, à sua maneira, sentiam-se mais aliviados de poderem respirar um pouco do silêncio que ficou quando todo mundo se retirou. Olharam-se entre si e Seiya notou como June tinha uma desconfiança enorme nos olhos.

— Não gosta do Paraíso, June? — perguntou o Capitão Kaire, levantando-se finalmente.

— Isso não parece nada certo, Capitão. — falou ela. — Um vale paradisíaco no coração da Antártida, no pólo sul, com um tanto de gente feliz e contente. Eu não gosto disso.

— Mas eles não fizeram nada de errado, nossas coisas estão todas aqui, não estamos presos ou qualquer coisa assim. — tentou Seiya.

— E eles me deram doces! — falou Lunara.

O Capitão continuava olhando para os habitantes por aquela janela, mas dali não via absolutamente nada de estranho. Eles realmente pareciam uma comunidade feliz e tranquila, enquanto eles estavam realmente cansados da travessia, do frio e desconfiados sobremaneira com aquela recepção calorosa.

— O que acha, imediata? — perguntou ele, finalmente, e ela ergueu suas sobrancelhas, como quem procura refletir sobre aquela situação.

— Odeio ter de concordar com Camaleão. — começou ela, e June revirou os olhos ao seu lado. — Mas ela tem razão de que isso parece improvável e suspeito. Mas também acho muito intrigante, pois esse vilarejo parece condizer com as descrições imaginárias de muitos livros do começo do século 19 sobre uma misteriosa civilização na Antártida. Chamada de Terra Australis. Muitas histórias foram escritas sobre esse lugar, que era o nome pelo qual conheciam a porção de terra mais ao sul dos oceanos.

— E o que diziam essas histórias? — perguntou Kaire.

— Falavam de um Paraíso. Um lugar onde as pessoas prosperavam e eram felizes, onde nada faltava e não havia fome ou desavenças.

— Está dizendo que esse é o Jardim do Éden?

— Essa pode ser uma das interpretações, Capitão. — confirmou ela.

Capitão Kaire deixou a janela para olhar para sua tripulação e encontrou-os cansados, como era de se esperar depois de tantos dias em alto-mar e uma travessia pelas geleiras do pólo-sul. Lunara era quem tinha o rosto mais corado e feliz com o enorme doce na boca.

— Precisamos encontrar a Relíquia de Poseidon e selá-la. Acha que ela pode estar nesse vilarejo, imediata?

— É possível. A carta náutica de Nicol nos coloca que ela está em algum lugar nessa região.

— Não está sugerindo que a gente saia entrando na casa das pessoas procurando por uma relíquia, está? — perguntou June.

— Não, você tem razão, June. — concordou o Capitão. — Essas pessoas não fizeram nada, além de nos receber muito bem. Vamos a esse almoço que eles querem tanto servir e então espalhem-se pelo vilarejo; procurem por qualquer coisa suspeita que esteja à vista. Mas sejam discretos.

 

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O almoço foi servido em uma enorme mesa comunal em que os habitantes já sentavam-se trocando panelas, pratos e sucos entre si. Quando os cinco apareceram no centro do vilarejo, eles foram recebidos com muitos sorrisos de todos; o casal adorável de antes levantou-se para escoltá-los até seus lugares naquela mesa. Lunara sentou-se entre aqueles dois, que a serviram de legumes e arroz, enquanto Seiya sentou-se ao lado de Barbara, a garota que havia tomado seu casaco. Ela alcançou um prato para que ele se servisse também.

A comida que tinham em alto-mar, embora fosse salvadora e nutritiva, passava longe de ser gostosa ou inesquecível, de modo que aquele almoço ao ar-livre espalhando os aromas dos legumes refogados e frituras fazia parecer  como se estivessem em um paraíso. E por esse motivo, como se não estivessem em uma missão divina, ocuparam-se de almoçar em silêncio, absolutamente renovados por poderem se alimentar tão bem. Mas o silêncio não era apenas daqueles visitantes, como também de todos os que ali viviam e também comiam naquela mesa.

