Sugar Heart escrita por Tord


Capítulo 21
Cicatrizando


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Tudo bom, pessoal! Olha eu de novo! Nem acredito que consegui postar logo hoje! Ontem trabalhei o dia todo mesmo sendo sábado então pensei que não ia ter energia pra conseguir escrever mas o que um soninho bom não faz?
Bem, devido a todas emoções do capitulo anterior, este é um capitulo mais levinho pra aliviar a tensão porque o próximo é cheio de feels de novo. Mas bem! Espero que gostem!!
Boa leitura!

—Tord.



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Embora todos os acontecimentos recentes ainda ocupassem suas mentes, o trio de alquimistas precisava prosseguir suas jornadas. Não havia tanto tempo disponível para mastigarem todas as informações que haviam recebido naquela curta estadia em Dublith. Precisavam cicatrizar suas feridas depressa e seguir em frente e o primeiro passo para retomarem o caminho era consertar o automail danificado de Edward.

Por essa razão, depois de uma nova viagem de volta, agora os três alquimistas se encontravam na avenida principal da cidade de Rush Valley, caminhando em direção à oficina de Garfiel, onde Winry estava trabalhando como parte de seu treinamento de melhora em suas técnicas de construção de automail.

—Está preparado?

—Para que?

—Winry-chan não ficará nada feliz em ver que quebrou o automail dela outra vez. Mal faz um mês desde o ultimo conserto.

—Bem, não é como se eu tivesse muita opção. Sabe-se lá como isso ainda está funcionando. – Edward move os próprios dedos. – Winry é uma ótima mecânica. Com tudo o que passamos da última vez preciso garantir um novo conserto depressa. Não sei quando vamos nos deparar com algo assim de novo.

—... Mas ela vai te matar.

—Vai. – Choraminga.

—Eu acho que ela vai matar vocês dois. – Alphonse menciona, atraindo o olhar deles. – Você também não está muito melhor que o Nii-san.

Al se referia ao corpo de Ani, agora coberto por diversos curativos, provenientes dos ferimentos que recebeu na luta contra o homúnculo Ganância.

—Oh, isso? São só arranhões. Eu estou bem!

—Ainda assim, ela vai ficar preocupada. Winry gosta de você também.

Ani fica em silêncio por um instante, abrindo um leve sorriso ao ouvir aquilo.

—Eu sei. Também gosto dela.

—Vocês dois deveriam se cuidar melhor. – Al resmunga.

—Você quem foi sequestrado, Al. – Ani resmunga de volta.

—E-Ei!

Ao chegarem à loja de Garfiel, após mais alguns minutos de discussão, tem a recepção que já esperavam: Um doce e caloroso golpe de chave inglesa na cabeça de cada um deles. Alphonse incluso.

—Uuugh... Por que eu também? – Ani reclama com a mão em sua cabeça.

—Porque vocês são todos uns irresponsáveis! – Winry reclama de volta enquanto já estava verificando o estrago no automail de Edward. – Até mesmo a Paninya está sendo mais responsável!

—Eh?

—Ela parou de assaltar as pessoas. Agora está ganhando dinheiro consertando telhados e fazendo outros serviços pela cidade.

—Oh! Isso é ótimo! – Ani abre um grande sorriso.

—POIS DEVERIA SEGUIR O EXEMPLO DELA!

Ani se encolhe novamente.

—EH? MAS EU SEMPRE TRABALHO!!

—Não nos últimos meses... – Ed resmunga.

—QUIETO! – As duas o repreendem e Edward simplesmente se cala.

Após uma troca de olhares irritados uma pra outra, Winry e Ani simplesmente suspiram, deixando a mini-discussão de lado.

—E quanto vocês dois? – Winry encara Alphonse – Algum progresso?

Os dois irmãos têm um leve sobressalto. Edward e Alphonse sempre eram reservados sobre sua jornada com Winry. Parte disso porque não queriam preocupa-la, parte porque não queriam envolve-la demais naquele caminho espinhento que estavam percorrendo.

