Contraste escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 23
Capítulo 23




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799636/chapter/23

Só reparei que tinha caído no sono quando acordei com meu celular tocando. Pisquei lentamente e abri os olhos a tempo de atender a ligação do Harry.

—Hey Gin, já voltou da casa dos seus pais? - Eu nem precisava perguntar se seu dia tinha sido bom, a voz dele exalava felicidade.

—Hey gato. Sim, já faz tempo que cheguei.

Acredito que do mesmo modo a minha voz não exalava tanta felicidade assim, Harry não levou dois segundos para notar.

—Está tudo bem?

Eu queria dizer que sim, mas sempre fui uma péssima mentirosa. Mesmo depois de dormir um pouco eu continuava com aquele sentimento ruim que se dividia entre tristeza, decepção e de certa forma alívio, uma sensação desagradável de que nada nunca mais seria como antes e, para completar, eu não tinha comido nada o dia todo e estava faminta. Então não, não estava tudo bem, mas talvez ficasse um pouco melhor se eu tivesse uma companhia agradável.

—Não muito. - Fui sincera. - Mas nada com que se preocupar, eu só não tive um encontro muito agradável com eles.

—Eu liguei para perguntar se você queria sair para jantar, mas que tal eu levar alguma coisa para gente comer aí esparramados no seu sofá e aproveitar a noite um pouco?

—Leu minha mente, Potter.

—Isso está virando minha especialidade, garota. Já eu chego.

Harry não demorou muito para chegar, mas foi tempo suficiente para eu tomar banho e vestir um pijama confortável. Assim que abri a porta notei que ele não tinha passado em casa, pois estava usando a mesma roupa de quando saiu de manhã e tinha os cabelos mais bagunçados do que o normal, certamente por conta de todo o vento que enfrentou.

Eu não sabia dizer exatamente quando isso se tornou tão natural, mas já era tão comum dormirmos um na casa do outro que já não precisávamos mais convidar ou perguntar se tudo bem passar a noite, pois de certa forma o que parecia fora de contexto era não ficar. Ele tomou um banho antes de se juntar a mim no sofá, também confortavelmente vestido para sair dali apenas para a minha cama.

Enquanto aproveitamos os hambúrgueres que ele trouxe, Harry me contou tudo sobre seu dia e o que fez com Draco. Ele estava muito empolgado e eu não tinha dúvidas de que os dois tinham se divertido muito, embora a única parte da narrativa que eu tenha invejado fosse a cerveja que eles tomaram na hora do almoço.

Quando terminou de comer ele se arrastou pelo assento em minha direção, perto o suficiente para deslizar a mão por toda a extensão da minha coxa.

—O que foi, hein? Você está muito quieta e essa não é a Gin que eu conheço.

—Briguei com meus pais hoje, mas não foi como das outras vezes. - Falei sem rodeios, eu queria conversar sobre isso de qualquer forma e Harry era alguém com quem eu conseguia falar sobre o assunto.

Não consegui me lembrar da ordem exata das coisas, mas contei para ele tudo o que falei e escutei naquela manhã, desde a hora que me perguntaram se eu e ele ainda estávamos brigados, até quando Ron me deixou em casa pouco mais de uma hora depois que saí.

Harry ouviu tudo sem dizer nada. Eu podia ver como ele tinha uma opinião muito óbvia e desagradável sobre como meus pais agiam comigo em alguns momentos, mas ele nunca tinha expressado nada disso e eu também nunca perguntei, pois entendia a posição delicada em que ele ficaria.  Dessa vez, no entanto, ele não estava sendo tão bem sucedido assim em esconder que não gostou do que ouviu.

—Mas o pior de tudo é que isso conseguiu me deixar pensativa…

—Pensativa sobre o que?

—Com o que parece ser a opinião geral sobre nós. Harry, me diz sinceramente, você acha que isso tem futuro?

—Gin! - Ele falou meu nome de um jeito tão intenso que nem precisava ter dito mais nada. - Claro que sim. Quando eu penso em tudo que você me faz sentir, no quão forte é o que eu sinto por você, como isso poderia não ter futuro?

Ele estava sentado tão perto, que só precisei me inclinar um pouco para frente para conseguir deitar o rosto em seu peito, sua mão foi direto para o meu cabelo em um carinho gostoso.

