Dinastia 2: A Coroa de Espinhos escrita por Isabelle Soares


Capítulo 32
Capítulo 32




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Joel se dirigia devagar pelos corredores do palácio de Belgravia. Tom estava em sua frente andando com passos retos e treinados. Era um militar muito preparado, sabia segurar as emoções e isso Joel podia afirmar com certeza. Não duvidava que ele soubesse exatamente tudo que se passaria em alguns instantes. Podia ser uma ideia fixa infundável, mas nada tirava de sua cabeça que o segurança era próximo demais da princesa para estar a par de tudo. Balançou a cabeça e não quis criar teorias antes de poder realmente confirmá-las.

Os passos continuavam lentos, mas já davam sinais que iam parar. O quarto da princesa estava logo adiante. Tom parou em frente à porta e bateu levemente.

— Alteza?

— Sim?

— O senhor Joel Hernandez está aqui, senhorita.

— Peça para ele entrar, por favor, Tom.

Tom apenas abriu a porta, fez uma reverência rápida à princesa e saiu. Joel não pôde deixar de se deslumbrar mais uma vez com o ambiente ao seu redor. Em sua cabeça havia uma outra visão do que era um quarto. Mas ali era como um escritório que definitivamente devia ser um conjugado ligado ao real quarto. Tudo era tão grande e brilhante! Observou fixamente o lugar e percebeu a ausência de câmeras, as tinha visto durante todo o percurso. Joel nem quis imaginar como era viver num lugar como aquele.

— Joel! Que bom vê-lo! Papai ficou bastante contente quando soube que você iria começar as entrevistas.

— Desculpe-me alteza, mas... Tem certeza que aqui é um lugar seguro para conversarmos?

— Por que não seria? Acho que em um ambiente público seria mais exposto.

— Certamente.

— Não se preocupe. Não há câmeras em nossos aposentos.

— Todos os lugares do palácio são assim?

— Não... Quer dizer? Você se refere aos espaços físicos? Somente os quartos do primeiro andar possuem um escritório conjugado a uma suíte. Os andares de cima são apartamentos, como você pôde ver outra vez.

— Me refiro à segurança.

— Bom, sim. Há câmeras em todos os corredores.

— E são vigiados 24 horas por dia?

— Sim, é para o nosso bem. Bom... Podemos começar?

— Claro! – Joel falou enquanto se sentava na poltrona oferecida pela princesa. Imaginando mais uma vez como seria ter que viver sendo monitorado a todo instante por várias pessoas desconhecidas que certamente dariam conta de tudo sobre as suas vidas.

— Quer que eu lhe sirva alguma coisa? Um café ou um chá?

— Não obrigado.

A princesa então passou as mãos uma na outra e sentou-se meio receosa. Joel tentou interpretar os seus gestos como timidez. Renesme já havia lhe dado antes sinais do tipo. Já tinha percebido que ela quase nunca olhava diretamente nos olhos, baixava a cabeça, pegava nos cabelos. Insegurança pura. Mas então ele pensou enquanto pegava o celular do bolso, teria ela motivo para estar nervosa?

— Importa-se se eu gravar a nossa conversa?

— Não, é claro.

Joel ligou o gravador e pôs em cima da mesa de centro. Renesme respirou fundo em coçou os dedos enquanto aguardava. Ela está nervosa! Joel pensou. Estranho!

— Preferi começar pela senhorita por que além de seu pai, talvez fosse você a pessoa mais próxima da duquesa.

— Sim. Tony também era bem próximo a ela. Mamãe era muito ligada a nós.

— Certo. Eu resolvi refazer os passos do acidente. Há um tempo, eu e William só andamos em círculos e eu resolvi começar pelo começo.

— William ainda está no caso com você? - a princesa perguntou com os olhos curiosos e até mais brilhantes.

— Ele está sim. Na verdade, é uma questão de honra para ele.

Renesme sorriu timidamente e abaixou a cabeça corando levemente. Joel não pôde evitar de pensar que talvez o seu amigo estivesse certo com relação aos sentimentos da princesa. Ele era mesmo um grande sedutor! Estaria ele errado com relação as suas suposições com relação a algo mais entre ela e Tom? Revirou o rosto e tentou se concentrar nas perguntas.

— Pensei que sua mãe poderia estar dirigindo em alta velocidade por estar fugindo de alguém. Sabe dizer se existia alguém que a perseguia?

Renesme ficou em silêncio por alguns segundos. Seus olhos estavam voltados para o lado, para o seu ambiente lembrado. Joel observava as expressões dela se modificarem rapidamente. Confusão, indecisão, tristeza, incongruência, desdém, tristeza novamente, dúvida. Tudo isso ele podia ver em suas micro expressões que eram essenciais para que ele pudesse entender tudo que aconteceu e o que ainda se perdurava nessa história. Tinha experiência o suficiente em leitura não verbal para poder ir além do que era dito nas entrevistas de casos.