—Bem... nós estamos indo pelo caminho mais difícil, mas... – Al encara o irmão, sem saber ao certo como responder.

—Acho que estamos fazendo algum progresso. – Edward completa, colocando um sutil ponto final naquele assunto. 

Winry os encara com certa preocupação. Sendo amiga deles desde o nascimento, os conhecia bem e sabia que os irmãos não iriam espontaneamente lhe dar detalhes sobre o que passavam. Não sabia dizer o nível de dificuldade que ambos estavam enfrentando no caminho que haviam escolhido, embora pudesse imaginar tendo em vista que sempre que apareciam os encontrava naquele estado.

Entretanto, Winry também tinha consciência de que esta era a escolha que eles haviam feito. E respeitava a decisão deles. Portanto, não restava muito o que fazer além de apoia-los e ajuda-los da melhor forma que conseguia.

—Então tudo bem. – Winry encara Ani. – E quanto você?

—Oh. Hm... Minhas transmutações estão um pouco melhores? – Ani encara Edward que simplesmente concorda com a cabeça. – E estou encontrando algumas respostas para mim também.

Winry abre um leve sorriso, suspirando novamente.

—Não pegue o mal habito deles. Não quero ter que me preocupar com você também.

—Pff... Eu vou tentar.

Com uma feição um pouco mais calma e aliviada por ao menos ter todos de volta em segurança, Winry volta a se concentrar nos reparos do automail de Edward.

—Pronto. Reparos temporários terminados.

—Obrigado. – Edward se levanta da cama onde estava deitado.

—Eu não tenho peças suficientes comigo na oficina. Vou compra-las agora, então matem um pouco de tempo enquanto isso.

—Bem, não temos escolha. – Edward encara ao irmão. – Vamos andar por aí.

—Ah! Tudo bem se eu for com a Winry-chan? Vocês dois atraem problemas demais e eu quero um pouco de paz. – Questiona com um leve riso.

—Claro. – Edward responde simplista. – Nós poderíamos dizer o mesmo sobre você. Também quero sossego.

Ani apenas gargalha novamente como resposta antes de todos se direcionarem para a saída da loja e seguirem por caminhos opostos. Ani e Winry em direção a loja de peças mais próxima – O que não era tão longe – E Edward e Alphonse para darem uma volta pela cidade enquanto matavam tempo esperando.

—O que nós vamos comprar?

Winry então começa a ler uma lista que trazia em mãos, uma bela e longa lista de vários nomes técnicos que Ani não entendia bulhufas. Winry só percebeu que a amiga não estava compreendendo uma palavra do que dizia ao final da lista, quando voltou o olhar para ela novamente e pode ver a cara confusa que ela fazia.

—Hãn... um monte de peças importantes.

—Como você consegue guardar tantos nomes difíceis?

—Bem... é basicamente tudo o que estudo o tempo todo. É a mesma coisa sobre como vocês conseguem guardar tantas coisas sobre composições químicas.

—Oh, faz sentido.

—Ani, vocês estão mesmo bem..?

—Eh? – Ani volta seu olhar para Winry, que novamente tinha uma feição preocupada em seu rosto enquanto parecia analisar os curativos em seus braços. – Ah...

Ani ergue seu rosto para o céu, refletindo por alguns segundos sobre a pergunta em contrapartida com o que havia vivenciado nos últimos dias. “Bem”... bem era a ultima coisa que havia estado a algumas horas atrás. “Bem” era a última coisa que poderia dizer que ficaria quando ainda estava em choque pensando em tudo o que havia visto.

As memorias ainda se encontravam vívidas em sua mente, mas agora... mesmo quando se lembrava das cenas que havia presenciado, logo em seguida se recordava da conversa que teve com os dois irmãos no fim daquele dia. Algo havia mudado em si. Sabia que não havia saído ilesa daquela luta. Mas a determinação também agora queimava mais presente em sua alma.

