O Príncipe de Inari (SakuAtsu) escrita por Linesahh


Capítulo 1
SakuAtsu I One-Shot


Notas iniciais do capítulo

SAHH NA ÁREA

Primeiramente… FELIZ PÁSCOA PARA TODOS!! ♥️♥️

Estou muito feliz de poder alegrar o dia de vocês com a última one-shot da saga “Os Sete Reinos”. Por um lado, estou triste que esse projeto tenha acabado, mas por outro é imensamente gratificante vê-lo completo ♥️

Bem, agora vamos ao que interessa: espero que os amantes de SakuAtsu gostem dessa one tanto quanto eu gostei ❤️

Agradeço novamente a todos, e para quem ainda não leu as ones anteriores do projeto, o link de acesso à elas estará nas notas finais

Acho que é isso. Boa leitura ♥️



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O Príncipe de Inari

Por Sahh

 

◾◾◾

 

“O Reino de Itachi sempre foi um local agradável de se viver, com suas doninhas carinhosas e travessas e seus moradores simples e humildes; no entanto, desde o falecimento de sua rainha, uma aura melancólica e negra apossou-se do reino, derivada principalmente de seu soberano, Sakusa Kiyoomi. Hoje em dia, por questões diplomáticas e pessoais, é obrigatória a higienização diária e completa de cada canto do reino, principalmente o Palácio Real.”

◾◾◾

 

— Sinceramente… são os meus olhos ou esse reino está mais cinza que da última vez?

— Acho que isso é algo rude para se comentar, não? — a pequena repreensão, feita normalmente, foi levada pela brisa fresca do começo de tarde. O céu constava com uma grande abundância de nuvens, apesar de não haver previsões para uma tempestade.

O belo rapaz de cabelos dourados mesclado à natural coloração marrom-escuro do corte inferior, assim como as sobrancelhas da mesma cor, disfarçou um breve revirar de olhos. Tal atitude normalmente não era frequente de ser feita com a presença do conselheiro logo ali; este, apesar de ser um grande amigo, necessitava-se de uma grande cautela ao falar ou cometer atos imprudentes em sua frente — esses que seriam corrigidos com as comuns reprimendas sérias e acompanhadas de uma fria, mas não-intencional, sinceridade.

Kita Shinsuke realmente era uma pessoa a quem as outras deviam ficar alerta quando por perto, e Atsumu Miya não pensava diferente. Afinal, de onde ele tirava tamanha profissionalidade? Era quase assustador.

Todavia, lidar com Kita nunca havia sido novidade alguma, visto que se conheciam há muito, muito tempo. O platinado podia dar medo às vezes, mas isso era esquecido facilmente quando punham-se a estender conversões amigáveis. E considerando que Kita conhecia tanto Atsumu quanto seu gêmeo, Osamu — assim como, principalmente, a personalidade de ambos —, ele já devia estar mais do que acostumado a lidar com eles.

De toda forma, Atsumu havia acordado particularmente irritado naquele dia. Já era seu terceiro dia no reino de Itachi, e o tédio estava começando a consumi-lo em graus preocupantes. Sabia que Kita já começava a perceber seu crescente enfezamento, e devia ser por isso que havia convidado Atsumu para cavalgar após o almoço.

O loiro tinha que admitir que foi uma boa ideia, mas havia se arrependido no instante em que tinham parado para descansar em uma das maiores colinas presentes nos terrenos no castelo e a imagem da aldeia de Itachi abrangeu toda sua visão.

Definitivamente não gostou nada do que estava vendo.

— Mas você tem que admitir que é de assombrar a forma que esse reino mudou, Kita-san — Atsumu não conseguiu se segurar, expondo perturbação e frustração nas palavras. — A falecida rainha realmente devia ser o coração de Itachi, pois esse reino está cada vez mais cinza e fechado.

Foi preciso alguns segundos para Kita responder. O conselheiro de Inari, com uma expressão calma, sabia o quando Atsumu estava entediado. Afinal, era-se conhecido por todos a grande paixão do príncipe por aventuras e diversões.

Atsumu, desde pequeno, era elétrico e astucioso. Estava sempre tendo ideias mirabolantes e, por vezes, maliciosas, visando tirar o sossego dos outros e especialmente o do seu irmão, o rei de Inari, Osamu. Todos que o conheciam sabiam que Atsumu agradecia o fato de o cargo de soberano ter sido destinado a seu gêmeo, pois o loiro simplesmente não apreciava a ideia de abdicar de sua liberdade para cuidar de uma nação, por mais que amasse Inari profundamente.

Atsumu sempre representou tranquilidade e uma pitada de rebeldia, e por mais que às vezes fosse irritante com os outros, não dava para negar a quantidade grande e sincera de amigos que ele possuía, e Kita definitivamente era um deles.

Assim, o Shinsuke somente suspirou, a sombra de um sorriso preenchendo seu rosto íntegro. A opacidade do castanho de seus olhos fortificou-se quando uma fraca camada de luz solar os atingiu.

— Devo confessar que a perda de sua rainha abalou em excesso as estruturas desse reino. — admitiu. — Era uma mulher muito respeitável. Não havia uma só pessoa que não gostava dela, se bem me lembro.