— Eu achava que não. Minha mãe meio que estava paranoica naquela época. Ela achava que todo mundo estava contra ela. Mas agora... Eu não tenho tanta certeza disso.

— Por que?

— Bom... Acho que não prestamos realmente atenção no que ela dizia.

Renesme trincou os lábios e Joel percebeu uma culpa transparecer nela. Mas ao mesmo tempo que sentia que ela tentava escolher as palavras que saiam de sua boca. Por quê?

— Sua majestade falou que você disse que alguém lhe tinha contado que dois funcionários comentavam que sua mãe estava em apuros, é verdade?

A princesa se ajeitou na cadeira e pegou nos cabelos. O policial continuava a observá-la atentamente.

— É verdade.

— E pode me dizer de onde essa informação surgiu?

Renesme mais uma vez ficou desconfortável. Estava começando a suar, cruzou as pernas e tentava se decidir se revelaria ou não o que sabia. Joel estava começando a captar que para ela era tão importante esconder o autor da informação substancial quanto descobrir a verdade sobre o que aconteceu com a duquesa. Era dual demais e ele resolveu interferir:

— Devo dizer que nesse momento é mais do que importante que me conte toda a verdade.

A princesa respirou fundo e olhou para o policial decidida.

— Foi o meu segurança.

— Mesmo?

— E em que circunstâncias ele lhe disse isso?

— Bom... É... Eu estava, no dia em que tudo aconteceu... muito preocupada com mamãe e queria encontrá-la de qualquer forma por que eu estava com uma sensação ruim... E ele me impediu. Eu não quis saber e queria pegar o carro. Então, ele resolveu me contar tudo que sabia.

— E de que forma isso a pararia?

— Por que eu senti medo por mim mesma também.

— Por quê?

A princesa se levantou e ficou dando voltas pelo ambiente. Joel sabia que ela estava revivendo tudo que se passou ao mesmo tempo em que tentava decidir se realmente podia contar tudo que sabia. Como investigador, ele passou por vários treinamentos para colher todo e qualquer tipo de informação que fosse importante. Do pequeno gesto até o tom de voz e por isso não poderia interferir muito para que tudo fosse o mais natural possível.

— Aqui nós temos muitas pessoas que são responsáveis por nós. Funcionários que trabalham especificamente para nós e outros de alto escalão que devem tomar decisões que sejam importantes para a manutenção da instituição.

— Sim?

— Esses funcionários... Eles podem ser um tanto evasivos, ás vezes. Interferem quando acham que pode haver algum perigo.

— Como assim?

— Eles nos observam de perto... Mamãe achava que eles poderiam puni-la por estar saindo do que era programado.

— Como ela saia do programado?

— Todos temos uma agenda a cumprir. Temos alguns projetos que escolhemos trabalhar e uma temática, porém nada pode ser muito polêmico ou revelador demais. Mamãe decidiu que falaria e faria tudo que queria.

— O projeto com Elton Rust, no caso?

— Sim. Ela tinha planos que o "Talk" fosse mais popular, se aproximasse mais das pessoas. Porém, a questão da comunidade LGBTQUIA+ estava em um dos temas que nós não podemos nos envolver.

— E por que isso?

— Por que não podemos nos envolver em questões polêmicas da sociedade e principalmente que estejam em debate político. Nosso dever é apenas diplomático.

— E acha que esses funcionários fariam algum mal a sua mãe?

— Não. - Renesme falou indecisa. - Mas acredito que poderiam tirá-la de suas funções como punição.

— Certo. Quando começou a notar que sua mãe estava diferente?

— Bom, para falar a verdade foi um processo. No início, a mamãe queria fazer tudo certinho. Ela queria ser aceita, não queria criar problemas para o papai. Mas ela sentia falta de fazer mais, entende? Então começou a criar alguns projetos para o "Talk" e todos eles foram rejeitados.

— E acha que dai ela começou a se revoltar?

— Sim. Ela não entendia por que era proibido trabalhar nas favelas, por exemplo. Ela tentou falar com o meu pai, com a minha avó, mas eles não seriam contra o sistema, não é verdade?

— Então ela resolveu agir por conta própria?

— Sim e escondido de todos. Usando recursos próprios até. Só que com o tempo tudo estava saindo do controle. Bono Donnalson começou até a mandar ameaças para cá.

— Bono Donnalson enviou ameaças para o palácio?

— Sim. Um email pedindo para que controlassem a mamãe por que poderia ficar ruim as coisas no parlamento.

— Isso é novo. Acha que Bono Donnalson poderia de alguma forma estar envolvido com a morte da duquesa?

— Eu não duvido. Mamãe me contou sobre Elton. Na época, eu não conseguia acreditar que algo assim era possível, mas agora...

— Ela tinha medo de Bono Donnalson?

— Ela tinha mais raiva do que medo.

— E quando ela começou a ter "paranoias", se assim podemos dizer?

— Cerca de dois meses antes dela... Você sabe...

— E como ela se comportava?

