O inverno se iniciava, trazendo a neve e as típicas baixissimas temperaturas com ele, mas apesar da depressão que os dias congelantes e nublados causavam em algumas pessoas, os membros da família Maximoff estavam muito bem e felizes pois o que não faltava era o imenso amor que tinham um pelo outro.

 O espaço era apertado e isso não se podia negar, mas Wanda e Visão não mudariam nada. Dormir em cama compartilhada com os filhos era o que eles mais amavam fazer, apesar de suas implicações como perda de espaço e os chutes fortes que Tommy dava ao mexer as perninhas quando dormia.

 Visão dormia virado de lado, voltado para Tommy, com seus braços postos ao redor do pequeno e frágil corpinho dele. Sendo abraçado por seu papai, Tommy dormia de barriga para cima, com o rostinho virado para Visão, e o mantinha próximo ao rosto dele. 

 Seus bracinhos estavam abertos em posição “cristo redentor”. O direito passava pelo pescoço de Visão e sua mãozinha direita estava no rosto de seu papai, tocando a bochecha dele.  Tommy ainda segurava na mãozinha direita de Billy com a sua esquerda.

 Billy dormia virado de lado, de frente para Tommy e para seu papai. Estava envolto nos braços protetores de sua mamãe e estava de costas para ela e de frente para seu papai, Tommy e Faísca. Com o bracinho direito estendido, Billy segurava na mãozinha esquerda de Tommy e mantinha sua mãozinha esquerda próximo à boca, com seu polegar nela. 

 Wanda dormia com Billy em seus braços e exalava o gostoso cheiro de camomila do shampoo infantil com o qual ela e Visão lavavam os cabelos dos bebês. Junto dela e de Visão, além de Tommy e Billy, também estavam seus bebês peludos, Faísca e Nahla.

 O inverno estava prestes a começar e a pobre Nahla ainda era traumatizada por ter sido abandonada em meio à neve quando ainda era bebêzinha, apesar de que sempre seria a bebê de Wanda, que amava colocar lacinhos coloridos, roupinha e colar bindis na cabecinha dela, o que a pequena amava.

 Logo que se deitaram, Nahla não se conteve e se meteu por debaixo dos cobertores de um jeito apressado, temendo passar novamente o frio extremo de menos cinco graus sobre o qual foi submetida quando Visão a encontrou, encolhidinha e tremendo dentro da caixa de sapatos, e nem ele e nem Wanda tiveram coração de tirar Nahla dali porque sabiam que ela sentia que estaria protegida assim e queriam fazer tudo o que pudessem para que a cadelinha ficasse o mais confortável e sem medo possível. Nahla estava em casa, com a família a qual ela fazia parte, que a amava muito e que jamais a abandonaria.

 A cadelinha acabou por ficar assim mesmo, com a cabecinha encostada na barriga de Wanda, e dormia tranquila, protegida e aquecida junto de seus papais, seus dois irmãozinhos humanos e de seu irmãozinho peludo, Faísca, sabendo que ainda teria sua família e casa quando despertasse de manhã.

 Por falar em Faísca, ele dormia virado de lado, entre Billy e Tommy, como se esperasse que um deles o abraçasse. Faísca vestia um pijaminha azul, que o protegia do frio, mas ainda sim Visão o cobrira antes de adormecer e somente a cabecinha dele estava de  fora dos cobertores.

 Eram duas e meia da manhã quando Tommy acorda. Ele solta a mãozinha de Billy e rola para cima de seu papai, subindo encima e colocando suas mãozinhas gorduchas no rosto dele, e fica com o rostinho bem próximo ao rosto de seu papai.

—Da da da 

 Sonolento, Visão abre os olhos e se depara com o filho mais velho em seu peito, com o rostinho próximo ao dele, e com suas mãozinhas postas em seu rosto. Ele passa os braços ao redor de Tommy, temendo que ele caísse.

—Ei gordo… - com a voz bem rouca e sonolenta, Visão sussurra e toca no narizinho de Tommy, que sorri. Ele sorri de volta e então olha para o lado e vê que Billy e Wanda ainda dormiam. Ele olha  para Tommy novamente e seus olhos se encontram com o par acizentado do filho mais velho sobre ele, o observando atentamente.

 O quarto estava escuro e a luz da Lua que entrava através das cortinas era tudo o que os iluminava, mas ainda sim, Visão conseguia enxergar as feições de Tommy, assim como conseguia enxergar as de Wanda e de Billy.

—É hora de dormir, gordo do pai, não amanheceu ainda - Visão sussurra, temendo acordar Billy e Wanda - a mamãe, o Billy e o Faísca e a Nahla ainda estão dormindo e nós devíamos estar fazendo o mesmo agora, não acha? - Visão brinca e beija a bochechinha de Tommy, que sorri

—Da da - Tommy balbucea e coloca a mãozinha direita no nariz do pai, apertando-o. Visão sorri e pega na mãozinha de Tommy e a beija. Tommy solta uma risadinha gostosa.

—Shhhh… baixinho pra não acordar a mamãe ou seu irmãozinho - Visão sussurra e alisa as costinhas do filho ao mesmo tempo que olha para o lado e ergue o braço esquerdo para ver a hora em seu relógio, que estava em seu pulso. Em seguida, Visão volta a olhar para Tommy, que tateava seu rosto  – São duas e meia, filho. Porque está acordado? Perdeu o sono, foi? 

 Tommy sorri sapeca e encosta sua cabecinha no rosto de seu papai, a testa encostada na bochecha direita dele, e as mãozinhas postas no rosto dele. Visão sorri e enche o rostinho de Tommy com  beijos na bochechinha, no narizinho e no pescocinho, fazendo ele rir.

—Melhor deixarmos a mamãe, o Billy e o Faísca e a Nahla dormirem porque pelo visto nós dois já não vamos mais - Visão diz baixo e afasta o cobertor de cima dele e de Tommy, mas tem o cuidado de mantê-lo sobre Faísca, que dormia pacificamente no meio da cama. Em seguida, Visão pega o filho nos braços e se levanta da cama com ele.

 Visão calça seu par de chinelos de quarto que estava ao lado da cama e contorna a cama, cuidando para não fazer muito barulho. Faísca sente a falta de Visão na cama e abre os olhinhos e ergue a cabecinha para olhar para ele.

—Ei meninão. Está cedo ainda. O Tommy perdeu o sono e o papai vai ficar com ele para não atrapalhar o seu sono e nem o sono da mamãe, do Billy e da Nahla - Visão sussurra e acaricia o maxilar de Faísca, que o olhava atento. Ainda deitado debaixo dos cobertores. Ele fareja a mão de Visão e apoia sua cabecinha nela, fechando os olhinhos.