Um silêncio que se estendeu também para o momento em que eles terminaram a refeição; Seiya até procurou elogiar a comida para Barbara, mas ela lhe respondeu apenas com um sorriso silencioso. Seiya procurou seu Capitão Meko com os olhos e o encontrou igualmente confuso com aquele momento, pois todos estavam em silêncio, sem dizer uma única palavra. Não havia mais o som dos talheres ou dos pratos, ninguém mais mastigava, era um silêncio intenso. Como se alguém houvesse morrido.

Finalmente, na ponta da mesa, levantou-se um homem a quem eles não haviam sido apresentados. E assim que ele se levantou, logo levantaram-se todos para retirar os pratos, panelas e utensílios até uma enorme tina de água onde um grupo se ocuparia de lavar até a janta. Kaire e sua tripulação ajudaram no que puderam, ao menos levando seus pratos e talheres até o local indicado. Foi ali que Seiya sentiu seu braço sendo puxado por Barbara, para que ele a acompanhasse.

— Vamos ao riacho. — convidou ela, com duas canecas metálicas na mão e um sorriso no rosto.

Ele a acompanhou por uma curta campina e foi invadido por uma sensação terrivelmente familiar; seu rosto foi cortado por um sorriso reconfortante com a garota correndo levemente à sua frente. Ao chegar no riacho, ela mergulhou as duas canecas metálicas e ofereceu uma para Seiya, bebendo da outra.

A água era cristalina, gelada e deliciosa.

— Espero que tenham gostado da comida. — começou ela.

— Estava ótimo. Fazia tempo que não comia algo tão bom assim.

Ele ainda lembrava-se do almoço ao lado de Saori no píer de Rodório.

— Sei como é. A comida em alto-mar não é das melhores, né. — comentou ela.

— Nem um pouco. — concordou ele. — Você também navegava?

— Ah, sim. Essa é uma vila de naufragados. Todos aqui eram navegadores antes.

— E o que aconteceu para estar aqui?

— O barco dos meus pais bateu contra um bloco de gelo perto daqui. — disse ela, mostrando ao longe o casal que estava sentado enquanto Lunara contava mil histórias para os dois rirem. — E aí acabamos aqui nessa comunidade.

— E o que faziam nessas águas? — perguntou Seiya, arrancando um sorriso dela.

— A história mais antiga do mundo. — começou ela. — Eles estavam atrás de um tesouro.

— Um tesouro?

— Sim. — falou ela. — E eles têm certeza de que encontraram.

Seiya olhou para ela um pouco confuso, e viu seus olhos apontarem levemente para aquele vale ensolarado; ele finalmente compreendeu o tesouro que haviam encontrado. Seiya, ao ver o sol nos olhos de Barbara, finalmente compreendeu a sensação familiar que tinha ao lado dela: era quase como se o perfume de Barbara o lembrasse de Seika. Seus olhos também brilhavam de forma muito parecida.

Ele sentiu-se bem e deixou-se esquentar pelo sol impossível do pólo-sul.

Observando a tudo ao lado de uma construção torta, Geist notou com certa estranheza aquela aproximação repentina de Seiya com Barbara, bem como a alegria que Lunara trazia àquele casal. Havia algo de estranho que parecia ressoar com seu Cosmo no ar, algo que ela não tinha plena certeza de como explicar. Ouviu atrás de si uma voz grave lhe falar às costas.

— Deveria ir aproveitar o sol também.

Era um homem mais velho, a barba branca, mas os olhos tranquilos. Ela sentiu um calafrio ao vê-lo; tinha os braços cruzados nas costas e um breve sorriso no rosto. Ele percebeu que Geist olhou para o que escondia nas costas e fez questão de colocar à mostra: um livro com uma capa de couro.

— As Mil e Uma Noites. — adivinhou ela, imediatamente, ao notar a capa.

— Você conhece? — perguntou o homem.

— Evidentemente. — respondeu ela, muito séria. — É meu livro favorito.

O sorriso no rosto do homem era calmo e reconfortante.

