Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 14
Para Sempre


Notas iniciais do capítulo

O encerramento da batalha contra Ikki de Fênix!



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Paralisada, Ikki estava de pé, os olhos perdidos e vidrados no horizonte. O vento do vale frio cruzando a todos dentro daquele silêncio tenso.

— Como se sente atingida pelo próprio golpe diabólico, Fênix? — perguntou o Cavaleiro de Cisne. — Este será o seu fim. 

O Cavaleiro de Cisne armou o punho de gelo para acabar com a vida de Ikki, mas duas vozes se levantaram em protesto e a Corrente de Andrômeda avançou para segurar seu punho no ar, impedindo-o de acabar com a vida de Fênix.

— O que é isso? Solte-me, Andrômeda!

— Não posso deixar que mate a minha irmã!

— Cisne, não faça isso, por favor. — pediu também Saori.

— Mas… ela não vai hesitar em matar a nenhum de nós. Nem mesmo você que é irmão dela!

Antes que o debate pudesse seguir, no entanto, Cisne viu-se atacado violentamente por Ikki, que havia despertado de seu transe delirante; o punho de fogo atingiu em cheio seu estômago e o fez ajoelhar-se cuspindo sangue.

— Cisne! — gritou Saori de onde estava.

— Como… você...? — balbuciou Cisne.

— Eu já disse, Cisne. Eu perdi tudo que eu tinha de mais precioso. O Golpe Fantasma não poderia destroçar a minha mente, pois ela já está totalmente destruída. 

Ameaçou a todos com sangue escorrendo pelo rosto.

— E agora, com um só bater de asas, eu vou acabar com todos vocês!

— Não, Ikki! — pediu Shun.

E todos ali ao seu redor viram com assombro como ela fez com que seu Cosmo crescesse e queimasse em chamas conjurando um furacão de fogo ao seu redor, jogando as penas de sua Armadura e as tranças de seus cabelos contra o vento infernal. Sua voz ecoou no vale com força.

— Asas Flamejantes de Fênix!

O tornado de fogo que antes apenas fazia com que sua armadura brilhasse e revoasse liberou-se de seu cosmo para levantar todos ao seu redor em um turbilhão que rasgou a pedra do vale e jogou os Cavaleiros de Bronze em um inferno flamejante.

Assim que o tornado morreu no punho de Ikki e os ventos quentes deram lugar à brisa fria do vale, ela viu ao seu redor o corpo dos quatro Cavaleiros de Bronze sofrerem por sua técnica devastadora. Estavam vencidos. Ela havia conseguido e agora poderia seguir em frente com seu objetivo.

Mas o Elmo que guardava da Armadura de Ouro não estava mais onde havia deixado.

Às suas costas, um brilho dourado projetou sua própria sombra no chão e, ao virar-se para quem quer que estivesse atrás dela, percebeu com assombro que a Armadura de Ouro havia se montado na figura alada de um centauro empunhando seu arco sem flecha. O Elmo no topo da figura.

E atrás da armadura, havia alguém.

— O que significa isso? Não me diga que a Armadura de Ouro te protegeu?! — disse ela, revoltada. — Tudo isso é culpa sua. 

— Eu não escolhi esse destino. — disse Saori pisando ao lado da Armadura de Ouro.

— Ninguém escolheu, mas diferente de você, nós tivemos que sofrer o inferno para realizar os caprichos do seu avô! — e então Ikki caminhou na direção de Saori. — Separando irmãos e irmãs. Capturando crianças a torto e a direito. Mandando elas para uma provação terrível!

— Eu não posso mudar o passado.

— Mas pode pagar por ele! — ameaçou Ikki, e então percebeu que a Armadura de Ouro moveu-se para apontar a flecha na sua direção.

— O quê? A Armadura… está te protegendo?

— Eu lamento demais que tenha enfrentado anos e anos de um sofrimento terrível. Eu não posso mudar o que foi feito, mas posso estar do seu lado daqui em diante. Posso fazer tudo que eu puder para que ninguém mais precise sofrer por minha culpa. Que ninguém mais precise se sacrificar por mim. — havia uma tristeza nos olhos de Saori.

— Talvez o melhor que você tenha que fazer nesse momento é morrer por tudo que foi feito em seu nome! — vociferou Ikki.

