Lago Negro escrita por CGillard


Capítulo 6
Capítulo 6




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My love, I feel the darkness on my back

Something inside me like a wave

Right now I could use a change of heart

or a kiss before everything falls apart

Can you tell me this love will last forever?

 

Draco olhava distraído o local onde sua nova marca se encontrava. O nome de Hermione se encontrava onde, antes, ele exibia a marca de Voldemort, e nada era mais poético. Não suportava a lembrança de todos os seus erros, e dos erros de sua família, encarando-o diariamente, como um constante aviso de que seu lugar era em Azkaban.

Um leve zumbido ecoava em sua cabeça, impedindo-lhe de continuar tal pensamento. A dor latejante prosseguia, e ele preferia o incômodo da dor ao ter que refletir mais um segundo nas consequências do que ocorrera. Se era a integração que o Ministério desejava, não imaginava um resultado melhor. Suspirando profundamente, de forma a acalmar todas as emoções que lhe subiam ao peito, ele simplesmente desceu do trem em direção ao castelo, visando completar sua educação.

Era uma das exigências do Ministério, que ele assentira sem objeções. Desejava terminar seus estudos de qualquer forma, uma vez que o sétimo ano havia sido um período perdido em sua vida, tão absorto estava nas tarefas que Voldemort lhe atribuíra, uma após a outra, uma mais terrível e impossível que a outra.

Odiava recordar-se de tal período, mas era impossível não fazê-lo, principalmente ao deparar-se novamente com aquelas paredes. Não mudara em nada mesmo após a reconstrução severa que lhe foi submetida. Aos primeiros anos pareceria que tudo estava em seu devido lugar. Apenas quem viveu tal inferno sabe as reais transformações que ocorreram dentro do castelo.

Mas por fora, não havia uma real diferença. Estava tudo como antes. Não tinha ciência do tanto que lhe atormentaria a visão daquele local novamente, como uma ferida cicatrizada sendo novamente dilacerada. Abrindo em sua pele antigas memórias, antigos tormentos. As vezes a voz de tal monstro ainda lhe perturbava a mente, como se não tivesse mais controle sobre si próprio. Olhou novamente para seu braço, confortando-se no fato de que a marca não estava mais ali.

Por um segundo, questionou-se sobre como seria para Harry. Ele realmente dividira uma mente com tal vil criatura, e não apenas poucos minutos de tormento e punição. Não, ele realmente compartilhara sua mente, sua própria alma habitava dentro dele. Como se seus olhos movessem sem vontade própria, ele virou para trás, curioso com a reação de Potter diante de tal retorno.

Todavia, sua visão acabou repousando na jovem ao seu lado, que trazia a marca de seu próprio nome cravado na pele. Sentindo seu olhar, o lhe encarou de volta, sua expressão não permitindo que ele lesse o que se passava em sua mente. Ela o contemplava, a confusão oculta dentro de seu âmago. Não permitiria que ele notasse o efeito que ele agora tinha sobre ela.

Tinha ciência de que ele, logo, saberia. Uma vez que agora eram almas gêmeas e, por mais que detestasse a ideia com todo seu ser, deveriam se casar conforme as leis do Ministério. Mas não analisaria aquela situação em tal momento. Em seu interior, encontrava-se a beira da insanidade, pensando em todos os cenários possíveis de escapar de tal união, em todos os motivos, e eram vários, em que tal casamento cominaria na destruição de ambos.

Mas era inegável a atração que agora sentia pelo jovem loiro, que ate a guerra não sentia nada aquém de desprezo e um rancor intenso, por todas as zombarias e insultos que já teve de aguentar dele. No momento, e sabia que tal sensação era resultado da marca em seu braço, sentia-se aos poucos perdoando-no por todos os momentos de implicância e de ódio.

Repulsa com seus próprios pensamentos, Hermione desviou o olhar que ainda sustentava, certa de que não manteria a farsa por muito mais tempo. Seu interior explodiria de emoções e sentimentos, tal qual um caldeirão a muito tempo fervendo. Harry, percebendo o desconforto e agitação de sua amiga, abraçou-lhe gentilmente.

“Vamos encontrar uma saída Hermione, tente colocar isso no canto de uma mente por enquanto. Não é como se o Ministério soubesse que a marca apareceu em vocês. Temos um mês para planejar qual a melhor forma de se lidar com tal desastre. Tudo bem?”. Ele sorriu docilmente, acalmando-a um pouco.

Agradecida, ela apenas acenou positivamente com a cabeça, enquanto voltava a fitar, contra sua vontade, em direção ao herdeiro da família Malfoy. Todavia, ao perceber que o mesmo já não lhe dirigia sua atenção, e sim conversava apaticamente com seu colega sonserina, permitiu que um tímido sentimento de frustação lhe percorresse o corpo. Pensaria em tal estranha reação depois, buscando dissipar a imagem de sua alma gêmea da mente. Este seria um longo ano.

Ao sentir o olhar em suas costas, Draco não se incomodou em descobrir de onde vinha. Ele já sabia que ela o encarava, enquanto caminhavam ao castelo. Um sutil, mas satisfeito, sorriso agraciou seus lábios, pela primeira vez em anos. Assim que realizou o ato, entretanto, compreendeu seu erro, disfarçando com uma tosse insistente.

Seu colega tentou ajuda-lo, mas ele recusou com um simples balançar de cabeça, fazendo com que alguns fios de seu cabelo caíssem sobre os olhos. Hermione observou tal cena estupefata, a respiração presa na garganta. Um segundo depois recobrou sua postura, elevando as mãos à têmpora, como se sofresse a pior dor de cabeça. Em tese, sofria. Mas não fisicamente. Como seu corpo podia estar reagindo de tal forma a... ele?

A confusão aumentava com o passar dos segundos, como se tivesse seu coração preso por correntes. Era uma problema impossível de se resolver no presente momento, mas como deixar para depois? Como, quando não lhe era possível reparar no cabelo de seu antigo arque inimigo sem perder o equilíbrio? Harry nunca retirou as mãos de seu ombro, percebendo onde estavam direcionados os pensamentos de Hermione.

Continuaram até o salão, como se nada estivesse acontecendo. Nem Harry nem Ron sabiam como dirigir-se ao assunto em questão, mas um olhar de Hermione já os silenciou. Aquele não era o momento, ela teria que compreender seus sentimentos sozinha, e não havia nada que seus amigos pudessem fazer, por hora.


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