Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 62
O Homem Por Trás da Máscara


Notas iniciais do capítulo

Marin finalmente chega ao topo da Colina das Estrelas onde um terrível oponente coloca-se para proteger um segredo que há 15 anos assombra o Santuário.



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Os ventos que sopravam no alto da Colina das Estrelas eram poderosos, de modo que Marin por algumas vezes durante o terrível embate contra o Cavaleiro de Ouro foi surpreendida por lufadas violentas que a desequilibravam naquele platô.

O Cavaleiro de Gêmeos surgiu como o guardião do Templo das Estrelas que ficava naquela enorme colina; mas, assim como veio, subitamente desapareceu logo que a noite caiu, esvaindo-se no vento forte. Marin refletiu que, sem dúvidas, havia sido um milagre aquele que tirou o Cavaleiro de Ouro de seu caminho.

Ela se levantou, aproveitando que estava novamente só, e correu para dentro do templo esculpido na pedra daquela gigantesca colina isolada no horizonte. O ambiente era escuro, pois não havia nenhum archote, tocha ou qualquer fonte de luz dentro daquele templo que sequer pudesse ser acesa por ela. Pois assim que Marin entrou na câmara escura, percebeu o motivo e de como não precisaria de nada para se guiar: seu Cosmo prateado ascendeu ao redor de seu corpo sem que ela o controlasse e uma aura brilhante iluminou seu caminho templo adentro.

Como se tratava de um pináculo de pedra isolado entre montanhas e colinas mais baixas, aquele platô era relativamente pequeno, de modo que o Templo das Estrelas não era grande. Consistia de um curto corredor interno que levava até um pedestal esculpido em pedra, onde ficava repousada uma bonita taça de prata, grande, de bojo largo e borda saliente. O Cosmo prateado de Marin refletiu contra o metal da taça e também luziu a superfície de uma água escura que, curiosamente, parecia não estar parada, mas movia-se muito sutilmente dentro do bojo.

— A Armadura de Taça. — adivinhou Marin na escuridão.

Olhou com admiração para aquela Armadura de Prata, como a sua, mas que diferente da sua tinha propriedades distintas, como ela bem sabia. A Armadura de Taça dava ao seu Cavaleiro a importante tarefa de verificar e até guiar as decisões do Sumo Pontífice em suas leituras estelares que, em geral, eram feitas naquele Templo, por se tratar do ponto mais próximo ao céu.

Ela caminhou ao redor da taça e, próxima do fundo, notou que escondido na escuridão havia um brilho púrpura e muito sutil escoando da base de uma parede, como se uma ante-sala iluminada se escondesse, trancada por uma porta. Ela deixou a Taça onde estava e aproximou-se do fundo do Templo, em que observou, graças à luz de seu Cosmo, que era uma parede intransponível, sem qualquer sinal de trinco ou meios de se abrir.

— Saia daqui. — soou a voz ecoada e grave de alguém às suas costas.

Ela se virou assustada e notou que o Cavaleiro de Gêmeos estava de volta.

Seu corpo enregelou, pois agora estava encurralada no fundo do Templo contra um Cavaleiro de Ouro que, bem sabia ela, era capaz de manipular dimensões e atacá-la de onde ele quisesse. Ela não tinha a mesma capacidade.

Marin tinha que atacar.

Saltou de onde estava, mas seu poderoso chute não encontrou ninguém, pois o Cavaleiro de Ouro reapareceu ao seu lado assim que ela voltou ao chão e a envolveu com uma esfera escura, pontilhada de estrelas, que a engoliu por completo. Dentro daquele ovo cósmico, Marin não soube quanto tempo se passou, mas quando a casca dele rachou, ela estava outra vez do lado de fora do templo. Debaixo do céu estrelado, mas ainda no topo da montanha. 

Viu surgir de dentro do templo escavado na rocha a assombração que era aquele Cavaleiro de Gêmeos, cujo elmo escondia seus olhos nas sombras. Marin ponderou os motivos pelos quais ele não havia dado cabo de sua vida ali mesmo; parecia haver algo que o impedia de usar todo seu poder dentro do Templo.

Mas não havia nada que o impedisse de usar todo seu poder ali fora.

Marin notou como o Cavaleiro de Gêmeos ergueu as duas mãos e delas esferas douradas espalharam-se pelo céu brilhando como pequenos balões dourados de brilho duro; e ao comando de seu Cosmo, as esferas convergiram todas para atingir Marin, como se ela fosse o centro de uma explosão primordial que se consumia. E foi assim que sua Armadura de Prata foi toda destruída pela técnica avassaladora do Cavaleiro de Gêmeos.

