Dinastia 2: A Coroa de Espinhos escrita por Isabelle Soares


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Uma nova fase da história começa aqui.... Espero que gostem!



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01 de Janeiro de 2045

“Hoje na capela de São Jorge aconteceu uma missa em ação de graças ao novo ano que se inicia, além disso, a família real também fez uma homenagem à duquesa de Richmond, por seus cinco meses de falecimento. Em seu legado, Isabella deixa a sua luta intensiva pela igualdade de diretos e contra a violência a qualquer pessoa, sendo mulheres, negros e homossexuais. Mesmo com a sua partida, a sua mensagem igualitária fica e também a sua lembrança para a eternidade.” – Jornal ITV

Renesme ouvia as palavras do jornalista da TV ecoando em sua mente, assim como todas as palavras do padre durante a missa. Era surreal estar sentada ouvindo todos falarem de sua mãe no passado, falarem de seu falecimento sendo que a ficha não tinha caído ainda mesmo depois de todos esses meses. É claro que a ausência dela era clara e doía profundamente em seu coração. Mas para a princesa era difícil aceitar que Bella não estaria mais ali. No fundo, esperava que ela chegasse diante de todos e dissesse que tudo não passou de um mal entendido.

Renesme deu sinais para Beauty correr um pouco mais. A égua relutou um pouco, parecia que sabia que o tempo não estava muito propício para uma corrida. Mas ela sentia que precisava descarregar essa adrenalina que estava dentro dela. Sentia como se tivesse sufocando.

“- Nunca esqueça, querida, te amo mais do que a minha própria vida!”

“-Você será uma rainha tão incrível!

“- É difícil estar nessa posição sim. Mas tudo vale quando se tem amor.

“- Quero que você não se deixe dominar por tudo isso, minha filha. Há um mundo tão grande lá fora e eu quero que você seja justa sempre e ajude a tantas pessoas que estão precisando de nós.”

Renesme balançou a cabeça rapidamente como se isso pudesse fazê-la desligar dos seus pensamentos, de todas as conversas, de todos os conselhos que Bella lhe dava. Sentiu o seu peito doer. Era como reviver novamente todos os primeiros três dias da partida dela. De qualquer forma, era igual, o buraco negro ainda estava bem aberto em seu interior.

De repente, se lembrou de todas as palavras que ela queria ter dito a mãe e não disse. De tudo que poderia ter feito e não fez. Não sabia se o destino de Bella poderia ter sido diferente caso ela tivesse intervido, mas ao menos teria se esforçado ao máximo para protegê-la de quem quer que fosse.

Sim, por que mesmo depois de cinco meses, ninguém tinha encontrado uma pista para as tais ameaças que a duquesa declarava receber. A polícia fez uma investigação prévia, depois uma mais apurada feita pelo Serviço Secreto e acabaram chegando à conclusão de que Bella sofrera o acidente por pura distração. Mas o que provocara isso? Renesme perguntou na época. “Ela estava em estado neurótico”, afirmaram. Mas ela não se contentou com essa resposta e exigiu que fossem mais a fundo no caso.

Não cabia na cabeça dela o fato de que Bella tenha inventado as perseguições, ameaças, e todo o resto. E atirador que ferira seu avô no último National Day não poderia estar envolvido? A polícia levou isso em consideração e continuou investigando.

Daniel Creed tinha sido preso dias após o tiro contra Carlisle. Ele próprio tinha confessado o crime e a polícia confirmou os fatos apresentados por ele em seguida. Creed era apenas um jovem de apenas vinte e poucos anos. Fazia parte de um grupo denominado de “Salve o país” que tinha ares conservadores, mas de espírito altamente republicano. Apoiavam Donalson com a própria vida e estavam dispostos a tudo para implantar os seus ideais, que quase sempre saiam da cabeça do parlamentar. Só isso fez a lanterna da princesa acender. Porém, o atirador deixou claro que o alvo sempre fora o rei, mais ninguém e até onde sabia nenhum dos seus companheiros do clube tinham o objetivo de silenciar a duquesa. Então, a polícia o descartou, mas fez buscas no palácio. O pior é que quem quer que estivesse deixando Bella em estado de loucura tinha sido esperto o suficiente para não deixar rastros.