—Sim, estamos bem, Winry-chan. – A encara sorrindo sincera. – Ed e Al são muito mais fortes do que nós pensamos. Eu já os achava muito fortes desde o início, quando ainda não os conhecia. Mas depois que comecei a viajar com eles... pude perceber que os boatos sobre eles são todos verdadeiros. Os dois são mesmo incríveis. – Leve riso. – E eu estou bem porque tenho eles comigo. Estamos cuidando um dos outros e você está cuidando da gente. Então não precisa se preocupar tanto. Mesmo que a gente volte meio quebrado ou que demore... A gente volta.

Winry encara a amiga também abrindo um sorriso, este ligeiramente emotivo ao ouvir o que Ani lhe dizia. Winry confiava e acreditava em Edward e Alphonse sem qualquer hesitação, mas ainda assim... era difícil não sentir angustia em pensar se ficariam bem a cada vez que partiam novamente.

—Promete..?

Ani estica uma de suas mãos para segurar a dela, a apertando de leve.

—Claro que sim!

O sorriso de Winry aumenta um pouco, tornando-se um pouco mais brilhante novamente enquanto aperta a mão de Ani de volta.

—Ok, então. – Winry a puxa pela mão, correndo em direção a uma das lojas. – Vamos comprar logo as peças! Senão Ed vai reclamar um monte!

Ani gargalha com a animação dela, também acelerando o passo e a seguindo.

—Vamos!

Winry e Ani passaram os próximos minutos percorrendo loja por loja em busca de peças melhores ou preços mais baixos. Winry era uma pechinchera especialista e também extremamente criteriosa na escolha da composição de cada peça.

Ani não compreendia a diferença de uma peça que continha 5% ou 7% de chumbo, mas Winry era minuciosa nas escolhas de sua composição final, deixando claro todo o cuidado que ela parecia ter montando aquele automail engrenagem por engrenagem.

—Peças com maior porcentagem de ferro são mais resistentes, porém também deixam o automail muito pesado o que pode dificultar a movimentação de quem usa. Apesar disso, antes eu sempre colocava uma porcentagem significativa nos que fazia para o Ed.

—Porque ele é imprudente. – Ani sorri compreensiva.

—Sim. – Leve riso. – Mas agora que estou estudando com o Sr. Garfiel ele me apresentou outras porcentagens de materiais que também resultam em peças resistentes, mas muito mais leves! Além disso, dão ao automail uma boa resistência a ferrugem.

—Oooh...

—Pff... Você não está entendendo muito do que estou dizendo, está?

—Eu estou tentando acompanhar! – Risos.

—Por que continua perguntando porque estou comprando isso ou aquilo se não está entendendo?

—Porque você parece feliz falando sobre os automails e eu fico feliz em ver você feliz. – Simplista. – Além disso, se eu entender mais sobre o automail do Ed, também vou entender como ajuda-lo mais.

—Oh, falando nisso, eu percebi que o automail dele estava com bem menos focos de ferrugem do que normalmente estão. Isso foi você?

—Sim! – Faz um gesto de bater continência. – Ele reclama diariamente, mas não o deixo esquecer do óleo todos os dias como você me ensinou!

—Pfff... Bom ver que pelo menos está cumprindo parte do nosso acordo. Mas ainda queria que se cuidassem mais! De que adianta não ter ferrugem se eu tenho que consertar ele do zero toda vez?

Ani gargalha sem graça ao ter Winry mencionando a conversa que tiveram quando visitaram Rizembool, um pouco surpresa por Winry se lembrar dos detalhes dela.  

—Eu disse que não podia garantir que não iriamos nos meter em problemas!

—Eu sei. – Leve riso. – Pelo menos estão conseguindo seguir em frente. – Winry a encara, então hesitando por um instante no que iria perguntar. – Ani... Você acredita que eles vão conseguir?

—Sem a menor dúvida.