— Bom, ela dizia que estavam a vigiando. Que mandavam ameaças para ela por mensagens e depois as apagavam um pouco depois dela ler e por isso ela nunca podia provar que era verdade.

— E acha que isso pode realmnte ter acontecido?

— Acho. Eu andei pensando muito no que você nos disse e sobre tudo que aconteceu. Mamãe não estava louca. Alguém queria fazer algum mau a ela.

— Quem?

— É isso que queremos saber, não é?

— É verdade. Bom... Alguém sabia que sua mãe iria estar fora naquele dia. Quem tinha acesso à agenda dela.

— Bom, se for algum compromisso oficial, todos do escritório dela e do papai e claro todos os funcionários sênior do palácio, mas a ida ao sítio não era nada programado.

— Como era relacionamento dela com os funcionários?

— Cordial. Mamãe os tratava como iguais. Ela detestava essa coisa de superioridade que rola por aqui.

— Tinha algum que era próximo a ela?

— Acho que George, o ex - segurança dela. Ele trabalhou por quase trinta anos com ela e realmente acho que mamãe confiava bastante nele.

— Mas com relação a alguém que ainda trabalhava com ela? Tinha alguém que ela realmente confiava.

— Talvez em Emily, a secretária. Mas nos últimos tempos mamãe desconfiava de todos e até de nós. Ela dizia que papai e eu já éramos robôs programados a fazer tudo que a instituição queria. Foi uma das poucas brigas que tivemos.

— Existe algum funcionário novo?

— Bom, James é relativamente novo. Ele trabalha aqui há uns quatro anos ou cinco. Ele é o substituto de George. Mamãe também, nessa época, fez umas modificações na equipe dela. Ela se sentia meio limitada dividindo todos os funcionários com papai.

— Somente eles são novos?

— Tom também. Mas ele não trabalhava para a mamãe.

— Quando ele foi contratado?

— Há um pouco mais de um ano. Mas ele não tem nada a ver com mamãe.

A insistência de Renesme em protegê-lo incitava ainda mais a curiosidade de Joel. No fundo, ela sabia de algo mais ou achava alguma coisa esquisita em Tom, mas não queria admitir. O policial sabia que a princesa gostava dele e que estavam envolvidos, mas achou melhor não abordá-la diretamente. Mas tudo corroborava em sua mente que alguém de dentro do palácio tinha colaborado para que o carro da duquesa fosse sido mexido. O fio do airbag tinha sido cortado ainda na garagem.

— Tem mais alguma pergunta? – Perguntou Renesme desconfortável.

— Por enquanto não. Mas eu queria lhe mostrar algo.

Joel tateou os bolsos e tirou de dentro a pulseira que achara no chão da estrada. Precisava saber se a princesa a reconhecia, assim comprovaria de vez a sua teoria de como teria ocorrido o acidente. Nem precisou perguntar. As expressões emocionadas dela já dizia tudo.

— Como achou isso?

— No chão de terra que liga a estrada principal ao sítio do seu padrinho. Acredito que sua mãe foi abordada por alguém antes de sair em alta velocidade pelo percurso.

— Eu dei essa pulseira a ela. - Renesme falou entre lágrimas.

— O que significa N e T?

— Nessie e Tony. Mamãe odiava que nos chamassem de apelidos, mas não podemos andar por ai com algo que demonstre intimidade entre nós. Lá fora somos funcionários e temos que manter a compostura. E colocando a iniciais dos nossos apelidos ninguém poderia descobrir. 

— Isso é realmente esclarecedor e ajuda a corroborar com a minha teoria.

— Eu tenho certeza que mamãe passou pela aquela estrada. Ela era meio impaciente e detestava pegar a outra pista por causa dos caminhões agrícolas. Ela sempre pegava o atalho.

— Maravilha! Isso ajuda muito.

— Você tem mais alguma pergunta?

— Não. Por enquanto é só. Mas manterei contato.

— Ok. Muito obrigada pelo seu esforço. Queremos muito descobrir o que aconteceu.

— É o que todos nós queremos.

Joel assim desligou o gravador do seu celular e sorriu para a princesa ainda desconfiado.

Sean Renard assistia em seu escritório, juntamente com assessores políticos e colegas parlamentares do partido liberal, as palmas cada vez mais aclamadas para as palavras de Bono Donnalson em seu discurso em visita a uma das fábricas mais importantes de Milton. Ninguém parecia totalmente surpreso com as acusações dele, era o de sempre. A popularidade cada vez mais crescente era que preocupava.

“- Estão vendo o que está acontecendo agora com a nossa economia? Isso são anos de descaso do partido liberal que se perpetuou no poder sem ao menos pensar no pobre trabalhador, nos empresários, nos patrões, na população em geral! Vou além e podem até não gostar do que vou dizer, mas até mesmo a família real é culpada. Eu sei o que estão pensando. Mas não veem que essa crise vem abrir os nossos olhos? É tempo de mudança! Estamos no auge do século XXI e não podemos continuar sustentando essas pessoas inúteis que só sugam o nosso dinheiro suado sem nos dar nada em troca.”