— Mas você já sabia disso. — comentou ela, desmanchando um pouco a expressão do velho homem. — Diga-me, quem é Santo?

O homem a olhou de maneira confusa e ela deixou sua dúvida um pouco mais clara, afinal de contas ninguém poderia ser um santo e, se houvesse alguém ali próximo disso, na verdade, eram ela e seus amigos.

— A "Terra de Santo". — relembrou Geist o nome daquela região. — O nome sugere a existência de alguém cujo nome é Santo, dono dessa Terra.

O homem, no entanto, lhe sorri e aponta para o riacho:

— Não é o nome de ninguém, mas de nosso rio. Santo. Pois é o que nos permite viver.

Geist olhou para o riacho em que Seiya e Barbara sorriam, algumas outras pessoas colhiam de sua água também para se refrescarem, viu como as plantações tinham caminhos de terra desviados para que pudesse regar as colheitas. Acompanhou com os olhos a extensão do riacho para ver que ele caía do pé de uma montanha que subia do outro lado do vilarejo.

Ela olhou novamente para os olhos daquele homem e outra vez sentiu um enorme calafrio.

— Muito obrigado, senhor.

— Não precisa agradecer. E leve o livro consigo. Quem sabe assim não se esquece de mim.

Geist faltou-lhe o ar, mas ela agradeceu e finalmente distanciou-se dele como se para recuperar o ar que lhe faltava com aquele encontro. 

Sentou-se outra vez na mesa comunal e buscou o Capitão Kaire no vilarejo; como era um lugar pequeno e de poucas pessoas, não demorou muito para encontrá-lo ao lado de June, conversando segredos ao pé do ouvido. Ela levantou-se e foi até eles.

— Capitão. — apresentou-se Geist.

Kaire a olhou e os três juntaram-se um pouco mais longe dos habitantes para conversarem a sós.

— Bem a tempo. Algo a reportar, imediata? — perguntou ele.

— Espero que não esteja apaixonada. — falou June, para um olhar reprovador de Kaire.

— Capitão? — perguntou Geist, confusa.

— June teima de que estou encantado, enfatuado com uma habitante do vilarejo. — caçoou ele.

— Naturalmente. — concordou Geist, para surpresa de Meko. — Pergunto se a oficial-médica não encontrou entre os habitantes dessa terra alguém especial também.

— Você olhe bem como fala! — acusou June.

— Calma. — contemporizou Meko. — O que quer dizer?

— Este lugar parece nos completar com sensações às quais estamos procurando. — June sorriu olhando para Kaire, como se estivesse certa, mas Geist continuou. — Seiya encontrou uma irmã. A alferes Lunara encontrou uma família.

— E nosso estimado Capitão encontrou uma belíssima morena. — disse June, e Kaire olhou para ela, reprovando-a.

— Ela está errada, Capitão? — perguntou Geist.

Kaire ficou em silêncio e então chacoalhou a cabeça.

— Isso já está virando um complô. — reclamou ele. — Isso não importa. O que acha que pode estar causando isso? Acha que tem a ver com a Relíquia?

— Deve ser a água que eles bebem. — brincou June.

— Na verdade, eu acho que você tem razão pela primeira vez, Camaleão. 

Geist apontou para o rio e como tudo estava conectado a ele de alguma forma.

— Chamam o rio de Santo, que dá o nome dessa terra também. Vejam como ele desaparece atrás do monte. Creio que valha a pena fazer uma visita à sua nascente.

— Muito bem, Geist. — falou Kaire.

Mas então foram surpreendidos por uma morena lindíssima que pareceu materializar-se entre eles com uma manga rosa em uma das mãos e uma fatia amarelíssima na outra, que ofereceu para Kaire; o capitão a recebeu com um enorme sorriso no rosto.

— Frutas fresquinhas. — disse ela.

Kaire olhou para June e Geist sem conseguir disfarçar seu sorriso, que lhe cabia tão estranho no rosto rasgado de cicatrizes do mar. Era um grande bobo e a mulher conseguiu puxá-lo pelos braços, como se ele fosse feito de plumas; ele partiu, mas deixou uma ordem.