 Visão sorri e se inclina para a frente com Tommy nos braços e deposita um beijo no topo da cabecinha de Faísca, que estica o pescocinho para fora do endredom e lambe o queixo dele. Tommy estende seu bracinho direito e toca na cabecinha de Faísca. O cachorrinho lambe a mãozinha de Tommy, que ri. Visão ri baixo com os dois. 

—Pelo visto, você não vai mais dormir, não é? - Visão sussurra e Faísca choraminga baixinho em resposta, se levantando e se sacudindo. Querendo colo, Faísca rasteja para a ponta da cama com as orelhinhas abaixadas - imaginei. O papai vai dar petisco para você.

 Faísca fica animado ao ouvir que ganharia petisco, porque ele amava. O rabinho abanando e a linguinha de fora denúnciam a gana do pequeno por seu delicioso petisco de carne. 

Visão ri e o pega com o outro braço e então contorna a cama com Faísca e com Tommy nos braços, cada um de um lado. Visão se debruça sobre Wanda e Billy para depositar um beijo na bochecha da esposa.

—Ma ma - Tommy balbucea e aponta para Wanda, olhando para sua mamãe e para seu irmãozinho Billy 

—É a mamãe, filho. Acontece que ela e o Billy estão dormindo e não será um de nós quem vai acordá-los - Visão se indireita e sussurra, olhando para Tommy, que olha para seu papai, agora com a mãozinha na boca e um sorrisinho fofo. Visão sorri para ele e deposita um beijo na bochechinha de Tommy - vamos deixá-los dormir

 Visão se inclina novamente para a frente e deposita um beijo terno nos cabelinhos loiros de Billy, que dormia nos braços protetores e quentinhos de sua mamãe. Com um sorriso, Visão permanece alguns segundos velando o sono de dois dos amores de sua vida, quem ele amava mais do que tudo. Ele ainda beija, por cima dos cobertores, o montinho junto à barriga de Wanda, que era o pequeno corpinho de Nahla, esperando que a cadelinha sentisse o quão amada ela era, ainda que não só ele e Wanda e os gêmeos, mas também Pietro e Crystal, demonstrassem sempre.

 Visão suspira, meio contra a ideia de ele, Tommy e Faísca terem de sair de perto de Wanda, Billy e de Nahla. Se dependesse dele, ficariam os seis juntinhos na cama, debaixo dos cobertores, mas então o dever como papai de gêmeos com diferentes demandas (enquanto um dormia com a mãe, o outro estava acordado e bem desperto em seus braços) e de tutor de um cãozinho agitado que já não dormiria fala mais alto. O melhor seria irem para fora do quarto para não atrapalhar o sono de quem ainda o tinha.

 Visão anda até a porta, que por sorte estava aberta, apenas encostada, e sai do quarto. 

 Visão anda devagar pelo corredor que estava escuro, apenas iluminado pela luz da lua que entrava através da janela que ficava no topo da escada. Ele desce as escadas com cuidado e, ao chegar na sala, se agaixa e coloca Faísca no chão. 

 Ao lado de Visão e sob supervisão dele, Faísca se sacode e espreguiça, esticando as patinhas dianteiras e impinando a bundinha, com o rabinho abanando. Em seguida, ele corre para a cozinha. Visão ri e olha para Tommy, que olhava para Faísca e mantinha a mãozinha direita na boca para coçar a gengiva.

—Vamos ver se fazemos um lanche da madrugada? - Visão brinca, pegando na mãozinha esquerda de Tommy, segurando-a delicadamrnte, e o beija na bochecha. Tommy sorri e encosta a cabecinha no rosto de seu papai. Sua testa encosta na boca de Visão e ele deposita um beijo na testa do filho - o papai ama muito você e o seu irmão. Sem contar que sou completamente apaixonado pela sua mamãe.

 Visão se dirige para a cozinha e solta a mãozinha de Tommy para acender a luz das bancadas, deixando todo o resto da cozinha na penúmbra da noite. Faísca estava junto à porta que dava para a cozinha, sentadinho diante de suas tigelas vazias e olhava atento para elas. 

—Vou te dar algum petisco, Faísca, não se preocupe - Visão diz e Faísca olha para ele ao escutar seu nome, com o rabinho abanando e as orelhinhas levantadas

 Visão sorri para o cãozinho e anda até a repartição do armário onde as coisas dos peludinhos eram guardadas e o abre. Ele pega um dos pacotes do petisco de carne, o favorito de Faísca, e com a boca, tira o lacre que Wanda havia posto para fechar o pacote no dia anterior.

 Visão tira um bifinho de carne do dito pacote e o deixa sobre a cestinha de pão em que eles costumavam colocar todos os petiscos para que facilitar a visualização. Em seguida, anda até Faísca. 

 Visão se agaixa ao lado de Faísca e coloca Tommy sentadinho em sua perna direita. Ansioso, Faísca coloca suas patinhas dianteiras sobre a perna direita de Visão e fica olhando para ele, aguardando seu bifinho com o rabinho abanando e uma carinha de pidão.

—Quer dar o bifinho ao Faísca, gordo do pai? - Visão pergunta, deixando o petisco ao alcance de Tommy, e olha para o filho. Tommy olha para a mão do pai e pega o bifinho na mãozinha direita. Em seguida, ele oferece para Faísca, estendendo seu bracinho para o animalzinho. Faísca fareja o bifinho e rapidamente o abocanha, o que arranca uma gargalhada gostosa de Tommy e que consequentemente faz Visão rir.

 Visão beija a bochecha do filho mais velho, que ainda ria, e acaricia a cabecinha de Faísca, que degustava de seu amado e suculento bifinho, ainda com as patinhas postas sobre a perna dele. Tommy olha para o pai e coloca sua mãozinha direita na bochecha dele e “a beija”.

—Que beijo mais gostoso! - Visão brinca por isso e o agarra, enchendo o rostinho e o pescocinho dele com beijos, o que faz Tommy soltar mais uma de suas gargalhadas gostosas

 Visão nem tinha percebido, mas uma figura surge no marco da porta da cozinha e os assistia sorrindo. Tendo perdido o sono, Pietro também estava acordado e para não atrapalhar o sono de Crystal, ele preferiu deixar o quarto e ir dar uma volta pela casa e esperar o sono voltar. 

 Pietro vestia um shorts azul marinho de algodão e uma camisa branca de estampa lisa que evidenciava seu peitoral definido e seus bíceps toneados. Nos pés, apenas um par de meias cinza separavam seus pés do piso gelado.

—Acho que não fui o único que perdeu o sono nesta noite - ele brinca e Visão olha para a porta, ao ponto de ver o cunhado encostado na guarnição de madeira clara da porta da cozinha e com os braços cruzados junto ao peito

—Oi Pietro… sinto muito pela insônia 

—Tudo bem. Já sou acostumado a não dormir tanto - Pietro brinca e desencosta da guardinação da porta. Ele descruza os braços e adentra a cozinha, se aproximando de Visão, de Tommy e de Faísca, ficando em pé ao lado do cunhado - mamada noturna? 

