Dinastia 2: A Coroa de Espinhos escrita por Isabelle Soares


Capítulo 39
Capítulo 39




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— Tudo tem que ser absolutamente perfeito!

Renesme observava o seu futuro sogro falar com a aquela mesma convicção e espírito de liderança de quando entrara pelas portas do palácio. Ela entendeu que não estava mesmo errada em acreditar que ele dominaria absolutamente todos ao seu redor. Sua maneira de falar, firme, convicta, fazia com que todos o obedecessem de alguma forma. Todos os funcionários agora estavam como cachorrinhos balançando o rabo diante dele. Isso dava asco em si mesma.

E Aro escolhera o dia perfeito. Edward e Esme estavam ocupados demais com a recepção da tradicional festa da primavera no palácio para dar atenção aos desejos do príncipe de Volterra e ele se aproveitara disso para mexer os pauzinhos nos bastidores. Ela sentia que tinha que ser mais esperta como nunca para não deixar ele virar o jogo.

— Esse é o momento! Hoje vai estar meia Belgonia aqui presente e todos loucos para ver vocês dois juntos como um belo casal de contos de fadas.

— Difícil vai ser dar a eles algo que não temos. – afirmou Alec em voz baixa, mas não o suficiente para Renesme ouvir e sorrir. Ela se inclinou diante dele e disse baixinho também:

— Vamos ter que fazer uma boa cena diante deles.

Alec sorriu de volta e balançou a cabeça. Aro se irritou com o pouco interesse dos príncipes em sua frente.

— Prestem atenção! Querem mesmo que tudo vá pelos ares? Olha que a sua priminha tem chamado atenção demais.

Aro colocou os tabloides diante deles e ali estavam uma porção de notícias a cerca do casamento de Marlowe e Renard. Renesme sabia que sua prima, apesar de toda a exclusão do palácio, tinha conseguido ter toda a atenção que ela sempre desejara para si. De qualquer forma, toda a situação tinha a foverecido. Agora os tabloides, ou a maioria deles, tratavam os dois como os relegados da família real, o casal proibido que fizera tudo por amor.

A princesa seria capaz de apostar que Marlowe se aproveitava disso para causar ainda mais. As notícias dos preparativos do casamento dela era um verdadeiro clamor. Tudo iria ser grandioso, como um casamento real que ela teria, se não tivesse sido afastada da realeza. Renard também estava ganhando muito com isso. O casamento estava sendo uma excelente oportunidade para crescer nas pesquuisas de popularidade. Donnalson por sua vez, usava a tática de que a família real era perseguidora e inimiga. Até Anthony já havia virado notícia. Fofocas sobre o relacionamento complicado entre pai e filho já estava em “bocas miúdas”. Renesme balançou a cabeça. Não se importava se o casamento de sua prima ia ou não chamar mais atenção que o seu, mas que seu pai estava metendo os pés pelas mãos, se deixando cair no avalanche que Bono Donnalson esperava que ele caisse.

— Estão vendo como a mídia está desenhando as coisas com relação à família real? Não podemos ficar sem um direito a resposta. – continuou Aro. – Consegui colocar a entrevista de noivado de vocês dois para o horário da recepção de hoje. Vai ser importante que as pessoas que vão estar aqui façam as perguntas para vocês. Precisamos dessa aproximação com o público, então decorem bem a história que fiz para vocês e não se encabulem. Mostrem confiança!

Renesme olhou para o amontoado de papéis em suas mãos e ironicamente se sentiu como uma atriz de cinema tendo que decorar a história de milhões. Aro se sentia exatamente assim, o autor do enredo da vida dos outros que o levaria para o pantamar mais elevado de sua própria tragetória. Assim Alec e ela eram apenas os coadjuvantes dessa comédia romântica.

Após todo o falatório de seu futuro sogro, ela afastou-se deles e seguiu para um lugar mais reservado. Já se sentia farta, mas o que poderia fazer? Ela mesma tinha aceitado esse acordo de casamento ridículo, não foi? “Pense em sua mãe e como isso vai ajudar de alguma forma”, ela disse a si mesma. Nada mais poderia ser feito. Seu rosto e o de Alec já estavam em todas as lembrancinhas por ai. Estava atolada no seu próprio inferno particular.

— Acho que não chegamos a fazer isso da maneira correta.