—Eu me sinto assim também, você sabe, mas não me ajuda a ter tanta certeza quando todo mundo fica falando que o fim é iminente e que o problema sou eu.

—Hey… - Ele se afastou o suficiente para levantar meu rosto e me fazer encará-lo. - Para começar, nem tem um problema aqui então como seria possível que você fosse o problema? Eu sei muito bem quem você é e te amo desse jeitinho mesmo, com todos os detalhes que compõem o pacote. E daí que temos alguns gostos diferentes? Eu me apaixonei pela Ginny e toda sua autenticidade, não por uma versão feminina de mim.

Não era do feitio de nenhum de nós dois ficar se declarando o tempo todo, mas a gente sabia a hora certa de fazer e arrancar um sorriso bobo do outro.

—Quer que eu ligue para os seus pais e fale tudo que falei para os meus? Vamos ver depois disso quem eles vão considerar inadequado para quem. - O comentário me fez rir, porque embora eu não soubesse o que Harry falou para os próprios pais, duvido que alguma coisa que saísse dele fosse suficiente para mudar a opinião que meus pais já haviam formado. - Vergonha é a última coisa que você me faz sentir Gin, e caso ainda tenha alguma dúvida, todo mundo com quem tenho contato no trabalho ou na vida já ouviu de você, do seu trabalho, já viu sua foto, os mais próximos devem inclusive saber até o que você gosta de comer e nunca te ofereceriam café, porque já sabem que você odeia.

Ouvir aquilo me tranquilizou e eu voltei a me encostar em seu peito.

—Acho inútil dizer que o mesmo vale para mim, afinal parece ser consenso mundial que você não é uma vergonha. - Com certeza ele notou meu tom de voz mais leve, porque riu comigo e retribuiu meu abraço.

Ficamos um momento em silêncio naquela mesma posição antes de eu me manifestar novamente.

—Não sei como será nossa relação daqui para a frente. Meus pais e eu, quero dizer. - Senti seu carinho se intensificar, mas ele não falou nada. - Por um lado eu estou muito aliviada de finalmente dizer como eu me sentia, mas por outro parece que eu acabei de vez com qualquer relação que a gente tinha.

—Ou talvez você deu um pontapé para uma relação melhor começar, uma relação mais justa para você. Já pensou por esse lado?

—É um lado otimista demais, e eu não estou muito otimista hoje.

—Então que tal parar de falar disso por enquanto? Se distrai um pouco hoje, você vai conseguir pensar sobre tudo isso mais claramente quando estiver mais distante da situação, e eu estarei se você quiser conversar ou sei lá, se você quiser companhia pra qualquer coisa.

—Acho que é uma boa ideia.

O fim daquela noite foi mais feliz depois da nossa conversa, mas não vou mentir e dizer que a situação com meus pais não alterou meu humor, porque até eu mesma conseguia sentir quão diferente do meu estado normal eu estava nos primeiros dias.

Quando o sábado seguinte chegou sem que nenhum contato fosse feito de nenhuma parte, eu me vi por um momento ponderando o que fazer sobre o suposto almoço do dia seguinte. Eu podia apostar que meus pais estavam me esperando lá como sempre havia sido para as coisas voltarem a ser o que eram.

É claro que eu queria ter uma relação próxima com eles, mas a partir de agora eu me recusava a voltar para como as coisas eram. Foi difícil e demorado conseguir falar como me sinto, eu não conseguiria simplesmente fingir que nunca aconteceu e voltar a me calar. Se eles também quiserem ter uma relação próxima comigo, chegou a vez de serem eles a se desculpar e virem atrás de mim, afinal sempre tiveram meu endereço.

Não compareci na primeira semana, nem na segunda e nem na terceira. Do mesmo jeito, também não mandei mensagem e nem liguei, eles também não.

Nesse meio tempo vi meu irmão mais de uma vez e a curiosidade venceu, então acabei por perguntar como eles estavam. Ron me disse que os dois estavam muito tristes e os encontros com eles agora tinham virado uma sessão de perguntas sobre mim e sobre o que eu quis dizer.  Meu irmão afirmou que continuava sendo evasivo pois não acreditava ser o papel dele intermediar as coisas, mas que era possível ver que eles estavam pensativos e sentiam minha falta.

Nesse meio tempo também fez um ano do meu primeiro encontro com Harry. Não fizemos nada demais, mas foi divertido relembrar nosso primeiro encontro com sua total falta de habilidade para dançar e, segundo ele, meu empenho quase bem sucedido em seduzi-lo.

