Sorvete vermelho escrita por kicaBh


Capítulo 3
Capitulo 3




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LISBON

Lisbon ? Ouço Kim Fischer me chamar e olho para a mulher. De nós ela era provavelmente a mais feliz, afinal de contas uma mulher que seria ameaça foi pedida para ir embora da cidade pelo seu namorado. De repente eu pensei se era uma mulher tão bonita como Kim Fischer.       Você viu o Jane? A pergunta dela me tirou do devaneio de nos comparar. Eu não era como ela e isso não era demérito para nenhuma de nós duas, era apenas constatação.

Ele disse que preferiu ir embora caminhando. Eu respondi, fingindo não notar a decepção no rosto da Fischer. Não disse nada sobre a praça Roosevelt, guardando a informação para mim e pensando no que vou fazer com ela.

Sei que é um tanto egoísta de minha parte, afinal, eu vou ficar com os dois caras ? Mas a verdade é que eu também queria falar com o Jane sobre essa noite.

Essa noite!

Não bastasse Pike contar da promoção e me pedir para ir com ele para Washington, termina com Jane me pedindo para encontra-lo!

Jane que além do ciúme velado do meu relacionamento nunca fez qualquer movimento para se aproximar de mim como homem, essa noite, diante do pedido do Pike, teve uma reação.

Eu sabia que era diferente entre nós agora do que era na CBI. Em Sacramento havia Red John, vingança, eu era chefe. Aqui não, aqui eu sou mais um na equipe. Com um pouco de experiencia, mas das Agentes mais novas. Não tenho poder de decisão, não mando em ninguém e não preciso resolver as travessuras do Jane.

Abbott confia em mim para dar ao Jane o equilíbrio, mas as reprimendas, as explicações, arrumar a bagunça, isso realmente fica com ele.

E embora eu devesse agradecer por esta parte da minha vida estar tranquila o suficiente para que eu pudesse ter mais disponibilidade para o meu namoro com o Pike, eu fiquei foi com ciúmes do Jane com a Fischer.

Cada vez que era ela, e não eu, que ia para o campo com ele, meu coração apertava. Eu pensava se ficariam hospedados no mesmo quarto, se fugiriam no meio da tarde para uma namoradinha. Nestes dias em que eles estavam fora eu ficava mais irritadiça, como se esperando a hora do Jane voltar e estar ao meu lado.

Vi Kim fechar a janela do carro e partir e pedi desculpas mentais pelo meu ciúme. Um que eu sabia não poder sentir, embora fosse impossível negar.

Quando Marcus me chamou e nós seguimos para a minha casa um silencio absoluto dentro do carro reinou durante todo o trajeto.

Acho que Pike queria uma reação mais efusiva de minha parte a promoção dele, uma resposta certeira e afirmativa de que eu estaria com ele onde ele estivesse. Tudo que ele teve de mim foi uma resposta protocolar de que pensaria no assunto mas que estava feliz e lisonjeada.

Eu estava mesmo, feliz e lisonjeada, pela melhor oportunidade de carreira dele, eu ficava entusiasmada por tudo que ele faria, eu sabia que ele era um agente muito capacitado e queria muito esta promoção.

Eu só não gostei da forma como fui comunicada, ali numa mesa com Kim e Jane presente. Eu queria que ele me falasse somente nós dois.

Somente na porta da minha casa eu ousei olhar para o Pike. E antes que eu abrisse a boca, ele foi quem falou.

Teresa, eu não queria te assustar hoje. Mas é que é uma oportunidade tão boa, estávamos entre amigos. Não pensei que você ficaria tão constrangida. Oh meu Deus, não achei que o Pike fosse perceber meu real sentimento naquele momento. Eu tentei sorrir, eu tentei me mostrar empolgada, mas eu realmente queria sumir da presença do Jane diante daquela proposta. E embora eu saiba que não deveria colocar no Jane no meio disso, era tarde demais.

Não é isso, apenas foi uma grande surpresa. Eu preciso pensar no assunto, eu cheguei a tão pouco tempo em Austin. E eu tenho gostado tanto daqui.

E ainda tem o Jane, não é ?