—Nem eu sei o que aconteceu para o Tommy acordar porque ele e o Billy não costumam acordar de madrugada para mamar desde que tinham 6 meses - Visão responde e olha para Tommy, que olhava para Faísca, que ainda comia seu petisco, mas agora segurando-o entre suas patinhas no chão - ele acordou sem motivo algum, aparentemente perdeu o sono, e eu desci com ele para não acordar a Wanda, o Billy e a Nahla. O Faísca, coitado, acordou também… 

—Complicado… - Pietro murmura e coloca as mãos na cintura

—É… e o Tommy pelo visto vai passar o dia enjoadinho e irritadiço, isso eu já sei e me preparo. Mas e você, perdeu o sono, foi? - Visão diz e se levanta, ficando em pé ao lado do cunhado e apoiando Tommy em seu quadril direito, de modo que Tommy ficasse entre o pai e o tio. Tommy olha para o tio e sorri ao reconhecê-lo. Pietro sorri de volta para o sobrinho e beija o topo da cabecinha dele. Visão sorri com eles.

—Tem vezes que isso acontece mesmo - Pietro começa a falar, olhando para Tommy e pegando na mãozinha direita dele e a acariciando com o polegar. Visão olha para Pietro e lhe escuta com atenção. Pietro, por sua vez, olha para ele - Passei muitos anos vivendo cá e lá, dormindo onde dava para dormir. Em todas as noites, eu fazia vigília, primeiro com a Wanda e depois com a Crystal enquanto elas dormiam, sempre com o mesmo medo de que alguém fizesse algo mal com elas caso eu dormisse. E quando eu e a Crystal alugamos o nosso antigo apartamento, que era mais seguro e eu podia dormir tranquilo, eu comecei a trabalhei de noite porque é quando pagam melhor e nós precisavámos do dinheiro para viver. Acho que é por isso que acostumei.

—Eu sinto muito - é tudo o que Visão consegue dizer diante do que havia escutado 

Sentia pena de Pietro, de Crystal e também de Wanda. Os três passaram por coisas pelas quais ninguém, muito menos uma criança, deveria passar, como perder os pais e terem que se preocupar em sobreviver ao invés de estudar, de brincar e aproveitar a infância. 

 Mas por outro lado, Visão era muito agradecido à Pietro por ele ter cuidado de Wanda. Era graças à Pietro que ele tinha a mulher mais linda e perfeita do mundo ao seu lado. 

 Se não fosse por Pietro, Wanda não teria se aliado à H.Y.D.R.A  inicialmente e não teria ganhado suas habilidades. Se fosse assim, Wanda também não teria chegado aos Vingadores e consequentemente eles não teriam se conhecido. 

 Visão ainda se perguntava se ele não seria apenas uma voz sem corpo ou um corpo sem ser humano. Tommy e Billy não teriam nascido, Faísca e Nahla provávelmente ainda estariam vagando nas ruas gélidas onde foram encontrados e nada do que foi vivido por ele e Wanda teria acontecido.

—Tem coisas piores nessa vida. Eu por exemplo não sei se suportaria viver sem a Crystal - Pietro confessa e um sorriso brota em seus lábios. Apesar da baixa luz, Visão percebe e sorri ao pensar que ele sentia o mesmo por Wanda. Ele não sabe se conseguiria viver sem ela. 

—Você a ama, não é? 

—Eu a amo mais do que tudo nesse mundo, Visão. A Crystal é a mulher da minha vida. É com ela que eu quero passar o resto dos meus dias - Pietro responde sorrindo - você também ama a Wanda, não ama?

—Eu amo sua irmã e amo o Tommy e o Billy mais do que a minha própria vida - Visão diz e então olha para Tommy, que olhava para ele, tendo escutado seu papai dizer seu nome - você sabe que o papai ama muito você, o seu irmão e a sua mamãe, não sabe, Tommy? 

 Tommy solta uma risadinha fofa que responde a pergunta de Visão. Ele sim sabia do amor que o pai sentia por ele e por Billy e por sua mamãe, e amava muito seu papai também. Visão sorri para Tommy e Pietro, que os assistia, também.

—Obrigada por cuidar da minha irmã e por cuidar dos meninos. Eu sei que a Wanda te ama muito, dá para ver isso estampado nos olhos dela e eu nunca a vi assim, apaixonada. Por isso me surpreendi tanto quando em Novi Grad você disse que havia se casado com ela - Pietro ergue o olhar e olha para Visão, que olha para ele sorrindo

—E pode ter certeza que eu também a amo muito. Eu sempre irei cuidar dela e dos meninos. Mataria e morreria por eles se fosse preciso - Visão diz e olha para Tommy, que nos braços de seu papai, segurava com a mãozinha esquerda fechada a gola da camiseta azul marinha de mangas compridas que ele usava 

—Eu também faria o que for preciso para manter nossa família a salvo… - Pietro sussurra e olha para a janela, focando no balanço das folhas da árvore que tinham no quintal pela ação do vento

 Visão encosta sua bochecha na testa de Tommy, inclinando sua cabeça sobre a cabecinha dele. Tommy ergue a cabecinha e olha para seu papai. Ele toca no rosto de seu papai com sua pequena mãozinha direita e Visão vira o rosto e beija a palma da mãozinha dele, fazendo Tommy sorrir.

 Pietro os vê através de sua visão periférica e sorri. Ele então se afasta e caminha até o fogão.

—Vou fazer um chá, acho que de camomila. Vai querer, Visão? - Pietro pergunta ao pegar na alça da chaleira que estava sobre o fogão e olha para Visão

—Vou aceitar, obrigado. Vou aproveitar e preparar uma mamadeira para esse menininho sapeca - Visão responde e faz cócegas na barriguinha de Tommy, que ri. Visão e Pietro sorriem e Visão beija a bochechinha do filho.

 Pietro ferve a água que serviria tanto para o chá quanto para o leite de Tommy e Visão pega a mamadeira, o leite em pó, que ele e Wanda apenas davam aos gêmeos em situações extremas como essa, em que não tinham como dar leite materno à eles. 

 Ao terminar de ferver a água, Pietro desliga o fogão e, com um pano para não se queimar, segura na alça da chaleira e derrama a água fervida em duas xícaras. Em seguida, ele pega no armário dois sachês de camomila e os coloca nas xícaras fulmegantes. 

 Visão pega a chaleira e derrama a água aquecida na mamadeira. Em seguida, ele mistura um pouco de água gelada do filtro para não ficar tão quente para Tommy. Com o medidor, Visão coloca o leite em pó e então fecha a mamadeira antes de mexer bem para ficar homogêneo.