— Ao menos dessa vez ele foi mais educado. – Joshua Reigan, um dos deputados do partido liberal, falou com um riso forçado.

Sean coçou a testa e lembrou-se inevitavelmente do seu último encontro com a duquesa pouco antes dela falecer. Era como se tudo fosse apenas uma anunciação do que estava por vir. Um presságio anunciado, por mais retórico que fosse. Quando saiu o anúncio da morte dela, ele automaticamente lembrou-se de como ela estava serena no encontro deles, como se ela soubesse que precisava ser sacrificada para um bem maior. Porém, com a crescente popularidade de Bono parecia que tudo tinha sido em vão e isso o angustiava de alguma forma.

— Como andam as pesquisas? – Sean perguntou para os seus companheiros de partido.

— Pelo que tudo indica, Bono tem uma vantagem. Pequena, mais tem. 51% para ser mais exato.

— Estamos em pleno início das candidaturas e se não lançarmos um nome forte agora, infelizmente Bono vai disparar.

Sean coçou a cabeça agoniado. A campanha da primeira etapa da eleição para o cargo de primeiro ministro já ia dar início em algumas semanas e nada que fizessem parecia conter a febre Donnalson. É claro que a morte da duquesa tinha abalado um pouco o discurso inflamado dele, mas a crescente crise e o aumento exacerbado da pobreza fazia com que muitos deixassem se iludir pelas ideias impossíveis do parlamentar de extrema direita.

— O pior que o Boris não dá uma dentro, não é? – afirmou Sean com raiva.

— Não podemos mais continuar apostando em Boris. Acho que devemos lançar você, Sean, como candidato.

— Não penso nisso. Quero buscar a minha reeleição na prefeitura de Belgravia.

— Tem mesmo necessidade disso? Acho que o melhor nome que temos agora é você. Pelas pesquisas você tem 67% de aprovação. Acho que é o melhor nome que temos no momento.

— Além do que, seu envolvimento com a filha do príncipe Emmett também veio a calhar. Acho que a estratégia é a gente partir um pouco pro tradicional também para vermos se conseguirmos atrair uma parte dos conservadores e um casamento agora viria a ser um prato cheio. Literal e teórico.

— Está me dizendo que devo me casar com Marlowe? Me candidatar a primeiro ministro me segurando na família real?

— E ver melhor plano do que esse?

Sean coçou o queixo e ficou pensando na possibilidade. Não escondia de ninguém que sempre ambicionou subir de cargo e crescer profissionalmente. Mesmo quando ainda trabalhava na polícia, como delegado, sentia que tinha nas veias o chama para a política e por isso não negou a chance de se candidatar a vereador de Belgravia. Foi eleito com um considerável número de votos para um principiante e isso lhe deu gás para o cargo de prefeito. Sabia que se candidatar ao cargo como primeiro ministro, ainda mais com tudo muito desfavorável para o seu partido, seria um jogo arriscado, mas não podia deixar a peteca cair agora. O que seria da vida sem desafios?

— Ok. Estou dentro. Me lancem como candidato. Vamos Boris e eu disputar pelo partido liberal nas eleições indiretas. Vamos ver quem peita mais.

— É isso ai Sean! Boris não tem chance. Na verdade, todos do partido concordam que no momento devemos esquecê-lo. É aquela coisa, excluam as ovelhas negras antes que elas contaminem todas as brancas.

Sean assentiu e mais uma vez pensou na duquesa. Tinha uma certa sensação de que alguma forma o palácio talvez possa ter feito o mesmo com ela, sua ovelha negra. Será que eles teriam tamanha coragem? Não duvidava. No jogo do poder tudo valia.

— O plano é usar armas semelhantes à de Bono só que de uma maneira que pareça mais coerente e mais séria. Eu fui eleito com o apoio da classe militar e todos sabemos que não há gente mais conservadora do que eles. Acho que podemos nos aproveitar disso.

— A sua maior arma vai ser a família real. Tente uma aproximação com eles. Acho que nesse momento até eles estão muito ameaçados.

— Não sei se é de interesse deles isso. Eu cheguei a ter um encontro e uma conversa legal com a duquesa. Ela era diferente, porém não sei bem se o nosso novo rei está tão aberto a acordos.

— Mesmo assim. Case com a Marlowe. Construa uma família com ela e faça a sua imagem em torno disso. Pra que mais atrativo do que uma bela história de amor proibido, não é?

Joshua piscou para Sean. Ele tinha toda razão. As pessoas compravam mesmo um bom romance. Ainda mais agora que ambos estavam sendo atacados por todos os lados pela imprensa. Independente do que a família real decidisse a respeito, eles poderiam usar tudo a favor.

— Com licença, senhores. – interrompeu a secretária. – A senhorita Cullen está a sua espera, Sean. Acho que ela tem pressa.

— Avise a ela que vá para a minha sala que logo a encontrarei.

— Sim, senhor.

— Acho que já terminamos por aqui, não é?