Somos amigos, você sabe. Fora isso, o Jane tem a Kim, Marcus. Eu falei não olhando para ele, pensando no quanto estas palavras me doíam e o quanto eu não conseguia lidar com isso. 

Não sou o expert no assunto, mas Kim e Jane não parecem ter o mesmo grau de envolvimento. E eu não sei o quanto isso te envolve, Teresa.

— Marcus, por favor, se eu tivesse algo com o Jane eu não teria um relacionamento com você.

— Eu sei, eu não quis dizer isso, apenas quis dizer que a presença de vocês, um na vida do outro, é muito forte.

— Sim, eu nunca escondi isso de você.

— Mas eu nunca tinha testemunhado.

— É por isso que você está querendo ir embora de Austin ?

— Não, por favor não. Embora eu não posso negar que me agrade ter você inteira comigo. Eu não quero te pressionar. Essa é a melhor oportunidade da minha carreira e já estamos juntos a muito tempo. Eu quero estar cada vez mais com você, eu tenho certeza dos meus sentimentos. Eu só não sei se você está certa sobre os seus.

Eu não sei como responder a isso, eu pensei. Mas não falei.

Eu preciso pensar sobre isso, Marcus.

E precisa decidir sobre o Jane, Teresa. Esse cara está sempre na sua vida. A dois anos, quando te conheci, mesmo ausente, ele permeia suas decisões. É impossível para mim, ou para a Kim, não notarmos o que vocês são um para o outro.

Eu quis negar, eu quis dizer que o Marcus estava enganado, que minha amizade com Jane não afetava o meu relacionamento com ele, ou o do Jane com a Kim. Mas eu não consegui contar essa mentira, eu não sou esse tipo de pessoa, eu não finjo.

Eu realmente entendi o que Marcus estava fazendo e não o culpava. Ter uma relação com ele, estável, era estar longe do Jane, de diversas formas. Inclusive fisicamente.

E eu precisava realmente pensar sobre isso, decidir sobre isso. E me imaginei ficando em casa essa e outras noites debruçadas sobre meu travesseiro, pesando as possibilidades, mas meu corpo não me obedeceu, assim que Marcus se foi eu coloquei roupas mais confortáveis e segui em direção à Praça Roosevelt.

JANE

— PRAÇA ROOSEVELT - 

A visão do Rio Colorado impressionava, o clima era agradável e realmente o sorvete do Joy continha o real sabor de uma castanha de pistache. Apenas minha ansiedade pela isca jogada a Lisbon me atormentava.

Meu celular tinha várias chamadas da Kim que eu simplesmente ignorei. Eu falaria com ela mais tarde, resolvendo nossa situação.

Não que eu esperasse o desenrolar com Teresa para falar com ela, deixando-a como 2ª opção, longe disso. Teresa ficando comigo ou não, eu não queria mais me envolver com Kim.

Caminhar até aqui me fez bem para assimilar os eventos desta noite. Jantar com Lisbon e Pike não foi uma boa ideia por muitos ângulos. Me fez entender que eu não deveria estar com a Kim, nem esporadicamente. E me fez admitir que eu queria que a Lisbon estivesse comigo, não com outra pessoa.

Quanto a Lisbon, eu sabia que havia sido o mais direto que o momento permitia, mas ela não é uma mulher de aventuras. Ela teria que ter um motivo muito bom para me procurar esta noite, na noite que o namorado dela praticamente a pediu em casamento. E bem na minha frente.

O único motivo para ela vir ao meu encontro seria ela não querer aceitar o pedido, pelo menos não imediatamente. E a causa da recusa ser eu e o sentimento que ela tem por mim.

O tempo passou, tanto que mal percebi que a praça ficou menos cheia de gente e que Lisbon se aproximava.

Jane. A voz dela era praticamente um sussurro e ao me virar eu vi que ela estava tensa, preocupada. E eu surpreso porque a toda certinha Teresa Lisbon estava cedendo ao instinto de fazer algo que soava errado.

Lisbon.

Eu não sei bem porque vim. Lisbon ainda disse tímida.

Não importa, você está aqui.