 Quando lhe é dada, Tommy segura a mamadeira com as duas mãozinhas e a leva à boca, sugando com vontade seu leitinho. Visão e Pietro olham para ele sorrindo e Visão beija a testa do filho.

 Visão pega sua xícara da mão de Pietro, a segurando pela asa para não se queimar? e anda até o balcão. Ele coloca a xícara sobre a pedra de granito do balcão diante dele, e puxa uma das banquetas altas para se sentar nela com o filho mais velho nos braços. Pietro senta ao lado de Visão e de Tommy, segurando sua xicara pela asa da mesma, e toma seu primeiro gole.

 Pietro e Visão tomam chá enquanto Tommy toma sua mamadeira. Primeiro falaram sobre o natal, que aconteceria em duas semanas, e em como comemorariam já que neste ano passariam em casa, somente entre eles, uma vez que Tommy e Billy eram demasiado pequenos para comparecerem às grandiosas festas que Tony costumava promover. Além disso, Natasha e Steve estariam com um bebê recém nascido e ficariam em casa também, na companhia de Bucky, Yelena e os pais adotivos das duas. 

 Eles até foram chamados por Steve para irem passar a noite de natal com eles, mas o convite foi amigávelmente recusado pois não queriam incomodar, ainda mais porque Wanda e Visão sabiam o quão cansativo eram os primeiros dias de vida de um bebê em casa.

 Depois, quando cessou o assunto referente ao Natal, eles conversaram sobre o quão felizes estavam dentro de seus respectivos relacionamentos e quantas coisas eles ainda queriam conquistar ao lado de Wanda e de Crystal.

 Pietro planejava em breve comprar para ele e Crystal uma casa, de preferência na mesma rua, para que eles ficassem próximos de Wanda, de Visão e dos gêmeos. Ele também queria muito se casar com Crystal e formar uma família com ela.

 Visão acabou expondo o que ele e Wanda vinham conversando a algum tempo. Eles pretendiam aumentar a família e queriam começar a tentar engravidar denovo quando Tommy e Billy estivessem com dois ou três anos de idade e que estivessem ao menos falando e andando, um pouco mais independentes.

 Estranhamente, ao ouvir isso, Pietro não sentira ciúme algum como teria sentido normalmente. Ele via o quão feliz Wanda estava e o quão bem Visão fazia à ela. Eles se amavam e eram felizes juntos, assim como ele era com Crystal.

 Assim que terminam de tomar seu chá e quando Tommy termina de mamar, eles vão para a sala e Visão coloca Tommy, que estava energético, para brincar com seus brinquedinhos e com Faísca, que igualmente estava com energia para dar e vender.

 A sala estava pobremente iluminada pelo abajúr que ficava sobre o móvel aparador de madeira, por detrás do sofá. A TV foi ligada em volume quase mudo e Pietro e Visão assistiam a uma partida de futebol transmitido ao vivo desde o Catar, no Oriente Medio, onde o fuso horário era de sete horas, ao mesmo tempo que se atentavam à Tommy e à Faísca.

 Tommy estava sentadinho e brincava com seus bloquinhos geométricas. Ao lado dele, Faísca estava sentadinho e o observava atento com uma galinha de borracha na boca, esperando que Tommy pegasse e jogasse para ele de novo.

—Faísca, o Tommy ainda não conhece essa brincadeira - Visão diz ao notar o que o cãozinho queria e Faísca olha para Visão - quer que eu jogue seu brinquedo e você vá pegar? - Visão oferece e desencosta do encosto da poltrona que ficava ao lado da lareira. Ele estende o braço direito para Faísca e o cãozinho solta seu brinquedo ao lado de Tommy e passa a patinha dianteira direita na perninha esquerda de Tommy antes de se jogar no chão e deitar de barriga para cima. 

 Tommy olha para Faísca e larga o bloquinho amarelo de triângulo que ele segurava para “acariciar” a barriguinha de Faísca. Visão senta mais na beira da poltrona para caso precisasse intervir, mas continua sentado.

 Com o carinho, Faísca fecha os olhinhos enquanto Tommy o tateava na barriguinha e no peitinho com suas pequenas mãozinhas.

—Era o que o Faísca queria, eu acho. É esperto - Pietro brinca, observando os dois, e Visão ri, também atento à eles 

 O som de uma porta se abrindo no andar de cima seguido pelo som de passos pelo corredor são ouvidos. Pietro, que estava sentado no sofá, olha institivamente para as escadas. Logo, a silhueta de Wanda, que vestia um conjunto de moletom cinza e um par de meias branca nos pés surge.

—Parece que alguém perdeu o sono também - Pietro brinca ao ver a irmã descendo as escadas

—O que é que vocês fazem acordados a essa hora? São quatro da manhã - Wanda pergunta ao chegar no térreo, segurando seu celular na mão direita, ao se deparar com Visão e com Pietro na sala, às quatro horas da manhã. Ela então olha para o tapete e vê Tommy e Faísca brincando - e porquê o Tommy está aqui? O que aconteceu? Ele passou mal? - ela pergunta e olha para Visão, com um temor estampado em seus olhos

—Relaxa amor, ele está bem, não foi nada demais - com a voz tranquila e suave, Visão se levanta da poltrona e anda até Wanda, colocando as mãos nos braços dela e beija a testa dela para acalmá-la. Wanda fecha os olhos com o beijo de Visão e coloca as mãos na cintura dele - o Tommy perdeu o sono, foi isso. Ele acordou e ficou rolando na cama. Fui eu quem o trouxe para não correr o risco de te acordar e de acordar o Billy e a Nahla. O Faísca também já tinha acordado… acabou de tomar leite, ele está bem, fique tranquila - Visão sussurra e beija a testa dela 

—Menos mal… - ela murmura e coça o olho esquerdo, ainda mantendo a mão direita do lado direito da cintura de Visão

—E o Billy? - Visão pergunta

—O deixei dormindo na nossa cama com a Nahla. Eles estão cercados com travesseiros então não vão cair… - ela responde e coloca novamente a mão esquerda na cintura dele, ainda segurando seu celular na mão direita

—Também perdeu o sono, maninha? - Pietro brinca e Wanda olha para ele, sorrindo

—Eu acordei com meu celular tocando. Era o Steve. Depois acabei perdendo o sono. Você, o Tommy e o Faísca não estavam mais na cama então achei que algo ruim tivesse acontecido, por isso desci, pra ver se estavam aqui

—O que o Capitão Rogers queria? Era uma missão nova? - Visão pergunta preocupado e seus músculos se contrem de medo, medo caso fosse uma nova ameaça. Nesse momento, Pietro fica em pé, apreensivo também, e coloca as mãos na cintura.

—Relaxem, o mundo está em paz, por enquanto pelo menos, mas tem bebê vindo aí porque a bolsa da Nat acabou de estourar e estão indo para o hospital - Wanda responde sorrindo e alterna sua atenção entre Visão e Pietro, que respiram tranquilos e sorriem.