— Terminamos. Vamos começar a montar a nossa campanha e enquanto a você, tenha uma boa conversa com a nossa royal.

Sean deu um sorriso e seguiu até a sua sala tentando imaginar o que tanto Marlowe queria conversar com ele. Estar com ela tinha muitas dessas vantagens. Ela não lhe causava problemas, apensas prazeres e bons contatos. Ele achava que ambos formavam uma boa dupla. Tinham os mesmos interesses e conversavam bem. Por isso que resolveu assumir logo o relacionamento com ela. Além do que quando ambos foram flagrados em clima de romance na passagem do ano não havia mais o que esconder. A perseguição da mídia e dos paparazzis estava sendo externuante, eles a todo instante faziam questão de frisar o quanto o relacionamento deles infrigia os protocolos reais. Algo que Sean considerava pouco necessário. Marlowe se preocupava mais com isso do que ele. Mas para o bem ou para o mal um engajamento da mídia nunca era demais.

Quando entrou em sua sala viu que a sobrinha do novo rei estava agitada demais. Nunca a tinha visto assim tão nervosa e começou a temer.

— O que está acontecendo Marlowe? Por que está assim tão agitada?

— Senta!

— O que?

Marlowe quase o implorou com os olhos e Sean apenas decidiu obedecê-la. Foi até a sua grande cadeira atrás de sua mesa e cruzou as mãos esperando pelo que ela tinha a dizer.

— Não foi planejado! Eu juro!

— O que aconteceu Marlowe? Vá logo direto ao ponto.

— Estou grávida!

É claro que essas duas palavras entraram nele como um tiro. Não tinha como não se abalar. Ser pai nunca fez parte de seus planos. Mas primitivamente todo homem tinha esse desejo de perpetuação e claro que aquilo importava muito para ele. Era seu filho, afinal de contas!

— Eu estou pensando em tirar. Mas antes que eu pudesse fazer isso, eu não poderia fazer sem te dizer.

— Você não vai fazer nada disso.

— O que? Não podemos ter essa criança! Vê o escândalo que ia ser?

— Você não vai fazer nada disso por que eu quero esse bebê.

Marlowe olhou para ele sem entender. Esperava ter uma outra conversa com Sean. Já tinha imaginado ele gritando com ela, marcando uma clínica para o aborto e a dizendo que nunca mais isso poderia acontecer. Mas tudo tinha sido diferente. As lágrimas começaram a cair de seus olhos azuis. Sean saiu de trás de sua mesa e se permitiu abraçar a namorada. Marlowe sentiu o seu coração se aquecer.

— Nós vamos ter essa criança. Como podemos rejeitar algo tão nosso?

— Mas você sabe tudo que vão dizer na imprensa, não é?

— Que digam! Vamos nos casar e formar uma família.

Marlowe se afastou um pouco dos braços de Sean e olhou bem para os olhos dele para ver se realmente o que ele dizia era verdadeiro.

— Não acha que esse bebê não vai melhorar o seu relacionamento com a sua família?

— Vai ser pior. Eles jamais me aceitariam se eu me casasse com você. Não podemos nos envolver politicamente, lembra?

— Mesmo assim. Tente conversar com sua avó e com o seu tio. Diga que só queremos paz e união. Principalmente agora que Bono vem fazendo uma campanha ferrenha contra vocês.

— Eles não vão me ouvir. Já virei uma pessoa não grata por lá.

— Eles são a sua família apesar de tudo. Tente, certo? Mesmo que eles desejem que fiquemos longe não há problema. Vamos nos casar mesmo assim e vamos ter esse bebê. Chega de se esconder!

Marlowe deixou as lágrimas caírem agora com força ainda não acreditando no que estava ouvindo, tudo estava absolutamente bom demais para ser verdade. Mas naquele momento preferiu não dizer nada e se deixar levar pelo momento. Os braços de Sean estavam aconchegantes e ela preferiu deixar-se levar. Enquanto o seu namorado pensava que esse bebê só podia mesmo ser um bom presságio para a sua candidatura para o cargo de primeiro ministro e por conta disso não perderia essa chance.

William pensava o mesmo. Estava determinado a ir afundo no caso Elton Rust. Tinha certeza que mataria dois coelhos com duas cajadadas se descobrisse o que aconteceu com o ativista. Sempre achou que não era um caso complicado de se resolver. Tudo que precisava era de uns depoimentos do pessoal da Multicores e ter acesso as filmagens de transito, que como previra antes, poderia solucionar muita coisa. Então, resolveu partir logo para campo e deixar o mundo das conjecturas.

Começou a desacelerar o carro em frente à fundação e aguardou alguns instantes. Usaria algumas desculpas para tentar descobrir as informações que precisava. Não poderia usar disfarces, até por que não adiantaria. Ele era conhecido o suficiente para isso. Tentou pensar em tudo que poderia dizer e traçou alguns papos que poderiam gerar informações substanciais. Não achava que seria difícil.