— Especialmente o Omi-Omi. — Atsumu cruzou os braços, analisando os arredores. De repente, sentiu-se desanimar. — Kita-san, não consigo segurar; simplesmente me sinto triste aqui. — confessou amargamente. — Quantas foram as vezes que eu e Osamu viemos para Itachi, afinal? Está tudo tão diferente agora, tão, tão…

— Melancólico? — Kita sugeriu, simplesmente. — Bem, não é surpresa alguma, visto o que houve.

Atsumu não pôde fazer nada senão assentir.

— Justamente. No começo achei que era exagero, mas a impressão que tenho é que esse reino virou o reflexo exato do Omi-Omi: melancólico e sem vida. Quer dizer; a esposa do Ushijima morreu essa semana mesmo, e nem por isso ele está se entregando ao sofrimento. Enquanto o Omi-kun… bem, ele certamente já devia ter superado.

— Esse foi um comentário insensível demais, não acha? — não havia incômodo na voz de Kita, apesar da censura. — O rei Sakusa era apaixonado pela falecida rainha, não há dúvidas nisso.

— Só um completo tolo ou cego para não notar. — Atsumu declarou. Haviam começado a se afastar da colina, indo na direção dos cavalos amarrados. — A rainha era realmente maravilhosa, é um crime pensar o contrário. Mas… — suspirou. — Não sei. Apenas achava que Omi-kun não fosse tão fraco assim.

Kita, como sempre, atentou-se para seus dizeres, mas não disse nada. No fundo, sabia que Atsumu possuía plena ciência de que reclamar não levaria a nada, então não daria mais corda ao assunto.

O loiro devia ter se dado conta disso, pois forçou-se, por alguns instantes, a esquecer toda frustração e lamentação que sentia sobre o estado do reino de Itachi. Olhou, então, para Kita, não conseguindo evitar um sorriso descontraído.

— Me pergunto se Osamu já descobriu tudo em Inari…

— Devo confessar que não concordei com suas atitudes, príncipe Atsumu. — Shinsuke foi categórico. — Foi imaturo. Até mesmo para você.

Atsumu soltou uma sonora risada.

— Ah, não foi nada demais. — relaxou. — Apenas um “presente-de-despedida” para meu caro irmão. E quanto ao Aran, garanto que não coloquei ele em problema algum. Eu conheço Osamu, afinal.

Kita declarou novamente sua posição perante aquele assunto, repetindo que isso não era algo para se fazer com o próprio irmão, mas Atsumu mostrou não se importar. Na verdade, o Miya somente brecou o assunto, anunciando que estava com fome e que era melhor se apressarem até o castelo.

Com isso, um suspiro bem-humorado escapou do sério conselheiro. Atsumu dificilmente mudaria, mas, por alguma razão, o Shinsuke tinha a impressão de que todos preferiam que isso não fosse diferente. Afinal, Atsumu realmente era alguém que chamava atenção, além de inspirar muitos com seu espírito carismático. Até mesmo sua arrogância tratava-se de um traço que compunha perfeitamente sua personalidade, comprovando que Atsumu Miya realmente era alguém excepcional.

Como Kita ouvia frequentemente das outras pessoas:

“É bom ter o agradável príncipe de Inari por perto.”

 

◾◾◾

 

— Francamente: que chatice usar essas máscaras. — Atsumu reclamou no que pareceu a quinquagésima vez desde que haviam chegado a Itachi. Era irritante como ele sempre esquecia-se desse “detalhe-higiênico” até ver-se, de fato, no “Reino-Melancólico”. — Não canso de insistir o quanto é um exagero. Esse castelo já é mais lustrado que uma pedra preciosa, duvido que tenha um único germe por aqui.

Após Atsumu e Kita retornaram para o palácio, como sempre, tiveram de passar pela “purificação” de quaisquer sujeiras ou micróbios que tivessem pegado enquanto estavam do lado de fora. Ou seja: dois banhos reforçados e utilizar novas vestes, limpas e perfumadas. Os trajes anteriores, como sempre, eram levados para uma intensa lavagem — Atsumu desconfiava que, no caso de Omi-kun, as vestes iam para a incineração mesmo.

Mas aquilo tudo nunca deixava de ser uma completa amolação ao Miya mais velho. Quando mais novos, Sakusa já era cismado com a limpeza, mas desde a perda da companheira essa situação quadruplicou de tamanho. Agora, cada canto do castelo era lavado, arrumado e polido três vezes ao dia, além de que era obrigatório o uso de máscaras para todos os funcionários do palácio. Felizmente para as figuras da nobreza em visitação, essa regra adequava-se somente quando essas estavam nos corredores, pois em ambientes privados tinham permissão de retirá-las.

O pior era que até a aldeia do reino sofria com essa situação, mantendo tanto a vila quanto as próprias casas o mais limpas possíveis.

Enquanto continuavam a caminhar por alguns corredores — com Atsumu continuando a expor seu desagrado ante toda aquele vício de limpeza de Sakusa —, Kita somente proferiu mais uma de suas frases lúcidas e sensatas:

— É evidente que essa situação é mais que compreensível, visto as circunstâncias que tiraram a vida da falecida soberana.

Isso foi o suficiente para Atsumu se calar.