— Partiremos assim que o sol se pôr. — falou ele, sendo carregado aos sorrisos pela morena.

June e Geist viram-no sendo levado para um bosque de árvores carregadas de frutas.

— Creio que o Capitão se esqueceu de que aqui o sol não se põe. — comentou Geist.

— É. Ele deve ter se esquecido. — falou June e perguntou com um certo deboche. — E quanto à você, Geist, o que encontrou de especial nesse paraíso?

— Um pai. — respondeu ela secamente, retirando-se.

 

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Kaire seguiu a morena pelo bosque frondoso para não muito longe de onde o riacho ainda corria; chegaram até uma clareira onde pássaros e coelhos fugiram quando o casal chegou. A morena virou-se para abraçá-lo fortemente e Kaire foi invadido por uma saudade imensa; o cheiro era o cheiro dela. Parecia impossível.

Ele comeu um pedaço da manga que a morena lhe ofereceu e juntos sentaram-se em um único tronco caído na clareira para descansarem; duas faces contentes.

— Quem é você? — perguntou Kaire.

— Por acaso importa quem eu sou? — perguntou ela com o sorriso mais lindo do mundo.

Era um tanto ridículo, mas de fato não importava para Kaire.

— Por que me sinto assim?

— Porque é o que você quer. — respondeu ela. — E eu também.

Ela então se aproximou do Capitão, mas ele hesitou, desviando do beijo certo.

— Desculpe-me. — falou ele. — Não parece certo.

— Por que não?

— Você não é ela. — falou ele, olhando para aquela morena.

E levantou-se do tronco.

— Ninguém é. — falou a morena atrás dele. — Aqui ninguém é ninguém. Somos quem precisamos ser.

— Para quem?

— Para nós. — respondeu ela.

— Eu não entendo.

— Não sou apenas eu que lhe completo, Capitão. Não é apenas meu perfume que aplaca sua saudade. — ela então pegou-lhe nas mãos calejadas e traçou com seus dedos delicados as cicatrizes que Kaire tinha no rosto. — Você também tem parte do que eu preciso.

— Quem é você?

— Alguém que também perdeu.

Ele olhava para ela, não tinha os olhos suplicantes, mas terrivelmente fortes, que era como ele lembrava-se dela.

— É como se as pessoas aqui representassem exatamente aquilo que nós sentimos falta.

— É exatamente assim. — concordou ela.

— Então você também sabe disso?

— Todos sabem. — disse ela.

— E não acha estranho?

Ela olhou para o lado, para as flores que floresciam na grama.

— Todos aqui fugiram para o mar, cada um por seu motivo, cada um de um lugar do Mundo. E todos aqui encontraram algum tipo de tragédia em alto-mar. Apenas para nos reencontrarmos aqui. Estranho foi ter perdido meu marido. Ter decidido pegar o iate de meu pai e viajar ao pólo-sul. Estranho foi ter sobrevivido à tormenta. Estranho foi ter encontrado um vale paradisíaco. Te encontrar não é estranho. É um presente.

Ele sorriu, mas deixou a cabeça pender para o chão, de um certo modo desanimado, mas muito dividido ainda. Ela se levantou e o abraçou de maneira tão cremosa, que o gigante Meko se sentiu como se houvesse derretido naquela paragem; o cheiro de seus cabelos era do perfume mais arrebatador para ele.

Mas ele era um Capitão de Atena.

— Me desculpe. — começou ele, apartando o abraço e partindo o coração daquela morena bem como o seu também.

Ele se forçou a olhar nos olhos daquela morena, lacrimosos, e precisou ser muito forte para soltar-lhe as mãos; mas a saudade era tão forte que ela correu novamente para abraçá-lo e Meko precisou ser muito forte para não se deixar cair de ternura.

Até que finalmente deixou aquela clareira para retornar ao vilarejo à procura de June e Geist, mas elas já não estavam em lugar algum.