Abriu a porta do carro e desceu. Saiu andando até encontrar uma moça relativamente jovem bem na entrada. Pelo que tinha averiguado, ela era a pessoa correta.

— Oi. Tudo bem? Eu sou...

— William Lamb. Conheço você.

— Oh que maravilha! Isso já ajuda muito. Você é que é a Natasha, certo?

— Sim, sou eu mesma. Você falou comigo ontem.

— Perfeito. Tem algum lugar onde podemos conversar?

Natasha assentiu e acenou para que William a seguisse. Enquanto passavam pelos corredores, o jornalista percebia a destreza em que tudo era organizado. Parecia tudo meio cinza no momento, ele podia ver a energia que antes acompanhara em seus rostos nas manifestações do ano anterior. Porém, era visível que não era lutar por apenas lutar. Nos projetos viam-se sonhos, planejamentos em todo lugar, embora agora tudo parecesse meio adormecido.

Ambos pararam numa salinha e Karen tratou de servir William com uma xícara de café.

— Muito me admira vê-lo aqui. Não são muitos que se interessam por nós.

— Eu me interesso. Sempre fui muito ligado ao caso do Elton, mesmo não trabalhando efetivamente na área policial. Tudo que aconteceu, a pessoa dele era muito intrigante.

— Então, você é apenas um curioso?

— Na verdade não. Eu estou escrevendo um livro sobre o Elton. Quero descobrir mais sobre ele, sobre a fundação, porém eu seria hipócrita em dizer o caso da morte dele não me interessa.

— Entendo.

— Posso fazer-lhe algumas perguntas?

Natasha analisou bem o homem em sua frente e resolveu arriscar. Afinal de contas ela também estava interessada que todos conhecessem um pouco o que foi Elton Rust. Não havia mais nada a perder.

— Elton não era Belgão, sabia?

— Eu li a respeito. Ele era descendente dos somalis, não é?

— Ele veio da África com os pais quando tinha cinco anos. Eles vieram pra cá por que acreditavam que iriam encontrar trabalho mais facilmente. Disseram que aqui tinha umas minas e eles já trabalhavam no ramo, então...

— Imagino que deve ter sido difícil para ele. Um garoto pobre, estrangeiro e negro.

— E gay.

— A família dele veio morar aonde, especificamente? Foi em Clarence?

— Tirith. Os pais dele já morreram, mas ele ainda tem um irmão por lá. Nessa crise, ele deve estar num mal estado. Elton se preocupava muito com isso.

— E quando ele começou os trabalhos como ativista?

— Na faculdade. Ele saiu de Tirith bem jovem. Não tinha um tustão furado, mas tinha vontade de crescer. Passou para o curso de sociologia e foi lá que ele começou a abrir a mente pra muitas coisas erradas.

— Tipo o que?

— Pelo fato, por exemplo, de muitos belgãos terem que se juntarem ao exército britânico para lutar no Iraque, numa guerra que nem era nossa.

— Espera... Eu acho que eu cheguei a fazer matérias comentando algumas coisas que ele escrevia.

— Pode ser. Ele escrevia para o jornal da universidade de Belgonia. Foram matérias muito comentadas na época. Acho que você deve ter tido acesso a elas.

— Sim, agora eu lembro. Eu tive sim. Elton era mais velho do que eu, mas enquanto estive trabalhando também no jornal da Universidade de Belgonia, tive acesso a muitas coisas que ele escreveu. Cheguei a fazer muitos escritos a respeito.

— E por coincidência, ele também foi um grande fã seu.

— Muito me honra saber disso. - William deu um sorriso sincero.

— Principalmente na época em que você e a duquesa pareciam estar em comum acordo. Realmente estavam?

William gargalhou e se lembrou das polêmicas matérias que escrevera para o The Globe em apoio à duquesa. Todos fizeram essa mesma associassão na época, embora ele não tenha trocado mais do que meias palavras na única vez que esteve com ela. Lamentava muito não ter tido tempo de ter mais contato real com a duquesa.

— Digamos que eu e a duquesa tínhamos ideais parecidas.

— Elton amava seus textos! Ajudava muito a nossa causa.

— E como foi que a duquesa se envolveu com a Multicores?

— Ela procurou o Elton na casa dele e ofereceu apoio. No começo, ele não estava pondo muita fé não. Muita gente poderosa procura a gente, mas é mais por interesse. Porém, ela mostrou que realmente era uma pessoa boa de verdade.

— A morte dos dois foram muito próximas... Você acha que pode ter sido coincidência?

— Coincidência ou não os dois foram muito injustiçados. Eu nunca vi uma pessoa tão justa quanto ela. Elton achava que ela tinha muita força reprimida.

— Tudo foi muito estranho nos dois casos. Eu mesmo que já vi muita coisa me impressiono com o que aconteceu. Você acredita que o palácio possa ter se envolvido nos assassinatos?

— Não acho. Foi gente graúda também, mas foi uma galera mais suja. Certo que o palácio não gostava muito da duquesa trabalhando com a gente, porém ela nunca desistiu.