A forma sem qualquer hesitação com que teve sua pergunta respondida faz com que Winry arregale seus olhos levemente e que um sorriso ainda maior tome conta de seus lábios.

—...Tem razão.

—Claro que tenho. E você também sabe disso.

—Sim. – Winry concorda com a cabeça, ganhando mais determinação em seu olhar. – Por isso preciso consertar o braço dele logo, eles têm que continuar!

—Exato! – Ani sorri mais largo também. – Mas sabe, eu queria um pouco dessa torcida toda também.

Winry gargalha.

—Você sabe que me preocupo com você. Então claro que também torço por você! Mesmo que você também não me diga exatamente o que está buscando. Outro mal habito deles aprendido.

É a vez de Ani rir.

—Tá, tá... eu sei. – A encara. – Mas também estou indo em frente. Também pelo caminho mais longo, mas em frente.

—Espero que também chegue onde quer um dia.

—Eu vou. Sei que vou. – Sorri. – Vamos continuar com as compras!

Winry volta a ditar as coisas que procurava para Ani enquanto ela tentava ajuda-la a localizar cada item em meio a aquele mar de peças metálicas que pareciam iguais a seus olhos leigos. Até que, quando a busca delas já estava em seus itens finais, um forte estrondo ecoa pela cidade como uma explosão.

—O que foi isso?

Outra explosão eclode pela cidade, distribuindo um tremor por todo vale.

—...

Winry e Ani se entreolham.

—Ah não. – Dizem em uníssono.

—Winry-chan, eu vou! Termine o Automail!

—A-Ah! Tome cuidado!!

—Deixe comigo!

Se voltando para a direção do estrondo, Ani começa a correr rapidamente, já imaginando quem poderia estar por trás daquele som.

—Uuugh! Por que vocês têm que sempre atrair encrencaaaa?

—x-

A cena que presenciou assim que finalmente encontrou Edward e Alphonse não surpreendeu Ani dado o histórico, embora a visão de uma parte da cidade quase totalmente destruída tenha excedido um pouco suas expectativas.

—O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO??

—Oh, Ani. – Edward a cumprimenta.

—O-Oi! – Al a cumprimenta um pouco sem graça.

—O que aconteceu aqui?

Ani olha em volta mais uma vez, ainda chocada com o estrago e então encarando então três rostos que não conhecia. Dois deles amarrados e o terceiro sorrindo despreocupadamente.

—Quem são esses? – Ani arregala seus olhos ao encarar Edward novamente. – O QUE DIABOS ACONTECEU COM SEU BRAÇO??

Edward apenas bufa irritado ainda segurando seu braço mecânico arrancado pendurado em sua outra mão.

—Isso não foi culpa nossa! Foi culpa desse cara e dos subordinados dele que nos atacaram do na-

Edward interrompe suas reclamações quando o rapaz subitamente se aproxima e segura uma das mãos de sua aprendiz.

—Heeeeeh... – Ele abre um largo sorriso. – Mas quem é você? Você é uma gracinha!

—Éoke? – Ani o encara. – Han... o que eu perdi aqui?

—Eu sou Ling Yao, e você?

—Eeern... – Ani se afasta um passo.

—Ali! São eles!

Deixando Ani ainda mais confusa e perdida no assunto, de repente todos são confrontados com um grupo de moradores que aparentava estar furioso.

—Vocês destruíram nossa cidade!

—É bom que paguem por tudo!

—E também que paguem pelo que comeram! – Reclama um dos moradores, balançando uma conta nas mãos.

—Meu deus o que fizeram?? – Ani sussurra para Ed.

—O que? Não fizemos nada! Todas as despesas ficam por conta deles! Eles que nos atacaram do nada!

Edward aponta para Ling, no entanto, ao ter todos os olhares voltados para si, o rapaz simplesmente abre um sorriso inocente e começa a falar com um sotaque muito mais forçado do que o que já possuía.

—Hahah! Eu não falar língua daqui! Tchauzinho!