Depois de alguns meses e poucas provas para declararem que Bella tinha sido assassinada, a polícia resolveu então fechar o caso. Renesme acabou não insistindo mais. Estava praticamente só nessa batalha. Antony tinha partido de volta para a Inglaterra e Edward tinha caído numa depressão profunda desde o enterro de Bella. Não tinha como ser diferente. Ela entendia o sofrimento do pai como ninguém. Eles se amavam, e mesmo depois de tantos anos de casados, nunca deixaram o sentimento morrer. Ela sabia que sua mãe era tudo para ele.

O vento rugia ao redor de Renesme. Ela cavalgava mais rápido cada vez que vinha alguma lembrança forte da mãe. A chuva estava vindo, mas ela não dava sinais de preocupação, queria que as águas lavassem a sua dor. Como se isso fosse possível.

Ela pensou em seu irmão também. Ele ainda é tão jovem! Não sabia como toda essa tragédia iria afetar a cabeça dele. Só esperava que não fosse para o pior, pois a mamãe deles jamais gostaria que isso acontecesse. Renesme chegou a se surpreender com a força de Antony nos dias que sucederam o falecimento de Bella.

Quando fora declarado que Bella tinha sofrido uma morte encefálica e os médicos os perguntaram se eles queriam doar os órgãos dela, Antony fora o primeiro a dizer sim. Claro que isso iria ser bastante complicado, devido à posição da duquesa. Quantas pessoas não dariam tudo para roubar ou receber os órgãos dela caso vazasse essa informação na imprensa? Além do que haveria toda uma burocracia com a legislação que regia a realeza, pois ela, é claro, não previa a doação de órgãos de quaisquer membros da monarquia. Mas a princesa não quis saber de nada disso, apoiou firmemente o irmão nessa decisão. Ambos sabiam que esse era o desejo de Bella, então fizeram que ele se realizasse, mas da maneira mais sigilosa possível.

De certa forma, Renesme e Antony sentiam-se mais confortados em saber que a mãe deles vivia dentro de outras pessoas. Bella tinha salvado muitas vidas e os ajudado, como ela sempre desejara fazer. Mas o que seria dos irmãos sem a mãe deles?

A chuva começou a cair forte sobre a cabeça da princesa. Pelo jeito seria uma grande tempestade. Uma bela representação de nossas vidas agora, pensou Renesme. Ela resolveu parar um pouco em seu lugar preferido em meio às florestas que circundavam os terrenos do palácio em Clarence. Parou sob o monte e pôs a olhar a vista de baixo. As cenas do velório de Bella voltaram com força em sua mente. Ver a sua mãe imóvel naquele caixão, seguir em cortejo do palácio até a abadia com o pai e o irmão atrás da carruagem aberta que levava o corpo de Bella, vê-la sendo posta em seu túmulo no cemitério real, foram os piores momentos de sua vida. Jamais iria esquecê-los. Todas essas cenas ficariam marcadas nela como uma tatuagem lembrando-a que tudo tinha acabado.

Renesme desceu de cima da égua e deixou-se cair de joelhos no chão. Pensou em sua própria vida, não que já tivera feito isso um milhão de vezes, mas agora era diferente. Tudo estava absolutamente fora do lugar e só lhe restava juntar as peças. Ela sempre teve dificuldade em se aceitar como era. Desde que começou a ter consciência de si mesma, tinha a sensação que não era boa o suficiente. Ficava pensando como seria se aceitar incondicionalmente. Cada erro que já havia cometido na vida. Cada marca em seu corpo. Cada sonho não realizado ou cada dor sentida. Acabou sorrindo ao imaginar como era ser livre. Respirou fundo e sentiu algo crescendo dentre de si mesma.

Você sempre esteve destinada a grandes coisas”, não era o que sua mãe sempre dizia? Então, certo! É hora de tomar isso como verdade. O objetivo é a felicidade? A superação? Encontrar um significado? Pois, ok. Era isso que ela tinha que fazer daqui pra frente. Não podia se dar ao luxo de entregar ao luto mais. Tinha que continuar o trabalho de sua mãe. Salvar a sua família e seria daí que viria a sua força.

Agora já encharcada, resolveu se levantar e seguir até a cabana próxima de onde estava. Não podia voltar para o palácio e deixar que todos a vissem nesse estado deplorável. Queria estar com Tom. Abraçá-lo e esquecer pelo menos alguns segundos sua tempestade interior.