— O que vocês acham que realmente aconteceu?

— Nunca podemos afirmar totalmente. Elton tinha muitos inimigos e dos grandes.

William olhou bem para Natasha e percebeu que não tiraria informações dela assim tão fácil. Ela estava acuada, sinal de anos de perseguição. Mas ele tinha as cartas certas na manga. Virou-se, pegou a sua pasta e a mostrou. Diante deles estavam várias matérias sobre o caso Elton que ele mesmo ajudou a produzir no The Globe. Assim esperava que ela abaixasse a guarda.

— Isso é tudo que eu venho guardando a respeito. Como lhe disse, a morte de Elton me abalou também.

Natasha abaixou a cabeça e olhou para uma das matérias em sua frente. Lia com muito interesse. Era tocante ler algo que fosse a favor de tudo que vinham tentando conquistar e não difamando, como quase sempre acontecia. William tinha mesmo muito tato na escrita.

— Sempre recebíamos ameaças. Mas encaramos como algo praticamente natural já que o preconceito gera ódio nas pessoas, porém o cerco vinha se apertando.

— Como assim?

— Primeiro a escola foi invadida. Pincharam tudo, quebraram móveis. Fizemos uma denúncia à polícia. Eles foram lá, mas acabou ficando tudo como estava. Queríamos dar uma investigada por conta própria, porém destruíram as câmeras da escola e ficamos de mãos atadas.

— E as câmeras dos arredores? Não tiveram acesso?

— Só com um mandato. Não tínhamos como conseguir um. Confiamos na polícia. Depois o Elton começou a receber umas ameaças pelo celular. Diziam que iam matar ele. Que sabiam tudo sobre a rotina dele e que ele ia ser calado. Ele nos mostrava as mensagens, porém todas elas eram apagadas alguns instantes após a leitura.

— Eu sei. Recebi ameaças do tipo. Por isso que resolvi me aprofundar sobre o caso de Elton. Sei que ele não estava mentindo.

Natasha deu um sorriso esperançoso e pela primeira vez, William pôde sentir que ela estava acreditando finalmente nele.

— Eu fico curioso com um fato: Como eles sabiam o número do Elton ou o da duquesa? Por que ela também recebeu ameaças semelhantes, até onde eu soube. O meu não é tão difícil de descobrir já que sou jornalista. Mas o deles?

— Nos perguntamos a mesma coisa. Achamos que foi uma gangue grande. Um hacker ou coisa assim.

— Não houve alguém que de repente tenha procurado a fundação pouco antes de tudo acontecer? Sei lá... Se passando por alguém?

Natasha parou uns instantes e pensou a respeito, isso não tinha lhe passado pela cabeça, mas agora lhe ocorreu um episódio remoto que poderia ser interessante.

— Passou um cara aqui uns três meses antes da morte de Elton. Ele não frequentou muito tempo. Não que isso não seja natural... Muitos membros da comunidade nos procura, mas não seguem em frente com os trabalhos por receio a represálias.

— E o que faz esse ser um suspeito?

— Talvez não seja, mas ele não era qualquer um. Disse que tinha trabalhado nas minas em Clarence e parecia muito interessado em Elton. Essa similaridade entre as histórias dos dois me chamou atenção.

— Como ele era? Você lembra?

— Bom... Era alto, branco, loiro. Bem bonito também. Para ser sincera... Não parecia bem alguém que havia trabalhado nas minas.

— Ele preencheu cadastro? Deixou o nome?

— Acho que ele preencheu sim... Posso averiguar e lhe mandar depois.

— Isso será importante. A justiça pode ser cega, mas não injusta. Não podemos deixar que o caso de Elton passe em vão.

— Eu sempre lutei por isso.

— Quem sabe agora não podemos conseguir alguma coisa?

— Assim espero!

William apertou a mão de Natasha e sentiu que agora tudo estava ficando mais claro. Ligou para Joel e marcou um encontro em Brocken Hall para o mais breve possível. Estava enojado, sentia seu estômago revirar com tudo que vinha imaginando em sua mente.

 Durante todos esses anos em sua vida ele vira muita coisa. Sabia que a maldade humana não tinha limites, mas nada fora tão ruim quanto esse caso de Elton e da duquesa. Nada lhe tirava da cabeça que eles foram silenciados por tentar fazer justiça, por colocar um pouco de ordem nesse mundo tão maluco. Começava a perder as esperanças que em algum momento as coisas tomariam jeito.

O jornalista ficou pensando nisso o dia inteiro. Entrou em seu escritório e se serviu com uma dose de Whisky e se jogou no sofá. Não tinha coragem de fazer mais nada. Todo o caso ia e vinha em sua cabeça e quanto mais pensava nisso pior ficava.

Joel pôde ver o estado do amigo assim que chegou. Resolveu não perguntar nada. Já poderia imaginar o que ele possivelmente descobrira. Além do que, ele se sentia da mesma forma.

