Draco

Mais três ataques e eu ajudei em todos. Fingir estar gostando disso já estava sendo quase normal e natural, e eu tentava não surtar com isso. Rodolphus estava acreditando demais em mim, confiando demais. Me contou seus próximos planos e eram terríveis, mas fingi gostar de todos. Estava tentando achar uma brecha, mas não conseguia fazer com que Hermione e eu ficássemos enquanto todos fossem atacar, para que o Ministério pudesse fazer o serviço enquanto fugíamos. Eu não podia arriscar a vida dela num ataque com todos aqui dentro dessa casa.

Duas semanas se passaram, mais um ataque realizado. Já foram tantas vidas tiradas e não conseguimos pensar em uma forma de acabar com isso. Rodolphus estava entrando numa zona perigosa, lutando contra bruxos, como em nosso último ataque…

Flashback

Estávamos numa pequena vila, mas sabíamos que era habitada por mais bruxos do que trouxas. Rodolphus começou o ataque e os poucos humanos que viviam lá entraram em desespero. Os bruxos se revelaram para salvá-los e começamos uma pequena guerra.

Feitiços usados uns contra os outros, gritos de dor quando os aliados de Rodolphus usavam alguma maldição, gritos de trouxas agonizando de dor ao morrerem da pior forma possível. Caos novamente. 

— Draco, atrás de você! - Rodolphus gritou e atacou outro bruxo.

Me virei, mas fui atingido antes de poder reagir. Voei longe, batendo com força na vidraça de um comércio, quebrando-a e caindo sobre ela. 

— Merda… - sussurrei ao sentir minha pele cortada pelo vidro. 

Senti outro golpe, sendo jogado longe novamente, batendo a cabeça, ficando meio tonto e sentindo que iria ficar inconsciente, mas realmente não estava me importando muito em reagir, eu merecia cada golpe desses.

— Expelliarmus! - joguei no bruxo e sua varinha voou longe.

Ele me olhou assustado e correu rápido, tentando fugir, mas foi pego por outro aliado de Rodolphus e morreu. Me levantei devagar e me apoiei no balcão. Rodolphus veio até mim e suspirou. 

— Vamos, os outros cuidam disso. - me ajudou a ficar de pé e aparatou comigo para o esconderijo. Entramos e ele me ajudou a deitar na cama, chamando uma bruxa que era como uma médica no nosso grupo. 

— Não se preocupe, não é nada grave. Mas recomendo repouso. - ela disse após tirar alguns cacos de vidro, passar pomada e fazer curativo onde havia me cortado, inclusive na cabeça com o impacto quando bati na parede.

— Obrigado… 

Ela assentiu e suspirou, saindo do quarto. Fechei os olhos, realmente exausto com o ataque de hoje, todos os outros, toda essa situação.

Fim do flashback

— Draco, está se sentindo melhor? - Rodolphus perguntou ao me ver na sala conversando com um rapaz sobre coisas aleatórias. 

— Estou sim, tio. - sorri. Passei um dia inteiro na cama e no outro dia já estava bem melhor. 

— Ótimo. - ele sorriu. - Daqui dois dias, vou atacar outra vila, mas, dessa vez, você fica.

— Tudo bem, acho melhor também… 

Ele suspirou e assentiu. - Andrew, pode levar o jantar de Granger. 

— Sim, senhor. - ele pegou o pratinho com as sobras do nosso jantar.

— Eu posso levar, tio. 

— Não, você vai ficar em repouso ainda hoje, e ela precisa ver outras pessoas, Draco, não seja egoísta. 

— Sim, senhor… - suspirei e vi Andrew ir para o corredor. O acompanhei com o olhar até ele desaparecer, eu estava com uma sensação muito ruim.

¤ ▪︎ ¤ ▪︎ ¤

Hermione

Eu já estava cansada de ficar trancada naquele quarto dia e noite, lendo os mesmos livros, olhando para as mesmas coisas, sem poder fazer nada além de levantar, andar pelo quarto, sentar, ler, ir ao banheiro, dormir, ficar deitada ou sentada pensando. Eu iria enlouquecer se passasse mais muitos dias assim.