Era verdade... A rainha havia morrido de uma infecção misteriosa. Na época, ela estava à espera de um primogênito, e faltava apenas algumas semanas para o bebê atingir o estágio de nascimento.

Algo que, infelizmente, não aconteceu. A infecção acabou por levar tanto a rainha quanto a criança. Duas vidas perdidas ao mesmo tempo.

É. Realmente não era à toa que o reino se encontrava daquele jeito. Perder a esposa e o filho para uma infecção foi simplesmente a pior coisa que podia ter acontecido a Sakusa, e, agora — e mais do que nunca —, a limpeza e higiene se tornaram a lei número um da nação de Itachi.

Assim como ocorria com Atsumu, muitos podiam até reclamar, mas assim que lembravam-se do infeliz acontecimento que originou aquela conduta séria e soturna que refletia perfeitamente o estado de espírito do rei melancólico, era impossível evitar o compadecimento em relação ao monarca solitário.

Entretanto, tristeza definitivamente era um sentimento que não combinava com Atsumu Miya. E foi por isso que não demorou para o atraente príncipe retornar a um assunto mais leve e banal.

Assim, começou a reclamar de Sakusa e no quanto estava se sentindo ignorado e entediado.

— Poxa, eu sou uma visita, afinal. — enfatizou. — Ele não devia estar me dando um pouco mais de atenção?

— Não incomode o rei Sakusa, príncipe Atsumu.

O loiro bufou, e segurou a língua para não continuar. Afinal, não era a primeira vez que fazia uma reclamação sobre isso, e dificilmente seria a última.

Era desanimador. Mesmo que, na infância, fosse um garoto bem sério e calado, Sakusa conseguia ser bastante agradável na concepção de Atsumu e Osamu. Era evidente que o Kiyoomi nunca fora muito propício para arrumar amigos quando criança, assim como, também, era verdade que essa situação melhorou bastante depois do apoio de seu primo, Motoya; a aproximação dos herdeiros gêmeos de Inari, e, por fim, seu harmonioso casamento.

Sakusa era uma boa pessoa. Atsumu lamentava o fato de fazer tempo desde que os dois não tinham tanta intimidade para conversas ou atividades descontraídas. Kiyoomi havia se fechado completamente.

Em meio a todas essas lembranças,  Atsumu não percebeu quando ele e Kita adentraram uma sala límpida e confortável. Foi só ao avistar uma mesa repleta de comidas leves e apetitosas que o jovem príncipe se deu conta de que estava na hora do café-da-tarde.

Por um momento, achou que, como sempre, seriam apenas ele e Kita para usufruir a refeição, mas seus olhos arquearam-se automaticamente ao pousarem sobre a inusitada figura ali: o rei melancólico, Sakusa Kiyoomi.

Atsumu sentiu-se sem reação. Normalmente só encontrava Sakusa durante os jantares e, às vezes, nos almoços. Definitivamente não esperava por aquilo.

Por sorte, Kita foi exemplar em agir normalmente, como de costume. Cumprimentou cordialmente o jovem Sakusa, dando tempo para Atsumu mascarar o próprio desnorteamento. Assim, após retirarem as máscaras, sentaram-se em seus lugares.

Atsumu permitiu-se analisar rapidamente o rosto de Sakusa, mais uma vez refletindo sobre ele não ter mudado muito desde a adolescência. De feições formosas e bem esculpidas, a única coisa que diferenciava o Kiyoomi antigo do Kiyoomi de agora era a expressão ainda mais séria e centrada em sua face. Seus cabelos pretos como carvão e ondulados como ondas dançantes destacavam seu habitual brilho venusto, e sua postura elegante contribuía para que o caracterizassem como um homem de aparência autêntica e apolínea.

Sakusa Kiyoomi realmente era um homem belo.

Logo, a momentânea distração de Atsumu foi interrompida após uma travessa cor-de-prata cheia de água ser colocada à sua frente.

— Ah… — forçou-se a se recuperar da leve surpresa que havia-o atingido. Desanimou na mesma hora. — É isso de novo…

Com uma imperceptível careta, o loiro mergulhou as mãos na água limpa e perfumada. Sempre tinham que fazer isso antes e depois das refeições.

— Espero que tenham se limpado devidamente. — para a irritação de Atsumu, foi justamente essa a primeira coisa que Sakusa Kiyoomi fez questão de proferir. — Ouvi dizer que estiveram lá fora.

— É, estivemos mesmo — Atsumu afirmou enquanto tinha as mãos secadas por um criado. Uma sombra desafiadora perpassou por suas feições. — e, por sinal, apreciando agradavelmente a paisagem. E quanto a você, Omi-kun? Viajando pela literatura novamente?

— Peço que não se sinta aborrecido, majestade. — Kita interveio. — Como o senhor bem sabe, ele não faz de propósito. Príncipe Atsumu somente está entediado hoje.

Os olhos escuros e profundos de Sakusa voltaram-se para Atsumu, este que encontrava-se entre ofendido e envergonhado pela censura de Kita. Logo, o moreno voltou-se para a própria refeição, respirando languidamente.

— Entendo. — se serviu de alguns picles em conserva. — Nada surpreendente, não?

Sem conseguir conter, uma intensa frustração assolou Atsumu.