— A coisa foi feita por cacife grande mesmo Joel. Mandaram alguém na fundação para sondar o Elton.

— O que o faz pensar isso?

— As ameaças pelo celular. Quem poderia descobrir o número dele se não fosse através da Fundação? No meu caso, tudo bem, eu sou jornalista, meu contato é público, mas o de Elton seria? Os companheiros dele de luta sabiam o quanto ele era visado. Ninguém sairia dando o contato dele para qualquer um que não estivesse realmente engajado.

— Mas não poderia ser um caso de um hacker?

— Foi o que eles acharam e até fizeram denúncias a respeito, porém eu penso na duquesa. Também teria sido um hacker no caso dela?

— Isso bate então com o que eu estava pensando. Eu conversei com a princesa Renesme hoje e pelo que eu entendi, lá é tudo muito sigiloso. Há mil funcionários para as mais diversas funções e um escritório para blindar essas pessoas de todas as formas. Somente um deles poderia ter algo tão íntimo como um número de um telefone.

— Junte isso ao caso de Elton. Eu perguntei a uma das amigas dele e ela me confirmou que havia uma pessoa que havia procurado a fundação alguns meses antes da morte do Elton e que ele havia tentado se aproximar dele. Inclusive, uma informação chamou atenção, essa pessoa vinha da região das minas. O Elton também, porém eles acharam esse cara muito estranho por que ele não parecia alguém que havia trabalhado lá. O próprio Elton desconfiou disso depois.

— É interessante! Pelas minhas pesquisas, o segurança da princesa, o tal Tom, também veio da região das minas.

— Você ficou mesmo interessado nele, não foi?

— Confesso que sim. Vou lhe mostrar toda a gravação da conversa que tive com a princesa e você tenta analisar junto comigo.

— Certo...

Joel ligou o play no áudio em seu celular e William não pôde deixar de sentir um aquecimento em seu corpo. Parecia loucura, mas a princesa lhe fazia sair das órbitas. Porém, ao longo da conversa dela com Joel, ele ia fermentando várias teorias do que poderia realmente ter acontecido. Para ele tudo era muito estranho. Em alguns momentos pensava que todas essas perseguições poderia mesmo estar partindo do próprio palácio e que alguém de fora apenas tinha pegado carona na situação para eliminar a duquesa de vez. Não descartava a possibilidade de Tom ser duvidoso, mas não tinha ainda provas o suficiente para acusá-lo.

— E aí? – Perguntou Joel ansioso.

— Não posso julgar Tom de cara. Pode mesmo ele ter ouvido essa informação dentro dos corredores. Algo me diz que o palácio também tem teto de vidro com relação ao caso.

— Eu sei que pode parecer fixação. Mas eu não podia deixar essa intuição de lado. Pesquisei sobre ele. Na ficha dele contém que ele fez parte do exército belgão, porém não cumpriu todo o seu período. Na época, ele alegou problemas psicológicos derivados da guerra e seguiu como segurança particular. Ele nasceu em Clarence, veio de uma família de mineiros, assim como esse rapaz que procurou a fundação.

— Pode ser uma coincidência.

— Não acho que seja. Algo me diz que não é.

Joel entregou os papéis referentes a Tom e apontou com o dedo a parte que ele queria que o jornalista lesse. William plantou os olhos no papel e sentiu algo se acender.

— Ele é filiado ao partido conservador.

— Isso realmente é intrigante. Mas antes de sabermos se isso realmente é crucial, e que pode de alguma forma ter haver com Bono Donnalson, temos que investigar ele afundo.

— Eu penso em participar essas informações ao rei por que se ele realmente tiver agindo como um espião, a princesa e todos ali dentro do palácio correm um sério risco.

— Acho melhor termos algo mais substancial sobre ele antes que diga. A princesa chegou a dizer algo sobre estar realmente com ele?

— Não. Mas proteção dela me diz tudo.

William revirou os olhos e cruzou uma mão na outra. Não podia deixar de se incomodar com isso. Mas no momento ele estava mais preocupado do que enciumado.

— Eu sempre achei que a polícia tratou o caso de Elton com leviandade. – afirmou William. - No dia que a escola foi atacada, as câmeras de lá foram destruídas, o que eliminou, em parte, as chances de achar o culpado. Porém, nada impede de ser descoberto através das câmeras de fiscalização eletrônica da rua.

— Se o tal cara que procurou a fundação estava envolvido no caso ele provavelmente aparece nelas.

— Ou alguém que possa ser ligado a ele. Assim podemos chegar a Tom também, caso ele tenha mesmo algum envolvimento.

— Com certeza.

— Entretanto, somente alguém com um mandato pode ter acesso a essas informações. Você poderia conseguir isso.

— Eu vou conseguir.

— De maneira sigilosa, é claro.

— Certamente.

Joel bateu palmas e sentiu que as coisas finalmente estavam se desenrolando e tinha esperanças que mais breve do que ele imaginou conseguiria descobrir tudo que realmente acontecera com a duquesa e seu amigo ativista.

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