Depois que sua mãe fora enterrada, Renesme sentiu suas forças esvaírem. Tinha procurado ser forte, pelo seu pai, por Antony e por todos em sua volta. Ajudou com os preparativos do velório e enterro, queria que sua mãe tivesse tudo de melhor. Mas depois de tudo terminado, ela deitou-se em sua cama e não conseguiu mais sair. Quantas vezes Tom não se arriscara em ir até lá para consolá-la? Ela lembrava bem dele ali, abraçado a ela, segurando os seus cabelos e limpando as suas lágrimas com beijos.

— Eu sei que não existe nada pior do que perder os pais, mas essa dor uma hora vai se transformar em saudade boa dentro de você.

A princesa apenas balançava a cabeça. Bella estava muito viva dentro dela ao mesmo tempo que muito distante. Então, ela continuou ali agarrada aos travesseiros. Porém, Tom não desistiu e continuou aparecendo todos os dias.

— Você não está sozinha! Estou aqui por você.

A princesa era muito grata por todo o apoio e carinho dele. Se não fosse pelo seu segurança e amante, ela teria sido consumida pela insanidade e isso tinha feito o relacionamento deles ficar mais forte. Agora estavam firmes e se esforçavam ao máximo para estarem juntos, mesmo que em encontros escondidos, que cada vez ficava mais presente.

Seguiu direto na trilha. Cavalgava mais rápido que podia. Se permitiu confiar em Beauty o caminho a frente e abriu os braços. Deixou as últimas lágrimas caírem e gritou o mais alto que podia. A égua entendeu que era para correr ainda mais e assim foi. Quando chegou a cabana já se sentia mais leve. Esperava encontrar Tom ali no esconderijo secreto deles. Sabia que a família dele morava em Clarence e não podia culpá-lo por dedicar algumas horas do tempo dele para visitá-los.

Renesme parou e amarrou Beuty numa árvore. Não demoraria ali e logo a levaria para os estábulos. Abriu a porta e viu que Tom estava lá e tirando uma chaleira quente de chá do fogo, como se já esperasse que era isso que ela precisava. Esse gesto a fez se iluminar. Correu até ele e o abraçou fortemente, sem se importar em estar o molhando com as suas roupas encharcadas.

— Hey baby! – Tom a saudou.

— Obrigada por ser tão especial!

Tom não respondeu, apenas a abraçou com mais força. Renesme não sabia se Tom se incomodara com essa declaração. Mas precisava dizê-la em voz alta. Prometera a si mesma que não deixaria frases não ditas a distanciar das pessoas que ela gostava. Mesmo que eles ainda não tivessem dito um para o outro aquelas três palavrinhas tão importantes.

— Tem que tirar essas roupas molhadas antes que pegue um resfriado.

— Pensei que não diria isso. Fique á vontade. – a princesa falou enquanto abria os braços.

— Por que você leva tudo para o lado negro?

— Preciso de você.

— Você já me tem.

— Não me faça falar em voz alta o que eu realmente quero de você.

Tom a tomou nos braços novamente e a beijou com intensidade. Depois da morte de Bella, ele se sentia a pior pessoa do mundo. De alguma forma tinha culpa no que acontecera. Era para tê-la encarado de frente e dito tudo que sabia. Talvez as coisas tivessem sido diferentes.

A única certeza que tinha era que estava perdido com essa mulher que agora ele tirava as roupas para levá-la para a cama. Seus planos de não se afeiçoar por ela já tinha ido pelos ares há muito tempo! Agora tinha certeza que gostava dela de verdade e isso era uma loucura total diante de todas as circunstâncias. Não podia deixar que a fizessem mal e nem podia negar nada que ela o pedisse.

Enquanto beijava o corpo da princesa e se deixar sucumbir por aqueles olhos verdes desejosos, pensava o quanto a sua vida tinha sido irônica. Desde a morte de seu pai, anos atrás, ele tinha um propósito firme e achava que nada no mundo poderia desviá-lo de seu objetivo. Foi só Renesme entrar em sua vida para que num instante mudasse todo o seu rumo. Nem ele mesmo era capaz de explicar como tudo isso aconteceu tão de repente.

— Já imaginou como a nossa vida pode mudar num estalar de dedos? – falou Renesme já deitada em seu peito, alguns minutos depois. – Logo eu que sempre detestei mudanças....