— Mas eu quero viver. — disse Saori com dureza. —  E não vou aceitar mais que me digam como minha vida deve ser. Eu vou decidir meu destino daqui em diante. E se eu tiver de morrer, que seja por escolha minha. Não porque você acha que eu devo.

Ikki ficou calada e Saori pisou adiante da Armadura de Ouro trajando sua Proteção de Aço branca totalmente despedaçada.

— Você é ridícula, Ikki.

— O quê?!

Seiya levantava-se aos poucos. Seu cosmo manifestou-se enormemente. Antes muito machucado pelo veneno que corria no corpo, agora ele parecia curado e encheu o lugar com sua valentia.

— Sabe, Ikki... Eu lembrava de você ser corajosa e muito forte. — começou ele. — Eu não lembrava de ser tão chorona.

— Como se atreve?!

— Todos nós passamos por treinamentos terríveis por todos esses anos. Eu, Shiryu e principalmente o seu irmão Shun. Você não é a única que conheceu o inferno na Terra! 

E Seiya avançou e atacou Ikki no peitoral da Armadura sem que ela pudesse se defender.

— Mas só você está aqui reclamando e se remoendo de ódio por causa disso! — começou Seiya. — Shun fez tudo para te reencontrar. Tudo! Será que você sabe sobre todos os anos e tudo que ele teve de suportar para voltar até aqui? Será que você tem ideia do Sacrifício de Andrômeda?

— Um… sacrifício?

— Não, você não sabe. Porque você só consegue pensar em seu próprio ódio! Eu daria tudo para reencontrar minha irmã e você está aqui querendo matar o seu próprio irmão!

— Cale a boca!

Ikki então atacou Seiya, mas Seiya esquivou-se com facilidade novamente atingindo a Fênix com um gancho.

— E eu vou fazer com que você volte a ser aquela Ikki de antes, nem que seja te cobrindo de porrada!

— Veremos então, Pégaso. Sinta novamente o bater das asas de Fênix e suma daqui!

Novamente o tornado de fogo cobriu Ikki antes de seus punhos o jogarem à frente como uma tempestade de fogo terrível que teria jogado Seiya contra os rochedos, mas a Corrente de Andrômeda o protegeu, criando um vórtice de vento com as correntes ao seu redor, impedindo que os ventos flamejantes chegassem no garoto.

As Correntes então se acoplaram ao punho de Seiya.

— Maldição. Vou despedaçar a sua mente, então!

E o pequeno fio negro de pesadelos que disparou de seu dedo parou no Escudo do Dragão que Seiya vestia no braço esquerdo.

— O Escudo de Dragão também? — perguntou-se Ikki, assombrada.

— Shiryu também está comigo! E você está sozinha, Ikki. Vai sentir agora o poder que temos quando estamos juntos! Meteoros de Pégaso!

A chuva de meteoros avançou pelo punho de Seiya e concentrou-se em um único ponto contra Fênix, que viu Seiya finalmente atingi-la de maneira decidida no peitoral da Armadura, estilhaçando a proteção de Bronze e fazendo com que ela sangrasse. Ikki cambaleou para trás cuspindo sangue e indo ao chão de joelhos.

Os olhos de Saori, atentos, perceberam uma movimentação obscura no cosmo de Fênix e correu até ela chamando por seu nome.

— Ikki… — disse Seiya mais próximo dela.

— Ah, Seiya… você finalmente me venceu. — disse ela, ofegante.

— Ikki, seu braço… Como pôde lutar nessas condições? — perguntou ele ao notar, mais próximo, que o braço da garota parecia morto.

— Não teria feito diferença alguma.

Ao perder o equilíbrio, Ikki foi amparada por Seiya antes que caísse no chão. Saori estava ao seu lado também.

— Ikki… o que foi que aconteceu com você naquela Ilha? Porque você mudou tanto? — perguntou Seiya.

Ela novamente abriu os olhos, seu semblante era mais sereno e o demônio odioso que tinha nos olhos parecia ter desaparecido. O que não havia sumido eram os pesadelos que ainda lhe atormentavam a mente. Ela se desgarrou dos braços de Seiya, como se incomodada, e sofreu sozinha de uma dor enorme na cabeça.