Antes de dar no pé.

—EI! VOLTE AQUI!

Foi só então que os dois irmãos notaram que não apenas o rapaz havia sumido, como seus dois subordinados também.

—Quando eles escaparam?! – Al questiona surpreso, olhando a sua volta ainda sem crer que haviam escapado bem debaixo de seus narizes.

—O que fazemos agora..? – Edward resmunga. – Eu poderia consertar, mas estando desse jeito... – Edward olha para seu braço solto. – E pedir pra você seria perigoso.

—Eu vim aqui pra ser ofendida, é isso? – Ani questiona mau humorada.

—Pode deixar que eu conserto, Nii-san. – Alphonse responde sem ânimo, antes de bater suas mãos para iniciar uma transmutação.

—Hm? Você consegue transmutar sem o circulo agora, Al?

—Sim. Acho que é porque minhas memórias da verdade retornaram.

—Ooh! – Ani abre um sorriso. – Agora nós todos podemos transmutar assim!

Enquanto Alphonse consertava todo o estrago e Edward tinha uma crise existencial por seu irmãozinho ter o superado tão rápido, Ani matava o tempo conversando um pouco com Paninya, a questionando sobre como Sra. Satella e o bebe estavam desde a ultima vez que o viram.

Quando Alphonse terminou os reparos, seguiram de volta para a oficina de Garfiel e os irmão finalmente começam a explicar o que havia ocorrido.

—Eh?! Ele também está atrás da pedra filosofal?

—É... ele começou a nos atacar de repente quando achou que poderíamos saber alguma coisa sobre.

—Eeeh... O que alguém vindo de tão longe quer com ela?

—Ele disse algo sobre querer imortalidade. – Alphonse explica.

—Outro..? Aquele cara em Dublith também queria isso.

—Dificilmente quem vai atrás da pedra filosofal é para uma razão simplista.

Ani fica pensativa por um momento.

—Eu não sabia que em Xing a alquimia é usada prioritariamente para medicina.

—A alquimia é uma ferramenta que pode ser utilizada para muitas coisas. Tendo em vista a situação de tensão que Amestris está vivendo com os países da fronteira, faz sentido que nossa alquimia tenha se voltado para a razão militar.

—Hm... É uma pena que ele tenha sumido tão depressa.

—O que? – Edward a encara irritado.

—Bem, saber mais coisas sobre a alquimia de Xing poderia ser algo útil para mim! Eu quero ser uma médica, lembra?

—Oh, nós também pensamos que poderia ser útil para nós. – Al responde. – Também pedimos para ele nos contar mais sobre, mas ele disse que não sabia nada sobre o assunto porque não é um alquimista.

—Entendo... bem, ao menos ele não vai mais causar problemas!

—Olá de novo!

Ali, sentado junto a Garfiel enquanto tomava um chazinho, estava o mesmo rapaz de antes, completamente tranquilo. Ao se deparar com tamanha cara de pau, o sorriso dos três instantaneamente desaparece e Edward não se aguenta em simplesmente caminhar até ele e lhe dar um golpe na cabeça com seu automail quebrado.

—O QUE VOCE TÁ FAZENDO AQUI?

Inabalado pelo golpe, Ling apenas se levanta do chão, rindo.

—Que crueldade! Pensei que fossemos amigos! 

—Que “amigos” o que? – Edward estava furioso. – Tem ideia do que passamos por causa dos seus subordinados?

—Naaah, depois eu dou uma bronca neles, então me perdoe, pode ser?

—O que diabos você está fazendo aqui? – Al questiona novamente.

—Bem, vocês não me deram as respostas que eu queria e também... – Ling volta seu olhar para Ani novamente. – Eu não tive chance de ouvir seu nome!

—.... – Ani dá um passo para trás de Alphonse. – Ani Harris.

—Eeeh! – Sorri largo. – Que nome bonito!

—Pare de ladainha e diga logo o que você quer. – Edward o interrompe.