— Mudanças fazem parte da vida. – Tom limitou-se a dizer com medo de falar mais alguma coisa pudesse ser mal interpretado por Renesme. – Você ainda não me falou como foi hoje lá na igreja.

A princesa permaneceu em silêncio. Tom entendeu que era um assunto que ela tentava evitar. A abraçou com mais força e beijou o topo da cabeça dela.

— Vai ficar tudo bem, querida!

Renesme o olhou com os olhos vermelhos, mas surpresa com o que ele acabara de dizer. Por acaso ele não tinha entendido como ficara a vida dela e de todos depois da morte de Bella? Como ia ficar tudo bem? No máximo, eles teriam que continuar vivendo como desse. Tom apenas manteve o olhar nela, como se estivesse decidido se contaria ou não o que ele tinha em mente.

— Estou falando isso por que eu também perdi alguém que eu amava muito.

A princesa se ajeitou nas cobertas até decidir se sentar na cama para olhar melhor para o rosto de Tom. Para ela ouvir isso era uma grande surpresa. Mesmo já namorando com o seu segurança há quase um ano, pouco ela sabia sobre a vida dele. O que era um pouco injusto, em seu ponto de vista, já que ele sabia tudo sobre ela.

— Meu pai.

— Eu lamento muito... Não sabia que seu pai já havia falecido.

— Foi há alguns anos. Morreu de câncer de pulmão depois de anos trabalhando naquelas malditas minas. Descobrimos quando já era tarde. A doença já estava quase se generalizando. Ele se foi em cima de uma maca de hospital num corredor... Lutando por uma vaga num respirador e ninguém fez absolutamente nada!

Renesme agora via a raiva dele. Os músculos do braço estavam tensos, as veias bem dilatadas, as mãos fechavam num punho. Ela agora podia entender tudo e concordava com todo o descontentamento dele. Não era mesmo justo com alguém que tinha contribuído por anos para enriquecer o país, morrer sem um atendimento adequado, como um indigente qualquer. Se fosse com alguém da família também estaria revoltada.

— Eu fiquei furioso! Fiz um monte de merda por que eu achava que assim eu iria vingar a morte dele, mas por fim... Eu entendi que o que eu fiz não vai mudar nada. As coisas são como são e pronto. Quem está por cima só faz por eles mesmos. É a regra do jogo e nós somos a merda dos peões deles!

Tom agora tinha libertado toda sua raiva. Socou a cama e olhava para longe, como se vivenciasse tudo de novo. Renesme olhava para ele com curiosidade. Queria saber um pouco mais do que ele escondia dela. Ele pôs o braço nos olhos e deu um longo suspiro.

— Você não tem nada a ver com isso.

— Eu entendo a sua revolta, Tom. Na verdade, foi muito bom saber disso... – Agora ela parecia ter perdido o ar com os seus pensamentos. Fez uma pausa e continuou. – Minha mãe e eu tínhamos muito projetos com esse objetivo, rastrear pontos fracos...

Tom a interrompeu ao colocar as suas duas mãos em volta do rosto de Renesme. Elas estavam quentes, mais do que o normal. Sua expressão não era tão suave como quando ele a recebeu. Isso a assustou.

— Eu sei agora que você não tem nada com isso e nem alguns outros que eu culpei antes. Você está certa em dizer que a vida dá umas reviravoltas estranhas e que a gente não espera.

— O que quer dizer com isso?

— O que quero dizer é que mesmo com todas as coisas ruins que acontecem com a gente, temos que seguir em frente. Colocar a cabeça no lugar e aprender as lições que a vida nos dar. Tem que seguir em frente, Ness.

Renesme levantou os olhos e a surpresa voltou a lhe pegar. Era a primeira vez que ele a chamava assim, com o apelido que Henry lhe dera quando ambos ainda eram crianças. Era surpreendente por que nenhum dos seus casos amorosos a chamava assim. Ambos ficaram em silêncio por um tempo considerável, analisando as expressões um do outros. Até que a princesa abaixou a cabeça, cortando a conexão.

— Foi um dia horrível! Exatamente como todos os outros desde a partida dela... Mas eu andei pensando. Eu não quero ficar parada sofrendo. Até por que acho que vai ser pior. Eu quero trabalhar muito e botar para frente tudo que não podemos fazer juntas.