 

—/-

 

O rio tornava-se mais e mais caudaloso conforme avançavam por seu curso, distanciando-se do vilarejo e subindo levemente o monte pelo qual ele corria. Dobraram uma curva estreita para a esquerda e viram que o rio caía por uma queda baixa, mas represada de uma bonita lagoa. A lagoa precedia uma entrada de caverna, que tinha muito proeminentes duas estalactites de pedra enormes na sua frente.

— Outra caverna. — observou June, lembrando-se da Ilha dos Pequenos.

— Não sinto nenhum Cosmo dentro, mas temos de nos manter em alerta. — pediu Geist.

Margearam a lagoa e desceram alguns degraus naturais da entrada da caverna, quando perceberam que, dentro dela, o frio era imenso. Ela estava inteira congelada, invadida de neve e de uma temperatura terrível. 

— Quem está aí? — falou uma voz na escuridão, antes que a dupla pudesse ver qualquer pessoa na caverna. 

Geist pediu que elas parassem de caminhar e não deixou que June vestisse sua Armadura, pois afinal de contas não parecia ser o momento de batalha.

— Somos do vilarejo da Terra de Santo. — falou Geist.

— Não deveriam vir até aqui. — falou a voz, finalmente revelando-se.

Um Marina de Poseidon.

Não havia qualquer margem de dúvidas, pois ele trajava uma maravilhosa armadura perolada em azul, que June reconheceu ser do mesmo material que a do terrível telquine. Mas essa figura era, de certo modo, muito mais misteriosa, pois sua voz era doce e delicada, assim como eram também suas feições faciais. Não conseguiam precisar se se tratava de um homem ou de uma mulher debaixo daquela armadura. 

Ao notar a dupla em guarda, seus olhos torceram-se levemente e ela imediatamente adivinhou que não eram habitantes de Santo. Mas também ainda não tinha certeza de quem eram.

— Quem são vocês?

Geist pisou adiante.

— Sou Geist, a Cavaleira de Prata de Argo.

— Uma Cavaleira de Prata. Você está muito longe de casa, Cavaleira de Atena.

— E você é um dos Marinas de Poseidon. — falou June.

— Sou Santo de Oceânide. — falou ela, olhando para as duas. — Suponho que você também seja da Ordem de Atena.

Elas então colocaram-se em guarda, uma em cada flanco de Santo.

— Não há necessidade de nada disso. Essa caverna sagrada não verá nenhuma batalha.

— Sabe por que estamos aqui? — perguntou Geist.

— Não. — respondeu ela secamente. — Eu deveria?

— Estamos aqui para selar a Relíquia do Mar.

Santo pareceu refletir sobre aquela informação e respirou fundo olhando para elas. Se fosse possível ler sua feição, era como se houvesse um enorme desapontamento. E finalmente colocou-se em guarda, também olhando firme para elas, pois, afinal de contas, talvez aquela caverna realmente fosse ver uma batalha.

June e Geist tocaram seus pingentes, revelando as Urnas em suas costas e, num lampejo de luz suas armaduras vestiram seus corpos. Santo de Oceânide viu diante de si duas Cavaleiras de Atena magníficas. E sua postura se acalmou.

— Não terei chance contra duas Cavaleiras de Atena.

June e Geist também acalmaram a guarda e a Cavaleira de Argo perguntou.

— Sabe onde está a Relíquia?

Santo fechou os olhos e caminhou para o fundo da caverna, com as duas seguindo seus passos. Não se aprofundaram muito mais dentro da caverna, e logo viram um pedestal tosco com um emblema dourado lindo: duas serpentes que devoravam cada uma a cauda da outra. Atrás dela, um tridente inscrito na pedra. Era, sem dúvidas, a Relíquia do Mar.

Geist retirou o Selo de Atena que trazia, mas a voz de Santo fez-se ouvir novamente na caverna.

— Querem mesmo fazer isso? — perguntou ela, e as duas a olharam.

— Como assim? — perguntou June, impaciente.