—Eu queria tanto que você tivesse subido comigo aquele dia. - Confessei em meio a uma risada.

Estávamos os dois em sua cama, minhas pernas sobre sua barriga e suas mãos casualmente pousadas na minha coxa.

—Eu queria muito subir com você aquele dia, mas ainda estava abalado demais tentando processar que aquilo era real mesmo.

—E eu acho achando que estava sendo óbvia o suficiente…

—Você estava, é por isso que eu não estava acreditando mesmo. Quantas vezes na minha vida você acha que uma mulher bonita, inteligente e sexy pra caramba deu em cima de mim descaradamente? Fiquei sem palavras.

—Perdeu a chance de dormir mais relaxado. - Falei maliciosa.

—Quem disse? Eu fui dormir muito relaxado, você só não estava aqui para aproveitar comigo. - Devolveu no mesmo tom.

—Uma pena, porque eu sempre gosto de apreciar o show. Que tal uma versão comemorativa de aniversário?

Felizmente Harry lidava muito melhor comigo me jogando pra cima dele agora, porque nem precisei insistir muito para ganhar o que eu queria.

O aniversário da Izzie seria comemorado no próximo final de semana. Como em todos os anos, eu fazia questão de ajudar com os preparativos, e isso acabou preenchendo todo o meu tempo livre. Sua festa aconteceu no domingo e ela estava radiante, agora aos três anos minha afilhada já tinha muito mais noção de que tudo aquilo era feito para ela.

Harry, Ron e Mione também foram convidados, então dessa vez me dividi entre fotografar, aproveitar minha afilhada e passar um tempo com eles. Do Ron a Izzie sempre gostou, Mione também não teve problemas e Harry estava indo tão bem na missão de conquistar a menina que já ganhava alguns beijos vez ou outra.

A semana seguinte nos trouxe uma avalanche de trabalho no estúdio, com mais reuniões do que o normal para planejar duas capas comemorativas que queriam incluir nos próximos meses, uma masculina e uma feminina. O resultado disso foi pouquíssimo tempo para passar com meus amigos e dias longos demais que me fizeram chegar em casa muito cansada.

Eu adorava quando Harry estava comigo em dias assim, porque ele sempre fazia massagem nos meus pés enquanto a gente conversava.

Para compensar a falta de tempo para qualquer coisa além de trabalho, convidei o pessoal da equipe para jantar no sábado. Ao invés de um restaurante, decidimos fazer o programa descontraído de quando estávamos cansados demais para sair, mas não o suficiente para ficar em casa, e fomos todos para o meu apartamento com uma montanha de pizza e cerveja entre nós.

Ao mesmo tempo que Harry quase nunca se juntava a nós quando o encontro era em alguma balada, ele já tinha se tornado presença garantida quando o encontro era na minha casa. A versão dele todo largado no meu tapete com uma garrafa de cerveja em uma mão e uma fatia de pizza na outra não poderia ser mais diferente da versão que usa roupa social e mantem uma expressão séria e concentrada da porta pra fora. Eu ainda não sabia dizer qual das duas me atraía mais.

Hannah foi a primeira a chegar, alguns bons minutos antes do horário combinado. Quando a campainha tocou eu já sabia que seria um deles, e ao abrir a porta dei de cara com a minha amiga usando a mesma roupa do dia anterior e a sombra do rímel mal tirado embaixo dos olhos.

—Hey Gin! - Ela se adiantou e me abraçou. - Oi Harry.

—Estou vendo que alguém que estava muito cansada realmente foi para direto para casa ontem depois do trabalho.

—Eu nunca disse que era para a minha casa. - Ela respondeu com uma piscadinha que me fez rir. - Vou usar seu banheiro um minuto, tudo bem?

Não precisei responder para ela ir até lá, meus amigos sabiam que podiam se sentir em casa aqui. Menos de dez minutos depois ela retornou com o rosto limpo e um delineado novo, daqueles que aparentemente só maquiadores conseguiam fazer e eu nunca aprendi.

Com uma pessoa a mais para ajudar, foi rápido afastar a mesa de centro para o canto para dar mais espaço para as pessoas se aconchegarem, e trazer guardanapos e copos da cozinha. Aos poucos os outros chegaram também, as pizzas foram pedidas assim que todos estavam ali para escolher o sabor e logo minha sala já era um amontoado de caixas de comida empilhadas na mesa de centro, pessoas espalhadas pelo chão e pelo sofá, vozes altas e pelo menos três assuntos sendo discutidos simultaneamente.