— Não, não! — gritava Ikki. — É um Inferno… 

Os demais Cavaleiros de Bronze agora já estavam também de pé; Shun veio correndo até sua irmã mais velha.

— Ikki… — disse ele, buscando sua mão. — Ikki, estou aqui.

— Ah, Shun… Meu irmão. 

Ikki segurou a mão de seu irmão  e por um momento pareceu aliviada, apenas para no momento seguinte afastar Shun e se debater de dor com a mão na cabeça, como se não fosse capaz de abandonar seus traumas. Incapaz de se separar daquele ódio que tinha no peito.

— Eu não tenho mais nada. — balbuciava ela.

— Não é verdade, Ikki. Você tem seu irmão. — disse Shiryu.

— Abandone esse ódio e junte-se a nós. — pediu Seiya. 

Mas ela estava atacada por qualquer coisa em sua mente e negava a tudo que diziam.

— Fique com a gente e vamos começar tudo de novo. — falou Seiya.

— Não… Não é o fim. Não está acabado! — tentava Shun tentando interromper aquele delírio de negação de sua irmã.

Um tremor se fez sentir no vale todo, agitando as árvores próximas do bosque e chacoalhando as rochas ao redor.

As Correntes de Andrômeda se agitaram, tensas.

Uma dúzia de homens e mulheres dos mais variados portes e proteções no corpo surgiram descendo pela encosta do vale; logo estavam cercados por eles e, ao fundo, escutaram Saori gritar. Quando Seiya olhou para ela, viu que os guerreiros haviam saqueado a Armadura de Ouro e Saori lutava bravamente contra três lacaios segurando o Elmo nas mãos.

— A Armadura de Ouro! — gritou ela.

O Cavaleiro de Cisne imediatamente foi ao seu socorro e ajudou-a a manter o elmo enquanto davam conta dos demais guerreiros.

— Quem são esses? — perguntou Seiya já lutando com uma dupla de guerreiros.

— Será que são os Cavaleiros Negros? — perguntou Shiryu.

— Não… Não são… — balbuciou Ikki que delirava ainda no chão ao lado de Shun, que o protegia daquela nova ameaça.

Um outro tremor ainda mais forte que o primeiro balançou o vale e abriu uma fenda no chão em que lutavam engolindo a terra; Ikki, que sofria de dores terríveis na mente, desequilibrou-se e acabou sendo engolida pelo abismo que se formava.

— Não! — gritou ele. — Ikki!

Shun estava à beira do abismo olhando sua irmã sofrer enquanto se agarrava às reentrâncias; a Corrente de Andrômeda desceu, mas hesitou em salvar Fênix: ela parecia não querer agarrar-se ao pulso dela.

— Ah, Ikki. Agarre a corrente, irmã. Por favor. Agarre a corrente.

Ikki sofria e parecia confusa; Shun deixou que a tristeza tomasse seu peito e as lágrimas nublassem seus olhos enquanto olhava para o abismo e via sua irmã prestes a deixá-lo novamente. Como se fosse a última vez que se vissem, Shun não conseguiu suportar uma culpa que carregava há tantos anos.

— Me perdoa, Ikki. — começou ele, emocionado. — Me perdoa por ter deixado que fosse em meu lugar para aquela Ilha infernal. 

A Fênix dolorida olhou então para seu irmão em sofrimento e por um instante experimentou lembrar do dia que tomou seu lugar naquela viagem terrível. E como teria feito tudo igual em qualquer outro dia. Odiava ver Shun chorar. 

— Não, Shun. Eu não devo mais viver… Eu… não mereço mais viver. 

E ela então escorregou para a morte, mas o Cosmo de Shun prevaleceu sobre a vontade da Corrente e ela finalmente desceu pelo abismo e prendeu-se ao punho de Ikki, salvando-a finalmente. 

— Ikki!

— Deixe-me ir, Shun. Eu não mereço...

— Nunca, Ikki! Agora que finalmente nos encontramos, eu jamais vou soltar essa corrente!

— Mas se não soltar, nós dois iremos cair, Shun. — disse ela ao ver o irmão sofrer para segurá-la com guerreiros ao seu redor.

— Eu nunca mais vou deixar que você se vá. — disse Shun, deixando uma lágrima magicamente cair de seus olhos e molhar o rosto sofrido de Ikki.