— Vocês vivenciaram o paraíso. O vilarejo dos naufragados. A felicidade e o contentamento. Tudo isso só é possível por conta do poder da Relíquia.

As duas se entreolharam e Geist adivinhou.

— Está usando o poder divino que transborda da Relíquia para fazer aquelas pessoas terem dias perfeitos. — tentou ela.

— Não vejo outra maneira melhor de se usar o poder de um deus. — falou ela.

— Mas não é somente um Paraíso verde com muitas frutas. — falou June. — Também faz as pessoas acreditarem que encontraram pessoas importantes para elas.

— Não é isso o Paraíso? — perguntou Santo para June.

June não soube o que responder e viu como Geist hesitou diante daquela Relíquia, pois invadiu-lhe o peito a lembrança daquele velho homem que tanto a lembrava de seu pai.

— Estamos aqui para garantir que Poseidon não ressurja nesse tempo. Temos de selar essa Relíquia. — falou Kaire, surgindo na caverna.

As três olharam para trás e o encontraram com lágrimas nos olhos e o rosto entristecido. Ele caminhou até Geist, pegou-lhe o Selo de Atena das mãos hesitantes.

— Vai nos impedir? — perguntou ele.

Santo, que via a dor no rosto de Kaire, respondeu calmamente.

— A mim não importa Poseidon. Importava-me que todos vivessem em paz. Lamento que queiram destruir essa paz.

E então ela deu alguns passos para trás, deixando a decisão para eles.

Kaire então queimou seu Cosmo prateado e finalmente selou a Relíquia do Mar daquela caverna, apagando seu efêmero brilho dourado. A consequência imediata foi que o gelo daquela caverna muito rapidamente derreteu-se pela parede, pelo teto, pelo chão; a temperatura tornou-se mais amena e, por um momento, pareceu a June que, na verdade, eles tinham feito um favor àquela região.

Mas quando notaram que Santo deixava a caverna, o trio acompanhou-o para o lado de fora e encontraram o lago completamente congelado. O vale coberto de neve, o céu esbranquiçado; a caverna toda congelada e com um aspecto ainda mais aterrorizador, pois parecia demais uma serpente de boca aberta. Santo ficou ali naquele lago congelado enquanto eles se juntaram de volta para o vilarejo e o encontraram sendo fustigado por uma ventania gelada.

— Seiya! Lunara!

O trio chamava por eles, quando finalmente os dois, abraçados, com Lunara usando o casaco de pele novamente, saíram da maior das construções e juntaram-se a eles. Suas faces carregavam uma tristeza enorme, que Kaire tão bem reconhecia.

— Encontramos e selamos a Relíquia do Mar. — falou o Capitão para ele e olhou por todo o local procurando por aquela mulher. — O que aconteceu aqui?

Seiya olhou para trás, onde olhos curiosos os observavam pelas janelas.

— As pessoas deixaram de se amar. — respondeu Seiya, simplesmente.

E assim caminharam de volta para o planalto gelado. Sem o rio divino da Relíquia do Mar, as pessoas que ali moravam tornaram-se desconfiadas umas das outras, deixando para trás a paz que antes reinava naquele bonito vale. Junto do sol que nunca mais visitou aquele lugar.


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Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: Outro capítulo que eu adaptei um episódio de Star Trek dentro da história. Realmente muitas histórias foram escritas sobre os mistérios de Antártida e algumas delas eram sobre ser mesmo um paraíso, de forma que eu usei esse mote para introduzir esse mistério. Ao mesmo tempo eu achei interessante mostrar um Marina bem diferente do telquine que sugava as crianças, esse aqui usava o poder de Poseidon para fazer as pessoas felizes. Também é um capítulo importante, pois ainda estamos conhecendo a tripulação e eu precisava colocar o que era importante pra cada um deles para poder desenvolver mais lá na frente.

PRÓXIMO CAPÍTULO: A NOITE NO SANTUÁRIO

Enquanto o Capitão Kaire e sua tripulação cruzam os Sete Mares, a noite no Santuário é cheia de saudades.



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