Renesme virou-se e viu Alec atrás dele. Ele era como um fantasma se esgueirando entre as paredes, sem lhe dar um minuto de sossego. Mas ela não quis ser desagradável e lhe deu apenas um sorriso fraco.

— Acho que nada está muito certo, não é?

— Na verdade, eu nem sei bem como seria o certo. Como eu te disse, eu nunca me vi casando com ninguém.

A princesa apenas desviou o olhar. Ela imaginara sim e tantas vezes que chegou até a ser patético por que em todos os relacionamentos que teve se ferrara bonito. Talvez fosse mesmo melhor viver aquele casamento por convieniência, pois assim não correria mais riscos de sofrer como sofrera tantas vezes antes, ainda de quebra daria o que todos queriam.

— Mas acho que isso faz parte do ritual. – Alec falou abrindo diante dela uma caixinha preta com um anel. – Não lhe dei o principal.

Era um anel de aparência antiga. Todo de prata e com um entraçado complicado que abrigava dois diamantes e um rubi no meio, típico dos Volturi. Tinha um ar fechado e tinha certeza que por trás daquela joia tinha uma História de muito jogo de poder. Agora ela estava sendo o objeto de mais um.

— É bonito. – foi só o que conseguiu expressar.

— É de família. Meu pai deu esse mesmo anel para a minha mãe. Ela o adorava e agora é seu.

— Obrigada.

Alec tirou o anel da caixa e pôs no dedo dela. Apenas isso, nada romanticamente elaborado. Renesme tentou não se lamentar. Era apenas conveniência.

— Acho que precisamos ir para o jardim e se juntar aos outros.

— Sim.

A princesa foi na frente sendo seguida em passos lentos por ele. Quanto mais se aproximava do grande público não podia deixar de lembrar desse mesmo evento no ano passado. Parecia que havia sido em outro mundo. Mas pensando bem... Era o começo desse buraco negro em que todos haviam caido. Sua mãe não tinha comparecido, estava mal e ela lembrava de quanto estivera preocupada. Lembrava de tê-la ouvido dizer que ela a amaria para sempre. Era meio que uma despedida. Se Renesme tivesse se dado conta disso na época tinha a abraçado sua mãe e lhe dito muito mais do que disse.

Todos já estavam a postos no jardim para o início da festa. Ela evitou olhar para a sua família e limitou-se para olhar para a grande multidão. Diferente do ano passado William Lamb parecia não estar ali. Ela olhou para todos os rostos em busca dele, mas ele realmente não estava presente. Mesmo tendo recebido um convite que ela própria havia enviado. Era de achar graça que nesse mesmo lugar, nesse mesmo evento, ela o conhecera e sentira tanta raiva dele e agora ele havia conseguido sua simpatia. O mundo dava mesmo voltas.

O hino nacional soou por todo o jardim dando início a tradicional festa da primavera. Renesme percebeu que naquele ano havia quase o dobro de pessoas ali do que no ano passado, muito disso devido a ser a primeira festa com Edward no reinado. Além da notícia do noivado, claro. Era um dia importante não somente para ela.

A princesa sentiu Alec estremecer ao seu lado ao ver a multidão. Ela lembrou-se então de um traço muito típico dele, a timidez. Renesme até podia ser solidária a isso. Recordava-se que ela mesma sofria esse mesmo tremor todos os anos e para ele deveria ser ainda maior devido à falta de costume dos Volturi em se reunir diante de seus súditos. Juntando ainda o fato de toda a pressão envolvida. No impulso ela encostou-se nele e segurou a sua mão em apoio. Alec apenas observou as mãos dele unidas a ela e nada disse e nem quebrou o ato.

Ambos permaneceram assim até se unirem a multidão. Renesme tentou colocar um sorriso no rosto e o conduziu pela multidão com a maior naturalidade possível. As pessoas olhavam para eles com admiração e ela o aparesentava a eles como se estivesse apresentando o seu mais novo romance a seus amigos especiais. Isso deixou o principe mais solto e até pôde soltar um sorriso de sua eterna expressão neutra.

Aro observava os dois de longe e se animava com o que via. Podia mesmo afirmar que a princesa era mesmo sensacional e que ele ainda iria surpreendê-lo muito. Concentrou-se em conduzir os fotografos todos e jornalistas para focarem nas belas cenas de romance entre os dois.

