When you're around, hard for me to breathe

Scorpius Malfoy

Scorpius suspirou, esfregando sua nuca. Ele se sentia irritado, angustiado. Frustrado, para ser mais exato. Rose era a garota mais inatingível, irritante e... Porra, a única garota que o fazia sentir coisas que ele não sabia sequer explicar. Ele se sentia tão perdido naquele momento, depois daquilo.

Cumprimentou Albus com um aceno de cabeça, indo direto para sua cama. Seu mau humor era palpável, como uma tempestade se formando em cima de sua cabeça. Albus conhecia Scorp o suficiente para saber que ele não queria papo, nem nada. Apenas jogou uma varinha de alcaçuz ácida em sua direção, o que fez o loiro suspirar mais uma vez e morder o doce, ainda se sentindo irritado.

­­­— Posso tentar adivinhar o motivo de tanta raiva ou você prefere me dizer? —perguntou o Potter, arqueando uma sobrancelha ironicamente. Na verdade, Albus não precisava necessariamente adivinhar. Quando Scorpius Malfoy chegava daquela forma no dormitório, só existia um motivo possível: sua prima.

— Eu acho que você já sabe de qualquer forma — o loiro deu de ombros, um pouco mais calmo. A acidez do doce parecia o acalmar. Não tanto quanto a nicotina acalmaria, mas... Ele tinha largado os cigarros. E isso também tinha influência dela.

— O que aconteceu? — Albus sentou aos pés de sua cama. Scorpius estava com as costas apoiadas na cabeceira de sua cama, afrouxando a gravata e encarando o amigo. O moreno ofereceu mais uma varinha de alcaçuz, o que o loiro aceitou de bom grado e levou aos lábios.

— Rose Weasley. Sua prima é... — disse suspirando, sabendo que nenhuma palavra nunca seria suficiente para descrever Rose. Ele não conseguia sequer formular uma frase coerente para conversar com seu melhor amigo sobre ela, mas tinha conseguido dizer tudo o que vinha guardado, desde... Desde o momento que ele tinha colocado os olhos nela.

— Frustrante? Complicada? Você já disse isso outras vezes — Albus revirou os olhos, encarando Scorpius com atenção. — Você conversou com ela?

— Sim — murmurou ainda mais frustrado ao reviver o momento que ele estava tentando ignorar. Era mais fácil fingir que nunca tinha acontecido, já que Scorpius finalmente tinha tomado coragem o suficiente para revelar seus sentimentos, não tão secretos assim, e Rose simplesmente... Não tinha esboçado nenhuma reação. Não pelos próximos cinco tortuosos minutos que tinha passado na sua frente, esperando alguma resposta.

Albus sorriu para o amigo, dando um leve tapa em seu joelho. Ele sabia que Scorpius era tão complicado quanto Rose e era exatamente por isso que eles ficavam tão bem juntos. Ele tinha percebido há anos a maldita tensão entre os dois (que amadureceu junto com eles e se tornou não só sexual, mas emocional) e ele sabia que os dois se acertariam logo. Talvez não tão cedo quanto ele esperava, aparentemente.

— Ela te deu um fora? — Scorpius balançou a cabeça negativamente. Confuso, Albus o encarou, esperando que ele esclarecesse o que tinha acontecido.

— Eu disse que a amava, porra. Ela me encarou por cinco minutos, sem esboçar nenhuma reação, Albus. Ela não me disse absolutamente nada. Que diabos de reação é essa? Eu esperava um tapa, um fora. Não o maldito silêncio. — o Potter balançou a cabeça negativamente, compreendendo o mau humor de Scorpius.

— Me parece exatamente algo que a Rose faria — Albus murmurou, ainda encarando Scorpius que passava a mão pelo rosto em claro sinal de frustração — Eu pensei que você só ia a chamar para sair, geralmente esse tipo de declaração acontece... Sei lá, no décimo encontro? — o loiro o encarou ainda mais irritado, o que fez Albus rir, ignorando o olhar fulminante que Scorpius continuava o lançando. — Quer dizer, ela deve ter ficado um pouco confusa e...