O peito dela se encheu do calor que sentia quando lembrava-se de seu pequeno irmão no sofrimento eterno da Ilha. Lembrou do quanto sentia por ele. 

— Ah, Shun… eu te amo.

Shun puxou a corrente com toda sua força, fazendo com que Ikki fosse içada de volta do abismo para o seu lado.

— Pra sempre. — disse Shun.

 

—/-

 

Seiya, Shiryu, Cisne e Saori lutavam contra os guerreiros tentando recuperar partes da Armadura de Ouro, mas devido ao cansaço das lutas anteriores, mesmo aqueles sentinelas com pouca proteção acabaram levando a melhor diante do grupo. A eles restou se contentarem apenas com o Elmo que Saori havia assegurado inicialmente.

— Seus idiotas, o que estão fazendo que ainda não pegaram a Armadura de Ouro? — perguntou uma voz do alto de um rochedo cortado no vale.

— Só falta o elmo, Dócrates! — responde um dos soldados.

Tanto Seiya quanto Ikki pareceram reconhecer aquele nome imediatamente, inclusive trazendo Fênix de volta de seu transe delirante.

— Conhece ele, Seiya? — perguntou Shiryu.

— Sim. Dócrates era um dos Cavaleiros de Bronze veteranos do Santuário. Diziam ser um dos mais fortes do Santuário!

— Ora, as pessoas sempre exageram. — disse Cisne, intrometendo-se na conversa.

— Fujam! — gritou Ikki, para atenção dos demais. — Vocês não são páreos para o Punho de Hércules. — alertou ela.

E do alto do rochedo, o enorme homem trajando uma armadura bronzeada e com cabeças de serpente espalhadas pelo corpo ajeitou os punhos e de muito longe fez abrir duas crateras enormes entre os Cavaleiros de Bronze.

— Que cosmo impressionante. Como ele conseguiu fazer isso de tão longe? — perguntou-se Seiya.

— Entreguem o Elmo da Armadura de Ouro! — ordenou ele.

— Fujam! Levem a máscara daqui! — gritou Ikki levantando-se finalmente e ficando à frente deles para desespero de seu irmão. — Saia daqui, Shun! — disse ela livrando-se dele e avançando na direção de Dócrates.

Ikki fez aflorar todo o Cosmo que lhe restava para usar o bater de suas asas uma última vez. A ave Fênix cruzou o vale e seu punho se enterrou na pedra do rochedo causando um deslizamento sem proporções, derrubando o gigante Dócrates e despejando rochas e pedras em cima de todos eles em uma avalanche de pedras terrível.

Cisne e Shiryu saltaram pela fenda antes aberta e ficaram ao lado de Saori enquanto Shun tentava voltar para salvar Ikki que, muito ferida, não conseguia se levantar para escapar da onda mortal. Seiya, no entanto, segurou o amigo e o trouxe junto para segurança além da fenda que foi encoberta pelo deslizamento.

— Ikki, não! — gritou ele. — Porque fez isso, Seiya?

— Ah, Shun… 

— Irmã!

Shun ainda viu entre a terra que deslizava para o abismo os olhos de sua irmã se perderem enterrados.

 

—/-

 

O sol se punha e a luz do fim de tarde entrava pelo vale e iluminava a terra varrida e revirada que havia se tornado o túmulo daquela batalha terrível contra os Cavaleiros Negros. 

Shun estava ajoelhado diante de uma cruz fincada na terra para simbolizar o descanso de sua irmã. As lágrimas em seus olhos eram pesadas e Seiya ao seu lado o abraçou para que não ficasse nunca só. Ele tirou um colar que trazia sempre consigo perto do peito e o enrolou ao redor daquela cruz.

Um pingente de estrela que tinha escrito o que Shun sentia por sua irmã.

“Para Sempre”.


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Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: Novamente, ter Saori nessa cena é essencial para vermos suas próprias motivações e angústias. E eu quis trazer o famoso pingente desde o início. Quem sabe, sabe. =)

PRÓXIMO CAPÍTULO: A NOITE SEM FIM

A batalha contra os Cavaleiros Negros chega a seu final, mas como Shun irá suportar a dor de perder sua irmã? E o que significa a presença daquele Cavaleiro de Gelo? Uma longa noite os espera.



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