 Um sensação de alívio percorre pelo corpo de Visão e ele passa os braços ao redor de Wanda, a abraçando. Ela passa os braços ao redor da cintura dele e suas mãos pousam nas costas dele. Wanda ainda encosta a cabeça no peito dele e Visão beija os cabelos dela.

—Eu vou dar uma olhada na Crystal… - sem querer atrapalhá-los, Pietro diz baixinho e se levanta do sofá. Wanda olha para ele, ainda nos braços de Visão, e assente. Pietro se aproxima e beija a testa da irmã antes de subir as escadas.

—Boa noite, irmãozão - Wanda o chama igual que o chamava quando eram pequenos, e Pietro sorri

—Boa noite, irmãozinha - ele sussurra e beija os cabelos dela antes de olhar para Visão - boa noite, cunhado - ele dá dois tapinhas no ombro de Visão

—Boa noite, Pietro… 

—Boa noite, cunhado - Pietro sorri e então sobe as escadas 

 Wanda e Visão o assistem subir as escadas e então Wanda esconde o rosto no peito de Visão, fechando os olhos ao sentir o cheiro dele. Visão afunda o rosto nos cabelos dela e ficam assim.

 –Oi Tommy… - com a voz suave, Wanda pronuncia o nome do filho mais velho ao sentir as mãozinhas dele pegando no tecido de sua calça de moletom cinza. Tommy havia engatinhado até seus papais e queria chamar a atenção deles. Wanda e Visão olham para baixo e sorriem para Tommy, que sorria para eles. 

—Você acordou o seu papai, foi? - Sorrindo para Tommy, Wanda diz ao se desvincilha dos braços de Visão e se abaixa para pegar Tommy nos braços e o enche de beijos no rostinho. Rindo, Tommy pega numa mecha de cabelo de sua mamãe e a segura firme com sua mãozinha direita. Wanda coloca a mão direita na parte de trás da cabecinha de Tommy e olha nos olhinhos acizentados dele - a mamãe quase infartou quando não viu você, o seu papai e o Faísca na cama. Eu morro de medo de perder vocês três, o Billy, a Nahla ou de perder seu tio e sua titia

—O que nunca vai acontecer - Visão diz, se aproximando deles, e envolve seus braços ao redor deles - nada e nem ninguém vai separar nossa família outra vez - Wanda olha para ele e sorri. Visão sorri de volta e beija a testa dela. Eles riem ao escutar o latido de Faísca e olham para o cachorrinho, que os assistia, sentadinho no tapete. Visão se desvincilha de Wanda e de Tommy por um momento e se abaixa, abrindo os braços para receber seu bebê peludo - vem cá garoto!

 Faísca corre em direção aos braços de Visão, que o pega e o enche de beijos no rostinho, fazendo Faísca se agitar e lamber o queixo de Visão, que se levanta novamente, rindo.

—Anda comendo muito petisco, seu sapeca - Visão brinca com Faísca, o virando de barriguinha para cima em seus braços, e passa a mão na barriguinha dele, acariciando. Faísca olhava para ele - pançudinho - Visão beija o rostinho de Faísca, que lambe o queixo dele

 Wanda os assiste sorrindo e olha para Tommy, que brincava com sua correntinha de ouro. Ela beija a testa de Tommy, que deita sua cabecinha no ombro de sua mamãe e afunda o rostinho no vão do pescoço dela.

—O sono está chegando pra alguém - Visão brinca, desviando sua atenção para Tommy e para Wanda, e acaricia os cabelinhos castanhos claros de Tommy. Wanda olha para o marido e sorri.

—Acho que sim - ela concorda e olha para Tommy. Em seguida, olha para Visão novamente - vamos dormir, Tommy? - ela sussurra e não obtém resposta. Ela beija a bochechinha dele e então olha para Visão - Eu vou subir com o Tommy, amor. Eu estou ficando com sono também e o Billy e a Nahla estão lá no nosso quarto… vou ver se estão bem 

—Eu e o Faísca vamos também - ele diz e beija a testa de Wanda. Ela olha para Faísca, nos braços de Visão, e acaricia a cabecinha do animalzinho, que fecha os olhinhos

 Wanda assente e anda em direção às escadas. Carregando Faísca em seu braço esquerdo, Visão apaga a luz do abajúr e dealiga a TV antes de andar até Wanda e Tommy, os alcançando. Ao subir as escadas, ele coloca a mão direita na parte inferior das costas dela.

 Ao adentrarem em seu quarto, eles sorriem ao ver que Billy dormia profundamente no meio da cama. Ele estava cercado de travesseiros, como Wanda o deixara, e viradinho de lado, de frente para a janela e de costas para seus papais.

 Wanda se aproxima da cama e deixa seu celular sobre sua mesa de cabeceira. Com um Tommy sonolento nos braços e o segurando na vertical com a mão direita na parte de trás da cabecinha dele, ela então se debruça sobre Billy para depositar um beijo na testa dele. Visão também se aproxima e ao lado da esposa, se debruça e deposita um beijo na bochechinha de Billy.

—A mamãe e o papai te amam muito, Billy - Wanda sussurra, inclinada sobre Billy, e acaricia a bochechinha dele com o polegar - você e o Tommy são os nossos principezinhos 

—Amamos você e o Tommy mais do que tudo no mundo - Visão sussurra também e olha para Tommy, que havia aparentemente adormecido nos braços de Wanda - ouviu o que disse para seu irmão, não é filho? O papai e a mamãe amam muito vocês dois, mais do que tudo - ele sussurra, se aproximando de Wanda e de Tommy, e beija a cabecinha do filho mais velho. Wanda sorri para eles e Visão sorri para ela e beija a testa dela - e eu amo muito a mamãe gata deles

—E eu amo o papai maravilhoso e gato - Wanda sussurra de volta e ela e Visão trocam um selinho rápido - mas agora temos que descansar porque esse quarteto - Wanda aponta com o queixo para a Tommy em seus braços e depois aponta para a cama, onde Billy, Nahla e Faísca estavam - vai acordar com energia para dar e vender e nós dois como ficamos? acabados e com sono pelo resto do dia!

—Sim, tem razão. Vamos dormir que nós precisamos - Visão concorda e se afasta. Ele então dá a volta na cama e pega seu travesseiro que servia de barreira para Billy não cair e coloca no lugar.

 Nahla continuava enrrolada debaixo dos cobertores, talvez com medo do frio, mas estava próxima da borda da cama. Assim, Wanda não poderia se deitar sem machucar a pequena. 