—Bem... – Ling volta sua atenção para Ed novamente. – Eu pensei que vocês poderiam ser bonzinhos em me ajudar com o que eu havia pedido antes. Deixe-me explicar melhor. – Ling se senta na cadeira novamente. – A garota que conheceram antes se chama Lan Fan e o velho se chama Fu. Os dois pertencem a um clã que serve minha família há gerações.

—Eeeh... – Edward também se senta. – Tendo empregados, você parece ser rico. E ainda me fez pagar por aquilo tudo.

—Bem... Na verdade eu sou um príncipe.

—Eh? – Os três exclamam em uníssono.

Ao ouvir aquela informação sendo jogada tão de repente, Edward e Alphonse caem na gargalhada por imaginar justamente aquele cara despreocupado como um príncipe tosco.

—Um cara que desmaia e come a custas dos outros é um príncipe? – Edward debocha entre risos, mas logo suas gargalhadas são cortadas quando uma faca kunai atinge o móvel logo atrás de si.

Da direção onde a faca havia sido lançada, lá estava novamente Lan Fan, encarando Edward com um olhar irritado.

—Não fale mal do mestre Ling...

—Ah. Você estava aí o tempo todo?

—Então você é realmente um príncipe... – Ani encara Lan Fan, um pouco surpresa com toda aquela devoção. – Não sabia que Xing era uma monarquia.

—Na verdade, Xing é um império. – Ling a corrige com um leve sorriso. – Mas no país de onde venho, ser um príncipe não significa muita coisa já que nós somos muitos! – Ling segue explicando ainda com um ar tranquilo. – Atualmente, Xing é uma nação comporta de mais de 50 clãs distintos e nosso imperador reina sobre todos eles. Na nossa cultura, a primeira filha de cada líder de um clã se casa com o imperador e tem um filho. Nosso imperador atual tem 29 filhos e 19 filhos. Eu sou seu 12º filho.

—Tantos filhos assim... – Ani estava surpresa.

—Não há disputa pelo trono dessa forma?

—Mas claro! E estamos em uma disputa neste instante. A saúde do imperador está bem frágil, então todos seus filhos estão tentando cair nas graças dele para serem escolhidos como sucessor. Inclusive eu.

—Então você está planejando usar a imortalidade para chamar a atenção dele.

—Exatamente! – Sorri largo – E então? O que me diz? Pode me ajudar?

—Eu recuso. – Edward se mantem firme. – A pedra filosofal não é algo que deva ser usado para se autopromover.

—Aaah!! – Ling subitamente abraça Edward. – Mas se você não me disser eu vou te seguir até você falaaar!!

—EU JÁ DISSE QUE NÃO, ME SOLTA!

Edward volta a golpear Ling com seu braço mecânico, irritado com o grude dele e querendo logo se livrar daquele cara esquisito. Não tinha a menor intenção de ganhar um seguidor inconveniente como aquele que potencialmente poderia atrapalhar sua jornada com seu irmão.

Entretanto, enquanto estava tentando se livrar de Ling, uma nova voz é ouvida, voz que faz um frio percorrer toda a espinha de Edward.

—Cheguei! – Winry voltava a loja. – Estava um tumulto no caminho, eu tive qu-

Edward paralisado. Segurando seu automail agora completamente arrancado com a outra mão e o usando para golpear alguém. Essa foi a cena que Winry viu antes de ser sua vez de se encher de fúria e atacar Edward novamente.  

—COMO QUE ELE ESTÁ AINDA MAIS QUEBRADO??

—x-

Foi preciso alguns minutos para que Ani e Alphonse conseguissem acalmar Winry e faze-la parar de tentar atingir Edward com todas as ferramentas disponíveis em seu caminho. A esta altura, em algum momento, Ling aproveitou a deixa para sumir dali novamente. Parece que nem ele estava a fim de lidar com a fúria de Winry.