— Acho que é uma boa.

— Eu tenho que fazer isso. Por que eu acho que eu vou acabar enlouquecendo se eu não me ocupar com alguma coisa.

Agora ela chorava desesperadamente. Estava com raiva de si mesma por isso. No caminho para a cabana tinha prometido que não choraria mais. Sua mãe não ia querer isso dela. O que ela queria era ação e era isso que ela faria em cada segundo dos seus dias.

Tom foi até ela e a enrolou, como fizera em tantas outras vezes. A princesa sabia que jamais seria capaz de agradecer todo o cuidado e carinho que Tom lhe dera e agora lá estava ele outra vez. Ela o abraçou fortemente e ele limpou as lágrimas dela com os dedos.

— Durma um pouco.

— Não posso. Tenho que voltar para o palácio.

— Eles podem viver sem você por mais um tempo.

— Você sabe que eu não consigo mais dormir sem o meu remédio. Não quero correr o risco de ter pesadelos horríveis de novo.

— É mais uma coisa que vai ter que conviver sem.

— Eu sei. Mas não hoje.

A princesa respirou fundo e limpou o restante das lágrimas no cobertor. Era a última vez que a veriam assim. Levantou-se e vestiu-se. Tom apenas a observava da cama. Ela foi até ele e lhe deu um beijo leve nos lábios.

— Obrigada por existir.

— Não me agradeça.

Ela bateu de olho para ele e saiu pela porta com uma força que ele não sabia onde ela tinha tirado. Parecia que nada estava mais acontecendo. Era surpreendente essa mudança repentina. Ele só esperava que ela não ficasse como o pai dela, desligado do mundo.

Renesme seguiu cavalgando até o palácio tentando não pensar em nada, apenas no piloto automático. Não queria correr o risco de amolecer novamente. Todos precisavam dela bem viva e o tempo de chorar já havia ficado nesses últimos cinco meses.

Quando entrou no palácio sentiu aquele velho baque. Voltara para o mundo real, tão escuro quanto estava os cômodos agora. Ela seguiu andando até encontrar o avô sentado em volta da lareira, completamente sozinho, apenas refletindo sobre alguma coisa. Ela se aproximou dele devagar e abaixou-se ao lado da poltrona dele para ficar cara a cara com ele.

— Só espero, vovô, que esse ano não seja tão terrível quanto o que passou.

Carlisle apenas sorriu e passou a mão nos cabelos dela. Era reconfortante para ele saber que mesmo diante de tantos problemas, Renesme ainda se permitia ter esperanças.

— Eu também espero, minha querida.

— Você viu o papai?

— Está no quarto, como sempre. Pensei que fazendo essa missa para a Bella hoje ele sairia de lá.

Renesme abaixou a cabeça entristecida. Seu pai era uma das coisas que ela tomaria como prioridade. Não podia deixá-lo lá definhando naquele quarto para sempre. Tinha que fazer alguma coisa para salvá-lo. Não podia perdê-lo como perdera a sua mãe.

— Ele vai conseguir superar isso, vovô. Eu prometo.

— Tomara que esteja certa, minha querida. Edward já passou por muita coisa.

— Eu vou me esforçar para ajudá-lo.

— Eu sei e conto muito com isso.

A princesa assentiu e o avô beijou carinhosamente a testa dela.

— O que tanto faz aí sozinho, ein?

— Estou aqui pensando numas coisas. Conto a você em breve. Agora, já que está aqui, vou tomar liberdade de descansar um pouco. O dia foi longo!

— Foi mesmo. Obrigada por me esperar, vovô.

— Não dizem que os avós são pais duas vezes? Então.

A princesa assentiu e ajudou Carlisle a se levantar da poltrona. Ela ficou parada no mesmo lugar, vendo ele partir. Mas ele deu uma pausa já quase na porta e virou-se para a neta novamente.

— Sabe, querida, desde que você era bem pequena, eu a achava a cara de seu pai, mas hoje vejo que tem muito de Bella em você também. Use isso ao seu favor.

E ele seguiu com os seus passos lentos pelo palácio. Renesme se despediu dele com um sorriso. Carlisle não fazia ideia como essa frase foi significativa para ela.

Sem os comentários de vocês, eu entendo que não estão gostando da história. Preciso desse feedback de todos que leem o capítulo.


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