Depois da conversa, que nos planos deveria ter sido rápida e enfática, mas que durou até alta madrugada, outras vieram e mais outras, e mais outras, e quando JungKook se deu conta já estava tão acostumado com a presença do vampiro que um minuto sem o ver, sem saber como estava, era um martírio sem fim. 

A mensagem de bom dia já era mania, a ansiedade no estomago, a vontade de esmagar Jimin em um abraço toda santa vez que se viam! Deuses, estava tão ferrado! 

Mas, mesmo com a evolução do relacionamento, ainda não tivera coragem para contar a seus pais sobre o imprinting. Seu pai iria surtar, tinha certeza. Sua mãe... as vezes... as vezes, parecia saber. Não sabia dizer se era pelo cheiro doce que agora vivia encrustado em suas roupas ou se pelo constante sorriso idiota no rosto que insistia em não sair. Ela só sabia.  

—Vai vê-lo agora? - Perguntou ela, confirmando suas suspeitas, quando estava terminando de aprontar as coisas no carro para escapar com seu vampiro. 

Primeiro, congelou. Depois, respirou fundo e assentiu, cuidadoso. O olhar dela não mudou, sempre amoroso e compreensivo. Quis chorar de alivio. 

—Parece te fazer muito bem.

—Mamãe... 

—Não volte tão tarde, seu pai pode desconfiar.  

—Ele... 

—Não, ele não sabe. Quando quiser contar, estarei do seu lado.  

Atirou-se nos braços dela.

—Eles estão preparando uma armadilha... não sabem que... que ele... o que eu faço? 

Ela se engasgou e, por um momento, temeu que tivesse entendido errado, que estivesse tudo perdido. Mas, logo o aperto se tornou ainda mais firme, feroz e materno como só uma mãe sabe dar.  

—É um Park, então. Não torna mais fácil, meu bem, mas também não faz mais difícil. Fique tranquilo. Precisa contar a verdade a seu pai e, principalmente, a ele.  

Só o simples pensamento de contar ao Park sobre os planos de seu pai o dava calafrios. Jimin ficaria decepcionado. Não queria isso. Hécate, como queria que tudo ficasse bem. 

—Ele vai... vai me deixar... não posso. - Choramingou, agarrando o tecido da blusa florida dela como a quem agarra um bote salva-vidas.  

—Ele é sua alma gêmea, vai te entender. Sei que vai. Mas, para isso ele precisa que você seja verdadeiro. Além do mais, não quer que ele se machuque, quer?  

Balançou a cabeça de modo negativo, rápido. Nunca, claro que não queria! 

—Então, conte. Ele já não te entende como ninguém? Esse brilho em seu olhar não me engana.  

Riu, por mais que tentasse resistir.   

—Ele é incrível, mamãe. Incrível. A porcariazinha mais incrível que a senhora já viu.  

Sua descrição inovadora a fez rir. O toque característico de Jimin no celular o fez pular, ansioso por vê-lo logo.  

—Vá, se divirta. Sei que estará protegido com ele.  

—Nem o conhece, mamãe.  

—Intuição materna. Aliás, qual o nome do meu genro? 

Sorriu, observando a tesoura sem pontas na grama não muito longe e se lembrando da reunião da semana que ainda viria. 

—É Jimin.