— Oras, vamos, Omi-Omi. — insistiu como uma criança. Aquela aura soturna ao redor do Kiyoomi já estava chegando ao ponto de enloquecê-lo. — Você fica trancado o dia inteiro nesse castelo, é perturbador. Não poderíamos somente… sei lá, jogar uma partida de cricket ou algo assim?

O olhar de Sakusa não sofreu alteração, mas não seria por isso que Atsumu recuaria a firmeza em sua expressão. Ficar parado definitivamente não tinha nada a ver com o jovem aventureiro, precisava encontrar algo para fazer.

Infelizmente, o melancólico rei de Itachi não parecia compartilhar dos mesmos desejos, pois, naturalmente, ignorou o persistente príncipe de Inari e expressou irrefutável consistência em suas palavras:

“Sinto muito, Atsumu. Mas estarei ocupado”.

 

◾◾◾

 

— Ocupado? Só se for para ficar o dia inteiro na biblioteca, que é o que ele sempre faz. — Atsumu revirou os olhos enquanto expunha seu imenso desagrado com Kita, mais tarde. — Omi-kun tem que entender que isso não é vida.

— O rei encontra-se num luto profundo, príncipe Atsumu. — a assustadora paciência que Kita possuía parecia, como sempre, nunca diminuir. — Não cabe a ninguém incomodá-lo numa situação tão delicada como essa.

Mesmo contrariado, Atsumu esforçou-se para respirar fundo.

— Eu sei. Mas é que… — entortou o semblante. — Vê-lo desse jeito é tão... ruim. — admitiu. — Queria poder ajudar, mas a única maneira que posso fazer isso é tirando Omi-kun dessa monotonia infernal; isso, é claro, se ele mudasse essa rotina imaculada dele ao menos uma vez.

Kita não falou nada, mas não foi preciso. Acima de qualquer coisa, o desgosto que Atsumu Miya sentia ante as condições penosas do rei e amigo era-se percebido claramente por qualquer um. Sempre que visitava Itachi, Atsumu vivia convidando Sakusa para vários tipos de entretenimentos ou, até mesmo, para somente passarem um tempo na companhia um do outro. Por incrível que pareça, o loiro era um dos únicos que não havia se conformado com o triste fato de que o Kiyoomi se manteria naquela taciturnidade para sempre, acreditando, fielmente, que o monarca ainda seria capaz de superar tudo aquilo.

Aquela situação já estava estendendo-se havia dois anos, mas não seria agora que Atsumu desistiria. Não mesmo. Prezava a amizade de Sakusa intensamente, e tinha esperanças de que aquele “reino melancólico”, assim como seu infeliz soberano, conseguiriam, talvez um dia, retornar ao nostálgico clima de “velhos tempos”.

◾◾◾

Encostado numa sacada através do acesso à biblioteca, o vento fresco da tarde chocava-se languidamente em uma figura alta e séria. O jovem de aparência belamente taciturna tinha em mãos uma xícara de chá, e os olhos pretos como ônix reluziam a cor branca que o céu pálido expunha àquele horário. Ao longe, algumas gaivotas voavam como se planando através de uma harmoniosa dança; suave e discreta.

Um pouco abaixo da sacada, duas vozes descontraídas continuavam a soar, essas totalmente ignorantes com a presença do telespectador logo acima.

Ou melhor: ouvinte.

— Deve ter sido tão legal… — um suspiro sonhador foi-se escutado. — Sempre quis viajar para o norte; ouço boas coisas de lá.

— Bem, se você for algum dia, não esqueça de passar no reino de Fukurō. — a outra voz recomendou, jovial. — Terá ainda mais sorte se pegar época de festival. É realmente muito divertido.

Após alguns segundos escutando a agradável conversa, Sakusa Kiyoomi obteve a afirmação, mais uma vez, de que Atsumu Miya realmente era uma figura que envolvia àqueles ao seu redor. O jeito como o príncipe empolgava seu primo, Motoya, por meio de assuntos divertidos e impressionantes, narrando suas variadas viagens pelo mundo, era uma prova viva disso.

Os dois rapazes continuaram conversando por um bom tempo, abrindo caminho para que Sakusa se perdesse em breves pensamentos. Sabia que, quando estava em Itachi em visita, Atsumu proporcionava uma espécie de “leveza” na monotonia do castelo. Todos pareciam apreciar a brilhante fonte de vida presente no jovem; na verdade, sempre havia sido assim.

Atsumu era alguém que não hesitava em ir fundo nas coisas as quais gostava de fazer, muitas vezes não dando ouvidos a ninguém. Sua personalidade descontraída e relaxada poderia ser vista por muitos como arrogância e ignorância, e isso não era uma mentira completa; todavia, conforme Sakusa havia descoberto durante todos aqueles anos de amizade com o príncipe de Inari, essas más impressões, na maioria das vezes, não passavam de sentimentos de inveja acumulados.

Atsumu Miya era alguém livre. Alguém que não media esforços para aproveitar a vida que tinha, tirando dela sua felicidade e sede de continuar a vivê-la o mais plena e extraordinariamente possível.

Ideais esses que Sakusa possuía uma intensa familiaridade. Como se o sereno e agradável príncipe de Inari fosse…

Não. Não devia dar continuidade a isso.