Sua própria máscara de prata, que tão bem escondia seu rosto, estava agora rachada como grande parte da sua proteção do corpo. Ainda assim, era preciso mais para derrubar uma Cavaleira como ela e, com enorme dificuldade, ela novamente colocou-se de pé. A assombração de Gêmeos caminhava lentamente na sua direção, os braços estendidos, cada passo de suas pernas pintava naquele platô um tecido celeste pontilhado de estrelas. Era o seu fim, a sua Armadura de Águia não tinha asas e seu Cosmo havia sido destruído pela explosão estelares.

Mas como parecia comum naquele dia inteiro, outro milagre pareceu operar, pois alguém veio de longe na hora certa para lhe salvar a pele; um Cosmo enorme, capaz de rivalizar aos dos Cavaleiros de Ouro, invadiu o platô de pedra e uma voz grave, decidida e muito bem-vinda conjurou sua técnica máxima.

— Exorcismo do Rompimento!

À frente de Marin, a imagem do Cavaleiro de Gêmeos distorceu-se como uma fotografia fatiada e deslocada; a imagem tremia com violência, como se tentasse resistir àquela inesperada intervenção poderosa de ninguém menos que Mayura, a Coruja de Atena. Sua técnica era poderosa e capaz de expulsar indesejados hospedeiros que não poderiam estar onde bem quisessem. 

E aquele Cavaleiro de Gêmeos certamente estava distante demais da Casa que deveria proteger, de forma que de duas, uma: ou estava ali de verdade ou estava distante. O corpo escuro nas sombras debaixo da assustadora Armadura de Gêmeos se defez aos poucos dentro daquela terrível técnica de Mayura e o que sobrou entre elas foram as partes da Armadura de Gêmeos espalhadas pelo chão.

Pois ele nunca havia estado ali.

Marin levantou os olhos e viu Mayura de pé, seus olhos escondidos, mas seu corpo revestido de uma armadura de cores prateadas e malhada de bronze. O pouco que se via de seu corpo, totalmente enfaixado. A Armadura de Gêmeos que espalhava-se à frente dela brilhou uma última vez e desapareceu no espaço para longe. Mayura veio até ela e a levantou.

— Conseguiu cumprir com sua missão, Marin.

— Sim, Mestre Mayura. — falou ela, levantando-se.

— Então vamos juntas descobrir o que se passou aqui.

Apoiada em Mayura, Marin caminhou novamente para dentro do Templo das Estrelas onde juntas notaram o sutil movimento da água dentro da Armadura de Taça. Marin chamou a atenção de Mayura para o brilho no fundo do templo; ela sabia tratar-se de um lugar escondido que precisavam descobrir qualquer que fosse o mecanismo para entrar. Mas Marin notou como Mayura simplesmente pisou adiante da parede e desapareceu do outro lado.

Uma ilusão.

Marin respirou fundo e entrou também em um pequeno cômodo, em que imediatamente deu de cara com a fonte daquele brilho púrpura: um corpo deitado sobre um banco de pedra.

Sua aura púrpura ainda brilhava ao redor de seu corpo, como se o seu Cosmo ainda teimasse em arder. O cômodo em que estava, Marin notou, tinha estantes vazias nas três paredes nuas; a única coisa que havia ali era mesmo o corpo de um homem maduro, cujas linhas de idade já haviam tomado seu rosto, de longos cabelos, uma batina negra manchada de um carmesim escuro com um rombo determinante no tecido na altura do peito. Debaixo das bonitas franjas, Marin percebeu que ele tinha duas marcas distintas acima dos olhos.

— Ele é de Jamiel, a Terra de Mu. — falou Marin, confusa.

— Não poderia ser diferente. — falou Mayura, que nada podia ver. — Reconheço seu Cosmo, ainda que apagando-se lentamente dessa forma, pois já está morto há muito tempo.

— Quem é ele?

— Esse é o Mestre Arles de Jamiel, irmão do antigo Papa Sião e o verdadeiro Camerlengo do Santuário.

Marin olhou com assombro ao seu lado para Mayura.

— O verdadeiro Camerlengo. — refletiu Marin.

— O braço direito do Sumo Pontífice por toda sua vida.

— E o que ele faz aqui?

