Se passaram dois meses e Shayera não falava com Carter. Mesmo diante da proximidade com John, Shay sentia falta de Carter, ao menos queria ter notícias dele, saber como estava apenas para deixar de se preocupar um pouco.

Por outro lado, a proximidade entre ela e John aumentava. Os dois não voltaram a se envolver, não como antes, mais ela se surpreendia a cada dia com John. Ele estava ponderado, não avançava o sinal porque não queria aborrecê-la, achando que ela ainda estava com Carter. Durante todo esse tempo que Carter não apareceu na Liga, com exceção de Jo’nn e Diana, os demais não perceberam nada.

John tinha reservas em um restaurante, reservas para dois, porém, Mari estava viajando a trabalho, desfilando, e não chegaria a tempo, então resolveu convidar Shayera.

— Shayera? Posso falar com você?

— Claro John, o que foi?

— É que eu tinha reservas para jantar e queria saber se você aceita ir comigo.

— Esse é o tipo de convite que se faz a namorada John. Por que não leva Vixen? – disse tranquilamente Shay

— Na verdade eu a levaria, se ela conseguisse chegar a tempo. Comprei para levá-la mais ela não conseguirá voltar. Pensei em você... – John parou de falar quando percebeu que Shay tinha entendido errado. – Calma Shayera,, eu não quis dizer que pensei em você como segunda opção, não é isso. Eu pensei em você porque agora estamos bem, nos relacionando bem como amigos e já faz tempo que você não aceita nenhum convite meu.

— Entendi John. – respondeu Shay – quando você pretende me levar para jantar?

John ficou surpreso com a resposta positiva de Shay, surpreso e contente.

— Depois de amanhã, pode ser?

— Claro, eu vou me trocar no meu apartamento, você me busca lá?

— Perfeito, eu te busco então.

Shayera resolveu aceitar o convite de John. Não viu nada de mais em aceitar já que ela não está mais com Carter e John, bem, se ele disse que era pra Vixen o convite e ela não comparecerá, certamente ele contou a ela que convidaria sua “amiga” Shayera.

...

É chegado o dia do jantar de Shay e Lanterna mas ela não conseguia se concentrar. No dia anterior ela procurou Carter para ter notícias dele, saber como estava e para a surpresa dela, ele estava, aparentemente, ótimo. Não que ela esperasse vê-lo na depre, triste, mais não espera encontrar Lisa junto dele. Na verdade ela foi bem evasiva, mesmo sendo dela a iniciativa de procurá-lo. O choque foi maior que a saudade e o desapontamento era nítido.

Carter percebeu o mal-estar, ele não esperava a ligação de Shay. Digamos que ele estava numa situação um tanto íntima com Lisa e ela acabou vendo o que não queria. “Ela não pode me cobrar nada” – pensou Carter depois de encerrar a conversa com Shay. Ele decidiu que deveria continuar, mesmo sem ela, e decidiu dar um rumo para sua vida. Ele amava Shayera, sempre a amaria, mais esse amor durou pouco, ou essa história de amor precisou de um fim. O filho que estava predestinado a Shay não seria fruto do amor deles e isso dilacerou o coração de Carter.

Ele sabia que ela ficaria magoada em ver que ele e Lisa estavam juntos. “Que importância tem?” – novamente pensou Carter. Se para fazer Shayera não o procurar mais ela precisasse pensar que ele era um canalha, que mal termina uma relação e começa outra, assim permitiria que Shay pensasse isso a respeito dele, ao menos, nenhum dos dois teriam esperanças de retomar o relacionamento. Não teriam nenhuma expectativa.

Ela desviou esses pensamentos e se concentrou na escolha da roupa e optou por um lindo vestido preto. Algo básico, nem muito casual e nem muito elegante, afinal, ela não sabia o tipo de restaurante que John a levaria.

John chegou pontualmente e não escondeu a admiração pela produção de Shayera. “Está linda!” – pensou ele. Desde a simplicidade do vestido e o penteado de Shay, até a maquiagem, ele ficou admirado. Ela percebeu a reação de John mais agiu naturalmente.

Chegaram ao restaurante e conversaram sobre tudo. Sobre a Liga, as missões, sobre a vida de cada um. John até ficou tentado em perguntar sobre o encontro de Shay com Rex, mais se conteve. Não queria estragar a noite. Shayera poderá pensar que ele premeditou esse jantar para perguntar sobre ela e o filho e poderia se aborrecer.

Os dois terminaram o jantar e na volta para casa, conversaram brevemente na porta do apartamento de Shay até que por alguns instantes apenas sem olhavam. Então John fixou seu olhar nos lábios de Shayera. A boca dela ficou seca. Como ele ainda conseguia afetá-la desse jeito? Era impossível! Não depois de tudo o que haviam passado! Mais nenhum dos dois podiam negar: estavam rendidos diante da evidência de um sentimento que o tempo não conseguira apagar. Mas não tiveram coragem para dizer nada, cada um supondo ser o único a se deparar com aquela verdade. Shay desviou o olhar, tentando disfarçar até que John abraçou-a e puxou-a contra si. A enlaçou pelo pescoço, as pernas roçando nas dele até que por fim seus lábios se uniram, com o ardor emergente da paixão.

— John?! Chega... – Shay interrompeu o beijo ainda assustada com a própria reação em retribuir. – Passamos dos limites.

— Eu continuaria Shayera. Não acho que passamos dos limites não, demoramos para acordar e reconhecer o que sentimos um pelo outro. – Ponderou John ao falar

— Não é bem assim que funciona, John. Você namora a Vixen e ela não merece isso.

Shay observou por um instante o rosto de John e rapidamente tomou uma decisão: virou-se de costas e despediu-se dele:

— Obrigada pelo convite John. Agora acho melhor você ir.

— Eu vou Shayera, mas quero conversar a respeito de hoje, do beijo. Duvido que não tenha significado nada para você.

— É claro que mexeu comigo sim, mais prefiro conversar sobre isso depois John, se você não se importar. - disse virando-se para ele - Não estou fugindo, estou adiando a conversa. Já está tarde, você me entende?

Em outros tempos não, John não entenderia, mas...

— Tudo bem Shay, quando você quiser. – disse encarando-a – está tarde, vou indo então... Boa noite.

— Boa noite John! – Despediu-se Shay fechando a porta e apoiando-se ainda incrédula do que houve entre ela e John.