Sem perceber, o peito do Kiyoomi foi preenchido por um peso desconfortável, um que impedia o ar de seus pulmões de circular tranquilamente.

Despertou, então, para a vida real.  Sem conseguir conter o semblante dissuadido por conta do tumulto emotivo que ia ganhando espaço em seu peito, retornou à biblioteca.

Fazia um bom tempo desde que Sakusa Kiyoomi não se sentia tão mal.

 

◾◾◾

 

— Finalmente te convenci a fazer algo diferente, não, Omi-kun? — com um brando sorriso, Atsumu Miya moveu a peça preta em formato de cavalo. — Xadrez não é o mais emocionante dos passatempos, mas já é alguma coisa, não?

Sakusa Kiyoomi ficou algum tempo sem responder, olhando Atsumu com certo cansaço na expressão. As sobrancelhas moldaram-se num formato fatigado.

— Sua persistência é sempre desumana; fico assombrado.

— Mas eu nunca a uso para motivações fúteis. — tal afirmação de Atsumu, se feita com qualquer um de seus outros amigos, receberia o rótulo de “mentira-descarada” imediatamente. O loiro esperou Sakusa fazer a jogada, e então permitiu-se suspirar. — Escute, Omi-Omi; só faço isso para te ajudar. Vê-lo nesse estado é muito desanimador.

A íris preta do jovem soberano assumiu um ar mais endurecido. O moreno fez sua jogada após Atsumu, não olhando-o mais nos olhos.

— Estou bem como estou. — garantiu, somente.

— É evidente que não está. — Atsumu revirou os olhos, sem conseguir conter a frustração. — Omi-kun, não se pode viver assim para sempre. Já faz dois anos… isso precisa mesmo continuar?

Uma nota de rigidez preencheu os traços do Kiyoomi, que, agora, encarava Atsumu fixamente.

— “Continuar?” — repetiu, com imperceptível amargura.

Atsumu suspirou. Kita havia pedido para não adentrar nesse assunto quando soube que o loiro passaria um tempo com Sakusa, mas simplesmente não conseguia evitar. Estava ali a chance de tentar esclarecer e colocar alguma luz diante de seu amigo; devia realmente desperdiçá-la?

Não, não devia. E foi por isso que soltou tudo de uma vez:

— A rainha era uma pessoa excelente. — a menção à falecida soberana de Itachi pareceu causar um solavanco violento de emoções em Sakusa, mas Atsumu não ligou. — Foi uma das melhores pessoas que já conheci. Existia nela uma fonte inabalável de felicidade e vivacidade, ambas completamente vibrantes e inspiradoras. — Atsumu endureceu a expressão, decidido a soar, dessa vez, com maior seriedade: — Mas, acima de qualquer coisa, sua esposa foi somente uma luz que se apagou. Isso não significa que a sua tenha que apagar também.

“Viva, Omi-kun. Não era isso o que ela mais falava? A tristeza sempre aparecerá nas nossas vidas, mas isso não significa que temos que permanecer nela. — sorriu. — O mundo é lindo. Você tem uma nação inteira para cuidar, pessoas honestas que confiam em você. Há tanto o que fazer, tantas vidas para ajudar; começando pela sua própria. Por que não dar essa chance a si mesmo? Você pode melhorar, todos possuem essa capacidade. E eu, mais que ninguém, acredito totalmente nisso.”

Suas palavras pareceram flutuar pelo ambiente. Por vários segundos, os olhos surpresos de Sakusa permaneceram presos sobre os castanhos de Atsumu, suas sobrancelhas arqueadas entre surrealismo e abalo.

Estava sem reação.

Atsumu não conseguiu evitar a preocupação ante isso, mas não disse mais nada. Acreditava plenamente em suas próprias palavras, e, por isso, segurou o olhar de Sakusa com o máximo de veemência que pôde.

Instantaneamente, as belas feições do Kiyoomi adquiriram um aspecto nublado; a tristeza era evidente em seu rosto. Suas orbes escuras, possuindo um brilho de infelicidade e desalento, cortaram o contato visual, desviando para qualquer lugar que não fosse a imagem de Atsumu Miya a sua frente. O monarca suspirou, fechando os olhos e, talvez, buscando acalmar o interior totalmente ferido e abatido.

É. Pelo jeito, aquela havia sido uma tentativa falha para o príncipe de Inari.

— … Peço que dê-me licença. — foi a única coisa que Sakusa conseguiu proferir antes de se erguer. Sem olhar uma última vez para o loiro, se retirou do cômodo.

Parecia destruído. Tanto mental quanto fisicamente.

De súbito, Atsumu sentiu o coração pesar. Suas intenções sempre foram ajudar, mas parecia que havia piorado tudo.

Onde estava com a cabeça, afinal? Sakusa havia perdido tanto a esposa quanto o primogênito prestes a nascer. Devia ser um sofrimento insuportável — um sofrimento inimaginável para alguém como Atsumu.

Havia errado em insistir sobre aquilo… talvez, se tivesse usado uma abordagem mais, mais…

Nem sabia dizer. Estava muito confuso para isso.

No entanto, tinha ciência da atitude que precisava tomar. De toda forma, fora Atsumu o insensível da vez. Precisava se desculpar.