— Não poderia estar em qualquer outro lugar. Quem quer que tenha assassinado o Mestre Arles de Jamiel não poderia enterrá-lo em vala nenhuma, pois seu Cosmo brilhou ainda por muitos anos.

— Como pode isso, Mestre Mayura?

— Um truque. O Mestre Arles era o maior dos curandeiros de Jamiel, um conhecedor profundo do corpo humano.

— É verdade, o Povo de Jamiel dedica-se com afinco às artes da cura. — lembrou-se Marin.

— Não somente das Armaduras, como se pressupõe equivocadamente. Pois o Mestre Arles foi aquele que prolongou tanto quanto pôde a vida de seu irmão Sião para que liderasse o Santuário por mais de duzentos anos.

— Duzentos anos?

— Sim. Desde a última Guerra Santa.

Marin assombrou-se, pois desde que havia chegado ao Santuário, ainda muito menina, lembrava-se de como o Papa Sião era respeitado e de como ao seu lado estivera sempre aquele enorme padre de batina preta e elmo dourado. 

— Falou de um truque, Mestre. — mencionou Marin.

— Seu Cosmo se apaga lentamente como uma chama do Relógio de Fogo, mas ao contrário das chamas do relógio que tomam uma de nossas horas para se extinguir, a chama do Cosmo nesse corpo levou muitos anos para se apagar. Talvez tenha apenas poucos dias antes que se apague para sempre, mas sem dúvidas ardeu por todos esses anos. E foi assim porque ele mesmo quis que fosse assim. Creio que ele sabia que seria morto.

— Acha que ele preparou seu corpo para ser uma prova de seu próprio assassinato?

— Exatamente. Nada disso parece distante de sua capacidade. Aquele que o matou não pôde livrar-se do corpo ou sequer queimá-lo enquanto essa aura não se extinguiu.

— Mas agora ela está se apagando. — falou Marin, notando como o brilho já era mais sutil do que era quando haviam entrado no cômodo.

Ficaram as duas ali observando como o brilho da aura púrpura tornava-se mais e mais sutil até que finalmente o corpo morto do Mestre Arles se apagou para sempre. Marin segurava a respiração e Mayura não sentiu mais aquela energia que teimou em queimar por tantos anos.

— Descanse em paz, Camerlengo Mestre Arles.

As duas colocaram as mãos próximo ao peito e fecharam os olhos em respeito.

— Se esse é o verdadeiro Camerlengo, quem será aquele que se esconde debaixo do elmo de ouro?

— A Armadura de Gêmeos nos deu a resposta.

— O Cavaleiro de Gêmeos? — perguntou Marin para ela.

— Ele. — respondeu Mayura, com gravidade. — O maior de todos os Cavaleiros de Ouro.

E ali, diante delas, uma vítima de sua fúria. O peito de Marin, no entanto, foi invadido por uma terrível sensação: a de que o Cosmo de seu querido discípulo apagou-se no universo. Ela olhou para trás e viu que a ilusão havia desaparecido, de modo que podia claramente vislumbrar a saída do templo.

— Vá, Marin. — pediu Mayura e estendeu à ela um presente. — Resta pouco tempo para salvar Atena. Eu cuidarei do Templo.

Mayura deu à Marin um bonito pingente para que colocasse ao redor do pescoço, uma corrente de prata com uma antiga dracma no centro em que estava inscrito de um lado o perfil de Atena de Elmo e do outro o mocho-galego que a representava. Ela sabia o que fazer.

Sozinha, Mayura refletiu sobre aquele cadáver à sua frente.

— Morto há quinze anos.

 

—/-

 

A rosa branca fincada no peito de Shun lentamente tingia suas pétalas de vermelho, uma a uma, pouco a pouco, sugando o sangue do garoto. Ele caminhou com dificuldades passando pelo corpo morto de Afrodite, agora coberto de rosas das mais variadas cores. Atravessou o salão destruído das fontes e chegou até a saída para a noite que morria.

Sua consciência, no entanto, já estava distante dali por conta do veneno das Rosas Diabólicas Reais e do sangue que lhe era tirado mais e mais pela Rosa Sangrenta cravada no peito. A última coisa que viu antes de cair desacordado foram os dois corpos de Shiryu e Seiya jogados na escadaria coberta por um cortejo fúnebre de rosas. 

— Andrômeda. — ouviu Shun a voz entrecortada de Afrodite lhe chamar.

Shun retornou para dentro da Casa de Peixes e viu que Afrodite tremia em suas últimas palavras.