— Isso ocorre todos os anos? – Alec perguntou a Renesme quando ambos pararam para comer algo.

— Oh sim. Desde muitos anos. Mas somente após o reinado do vovô é que passou a ser aberto para todo o público diverso. Antiguamente apenas os membros da aristocracia e convidados que se faziam presentes.

— Vocês são muito ligados aos súditos ao meu ver. Eventos assim não acontecem em Volterra.

— Eu imagino que não aconteça. – Renesme imaginou que o pomposo Aro não se daria o trabalho de sair pela multidão tendo que apertar a mão de uma dúzia de pessoas de todos os tipos. Ele se achava superior demais. – Essa festa tem a intenção de arrecadar fundos para causas que apoiamos, além de nos conectarmos com as pessoas, é claro.

— É magnifico, mas assustador.

— Eu sei como é. Mas você acaba se acostumando quando lembra que são essas pessoas que te mantém por aqui. Elas só querem o nosso bem.

Antes que Alec pudesse responder, Emily, agora sua secretária, se aproximara dos dois e informara que tudo estava pronto para a tão aguardada entrevista de noivado. Agora era a vez de Renesme ficar nervosa. Era uma loucura total essa entrevista em plena festa da primavera. Nem se admirava mais pelo fato de seu pai ter permitido isso. Nem ele sabia mais o que estava fazendo, pelo visto.

Para a sua surpresa, dessa vez fora Alec que segururara a sua mãe. Ela apenas sorriu e seguiram até o local indicado. No caminho ela pensava em tudo que estava acontecendo e desejava que essa harmonia iniciada entre ela e seu futuro marido permanecesse apenas para que o casamento de ambos não virasse um grande tormento entre duas pessoas completamente desconhecidas. Uma boa amizade e cumplicidade diante dos olhares alheios já bastava.

Ambos sentaram nas poltronas e ficaram diante da entrevistadora. O fato de não estar totalmente de frente para as pessoas que estavam no jardim já era um alívio. Não queria ter que transparecer para eles que estava mentindo descaradamente. Concentrou-se apenas na história romântica que Aro criara.

— Primeiramente, eu gostaria de parabenizar os dois pelo noivado. – inciou a jornalista. – Todos nós ficamos muito supresos, mas bastante felizes com a notícia.

— Obrigada. – Renesme disse primeiro com Alec em seguida.

— As pessoas vão ter a chance de enviar as suas perguntas, mas eu gostaria de fazer uma que acho que todos gostariam de fazer também. Como vocês se conheceram?

A mente de Renesme deu um “looping” e ela tentou se manter segura na resposta. Sabia que Alec não daria o primeiro passo.

— Nos conhecemos há muito tempo.

— Desde que éramos bem jovens, na verdade. – Alec complementou. – Nos encontramos em algumas turnês e nos demos bem desde o primeiro minuto.

— Sim, é verdade... Nos reencontramos depois quando ele veio aqui no ano passado. Foi uma conexão instantânea. – Renesme nem podia acreditar direito que as mentiras estavam saindo tão fluemente.

— Como as pessoas estão reagindo com a notícia do casamento de vocês?

— Espero que bem. – A princesa sorriu.

— Todos estão sendo bem carinhosos comigo, na verdade. Fui apresentado a tantas pessoas aqui presentes hoje e só tenho recebido muito afeto.

— Que bacana! E como você se sente sabendo que em breve será o marido de uma de uma das mulheres mais importantes do país?

— Dá um pouco de medo, na verdade. – Alec disse sem jeito. Renesme se inclinou mais na cadeira, quase se afundando nela. – Não por ela, é claro. Mas por todas as responsabilidades que iriei ter a apartir do casamento. Mas espero que tudo venha a dar certo e que possamos trabalhar juntos na maneira de fazer tudo funcionar direito.

“Ah! Eu também espero Alec!”, Renesme pensou.

— Estou vendo aqui que as pessoas estão fazendo uma fila para fazer perguntas a vocês e então eu vou abrir espaço para eles agora. Por favor, se aproxime do microfone e faça sua pergunta.

Uma senhora já com cara de ser sessagenária se aproximou toda contente ao microfone e preparou-se para perguntar algo. Renesme já podia esperar algo sobre o romance dos dois.

— Eu queria saber sobre que tipo de coisas em vocês que os aproximam? Que fizeram vocês se tornarem namorados e agora noivos.