Eu fiz um sinal para que ela me desse sua mão, o que ela fez ainda que reticente. Eu toquei a mão dela e juntei a minha, um ato inocente, para oferecer conforto, porque eu também não sabia bem como conduzir nossa conversa daqui pra frente.

Ofereci a ela um sorvete de creme de morango, que sei ser o seu favorito e esperei que ela relaxasse e assim como eu, contasse o que a afligia neste momento.

Demorou ainda um tempo e nosso silencio não era desconfortável. Ao contrário, nos dava a impressão de estarmos no lugar certo.

Eu queria conversar com você, pensar sobre o que o Pike disse. Lisbon falou depois de algum tempo.

Ele quer levar você para longe de mim.

Ele não entende o seu tamanho na minha vida. Lisbon não negou e eu fiquei realmente surpreso com a sinceridade que ela admitisse isso.

Como ele poderia entender ? Como explicar a ele que eu não teria durado um mês fora do hospital psiquiátrico se não fosse você, Lisbon. Não acredito que o Pike, ou qualquer outra pessoa que não seja você, compreenda o que você é, o que você significa para mim. Eu respondi a ela com toda a sinceridade que eu conseguia no momento. Se Lisbon não tivesse me acolhido na CBI eu realmente não teria conseguido sobreviver.

Ela concordou, sem falar nada a este respeito. Ela sabia o tamanho do que isso significava.

Passou mais um tempo, ela estava terminando seu sorvete quando continuou.

Eu me sinto realmente honrada por ele querer que eu vá com ele, mas eu me sinto como uma mulher dos anos 50, fazendo uma escolha em prol do homem ....Lisbon falou triste.

Lisbon, você não tem nada de Martha Stwart. Não acredito que o Pike não veja isso.

Acho que ele realmente não vê. Lisbon me olhou sem acreditar. Você parece surpreso.

Vocês estão juntos a um tempo, se conhecem. E eu sei que ele é um cara legal, Lisbon. E te ama. E você, ...., você parece gostar dele.

Eu gosto dele. Só não abro mão de ser eu mesma a decidir minha vida, principalmente a profissional, entende ?

Completamente.

No entanto, o Pike é ótima pessoa. E eu não quero jogar sobre ele uma decisão que é minha e que envolve muitos fatores.

— Eu sou um destes fatores.

— Sim. Mas você agora tem a Kim. Vocês estão juntos, não estão?  

Lisbon olhava para mim fixamente e de repente eu senti que toda a minha vida dependia da forma como eu daria a resposta a seguir. Porque se eu dissesse que estava tudo bem comigo e a Fischer ela se sentiria livre para viver com Marcus Pike.

E pela primeira vez em muito tempo na minha vida, eu quis ser sincero com uma pessoa.

Quando a Kim apareceu naquela ilha eu era um homem muito solitário, muito mesmo, Lisbon. Quase 2 anos sem falar inglês decente com alguém, eu não quis me proteger. E ela foi gentil na ilha, genuinamente gentil. Entretanto, eu fiquei bastante bravo quando descobri que ela era do FBI e você conhece o meu lado vingativo. Seduzi-la foi uma forma de sair daquela cela, e também de provar que eu estava certo, que no fundo a Kim não era a mulher do governo americano e sim, a garota da ilha..

A garota pela qual você se interessou ?

A primeira garota em dois anos. Eu precisava saber se ainda era capaz de ter um relacionamento, se eu era capaz de seguir em frente. Então eu voltei aos Estados Unidos, estava naquela cela. Eu não gostei de ser enganado. Então eu a deixei se aproximar de mim, na intenção de desmascará-la, de me vingar, de vencer. Eu fiz o que sempre faço na vida, Teresa. Eu joguei.

Isso é horrível, Jane. Até mesmo para você, que já fez coisas muito duvidáveis.

Eu sei e não tenho orgulho algum.

Ela está apaixonada por você. Lisbon me falou o óbvio que eu não queria ver, mas ela, sendo mulher, percebia claramente.

É possível. E a vida seria linda se eu também estivesse apaixonado por ela.

— E não está ?

— Nunca estive. Você está apaixonada pelo Pike ?  

Eu gosto do Marcus. Muito.

Não é isso que estou perguntando a você.