—Nahlinha… - Wanda a chama, sussurrando, e toca no “montinho”

 Nahla se mexe e coloca a cabecinha para fora do cobertor, relevando sua carinha amassada de sono. A cadelinha já havia perdido seu par de lacinhos cor de rosa dentre os cobertores e assim como Faísca, ela também vestia um pijaminha canino, porém rosa, que a protegia do frio. Wanda sorri pra ela e acaricia a cabecinha de sua neném peluda, que fecha os olhinhos.

—Mamãe e papai vão deitar, vá para o meio - Wanda pede e se senta na beira da cama com Tommy nos braços. Nahla entra novamente para debaixo dos cobertores e se move para o centro. Wanda e Visão riem e ela se deita com Tommy nos braços, o colocando ao lado dela e se virando de lado, de frente para Visão e Billy. Ela os cobre e sonolento, Tommy se vira para ficar de frente para sua mamãe e coça o olhinho dirieto, em seguida afundando o rostinho no peito dela. Debaixo dos cobertores, Nahla encosta sua cabecinha na barriga de Wanda novamente.

 Visão ri ao ver o “montinho” se mover, assim como Wanda, e coloca Faísca na cama. Visão espera até o cãozinho entrar debaixo dos cobertores e se aquietar junto com Nahla no centro da cama. Ele se deita e traz Billy para perto dele, o aconchegando em seus braços, antes de se cobrirem.

 Billy se aconchega nos braços de seu papai, mas não acorda. Visão sorri e acaricia os cabelinhos claros dele e o observa dormir.

—Nosso sonho se tornou realidade - sorrindo para eles, Wanda sussurra, e Visão olha para ela sorrindo também

—Sim, se tornou, e hoje temos a familia mais linda do mundo - sussurrando também, Visão responde e olha para Tommy, que agora tinha os olhinhos fechados e parecia ter adormecido nos braços protetores e sua mamãe

—É, nós temos - Wanda concorda e olha para Billy em seus braços, sorrindo - eu amo vocês mais do que tudo - ela diz e volta a olhar para Visão

—E nós amamos você - ele sussurra e ela sorri - boa noite linda

—Boa noite, Vizh - Wanda responde e fecha os olhos, sorrindo ainda. Visão sorri e também fecha os olhos com um sorriso estampado no rosto.

 Algumas horas mais tarde, já havia amanhecido, mas todos ainda dormiam. Os termomêtros marcavam -5ºC e naquela manhã congelante e a neve acumulava-se no chão. 

 Desde o dia anterior, os noticiários de quase todas as emissoras vinham alertando a população do nordeste dos EUA sobre a eminente corrente fria que atingiria a região nas próximas horas e ainda alertava sobre uma possível tempestade de neve nos próximos dias. 

 Na sala, sentado no sofá ainda de pijama, Visão assistia, ou melhor, mais ouvia do que assistia, as notícias por dois motivos: o primeiro era que ele tinha Tommy em seus braços e o segundo motivo era que ele estava dando papinha ao filho mais velho.

 No colo de seu papai, também de pijama, um macacão azul escuro de listras brancas, Tommy já havia mamado, mas como se não bastasse isso, agora comia uma deliciosa papinha de banana preparada e dada por seu papai.

 Ele estava com sua mãozinha direita posta sobre a mão direita de seu papai enquanto Visão segurava sua colherzinha com essa mão e olhava fixamente para a papinha contida no prato de madeira de elefantinho que seu papai segurava na mão direita.

—Mais um aviãozinho, Tommy? - Visão pergunta, olhando para ele. Tommy olha para seu papai ao ouví-lo dizer o seu nome e abre a boquinha por mais comida - Você é bom de garfo, não é, gordo? - Visão brinca e pega mais um pouco da papinha na colherzinha de madeira antes de aproximá-la da boquinha de Tommy, que abocanha com vontade e “mastiga”.

 Junto a eles estavam Faísca e Nahla, que após comerem suas frutinhas picadas, agora estavam com Visão, deitadinhos ao lado dele. Para que os peludinhos estivessem quentinhos, muito embora tivessem um sistema de calefação eficiente em casa, Faísca e Nahla usavam roupinhas quentinhas de flanela com capuz do Stitch e da Angel que Wanda havia comprado na internet a alguns dias.

 Na cozinha, também de pijama (na realidade todos estavam de pijama ainda), Pietro estava diante do fogão, segurando uma frigideira com a mão direita e uma espátula na esquerda.

—Dole uma. Dole duas. Dole três - Pietro faz a contagem regressiva para virar a omelete que preparava e a joga para o alto, mas segurando a frigideira logo embaixo. 

 A omelete cai certamente na frigideira, mas do lado contrário, que ainda estava branco, tendo sido a manobra bem sucedida. Pietro coloca novamente a frigideira na boca do fogão que estava acesa e espera mais alguns minutos para desligar a boca do fogão e colocar a omelete de queijo no prato que estava ao seu lado, sobre o balcão. 

 Pietro pega o prato com a mão direita e se aproxima de Crystal, que estava sentada em uma das banquetas altas do balcão, tomando achocolatado quente, e coloca o prato diante dela sobre a pedra de granito preto. 

—Aqui está sua omelete de queijo - ele diz e deposita um beijo terno nos cabelos louros de Crystal, que olha para ela sorrindo

—Obrigada, lindo - Crystal agradece e pega no antebraço esquerdo de Pietro e faz um biquinho. 

—De nada, linda da minha vida - Pietro responde sorrindo e se inclina para depositar um selinho nos lábios de Crystal, tocando no queixo dela com a mão esquerda dela

 Em pé junto do balcão, Wanda sorri para eles e pega sua tigela de cereal, agora vazia, e a colher, e coloca na pia para que a louça fosse lavada posteriormente. Em seguida, ela sai da cozinha com Billy nos braços, apoiado-o em seu quadril direito. Nos braços de sua mamãe, Billy segurava com suas duas mãozinhas sua mamadeira e sugava com vontade seu delicioso leitinho.

 Ao chegar na sala, Wanda se senta com Billy do lado esquerdo de Visão, visto que o outro já estava ocupado pelos peludinhos. 

 Segurando sua mamadeira enquanto tomava seu leitinho, Billy encosta sua cabecinha no peito de sua mamãe e, fica olhando para cima, hipnotizado com o lustre suspenso no teto enquanto mama.

 Wanda fica assistindo Billy mamar, admirada com a perfeição dos traços fisicos delicados dele. O narizinho era igual ao dela, mas todo o resto era de Visão. Billy era a miniatura do pai, tanto no jeitinho calmo dele quanto na aparência.

 Já Tommy era sua miniatura quando era pequena, com os olhinhos mais redondos e o cabelo castanho claro. Já o narizinho de Tommy era igual ao de Visão, mas a personalidade agitada e enérgica era toda herdada de Pietro. Talvez nem os filhos dele e de Crystal se pareceriam tanto com o pai como Tommy parecia o tio.