Suspirou. Mesmo tendo ciência de seu erro, ainda assim, Atsumu não deixou de acreditar em seus próprios ideais, e desejava que, um dia, Sakusa fosse capaz de acreditar neles, também…

Mas, talvez — e agora —, nada no mundo seria capaz de arrancar a melancolia esmagadora do coração do solitário e soturno rei de Itachi.

 

◾◾◾

 

— Não se esqueça de higienizar as mãos.

Pausa. Daquela vez foi impossível para Atsumu disfarçar a careta de desgosto, e agradecia o ambiente nada iluminado da biblioteca para a tal não ser percebida. Retirando a máscara, lavou as mãos na travessa cheia d'água e sabão em uma das estantes, em seguida, secando-as nos panos perfeitamente fofos e bordados (o castelo estava realmente apinhado dessas coisas!)

De toda forma, não fez cerimônias para se aproximar do monarca viúvo, sentando-se na poltrona em frente a dele. A sua esquerda, vários candeeios a gás preenchiam a estante do relógio, proporcionando à região uma luz acalorada.

Analisou o rei rapidamente. Assim como Atsumu, ele não encontrava-se com a máscara, porém, em contrapartida, o rapaz evitava direcionar os olhos em sua direção. Sakusa permaneceu com o rosto abaixado enquanto entretinha-se com um livro.

Mesmo dando essa falsa impressão, estava óbvio para Atsumu que o amigo estava tudo, menos concentrado na leitura. Sua cabeça estava é sendo preenchida por intermináveis pensamentos trágicos e sofridos, certamente; conseguia perceber isso através de sua postura instável.

Sendo assim — e lembrando-se de seu erro anterior durante a partida de xadrez —, Atsumu respirou lento e profundamente.

— Omi-kun, devo desculpas a você. — foi direto. — Acho que soei com mais insensibilidade do que gostaria, mas não era essa minha intenção original. — encarou-o profundamente. — Sinto muito.

Kiyoomi não ofereceu um único olhar ao loiro, os olhos cansados ainda presos nas folhas gastas do livro (Atsumu percebeu que ele estava na mesma página há bastante tempo). No entanto, o instante que o melancólico rei franziu minimamente a testa não passou despercebido para o loiro.

— Tudo bem. — a voz de Sakusa pegou o Miya de surpresa por alguns segundos, devido a sua desatenção. — Está desculpado.

O semblante do príncipe murchou em amargura, as sobrancelhas escuras baixando-se, cansadas.

Era só isso?

— É óbvio que não está sendo verdadeiro, Omi-kun. — Atsumu retrucou, quase em tom de reclamação. Sentou-se na beira da cadeira, o corpo inclinado para frente para que se aproximasse do amigo esquivo. — Eu errei; sei perfeitamente disso. Então… vai, me fala o que posso fazer para ficarmos quites. Posso… contar algum segredo meu, ou…

— Isso não é necessário. — Sakusa fechou o livro, os olhos cerrando-se por um momento em fatiga. — Não sou rancoroso, sabe bem disso.

Atsumu engoliu em seco, mas, por dentro, encontrava-se um tanto aliviado. Agradeceu o fato de ele ter recusado sua proposta de segredos, pois, por um momento, pensou em contar a verdade por trás do reinado de Osamu, e sobre como havia ocorrido um erro, visto que, por ser o gêmeo mais velho, Atsumu quem devia ter acendido o trono.

Foi um pensamento idiota… aquilo era um segredo de estado, contá-lo ao rei de outra nação seria pedir por encrenca — mesmo que acreditasse que Sakusa era alguém totalmente confiável.

De qualquer forma, deixou aquele assunto para lá, assim como Sakusa pediu. Agora que tinha a atenção do soberano para si, animou-se para dar continuidade à conversa.

— Omi-kun. — seu tom saiu baixo. Estava um tanto receoso de que sua nova tentativa de ajudá-lo fosse vista como uma inconveniente insistência novamente, mas não conseguia evitar; precisava falar algo. — Eu… mesmo arrependido por ter lhe causado desconforto e tornado os acontecimentos tristes da sua vida, mais uma vez, frescos… — prensou os lábios. — Não sei, mas… eu simplesmente não consigo deixar as coisas como estão. Vê-lo dessa forma… é difícil demais, tanto para mim, quanto para todos. E, também…

— Atsumu… — Sakusa, totalmente incomodado, interrompeu-o, mas isso não impediu Atsumu de continuar.

— Você é meu amigo. — suas palavras saíram com uma verdade tão intensa que calou o monarca na mesma hora. — Quero ajudar você; é o que mais desejo no momento. De verdade. — abriu um leve sorriso. — Posso até passar por inconveniente, mas penso que é melhor isso do que não fazer nada. Como poderia me considerar seu amigo se o fizesse, não é mesmo? Sei que é difícil para você ouvir sobre o passado, mas não pararei de tentar trazer o Omi-kun que conhecia de volta. Sinto que consigo fazer isso, e assim o farei.

Suas palavras saíram tão simples e fluidas que Atsumu sentiu orgulho de si mesmo. Havia dito tudo o que queria dizer, e isso o aliviava a níveis elevadíssimos.

Com isso, demorou a perceber a expressão inusitada no rosto de Sakusa. O monarca tinha os olhos pregados sobre seu rosto, como se enxergasse muito além de sua alma. Mais que surpresa, seu semblante demonstrava aspectos nitídos de, de...