Quando a mecânica finalmente estava satisfeita em fazer os ouvidos de Ed doerem pela quantidade de broncas, começou a se concentrar no conserto do automail agora que tinha todas as peças disponíveis.

—Onde vocês vão quebrar seu automail de novo agora?

—Por que já supõe que vou quebrar ele?

—Porque você sempre o quebra. – Ani responde por Winry.

—Você sabe muito bem que não é minha culpa.

—Estamos pensando em ir para Central! – Al responde a pergunta feita anteriormente.

—Eh? – Winry os encara com um grande sorriso. – Vocês vão para Central? Eu também quero ir!!

—Por que?

—Para visitar o Sr. Hughes e a Sra. Gracia!

—Mas você não tem trabalho para fazer, Winry? – Al questiona preocupado.

Só então Winry pareceu de lembrar dos afazeres e pedidos a fazer que tinha para lidar em Rush Valley, mas antes que pudesse reconsiderar, Garfiel se volta para ela com um sorriso tranquilo.

—Sem problemas, Winry. Você tem dado duro, também merece uma folga as vezes!

—Mesmo? Muito obrigada, Sr. Garfiel!!

—Então vamos todos viajar juntos de novo!! – Ani comemora, saltando em Winry e lhe dando um abraço apertado.

—Sim! – Winry a abraça de volta.

—Ebaa!! Vamos pra Central todos juntos!!

O sorriso que estava no rosto de Edward é novamente substituído por uma feição raivosa ao ver Ling surgido e se intrometendo novamente.

—VOCÊ NÃO VAI!

—x-

Algumas horas depois, ao final do jantar, após uma nova discussão entre Edward e Ling para expulsa-lo dali novamente, Ani estava ajudando os demais a limparem a bagunça do jantar e agora se direcionava para o lado de fora da casa com a toalha de mesa em mãos. Começa a balança-la do lado de fora para tirar os farelos de comida que haviam caído quando sua visão periférica capta algo posicionado num dos cantos do jardim.

Ao encarar o local, percebe uma silhueta parada ali, a qual não demora muito tempo para reconhecer

—...Ina.

Os olhos da garota que até então estavam fechados se abrem e encaram Ani, o brilho vermelho destacando-se em meio as sombras da noite.

—Parece que minha presença não te deixa mais surpresa.

—Com você aparecendo sempre assim, acho que me acostumei. – Ani solta um leve riso sem graça, a encarando de volta por alguns instantes. – ...O que você quer?

Ina se desencosta do muro onde estava e caminha alguns passos para próximo dela, deixando que a iluminação próxima a porta a atingisse também.

—... Como você está?

A súbita pergunta com aquele ar de quem se referia a algo específico faz com que Ani arregale levemente seus olhos.

—... Você estava lá.

—...Estava.

—...E porque você não fez nada desta vez?

Ina hesita, desviando seu olhar e franzindo seu cenho num ar desconfortável. Esta atitude faz Ani sorrir num ar cansado.

—... Também não pode me dizer.

—Aquele homem é diferente daqueles dois. Se eu me envolvesse... talvez pioraria as coisas. Eu consigo lidar com Envy e Lust, mas ele...

—Então ele é realmente perigoso.

—Sim. Mas você vai ficar bem se continuar com os dois alquimistas.

Ani a encara confusa.

—O que? Mas antes o que você me dizia era totalmente o inverso! Você me disse um milhão de vezes que ficar perto deles era perigoso!

—Isso era quando ainda não sabiam sobre nós. – Ina cruza seus braços. – Agora que eles sabem que estamos aqui... e agora que eu consigo compreender a relação deles com seus dois amigos, as coisas mudaram.

—E-Eh? Isso é sobre aquela coisa de “sacrifícios” que o tal Envy disse?

—Aqueles dois são peças importantes para eles. Nós não. Se estivéssemos nos mantido distantes por tempo suficiente não precisaríamos nos envolver nisso. Nos tornaríamos peças descartáveis e eles nos deixariam em paz já que também não seriamos um estorvo para o plano deles.