Eu sei. Eu .... eu acho que o amo sim.

Eu não quero parecer arrogante neste momento, mas não posso deixar de perguntar : está aqui comigo quando ele praticamente a pediu em casamento porque, Teresa?

E aqui estávamos nós, no centro da questão. Ela veio ao meu encontro, então a certeza de um amor não era grande também para ela. E eu estou aqui, admitindo que não amo a mulher que ela acredita ser minha companheira.

Eu olhei para Teresa e percebi que ela estava me olhando de volta, confusa.

Eu continuei nossa conversa, porque não dava para voltar atras e ela não conseguia responder a minha pergunta.

O Marcus está apaixonado por você, a Kim está apaixonada por mim. Mas e nós, Teresa?

Lisbon se levantou e ficou de frente a mureta, onde o Rio passava diante de nós. Ela não me olhava nos olhos. Mas eu sentia a tensão que ela carregava.

Eu a virei de frente para mim, tão seguro dos meus sentimentos que eu parecia um homem diferente. Era a hora da verdade. Se eu não fosse sincero agora, neste momento, a mulher que eu queria para mim iria embora com um homem que era bom, mas não era o certo para ela.

Eu amo você, Lisbon. Contra todo o meu pavor que alguém se aproxime de mim e você sabe muito bem o motivo. Contra todos os jogos que eu faço e você conhece bem, porque nunca os escondi de você. Eu realmente amo você e quero estar ao seu lado.  

E assim me declarei, me sentindo leve o suficiente por dizer a essa mulher o quanto eu tenho de sentimento por ela. E eu a observava, sabendo que ela estava ordenando as emoções, pesando analiticamente, mas a pulsação de sua veia no pescoço dizia muita coisa. Dizia que ela estava impactada com a minha coragem e que Deus a ajudasse a ter o mesmo ímpeto que eu.

E se for tarde demais, Jane. Foi o que Teresa me disse, a voz embargada, falhando. Mas se aproximando de mim, quando, se ela quisesse me dizer não, deveria estar indo embora.

Não pode ser muito tarde se você está aqui, Lisbon. Eu me aproximei dela.

Há duas outras pessoas legais e sinceras em seus sentimentos envolvidas nisso. Não somos só eu e você.

Eu me aproximei mais de Teresa, mostrando a ela a bobagem que ela acabou de dizer. Passei minhas mãos pela cintura dela e a puxei contra mim.

Nunca, em anos que conheço a Teresa, fiz um movimento que indicasse interesse por ela como esse agora. Eu tinha Lisbon perto de mim e não iria soltá-la, mesmo sabendo que ela poderia se sentir errada por estar aqui comigo.

Não há nada entre nós, além do nosso próprio medo de envolvimento. E eu a beijei, porque era isso que eu deveria ter feito desde que ela foi ao meu encontro na sede do FBI.

Como eu fui um tolo em me envolver num jogo pessoal ao invés de simplesmente dizer a Teresa que eu mesmo com todo o medo, eu a amava, eu a queria.

Eu a beijei com todo o carinho do mundo, tentando demonstrar a ela o quanto eu a amava. E ao invés de insistir na ideia de que era tarde para nós, Lisbon correspondeu. Eu a senti passando as mãos pelos meus cabelos e aprofundando nosso beijo. Então não posso falar por ela, mas eu me rendi. Ali naquela praça, com Lisbon nos meus braços, eu tive a certeza de ser o homem mais feliz do mundo e permiti que outro beijo começasse assim que um acabava.

Somente quando meus amassos estavam ficando mais sérios, minhas mãos desciam de suas costas para suas nádegas e eu a pressionava diante da minha excitação, foi que senti que Lisbon se afastou.

LISBON

Não posso fazer isso, Jane. Não podemos fazer isso, não desse jeito. Eu falei saindo dos braços do Jane depois dele me beijar. Não sei como fui capaz de falar alguma coisa depois desse momento. Meu coração parece que vai pular pela boca e eu posso afirmar, nunca senti tantas emoções num beijo. Eu senti medo, desejo, amor, coragem e mais uma gama de sentimentos que eu não lembro, nos anos com Pike, de ter sentido alguma vez.