— Vejo agora que eu estava errado. Não é verdade que a força daquela garota não se compara à do Mestre.

— Afrodite… — acudiu Shun, colocando-se ao seu lado.

— Ela é frágil e adorável. — falou ele, chorando. — Mas seu poder é infinito, pois sua força está em todos vocês que acreditam nela. Eu estava errado. Pedi que me mostrasse que tipo de Deusa ela era, mas eu não fui capaz de enxergar que cada um de vocês era o verdadeiro poder que ela carregava, ainda que estivesse estirada na Casa de Áries. E vocês venceram todos os Cavaleiros de Ouro. 

— Mas agora é tarde demais. — lamentou Shun ao lembrar de Seiya e Shiryu estirados no cortejo de rosas, bem como ele aos poucos perdendo a consciência.

E foi ao chão. Pois Afrodite também não mais lhe respondeu, morto enfim.

Assim que caiu inconsciente, como se orquestrado, apareceu no sopé da escadaria adiante um brilho de cujo lampejo surgiu a Cavaleira de Prata, Marin, segurando seu pingente dado por Mayura. Ela olhou adiante e viu o corpo de Seiya e da Cavaleira de Dragão ainda usando suas armaduras. Ela correu na direção do pupilo ao vê-lo deitado sobre um tapete de rosas vermelhas; ele dormia tranquila e confortavelmente, dirigindo-se para sua morte, bem sabia ela.

Das poucas pessoas que conheciam alguns dos Cavaleiros de Ouro e suas capacidades, Marin sabia bem e conhecia a última linha de defesa do Santuário: um cortejo de rosas envenenadas que protegiam o Templo de Atena. Se ela tentasse se aventurar pelo tapete de rosas, cairia assim como Seiya e Shiryu; mas notou como as Armaduras daqueles dois Cavaleiros de Bronze ainda brilhavam, de modo que os dois, mesmo caídos, estavam em muito melhor estado para enfrentar o falso Camerlengo do que ela própria, que havia acabado de ser arrasada pelo Cavaleiro de Gêmeos.

O que restava de seu Cosmo de Prata ela usaria para lhes dar uma chance. Finalmente entrou no tapete de rosas e colocou-se alguns passos adiante dos Cavaleiros de Bronze; ergueu os braços como se abrisse as asas da Águia de sua constelação e seu Cosmo varreu as rosas ao redor dos dois garotos caídos. Marin tinha sua aura de prata, mas com detalhes dourados e até mesmo azulados, um brilho colorido e belo.

Mas ela precisava fazer mais do que aquilo. Ela abriu as pernas para apoiar-se nas escadas, trouxe o punho direito próximo à cintura e ergueu a mão esquerda para o céu onde pediu às estrelas a força de que precisaria. E como se as estrelas caíssem do céu comandadas por seu punho, ela rasgou as escadarias cobertas pelas rosas de Afrodite com uma chuva de meteoros maravilhosa que atravessou toda a extensão da escadaria que ligava a Casa de Peixes ao Templo de Atena. E obliterou as rosas, limpando todo o caminho.

Seiya viu aquilo tudo e pensou que sonhava com sua Mestre, pois por tantas noites a via disparando sua chuva de meteoros como para o ensinar a fazer corretamente. E ali estava ela outra vez repetindo com exatidão os meteoros em que ele se inspirava.

— Marin? — experimentou ele chamar por ela.

Ela virou-se para os garotos, que pareciam despertar lentamente; ela arfava buscando o ar, pois a peregrinação à Colina das Estrelas e a terrível batalha contra Gêmeos havia custado toda sua energia. Mas ainda pôde chamar por seu pupilo, a quem tomou pelos braços.

— Levante-se, Seiya.

O garoto não estava sonhando, pois eram mesmo os maravilhosos Meteoros de sua mestre, era a voz que lhe chamava como havia feito por tantos anos. Mas, ainda assim, lhe parecia um sonho distante.

— Levante-se, Seiya. — ao lado do garoto, Shiryu também tentava se levantar. — Isso, vamos, Dragão. Vocês dois ainda têm uma chance para salvar Atena.

— O que aconteceu com você, Marin? — perguntou Seiya ao ver o estado lamentável de sua Mestre.

— Não há tempo para isso. — disse ela, apontando para o templo que se erguia na distância. — Vocês dois devem ir. Resta apenas uma chama no Relógio de Fogo, mas à frente de vocês está o maior desafio de todos. Precisarão unir seus Cosmos, suas forças, suas vidas se for possível.