 Quando Tommy termina de comer sua papinha, Visão coloca o pratinho dele sobre a mesa de centro e volta a encostar as costas no estofado.

—A mamãe morre de amores por você e pelo Tommy, Billy. Vocês são muito lindinhos - Wanda sussurra para Billy e toca no narizinho dele, o que faz Billy sorrir para a mamãe dele, ainda que estivesse com sua mamadeira na boca. Wanda sorri de volta e beija a testa dele.

 Concentrado na previsão do tempo que era transmitida na TV, Visão olha para ela e sorri. Wanda sorri de volta para ele e desliza um pouco para baixo para encostar sua cabeça no ombro dele, onde ela sentia proteção e carinho desde sempre.

 Visão sorri e deposita um beijo na testa de Wanda antes de deitar sua cabeça sobre a cabeça dela e encostar sua bochecha na testa dela.

 Nos braços de seu papai, Tommy olha para sua mamãe e sorri para ela, estendo seu bracinho direito e tocando no rosto dela. Ainda com a cabeça encostada no ombro de Visão, Wanda sorri para Tommy e afaga a bochechinha rosada dele com seu polegar. Ainda olhando para sua mamãe, Tommy continua sorrindo e coloca a mãozinha direita sobre a mão dela e agarra firme o polegar dela.

—A mamãe ama muito vocês dois - Wanda sussurra, inicialmente olhando para Tommy, e então solta com cuidado a mãozinha dele e olha para Billy em seus braços, tocando no queixinho dele. Billy olha para sua mamãe e afasta o bico da mamadeira de sua boquinha para sorrir para ela, fazendo Wanda sorrir para o filho mais novo - eu os amo mais do que a minha própria vida

—O papai também os ama mais do que tudo - Visão completa, alternando o olhar para os filhos, e pega no pézinho direito de Billy, coberto pelo tecido do macacão azul escuro que ele usava, ao mesmo tempo que pega na mãozinha direita de Tommy, que agarra o dedo mindinho dele - e será para sempre assim 

—E antes que haja protestos vindos de duas criaturinhas aqui presentes, nós também amamos muito vocês, Faísca e Nahla - Wanda brinca e se inclina um pouco para a frente para olhar os peludinhos. Faísca e Nahla olham para Wanda e latem, fazendo ela e Visão rirem - venham aqui

 No mesmo instante em que Wanda os chama, Faísca e Nahla levantam e correm para os braços dela e os de Visão. Faísca corre para Wanda e fica em pézinho no colo dela, apoiando suas patinhas dianteiras no peito dela para lambê-la no queixo. Wanda sorri, erguendo a cabeça para que ele não lambesse sua boca, e passa o braço esquerdo ao redor de Faísca enquanto com seu braço direito, segurava Billy, que ria, se divertindo com o rabinho de Faísca abanando em seu rostinho.

—Ai bolinha, assim “mazuca” o Billy - com a voz bem calma, Wanda diz à Faísca e o vira um pouquinho, de modo que o rabinho do pequeno não estivesse mais batendo em Billy, mas ainda mantém Faísca em seu colo, e enche o rostinho dele com beijinhos, o que deixa Faísca todo dengoso.

 Nos braços de Visão, Nahla estava toda encolhidinha e tinha a cabecinha apoiada no antebraço esquerdo dele enquanto Visão segurava Tommy com o braço direito. Tommy por sua vez acariciava, do seu modo próprio, a cadelinha.

—Amor é o que não falta e que nunca faltará nessa família - Visão diz e olha para Wanda. Ela olha para ele e sorri. Visäo sorri de volta e a beija.

 O beijo era suave, mas ao mesmo tempo, cheio de amor, de sentimento. Suas línguas dançavam num mesmo ritmo, no entanto, um pigarreio faz Wanda e Visão se separarem.

—Desculpem a interrupção, mas será que nesse amor tem espaço para mais dois? - Pietro brinca ao chegar na sala de mãos dadas com Crystal, que sorria. Wanda e Visão se afastam e olham para ele e Crystal sorrindo.

—Mas é claro que tem muito espaço para o meu irmãozão querido e para a minha irmã de consideração - Wanda brinca, olhando para eles, e Crystal sorri - venham aqui 

 Pietro e Crystal se aproximam e Crystal e Wanda se abraçam. Wanda, um pouco limitada por estar com Billy e com Faísca, permanece sentada mas ainda consegue abraçar a amiga e cunhada que ela tanto adorava e que era recíproco, uma vez que Crystal também a adorava. 

 Pietro e Visão sorriem para elas duas, felizes pela amizade formada, e Pietro aproveita o espaço vago ao lado de Visão, onde anteriormente estavam os peludinhos, para se sentar. 

 Ao se afastar de Wanda, Crystal se senta nas pernas de Pietro, ficando um pouco de lado, virada para Wanda e Visão. Pietro passa os braços ao redor da cintura de Crystal e enche o rosto dela com beijos. Ela sorri e encosta sua testa na bochecha dele. 

—Te amo - Pietro sussurra à Crystal, mas Visão e Wanda escutam 

—Também te amo - ela responde, falando baixinho, e fecha os olhos ao sentir os lábios macios dele tocarem os seus, iniciando um beijo.

 Olhando para o irmão e a cunhada, sorrindo para os dois, Wanda encosta sua cabeça no ombro de Visão e ele olha para ela sorrindo. Wanda olha para Visão e o brilho de seus olhos aumenta.

—E eu te amo - ele sussurra

—Eu também te amo e amo a família que formamos - Wanda responde e olha para Tommy e para Nahla nos braços de Visão e em seguida olha para Billy e para Faísca em seus braços. Visão faz o mesmo e sorri para os filhos gêmeos. Em seguida, eles voltam a se olhar e Visão toma a iniciativa de beijá-la.

 No entanto, não só Wanda e Visão, mas também Pietro e Crystal, são interrompidos, com a “conversa” de Tommy e de Billy e os quatro olham para eles.

—Da da da - Tommy balbucea e pega no pé direito do irmão. Billy afasta o bico da mamadeira, agora no final, de sua boca e olha para o irmão

—Ba ba ba - Billy responde e os dois caem na risada 

 Wanda, Visão, Pietro e Crystal não resistem e riem juntos, fazendo Billy e Tommy olharem para eles e rirem mais alto ainda ao serem flagrados por seus papais e titios.

******

 Horas mais tarde, quando a noite já havia caído. Através de Steve, havia chego a pouco pelo grupo dos Vingadores no Whatsapp a notícia de que Natasha havia dado a luz naquela tarde.

 Pesando um pouco mais de três kilos e novecentos gramas e medindo 52 cm, o pequeno James Joseph Rogers, chegara ao mundo às 18:25 tarde por uma cesariana. Ao que pareceu, Nat havia tido algumas pequenas complicações que a impossibilitaram de ter um parto normal, mas ela e James estavam muito bem e estavam no quarto já.