Draco ainda cuidava de mim, mas não ficava mais todo dia alguns minutos conversando comigo, e eu sentia que ele estava meio que gostando de agir como fazia quando éramos mais novos… mas eu torcia para estar imaginando isso.

Eu não tinha tanta noção de tempo, mas já faziam uns dois dias que Draco não aparecia, desde quando fiquei brava com ele pelo tapa de Rodolphus. Não fui justa, eu sei, mas estava abalada. Essa situação era horrível, eu tinha que descontar em algo, mas descontei na pessoa errada. 

Outra pessoa estava trazendo minhas refeições. Eu estava ficando preocupada, mas hoje após o almoço, foi Draco quem trouxe a comida e me explicou o que aconteceu, me deixando mais calma, mas ainda bem preocupada. Nada disso era bom para ele também.

Ouvi a porta abrir e me encolhi no canto, como sempre fazia. Outro rapaz que já havia trazido comida para mim entrou com um prato e um copo de água. 

— Seu jantar, Granger. - ele disse ao fechar a porta e deixar o prato e copo no chão próximos ao colchonete. - Venha aqui, bonitinha… 

— Eu não vou… 

— Irritante! - ele me interrompeu. - Sabe, até que você é bonita e gostosa. Só não está melhor, porque essas roupas estão sujas, apesar de você estar bem limpinha, não é?

— O que você…? - sussurrei.

— Calada! - ele disse mais alto e encolhi automaticamente. - Levante-se!

Balancei a cabeça negativamente, com medo do que ele faria comigo. Ele respirou fundo, sem paciência e se aproximou, me puxando pelo braço. Tive que usar muito do meu autocontrole para não usar magia sem varinha e revelar meu segredo à ele.

— Você é realmente teimosa, não é? - ele deu uma risadinha seca e deu um tapa forte em meu rosto. Ofeguei. 

— Me solta… - sussurrei.

— Não, bonitinha, tenho planos melhores para você! - ele sorriu maliciosamente e senti meu corpo congelar. - Isso mesmo… - ele sussurrou e beijou meu pescoço.

Fiquei paralisada por uns segundos, mas logo o empurrei, quase derrubando-o. - Fique longe de mim! 

Ele riu e se aproximou, segurando meus braços com força e me virando contra a parede. Senti seu corpo encostar no meu por trás e senti nojo. 

— Você vai ser minha hoje, sangue-ruim! - ele sussurrou e beijou minha nuca.

— Me solta! - gritei e tentei me soltar, em vão, ele era bem mais forte. - Para com isso! - continuei gritando.

— Fica quieta! - ele disse autoritário e deu um tapa na minha bunda. - Não quer que isso seja ruim para você, não é?

— Acha que Rodolphus vai gostar de saber que…?

— Cala a boca, vadia! - ele me virou rápido e deu um tapa forte em meu rosto, fazendo arder. - Você está falando demais! - rasgou minha blusa e apertou meu seio, - Gostosa!

— ME SOLTA! - gritei entrando em desespero. Isso nunca tinha acontecido comigo e, pela primeira vez, eu não sabia como reagir. 

— Ironicamente, Hermione Granger, a bruxa mais inteligente, não sabe como reagir numa situação como essa além de gritar pedindo ajuda? - ele riu e deu mais um tapa forte em meu rosto, me fazendo cair no chão. Ponto para ele. Ficou em cima de mim, me segurando enquanto eu me debatia. 

— DRACO! - gritei em desespero. 

Ele riu ainda mais e beijou meu peito, rasgando o sutiã e descendo seus lábios lentamente até meus seios. 

— PARA COM ISSO! - gritei, já sentindo as lágrimas caírem pelo meu rosto. Magia, algo dentro de mim gritou, mas eu não conseguia pensar direito, estava em desespero.

Ouvi a porta abrir num estrondo e logo o rapaz foi jogado longe. Draco se aproximou de mim, tirando sua própria camisa e me ajudando a vesti-la. Abracei ele com força, chorando muito.

— Que merda você acha que estava fazendo, Andrew? - Rodolphus perguntou com tanta raiva que dava para senti-la densa no ar. Ele me olhou.