— O que quer dizer, Marin? — perguntou Shiryu para ela.

— O homem naquele templo não é o verdadeiro Camerlengo do Santuário, mas um dos Doze Cavaleiros de Ouro.

— É Gêmeos. — falou Shiryu, lembrando-se do alerta de seu amigo Shun.

— Sinto muito, Seiya, mas Gêmeos é o Cavaleiro de Ouro mais poderoso entre todos dentro do Santuário. A batalha mais terrível está diante de vocês.

— Nós vamos conseguir, Marin. — disse ele, confiante. — Eu e Shiryu vamos conseguir.

Ele olhou duro para aquela máscara de sua Mestre que ele tanto admirava; agora tão rachada de suas próprias batalhas, pois ele tinha certeza que, fosse lá o que fosse que ela estivera fazendo até então, era com certeza no sentido e no dever de proteger Atena. Como ele estava ali.

— Seiya, eu estou profundamente orgulhosa de você. — disse ela e o abraçou. — De todos vocês. — estendeu ela a mão no ombro de Shiryu. — A esperança de todos nós agora reside em vocês dois. Vão e salvem Atena.

Eles foram. Marin cambelou e precisou apoiar-se contra a rocha do paredão que erguia-se ao lado da escadaria, e então lentamente caiu deitada, inconsciente de tanto esforço.

Seiya de Pégaso e Shiryu de Dragão eram os últimos Cavaleiros de Bronze de pé.

 

—/-

 

Juntos, em silêncio, com dores imensas, um cansaço inenarrável, mas uma fibra incrível, Seiya e Shiryu corriam pelos últimos degraus. Seiya olhou para o lado e lembrou-se de como sua amiga, mesmo cega, se recusou a ficar cuidando de seus olhos ao lado de seu Mestre e veio para lutar ao lado deles; lembrou-se de como havia sido ela que lhe deu uma chance de lutar com sua Armadura restaurada contra os Cavaleiros Negros; e se não era uma estátua eterna de pedra, também havia sido graças à ela.

Pois da parte de Shiryu, também lhe era especial ter ao lado o amigo Seiya. Se por vezes sentia-se confusa sobre sua missão no início, ela sentia muito especialmente como era inabalável a vontade do amigo de seguir sempre adiante, sempre ao lado deles. Sempre lutando por eles todos.

E, cada um à sua maneira, lembraram-se de todos que ficaram para trás para que os dois pudessem ter aquela chance de chegar ao Templo final: Shun, que agonizava na Casa de Peixes; Marin, que lhes ajudara no cortejo de rosas; Hyoga, que fizera nevar naquela noite pedindo para que ficassem sempre juntos; Ikki, que perdera todos seus sentidos contra Shaka; Xiaoling, que ficou presa no limiar do Submundo; Alice, que sacrificou-se para dar uma chance para Atena. E Saori, que tinha ainda uma flecha de ouro fincada no peito. 

E era por isso que estavam ali.

Enterrados em memórias, atravessaram a escadaria, invadiram o Templo escurecido pela noite, atravessaram a nave principal e viram-se diante de um enorme pórtico trancado, inteiro pintado de branco e adornado em ouro. Era a entrada do altar em que sentava-se o Camerlengo.

— Chegamos, Shiryu.  — anunciou Seiya.

Do outro lado daquela imensa porta estava a encarnação do mal dentro daquele Santuário. Um enlouquecido homem responsável pelo atentado à vida de Atena quando ainda era um bebê, uma figura perniciosa capaz de enganar uma nação inteira colocando como traidor um rapaz que tinha todas as qualidades de um herói. Um assassino de corpos sem nomes ou faces desaparecido por tantos anos. Um manipulador terrível de mentes que havia vitimado Ikki, Cristal, Aioria e talvez muitos outros que jamais puderam retornar de suas loucuras. Do outro lado daquela porta estava a causa daquela sangrenta batalha.


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Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: As ideias aqui são originais. Eu gosto muito de brincar com esse conceito do povo de Jamir serem bons em cura em geral, não só das Armaduras. A trama de Arles sobre prever sua própria morte vem de ficar me perguntando porque seu corpo ficou queimando cosmo quando Marin o encontrou.

PRÓXIMO CAPÍTULO: O OUTRO LADO DA MÁSCARA

Seiya e Shiryu finalmente chegam ao último Templo e deparam-se com a verdadeira face que se esconde por detrás da figura santa do Camerlengo.



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