 Tia babona que era, Yelena enviou à todos pelo grupo a foto do sobrinho, se gabando do quão bonito ele era e que a beleza vinha de família. Wanda e Crystal, titias postiças babonas, imediatamente se apaixonaram por aquele serzinho cabeludinho e de cabelinhos claros, tom entre o loiro e o ruivo, a perfeita misturinha de seus pais.

 Animados pelas boas novas e mais ainda por ser o primeiro natal juntos, ainda que embora fossem judeus e comemorassem o Hanukkah, eles resolveram decorar a casa para a festividade que aconteceria em duas semanas.

 Pietro e Crystal punham os enfeites na árvore de natal e Visão enfeitava a lareira, que estava ligada devido o frio, com um festão e meias natalinas, cada uma delas contendo o nome de cada membro da família: Wanda, Visão, Billy, Tommy, Nahla, Faísca, Crystal e Pietro. 

 No corrimão das escadas, um festão com laços vermelhos posto por Wanda, o decorava. Na porta, do lado de fora, havia uma guirlanda, também posta por Wanda, onde havia escrito: “lar da família Maximoff”.

 Sentada no sofá, com as pernas para cima, em perna de indio, e com Faísca e Nahla deitados com as cabecinhas encostadas em suas pernas, Wanda os acariciava e observava Tommy e Billy brincarem com seus brinquedos encima do tapete, cuidando para que eles não chegassem perto da lareira ligada, por mais que tivesse uma tela posta. 

—Acho que podemos dar boas vindas ao natal - Visão diz ao terminar de pendurar o última enfeite, uma guirlanda, acima da lareira com o auxílio de uma das cadeiras da mesa de jantar

—Amor, cuidado com o Billy! - Wanda exclama ao ver Visão descer da cadeira e Billy estar se apoiando em dos pés da mesma para ficar em pé. Visão pega o filho mais novo nos braços e

—Sua mamãe é muito protetora com você e com seu irmão… - ele brinca com Billy, que sorri para seu papai. Visão sorri de volta e beija a bochecinha dele antes de olhar para Wanda e se aproximar dela - eu o vi, amor - diz e deposita um beijo na testa de Wanda - quero nem ver quando o Tommy e o Billy forem para a escolhinha… - ele brinca mas Wanda não ri, olhando para o marido, quieta

—Não fala isso, eles nem fizeram um ano! - colocando as mãos no peitoral de Visão, por cima do suéter vinho de lã que ele usava, Wanda protesta e franze o cenho e faz um biquinho

—Eu sei, mas vai chegar o dia que eles irão e faz parte do crescimento deles - Visão responde e beija o biquinho dela 

—Gente, foi aqui! - Pietro exclama ao terminar de colocar as bolas pratas e vermelhas na árvore. Wanda e Visão olham para ele e Visão se ajeita, ficando em pé ao lado de Wanda e com Billy nos braços. 

  Pietro pega o fio do pisca-pisca e olha para Crystal, que havia sentado na poltrona ao lado da árvore. 

—Amor, pode colocar na tomada, por favor? - ele pede e entrega o fio à ela

—Claro! - Crystal responde e pega o fio da mão dele. Em seguida, se levanta e  afasta um pouco a poltrona e retira a proteção colocada na tomada para que Tommy e Billy não mexessem nela agora que engatinhavam. Ela então “pluga” na tomada o fio do pisca-pisca.

—Prontos para acender a árvore, família? - Pietro pergunta e olha para eles

—Sim - Crystal, Wanda e Visão respondem em unissono 

 Pietro então pega o controle de brilho acoplado no fio do pisca-pisca e o liga por fim, iluminado a sala. Para deixar tudo mais especial, Wanda usa seus poderes para apagar as luzes da sala e a da cozinha e deixa somente o pisca-pisca iluminar o ambiente. 

 Tommy se assusta com o “apagão” repentino e larga a peça em formato hexagonal azul que segurava em sua mãozinha direita para engatinhar até sua mamãe depressa. Ele se apoia no sofá para ficar em pézinho, mas antes que perdesse o equilíbrio, Wanda o vê e o pega nos braços.

—Oi meu amorzinho - Wanda sussurra ao pegá-lo e o aconchega nos braços, o segurando contra seu peito, com a mão direita posta na parte de trás da cabecinha dele, de modo que Tommy ficasse em pé. Por saber que estava seguro agora que estava com sua mamãe, Tommy encosta a cabeça no ombro dela - se assustou, foi, Tommy? - Wanda sussurra para ele e beija a bochechinha dele 

—Ei gordo, passou… - Visão sussurra, se sentando do lado direito deles com Billy, e passa os dedos pelos cabelos castanhos de Tommy, os penteando para o lado direito

 Pietro e Crystal se aproximam e ele se senta do lado esquerdo de Wanda, com cuidado para não machucar Nahla e Faísca que ali estavam desde antes e que cochilavam com suas cabecinhas encostadinhas na perna esquerda de Wanda.

 Crystal se senta no braço do sofá, ao lado de Pietro, e ele passa o braço esquerdo ao redor da cintura dela. Crystal sorri para ele e bagunça seus fios platinados. Pietro sorri e encosta o queixo no ombro direito dela para observar a árvore. 

 Crystal beija os cabelos platinados de Pietro e olha para a árvore, não contendo a emoção de estar pela primeira vez fazendo parte de uma família. Não que Pietro não fosse sua familia. Ele era, mas agora ela era mais completa.

 Observando a árvore, Visão passa o braço esquerdo ao redor da cintura de Wanda e ela encosta a cabeça no ombro dele. No colo de sua mamãe, Tommy segurava a mãozinha de Billy, que estava com o papai deles, o que não passa desapercebido por Wanda e nem por Visão, que acham a coisa mais linda o amor de irmãos.

—Nosso primeiro natal com a família completa, ainda mais que esse é o primeiro natal do Tommy e do Billy - emocionada ao ver os filhos de mãos dadas, Wanda quebra o silêncio que pairava no ambiente e acaricia os cabelinhos dos dois.

—O primeiro de muitos… - Visão completa e traz Wanda mais para perto dele e beija os cabelos dela. Wanda fecha os olhos e sorri. 

—Esse é só o início - Pietro diz e olha para Crystal, que olhava para ele sorrindo - concorda amor? 

—Concordo - Crystal responde baixinho e Pietro lhe rouba um selinho, fazendo ela sorrir 

“Que é o Natal senão um misto de amizade e amor que é repartido pela família, pelos amigos, por todos aqueles que estão connosco, em todos os momentos da nossa vida, bons e maus. 

 Natal é amor, carinho e também tristeza pelo sentimento de perda, ausência de entes queridos falecidos.

Amor e dor que nos transportam à alegria e às lágrimas, à antítese da vida”