Esse era um dos nossos encontros em aberto, o que queria dizer que a gente se encontrava cedo o suficiente para estarmos prontos caso decidíssemos terminar a noite em algum outro lugar. Assim, era apenas pouco mais de sete da noite quando guardanapos e garrafas de cerveja foram passando de um para o outro.

—Gin, tem ketchup? - Katie perguntou quando apanhou seu segundo pedaço.

—Com pizza? - Harry perguntou com o cenho franzido.

—Pessoas de hábitos duvidosos. - Colin falou de canto. - Traz maionese também, por favor.

Coloquei o resto do meu pedaço na boca e me levantei da poltrona onde estava para ir até a cozinha buscar os molhos. Hábitos duvidosos ou não, eu gostava de ser uma boa anfitriã para os meus amigos.

—Alguém quer algo mais da cozinha? Já trago tudo de uma vez.

No fim todo mundo queria alguma coisa e eu precisei de três viagens para conseguir atender a todas as demandas.

—Já tem tudo que precisam, vossas majestades? Posso voltar a me acomodar?

Assim que terminei de falar a campainha tocou, dando à mente rápida do meu amigo a resposta perfeita para a minha pergunta.

—Assim que atender a porta você pode, súdita. - Will falou com ar autoritário, fazendo todos rirem.

Eu até me perguntei quem poderia ser, porque não estávamos esperando mais ninguém, mas estava com pressa e ainda tinha mais alguns bons pedaços de pizza pela frente até estar satisfeita, então com a única intenção de ser o mais rápida possível abri a porta sem cerimônias e sem me preocupar em olhar pelo olho mágico antes.

Do outro lado, com expressões indecisas e parecendo cansados e esperançosos, estavam os mais pais. Vê-los fez o sorriso nos meus lábios morrer e também matou um pouco a leveza de espírito que eu estava sentindo. Eu queria aquele encontro, mas a ideia de que ali dentro da minha casa estavam reunidas todas as pessoas de quem eles não queriam nem ouvir falar, não me ajudava a prever um desfecho otimista para a visita inesperada.

—Oi mãe, pai. - Falei quando o silêncio se estendeu e eu me recuperei do susto.

—Olá meu bem, nós gostaríamos de conversar com você. - Ela respondeu de uma vez, como se tivesse  ensaiado aquela frase.

Eu não sabia o que fazer, por um lado eu queria parar tudo o que estava fazendo e conversar com eles também, mas não iria mandar todos os meus amigos embora assim do nada no meio do jantar. Desviei o rosto deles para ganhar tempo, mas fui mal interpretada.

—Se você não quiser tudo bem, podemos ir embora e esperar até você estar pronta para isso.

—Não, não é isso, é só que… - Olhei por sobre os ombros e me certifiquei de que meus hóspedes continuavam entretidos sem prestar atenção em mim. - Eu estou com visitas agora.

—Entendi… - Minha mãe falou e olhou para as próprias mãos. - É o Harry? Adoraríamos dar um beijo nele também.

—Não, quer dizer sim, ele também, mas estou recebendo uns amigos para jantar hoje.

—Hey Gin, não precisava ficar na porta para sempre, você já pode voltar a se acomodar agora. - Ouvi a voz da Parvatti.

Eu nunca tinha conversado com ninguém do estúdio sobre a relação difícil que eu tinha com meus pais, muito menos sobre a implicância que eles tinham com meus colegas de profissão. Não era minha intenção falar um dia, muito menos com todos os envolvidos presentes, então forcei um sorriso e me virei para respondê-la.

—Só preciso de um minutinho, tentem não comer tudo.

Meu olhar cruzou com o do Harry e ele me olhou questionador, mas eu não falei nada e me virei novamente para a frente.

—Eu não estava esperando vocês.

—Desculpem querida, deveríamos ter avisado. Não queremos te prender, vá aproveitar com seus amigos e nos vemos isso outro dia.