Comoção?

Atsumu sentiu-se alerta. Nunca havia visto o Kiyoomi daquele jeito. Ele parecia emocionado, um grande surrealismo pregado em sua aura. Atsumu não sabia o que exatamente ele estava enxergando enquanto olhava para si, mas especulou que era algo profundo demais para se tentar discernir.

Meio desnorteado, abriu a boca para falar algo, até que foi calado ante a atitude de Sakusa em fazer isso primeiro:

— Você… — o monarca parecia estar sem fôlego, as pupilas dilatadas pela escuridão, a respiração tornando-se cada vez mais desordenada. Parecia estar fascinado. — Você é como…

“Ela”.

Atsumu arregalou os olhos.

— O qu-quê? — gaguejou, sua voz saindo mais como um sussurro confuso. Uma estranha ansiedade começou a esmagar-lhe o peito, e isso aumentou ainda mais quando o Kiyoomi aproximou-se para frente.

Num gesto inusitado, a face direita de Atsumu foi agraciada pelo toque suave da mão de Sakusa. O loiro sentiu a mente pifar; Kiyoomi nunca tocava em ninguém!

Ao que tudo indicava, nem o jovem viúvo conseguia perceber a gravidade do próprio ato, os olhos acessando o fundo da alma de Atsumu enquanto continuava a encará-lo.

— Eu… — Atsumu gelou ao sentir o polegar do moreno começar a acariciar sua pele, os movimentos circulares executados com leveza e dedicação. Sakusa parecia estar magnetizado. — Sim, agora eu vejo… é exatamente como ela.

Atsumu não sabia como reagir. Do que ele estava falando?

— Om… Kiyoomi. — soltou o ar, as mãos apertando o estofo da cadeira. — Eu… o que está fazendo? — perguntou quase engasgado.

— É como eu disse, príncipe Atsumu… — o loiro sentiu o coração parar com a crescente aproximação do rosto de Sakusa, que, descendo a mão a sua nuca, possuía o claro objetivo de alcançar os lábios rosados e entreabertos do príncipe petrificado. — Você — os narizes se roçaram. — É exatamente — puxou-o lentamente pelo pescoço. — como ela.

Quando foi a vez dos lábios se tocarem, Atsumu finalmente acordou para a vida. Num gesto automático, impulsionou os pés no chão e afastou a cadeira para trás, fugindo completamente do Kiyoomi e sua aura desordenada.

Levantou-se, o coração pulsando forte no peito. Atsumu estava agitado, passando a andar de um lado para o outro, as mãos afagando os cabelos em surrealismo.

Sakusa parecia pior. De repente, era como se tivesse despertado de um transe profundo e envolvente. Estava em choque.

— Atsumu, eu… me perdoe…

— Não, não, está tudo bem, está sim… — Atsumu calou-se, mordendo o lábio inferior e apertando os olhos. Estava nervoso demais. — Omi-kun, o que foi isso? — olhou-o transtornado, sem ser capaz de conter a perturbação na voz. — Como assim sou “como ela”? É da sua esposa que está falando?

Sakusa engoliu em seco, as mãos unidas como se tivessem somente o apoio uma da outra no mundo. Não tinha capacidade de olhá-lo ou falar nada, a cabeça abaixada para o chão.

Assim, Atsumu foi, aos poucos, permitindo o interior acalmar. Respirando mais controlado, arrastou a cadeira de volta ao lugar de antes, dessa vez, para mais perto de Sakusa. Sentou-se novamente à sua frente, mas nem isso foi capaz de fazê-lo olhar em sua direção.

— Omi-kun. — chamou-o, baixo e gentil. Resolveu por não tocá-lo, ou poderia acabar acionando sua cisma/horror à germes, que, por agora, parecia ter sido esquecida pelo viúvo. Olhou-o compadecido. — O que aconteceu?

O moreno balançou a cabeça, o aperto das mãos se intensificando em desventura.

— Eu… não foi nada.

— “Nada?” — Atsumu desanimou. — Então por que citou sua esposa?

A expressão de Sakusa tornou-se ainda mais penosa. Seus olhos passaram a adquirir um imperceptível brilho aguado.

— … Não sei.

— Você me acha parecido com ela, é isso? — perguntou, calmo e controlado. Apenas queria que ele respondesse com sinceridade. — Por isso fez aquilo?

O olhar de Sakusa ficou ainda mais esquivo, calando-se de vez. Atsumu sentiu ainda mais empatia, mas isso o fez ver que era melhor não insistir.

Respirou fundo.

— Olhe, Omi-kun, sei que tudo isso não deve ter passado de um mal entendido, e, considerando a situação pela qual está passando, eu compreendo perfeitamente. Não se preocupe, pois não interpretei sua ação de antes de forma errada. Está tudo bem, ouviu?

Esperou alguma resposta, essa que não veio. Vendo que não tinha mais o que fazer ali, preparou-se para se erguer quando foi parado pela voz do moreno:

— Atsumu… — o nome foi pronunciado num impulso. Sakusa precisou de alguns segundos para tomar coragem antes de finalmente erguer o rosto em sua direção. — Eu… foi verdade o que falei antes. Vocês são muito parecidos.