— Albus, eu amo essa garota desde... Eu não sei, desde que ela me chamou de filhote de doninha no terceiro ano. Você acha realmente que eu sou tão paciente assim, para esperar até o maldito décimo encontro? — cortou Scorpius, respirando fundo e tentando controlar sua própria respiração e batimento cardíaco. Até falar sobre Rose Weasley o deixava daquele jeito. Nervoso, sem fôlego e com a adrenalina correndo solta em seu corpo.

Albus ponderou, concordando com o amigo, mas pronto para o rebater. Porém, Scorpius voltou a suspirar, algo que ele vinha fazendo bastante desde que tinha entrado em seu dormitório, e voltou a falar: 

— Eu a encontrei, disse que precisava conversar. Perguntei se ela queria sair comigo e ela pensou que... Pensou que era um convite para nós três sairmos. E eu... Porra, eu só disse. Disse que eu estava a convidando para um encontro porque eu sou malditamente apaixonado por ela. Que merda, eu estraguei tudo, não estraguei? — Scorpius esfregou o rosto com as mãos mais uma vez, finalmente pensando o quanto ele devia ter assustado Rose.

O sonserino era horrível com palavras. Quase tão horrível quanto ele era lidando com seus próprios sentimentos. Misturar ambos e sua total inexperiência com romances tinha sido um fiasco.  Um fiasco completo, ele tinha estragado tudo com a única garota que ele se importava. A única garota que ele tinha se apaixonado.

Maldito nervosismo. E maldita Rose Weasley, por causar toda aquela confusão dentro dele.

Antes que Albus pudesse começar um longo — e merecido — discurso para Scorpius como ele devia ser paciente, os dois ouviram uma batida na porta, o que fez o Potter franzir a testa, confuso pela intromissão. Andou até a porta e abriu, curioso.

Um garotinho do primeiro ano o encarava nervoso do outro lado da porta, fato que Scorpius conseguiu constatar ao se levantar para terminar de tirar sua gravata e a jogar de qualquer jeito em cima da cama, pronto para partir em direção ao malão de Albus, para roubar mais algum doce.

— Algum de vocês se chama Albus ou Scorpius? Tem uma ruiva da Grifinória lá embaixo chamando por vocês e disse que não vai sair da porta do Salão Comunal até que um de vocês descer pra falar com ela... — disse o garotinho, engolindo em seco.

— Droga, o que ela está fazendo aqui? — Scorpius resmungou, sentindo seu maldito coração disparar de novo. Ele definitivamente não estava pronto para encarar Rose tão cedo depois daquele fiasco de confissão.

— Não sei, mas você vai descer e descobrir. E também se desculpar, seu idiota — disse Albus num suspiro, cruzando os braços. O garoto na porta ainda olhava para eles, com os olhos levemente arregalados.

— Eu não sabia que Potter e Malfoy se chamavam... Albus e Scorpius. — murmurou baixinho, envergonhado. Albus apenas sorriu, dando um tapinha em seu ombro e agradecendo o garoto, que deu de ombros e saiu correndo da porta do dormitório dos dois.

Fechando a porta e virando-se para Scorpius, Albus suspirou mais uma vez, pensando em como ajudar o amigo a não complicar mais ainda aquela situação já complicada que ele e Rose estavam.

— Eu preciso te dizer que você foi um idiota impaciente e devia ter lidado com essa situação de uma forma completamente diferente? — perguntou Albus, arqueando uma sobrancelha e cruzando os braços em frente ao corpo, encarando Scorpius de forma medonha. Afinal, Rose ainda era sua prima e sua melhor amiga, e aparentemente, não estava exatamente em seu melhor momento depois das muitas informações que tinha recebido de Scorpius naquele dia, de maneira um tanto... Inusitada. E completamente tumultuada.

— Não — murmurou o loiro, sem jeito. Respirou fundo, sem saber o que fazer naquela situação.

— Então vá conversar com ela, idiota — Albus revirou os olhos, apontando para a porta.