Era dolorido ver meus pais tão cheios de tato e sem saber o que dizer. Antes que eu pudesse pensar em algo para falar, ouvi Colin perguntando quem estava ali. A pergunta não era direcionada a mim, mas sim a Katie, que estava no canto do sofá mais perto da porta. Ela só precisou se inclinar para ver com quem eu estava conversando:

—Ah, acho que são os pais dela! - Ouvi sua resposta animada.

Meus pais ouviram também e coraram, imagino que ponderando quanto o grupo de vozes animadas sabia da simpatia inexistente dos recém chegados.

Meus amigos nunca tinham sido discretos e eu não esperava que começassem agora, mas eu realmente quis agredir a todos eles quando Colin gritou:

—Ah então finalmente vamos conhecer os famosos Sr. e Sra. Weasley! Senta direito Hannah, agora temos companhias importantes.

Olhei novamente para trás a tempo de ver todos rindo, menos Harry, que me olhava daquele jeito intenso e certamente podia ler o pedido de ajuda nos meus olhos. Infelizmente dessa vez eu não tinha muito o que fazer, minhas opções eram fazer as devidas apresentações ou explicar porque eu não as fiz.

Eu não saberia dizer de nós três quem estava mais sem graça quando eu empurrei a porta, o suficiente para que eles agora conseguissem ver todo mundo, e falei:

—Mãe, pai, esses são meus amigos do trabalho: Colin, Will, Hannah, Parvatti e Katie. - Um por um eles acenaram, todos eles com sorrisos enormes e sinceros. - Todo mundo, esses são meus pais.

—Olá, como vão? - Meu pai falou com um aceno discreto, minha mãe apenas sorriu sem jeito.

—Que prazer finalmente conhecê-los. - Katie foi a primeira a falar.

—O prazer é nosso. - Minha mãe respondeu com as bochechas ainda um pouco coradas. - Não queremos atrapalhar o encontro de vocês, então já estamos indo e falamos com a Ginny depois.

Antes que eu pudesse sequer pensar em algo para dizer, Hannah o fez por mim:

—Que isso, vocês não estão atrapalhando nada. Por que não jantam com a gente? Sempre pedimos pizza demais, então tem pra todo mundo, não é pessoal? - Todos concordaram e ela se levantou do sofá onde estava e bateu no ombro da Katie ao seu lado. - Anda Katie, vamos sentar no chão com o Colin, aqui Sr. e Sra. Weasley, vocês podem ficar com o sofá.

No segundo seguinte todos eles estavam se movendo pela minha pequena sala com suas pizzas e cervejas e abrindo espaço para os recém chegados, que sequer tinham tido a oportunidade de aceitar ou negar o convite. Quando olhei para os meus pais, os dois me encaravam sem saber como responder àquilo, como se estivessem esperando minha confirmação de que estava tudo bem.

Se eu pensasse num contexto com meus pais e todo o pessoal da equipe, reunidos em uma sala de pouco mais de doze metros quadrados para comer pizza e tomar cerveja no sábado a noite, com certeza minha opinião seria de que não está tudo bem e o resultado daquele encontro poderia ser desastroso. Mas que escolha eu tinha?

—É, fiquem pra jantar com a gente. - Foi o máximo que eu consegui me forçar a dizer. Se eu tentasse acrescentar qualquer coisa como “vai ser ótimo”, falharia miseravelmente.

Vi quando eles se entreolharam e o sorriso um pouco nervoso antes da minha mãe dizer:

—É muita gentileza de vocês, crianças, obrigada.

Os dois passaram por mim e se acomodaram no sofá.  A única pessoa que eles cumprimentaram individualmente foi Harry, que se levantou tempo suficiente para abraçar a ambos. Fechei a porta e voltei para a minha poltrona, meu namorado voltou a se acomodar no chão entre as minhas pernas, a mão firme no meu joelho em um gesto reconfortante.

Ainda não era nem oito horas, a maioria das pizzas permanecia intocada e eu sabia que aquela noite estava muito longe de acabar, mas contrariando as expectativas que eu tinha quando organizei o evento, eu duvidava muito que conseguiria me divertir e relaxar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pra quem está torcendo pela família Weasley, esse final foi meio cruel, eu sei hehe
Queria aproveitar e dizer que estou indo viajar agora para o natal e ano novo, e em janeiro vou viajar também (finalmente tirando o atraso da pandemia), então vou pular a próxima semana de posts.
Espero que vocês tenham um ótimo final de ano, se cuidem e nos vemos em um mês.
Beijos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Contraste" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.