Atsumu arqueou uma sobrancelha, enquanto a outra era franzida levemente.

— … Parecido com sua esposa, no caso. — falou em afirmação.

— Sim. — o outro concordou. Parecia muito inseguro. — Mas… há uma diferença. É estranho, mas, desde que ela morreu, tenho a visto em você, ao mesmo tempo que não tenho visto, entende? É como se… por mais semelhanças que tenham, a individualidade continuasse intacta.

Atsumu sentiu-se ainda mais perdido. Será que Sakusa estava se embolando?

— Omi-kun…

— Sei que é errado me sentir atraído por você. É como se eu traísse minha esposa. — uma vermelhidão atordoada preencheu a face de Atsumu, o qual sentiu-se engasgar em assombro quando, mais uma vez, a mão de Sakusa pousou em sua face. — Mas, ao mesmo tempo, é tão certo… — sussurrou, dedilhando suavemente sua pele. — Também acredito que você é o único que pode me ajudar. Pode ser através de amizade, amor, afeto; não importa. O que mais desejo é estar perto de você.

Atsumu estava sem fala. Continuava a encarar Sakusa com surpresa e perplexidade. Nunca imaginou que por trás daquela melancolia toda o amigo possuísse esses tipos de pensamentos e sentimentos em relação a si.

Sentia-se… embaraçado? Envergonhado? Desacreditado? Talvez uma junção de tudo isso; só sabia que, cada vez mais, seu coração ia dobrando o ritmo de batidas e o nó de seus dedos adquiriam um aspecto úmido.

Seu silêncio devia ter dado confiança para Sakusa, que permitiu-se continuar a acariciar sua cútis por mais um tempo. Devia ter sido por conta de sua mente confusa, mas Atsumu só foi perceber a aproximação do rosto de Kiyoomi quando viu-se mergulhado totalmente na cor ônix de seus olhos.

Quando o beijo aconteceu, Atsumu não sentiu-se assustado nem desconfortável. O que sentiu foi somente a mais pura gentileza que Sakusa ofertou ao ato, o qual foi aprofundando o contato lentamente enquanto a mão sob a nuca do loiro aproximava-o delicadamente.

Kiyoomi não forçou o momento. Os beijos que ofertava a Atsumu eram, ao mesmo tempo, leves e profundos, como se fizesse questão de dizer que o príncipe estava livre para para dar fim ao contato a hora que quisesse.

Atsumu nunca havia se sentido tão... querido. Era como se fosse uma peça rara nas mãos do Kiyoomi, e, totalmente envolvido por isso, mal percebeu-se retribuindo o ato com tanta doçura e dedicação quanto.

O beijo não alterou-se até que tivesse seu fim; o contato manteve o mesmo ritmo lento e afável em cada segundo que durou, as únicas ocasiões de mudança sendo quando os rapazes despertavam suspiros extasiados um no outro. Os corações agora batiam calmos e serenos, e após ofertarem uma última e graciosa investida, embevecidos com aquele beijo suave e encantador, enfim separaram os rostos.

As respirações soavam profundas, mas não havia urgência em recuperar o ar. As cores ônix e castanha iam adquirindo um brilho mais evidente, contrastando com a coloração escura de antes, originada pela situação envolvente e afetuosa.

— Eu juro para você, Omi-kun — Atsumu pegou na mão do moreno, que não fez objeção alguma com o gesto; sua atenção estava totalmente presa no belo e ornamentado rosto do príncipe de Inari. —, que trarei a alegria de volta para sua vida.

A plena certeza nas palavras despertou nos dois um sentimento de confiança e cumplicidade inimaginável. Tudo encontrava-se mais claro na cabeça dos dois rapazes, muito mais certo.

E, sentindo-se seguro e querido pela primeira vez em muito tempo, Sakusa Kiyoomi abriu um trêmulo e sensibilizado sorriso.

O rei solitário já não estava mais sozinho.

— Atsumu… obrigado.


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Notas finais do capítulo

Sério, gostei DEMAIS de escrever sobre esse casal pela primeira vez. Eles são tão perfeitos juntos, e a esperança que Atsumu tinha em ajudar Sakusa me emocionou do início ao fim ♥️♥️

Espero sinceramente que tenham gostado (especialmente você, Miya ), e bem, é isso. Esse projeto sempre ficará no fundo do meu coração, escrever sobre esses sete shipps maravilhosos de Haikyuu envolvendo monarquia foi tudo para mim ♥️

Amei demais, e, mais uma vez, agradeço imensamente a quem acompanhou até aqui, lembrando também que esse projeto também não teria sido possível sem a ajuda da minha parceira, Line ♥️ Agradeço a todos

Agora, perguntinha rápida para aqueles que leram as 7 one-shots dos casais: se pudessem, qual reino vocês escolheriam morar, e qual foi a one-shot preferida de vocês? Digam para mim

Bem, é isso. Eu e minha parceira estamos com vários projetos de Haikyuu em mente, então fiquem ligados que logo mais vem coisa nova

Até, pessoal; adorei tudo. E, antes que eu me esqueça…

VIDA LONGA AOS REIS!

(Para ler as outras ones da saga, vai no perfil que é mais fácil)

Até a próxima



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