— Ela provocou, senhor, eu… 

— Calado! - ele ordenou e voltou a olhar para o rapaz. - Vá para minha sala e espere por mim lá! 

Andrew suspirou e saiu com raiva. Apertei Draco ainda mais quando Rodolphus se aproximou. 

— Isso não vai mais acontecer, Granger. - ele disse e suspirou. - Como eu disse, você vai ser razoavelmente bem tratada aqui, e isso jamais voltará a acontecer, eu não admito! 

— Obrigada… - sussurrei. Draco me manteve apertada contra seu peito, dava para sentir seu coração batendo forte e rápido. 

— Draco, cuide dela. Vou cuidar do Andrew. - e ele saiu, fechando a porta. 

— Hermione, me desculpa, eu sinto muito… era para eu te… 

— Tudo bem, não foi sua culpa… - suspirei, escondendo meu rosto em seu pescoço, me sentindo vulnerável e suja como nunca me senti antes e a sensação era horrível. - Fica comigo… 

— Por quanto tempo quiser… - ele sussurrou e deu um beijinho na minha cabeça. Me pegou no colo e me levou para seu quarto, me deitando em sua cama, mas me sentei rápido.

— Eu preciso… de um banho… - sussurrei entre lágrimas. Precisava tirar do meu corpo qualquer vestígio do toque daquele nojento.

Ele suspirou e balançou a cabeça concordando. - Pode usar meu banheiro.

— Obrigada… - sussurrei e me levantei, correndo para o banheiro e fechando a porta, me encostando nela e ofegando, soluçando um pouco ao deixar mais lágrimas caírem pelo meu rosto. 

Tirei a roupa rápido e liguei o chuveiro, deixando a água cair em mim, mas isso não foi suficiente. Peguei uma esponja e esfreguei cada lugar que ele havia tocado, esfregando tanto que minha pele ficou vermelha e dolorida, mas isso era um pouco melhor. Respirei fundo algumas vezes, tentando me acalmar, porque estava ficando ofegante demais com falta de ar. 

Fechei os olhos e apertei a esponja, com raiva dessa situação em que estávamos. Com raiva de Rodolphus por ter escapado de Azkaban, com raiva daquele maldito bruxo, e ainda com um pouco de nojo de mim. Eu sabia que isso era uma coisa delicada, mas só sentindo para entender o quão difícil era - e ele nem chegou ao fim.

Me encolhi e me abracei, já com a respiração um pouco mais controlada, mas ainda precisando sentir a água na minha pele. Pensei em Ron e como precisava de um abraço dele agora… 

¤ ▪︎ ¤ ▪︎ ¤

Após algum tempo e Draco bater na porta para checar se estava tudo bem e avisar que ia deixar roupas limpas no chão próximas à porta, consegui desligar o chuveiro após esfregar meu corpo mais um pouco. Me seguei rápido e peguei as roupas do chão e me vesti. Era uma calça jeans feminina e um pouco larga, e uma camisa de Draco.

Suspirei e evitei me olhar no espelho do banheiro, não suportava a ideia de me olhar agora. Saí do banheiro e Draco me olhou bastante preocupado, era visível em seu olhar.

— Mione… - ele suspirou e se aproximou devagar. - Você pode ficar aqui hoje… 

— Draco, isso é perigoso… - sussurrei. 

— Não se preocupe, Hermione… - ele suspirou. 

Fui até sua cama e me deitei, me cobrindo e me encolhendo. Eu estava fraca demais para discutir, só queria ficar quieta. Ele ficou me observando em silêncio, indeciso sobre o que fazer.

— Vem cá… - sussurrei. Ele se aproximou e se sentou na cama ao meu lado, encostado na cabeceira, ainda receoso. Deitei minha cabeça em seu colo, fechando os olhos e suspirando. - Obrigada… 

— Tudo bem… - ele sussurrou e acariciou meu cabelo delicadamente. 

Suspirei e me encolhi, mais calma e me sentindo mais segura mesmo, esquecendo por um momento toda a confusão em que estávamos metidos, mas sem conseguir esquecer o que acabara de acontecer comigo. Mas aproveitei seu carinho e cuidado até adormecer.