— Obrigada pela pergunta! Qual o seu nome?

— Mei nome Mary.

— Ok, Mary obrigada. Qual dos dois gostaria de responder?

Para a surpresa de Renesme, Alec resolveu responder primeiro.

— Acho que são nas coisas que as pessoas consideram como defeitos. Nós dois somos muito tímidos e isso nos conecta. Gostamos de algo mais íntimo, de uma boa leitura e de caminhadas. Eu gosto de vê-la desenhar ou dançar. Infelizmente só não posso chegar perto de cavalos. – Ele sorriu e ficou agradecido por rirem também de sua tentativa de brincar com a situação. Aro olhava para ele seriamente.

— Para mim o que nos fez ficarmos mais próximos foi uma tragédia inesperada. Alec perdeu a mãe dele muito jovem e ele mais do que ninguém sabia como eu me senti quando aconteceu o mesmo comigo e logo em seguida com o meu avô também. Sou muito grata pela empatia dele.

— Ok, obrigada pela resposta. Mais alguém?

Uma adolescente se aproximou e a princesa também podia imaginar que ela estava se sentindo diante de um grande contos de fadas real. As pessoas sempre tendiam a imaginar que casamentos na realeza eram todos assim, só não podiam esperar que eles eram tão humanos quanto qualquer outro.

— Como foi que vocês souberam que era a hora de se casarem? – “Touchê!”, Renesme pensou.

— Eu a surpreendi na verdade. As coisas estavam meio agitadas por aqui e eu imaginei que poderia ser uma boa hora para fazê-la uma visita. Saimos para uma viagem de lancha e lá eu entendi que se não a pedisse em casamento naquele momento, eu não a pediria nunca. Então criei coragem e disse de supetão: “Quer casar comigo?” e ela graças a Deus disse que sim.

Alec corou e todos sorriram novamente. Ele era bom em criar meios de rir das situações mais embaraçosas, mesmo aquelas que só existiram na cabeça dele.

— E em algum momento, alteza, você teve alguma dúvida se responderia sim?

A jornalista era mesmo certeira em suas perguntas. Renesme podia ver que Aro se contorcia do outro lado.

— Na verdade na hora eu fiquei bastante supresa sim. Mas lá estava ele diante de mim com uma cara tão fofinha me pedindo em casamento que eu não pude dizer não. Estou há um tempo procurando alguém que seja o meu porto seguro e Alec tem sido bem mais do que isso nesses últimos meses. Acho que podemos nos dar muito bem juntos.

Renesme sabia que aquela afirmação era a menos romântica possível. Ela sentia que a jornalista sabia que tudo era conveniência e aquela entrevista não a estava convencendo que os dois poderiam estar altamente apaixonados. Porém, isso não parecia tirar o brilho nos olhos das pessoas. O óbvio era sempre difícil de se ver, ela era a prova disso.

— Nos mostre o seu anel, por favor.

A princesa estendeu o dedo para a jornalista e ela colocou a mão de Renesme no foco da câmara. Algumas mulheres esticavam a suas cabeças para verem a joia.

— Oh! É um lindo anel!

— É de família. Foi o mesmo que meu pai deu a minha mãe quando a pediu em casamento.

E Alec passou a contar a toda à saga do anel que agora pesava nas mãos de Renesme. Todos gostavam de uma boa história, mas ela só queria que a entrevista terminasse logo. Mas pelo visto, as pessoas só se acumulavam na fila de perguntas. Ela esperava pelo bom senso de Aro.

— Já temos uma data para o casamento? – perguntou um senhor que estava no início da fila.

— Temos sim. – Renesme afirmou com segurança. – Será no dia 24 de junho.

Aro deu um sinal para a jornalista para que ela encerrasse tudo. No mínimo com medo das próximas perguntas serem afiadas demais. Renesme se sentiu aliviada.

— Mal podemos esperar! Terminamos a nossa entrevista por aqui. Manteremos vocês todos informados de todos os preparativos, não se preocupem! Altezas, obrigada por cederem um pouco de seu tempo.

— Nos que agradecemos. – Alec falou.

Renesme só podia pensar na sua resposta recém dada. 24 de junho, o dia em que sua vida tomaria rumos inesperados. COMENTEM O QUE ESTÃO ACHANDO DA HISTÓRIA.


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