Eu devia estar paralisada olhando para um Jane tão paralisado quanto eu, mas meu corpo pareceu ter vida própria e mesmo sabendo que era errado, no momento, eu corri de novo para os braços dele, para um beijo muito mais fundo desta vez. Um beijo molhado e um beijo cheio de promessas.

Anos negando a mim mesma que eu não queria isso com o Jane, que não o queria, mas basta um beijo para tudo parecer no lugar certo. E tudo que eu quero é passar o resto da noite beijando Patrick Jane na praça Roosevelt. Tudo que eu quero é sentir as mãos dele me pressionando contra seu corpo.

Eu sei. Ele olhava para mim com uma calma quase irritante quando paramos esse 2º beijo. Ele não se afastou de mim, mas sabia que eu poderia sair correndo a qualquer momento.

— Eu preciso ir, eu preciso pensar, eu preciso pensar no que eu vou fazer, como eu vou fazer. Eu falei com meus olhos fechados, juntando as forças para ir embora.

— Eu entendo, mas eu quero que você saiba eu sou totalmente seu. Quando você me quiser, estarei te esperando.

E eu não tive o que responder a isso. Eu apenas sorri a ele, sabendo que o convite que ele me fazia era grande demais para ser ignorado.

Jane queria ficar comigo, realmente ficar comigo. É muito grande pra conceber, no momento, o que essa declaração significa.

E nós simplesmente cedemos ao desejo e nos beijamos mais uma vez, mais uma dezena de vezes antes que eu finalmente fosse embora para minha casa e deixasse um Jane sorridente.

JANE

E fiquei vendo Lisbon ir embora da praça para depois seguir minha caminhada. Eu tinha um sorriso no rosto e fui andando pela rua me sentindo o homem mais feliz do mundo.

Quando cheguei no meu trailer era tarde da noite, a rua escura onde eu estacionava era silenciosa, mas o céu hoje deixava a estrada mais clara.

Meu trailer era minha casa, vivi anos num trailer quando era do circo, era uma volta ao passado. Um fazer as pazes com quem fui. Era um modelo airstream equipado, que eu considero muito confortável, mesmo que a equipe do FBI tenha dado o feio apelido de Balde Prateado.

Eu pensava em mim e em Lisbon e em como eu me portaria daqui pra frente com ela, em como levaríamos um relacionamento, porque tudo em mim sabia que ela não ficaria com Marcus Pike. Não é arrogância, é apenas a sensação boa de encontrar alguém com quem se quer estar. É saber que é o certo.

Tudo que eu gostaria agora é da minha cama e um boa noite de sono, mas nem tudo é tão simples.

Do lado de fora do meu trailer, com uma face pouco amistosa, estava Kim Fischer.

Eu deveria pensar que ela me procuraria, mas não imaginei que seria essa noite. Minha vontade de falar com ela hoje era zero, mas quanto antes eu esclarecesse as coisas, melhor.

Eu perguntei a Fischer se ela não havia recebido o meu recado, para iniciar uma conversa, mas ela estava realmente com raiva. Possivelmente para esconder a mágoa.

Ela me respondeu que havia recebido mas que estava cansada de ser deixada de lado, que ela havia finalmente entendido que eu não queria nada com ela, já que preferia deixa-la sozinha depois de um encontro.

Eu não respondi nada sobre isso. Eu a deixei falar e soltar todos os bichos que tinha aprisionado, mas quando eu senti que isso poderia culminar em algum momento constrangedor, eu finalmente disse a Kim que não iriamos mais nos ver. Que o tempo que passamos juntos foi bom, mas não era o que eu queria da vida. E mesmo sabendo que isso poderia magoá-la, eu fui sincero, eu disse que não a amava. Ela teria raiva de mim agora, mas depois entenderia, não se manda no coração.

Kim não se deixou abater, disse que também não sentia nada muito sério por mim, mas que precisava de uma definição e também agradeceu o tempo que passamos juntos.

Não se aproximou de mim , entrou no carro e foi embora.

E eu fiquei pensando se Lisbon teria um tipo de conversa parecida com o Pike ou se iria preferir ir embora com ele e toda a estabilidade que ele oferecia a ela. 


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