—Mas..?

Ina a encara, suspirando.

—Nós já os provocamos. Não vão mais nos deixar ir assim facilmente. Entretanto, ficar perto dos dois alquimistas significa que se eles tentarem se aproximar de você, os dois irão se envolver. O que pode significar colocar os dois em risco, o que eles não querem. Por hora, é mais seguro que continue com eles.

—E quanto você?

—Eu sou melhor em não chamar atenção do que você. Até termos chance de fugir, é melhor seguir com eles.

—Fugir pra onde?

—Fugir do país, Ani.

—Por que?

—Porque aqui não é seguro.

Ambas ficam em silêncio, mas Ani mantem seu olhar sério sobre ela.

—.... Por que eles querem Ed e Al?

Ina apenas a encara, sem desviar seu olhar, mas também sem dizer uma palavra. Tal atitude, já conhecida, faz Ani suspirar.

—Fim das respostas, não é? – Ani ri sem ânimo, desviando seu olhar e dobrando a toalha em suas mãos. –  Por que continua aparecendo se não vai me dizer nada?

Ina hesita novamente, cruzando seus braços com mais força.

—...Pensei que fosse te perder.

Aquela resposta faz Ani a encarar novamente. A presença dela sempre lhe causava desconforto por sempre ter dificuldade em entender suas intenções. Mas... embora não compreendesse nem metade do que Ina era ou do que queria... sabia que ela parecia se importar verdadeiramente consigo. E mesmo contrariada... isso era algo que Ani valorizava.

—... Também pensei que iria me perder. Mas eles me trouxeram de volta. Sabe... Ed e Al não são maus como você pensa.

—...Eu sei que não.

Ani a encara surpresa.

—E-Eh? É sério?

—Mas mesmo assim, não gosto do que eles são.

—Alquimistas?

—...Não gosto daquela aparência.

—Oh. É, você deixou bem claro que desaprova o que Ed e Al fizeram. Mas não é culpa deles... eles só foram levados pelo desespero e cometeram um erro.

—Não falo dos corpos deles, embora também me cause repulsa.

—Do que está falando então? – Ani arqueia a sobrancelha.

—...Aquela cor de olhos e cabelos... – Ina hesita novamente. – Me dá arrepios.

—Os... olhos? – Ani parecia cada vez mais confusa. – O que tem os olhos deles?

Novamente um longo silêncio se instala enquanto Ina vira seu rosto e encara a porta por onde Ani havia vindo, sabendo que Edward e Alphonse estavam dentro daquela casa.

—... Já é o suficiente. Chega de conversa. – Ina a encara e Ani suspira novamente, frustrada por outra pergunta sem resposta. – Estão indo para Central novamente, não é?

—Por que pergunta algo que já sabe? – Resmunga.

—... Tomem cuidado. A Cidade Central é onde o exército está mais presente.

—Já compreendi que o exercito é suspeito. Tomaremos cuidado. Tome cuidado também. Não sei o que fica fazendo por aí enquanto me segue, mas... também não quero que se machuque.

—... Tomarei cuidado.

Direcionando um último olhar para Ani, Ina recua seus passos e salta pelo muro da casa, sumindo de sua vista novamente e como de costume, deixando para trás diversas novas perguntas que rondavam a cabeça de Ani.

—... Por que os olhos?


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Notas finais do capítulo

Você gostou do capitulo? Não gostou? Tem alguma sugestão, pergunta ou elogio? Se sua resposta a alguma dessas perguntas for "sim", por favor deixe seu comentário aí embaixo! Isso me incentiva muito a continuar com meu trabalho!
Dá uma conferida lá no meu instagram, onde eu posto o andamento da escrita dos capítulos e também posto umas coisas nada a ver e uns desenhos que eu faço as vezes. ;) https://www.instagram.com/tord_thewriter/
Até o próximo capitulo!

—Tord.



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