Os dias após o incidente com Nahuel foram tranquilos, Carlisle havia entrado com uma ação contra ele e por isso eu não o veria mais pelo hospital, além disso, tinha assinado a denúncia de agressão e como Nahuel havia sido levado em fragrante não tinha tido direito a pagar fiança,  a última notícia que Embry havia me dado era que um advogado estava tentando uma audiência de custódia para ele.

Eu esperava que ele não tivesse sucesso.

Havia saído do hospital para descansar, Jake havia insistido para que eu dormisse em seu apartamento e acabei cedendo, terminava de organizar algumas roupas em minha bolsa e na bolsa de Jade, eu sabia que precisaríamos de no mínimo três semanas para nossa recuperação, ao menos a minha, Jade ainda teria seis meses de cuidados especiais após o transplante, mas estávamos confiantes que tudo daria certo.

Jacob havia ido a casa de meus avós buscar as assinaturas de Ella para  autorização do transplante, Embry havia nos explicado que até o resultado do processo Ella ainda continuava sendo a mãe de Jade diante da lei, eu esperava que ela colaborasse e que Jacob não cometesse nenhuma imprudência, sabia que minha irmã gêmea não perdia a oportunidade de provocá-lo e dessa vez não seria diferente.

— Nessie querida, não vai jantar?

A voz de Sarah ao entrar no quarto interrompeu meus pensamentos, dei um tímido sorriso colocando a última peça de roupa na bolsa de Jade e a olhei.

— Vou esperar o Jake, ele já deve estar a caminho.

— Ansiosa querida? Sarah perguntou de forma carinhosa.

Concordei com a cabeça – Não costumo me sentir assim, mas, eu estou nervosa.

— Apesar de não ter gerado minha neta dentro de você, a maternidade nos muda totalmente Renesmee, você sentirá medos, inseguranças, muitas vezes não saberá o que fazer e nem como agir e isso é normal – Explicou Sarah aproximando-se de mim e segurou minhas mãos – E tenho absoluta certeza de que meu filho a ajudará nesse processo.

Dei um sorriso largo – Jake é o melhor pai do mundo, espero ser tão boa mãe quanto ele.

— Ele fala exatamente a mesma coisa que você – Disse Sarah me puxando pela mão – Sabe querida, nunca vi meu filho tão apaixonado como o vejo por você, e muito feliz também – A senhora Black completou enquanto caminhávamos pelo corredor me guiando até as escadas.

— É recíproco, eu também amo demais o seu filho.

Sarah sorriu largamente enquanto descíamos as escadas – Falando em filho apaixonado, chegaram para você – Ela falou olhando para o vaso de flores que estavam sobre a mesa de jantar.

Dei um sorriso largo e peguei o cartão, não era difícil deduzir de quem eram as flores, o sorriso de Sarah entregava o remetente, peguei o cartão e sorri ao ler a frase “ Para a mulher da minha vida, Jake”.

Suspirei e beijei o cartão.

— Esse jantar sai ou não? – Billy Black resmungou da sala de estar, como sempre ele estava sentado em sua cadeira de rodas olhando os jogos do canal de esportes.

— Você deixe de história!

Sarah reclamou me fazendo rir, tirei o celular do bolso e enviei uma mensagem para Jake “ Obrigada pelas flores, amo você”.

Guardei o aparelho celular e decidi ajudar Sarah a organizar a mesa para nosso jantar, esperávamos que Jake não demorasse muito ou teríamos sérios problemas com a fome do senhor Black, alguns minutos depois ele finalmente entrou no apartamento deixando os ânimos do pai mais calmos.

 - Boa noite família – Disse Jake com um tom animado de voz.

Fui ao seu encontro o recebendo com um selinho carinhoso – Como foram as coisas ?

— Sua mãe me ajudou – Ele respondeu me mostrando a pasta com os documentos para o transplante – Bela está pegando pesado com sua irmã.

— Alguém conseguiu segurar aquela cobra? Perguntou Sarah – Me desculpe filha pela forma que me refiro a sua irmã, mas...

Sorri timidamente – Não ofenda a cobra, é apenas um animal indefeso.

Jake riu e me abraçou apertado – Que tal falarmos de coisas boas?

— Que tal servirem o jantar? Reclamou Billy passando ao nosso lado com sua cadeira de rodas.

Jake e eu trocamos olhares e rimos, mas tínhamos que concordar com o senhor Black,  nos juntamos a mesa com ele e Sarah e tivemos um tranquilo jantar, só faltava Jade para completar nossa noite em família.

Terminamos o jantar e apesar da insistência de Sarah decidimos nos encarregar das louças, após a recuperação de Jade, Sarah e Billy retornariam para sua fazenda no Kansas e eu teria que dar um passo importante para o nosso relacionamento, apesar de casamento nunca ter feito parte dos meus planos ao vir para Portland, Jake e eu tínhamos uma filha e ambos teríamos que ser presentes em sua vida, portanto eu havia aceitado morar com ele.

Havíamos terminado nosso “Estágio de casal” e finalmente nos deitamos na cama, Jake me puxou para o seu peito e acariciou meus cabelos fazendo um cafuné tão gostoso que eu sentia que em breve seria vencida pelo sono.

— Como você está? Tranquila, nervosa? Ele sussurrou.

— Apreensiva – Respondi erguendo os olhos na direção do rosto dele – Porém segura pois você estará lá conosco duas.

Ele sorriu e beijou a ponta do meu nariz – Eu jamais deixaria as duas mulheres da minha vida sozinha nesse momento.

— Nesse momento passa um filme em minha mente – Falei voltando a fechar os olhos e senti os lábios dele na minha testa – Quando decidi por Portland, a ideia de trabalhar no CC Medical estava fixa em meus pensamentos.

— Você acredita em destino? Jake perguntou acariciando meus braços.

— Eu acho que sim – Respondi.

— Uma vez li em um livro que O destino é um fato inquestionável, ele existe, assim como o céu, o dia, as árvores e as pessoas.

Dei um sorriso – Jake Psicólogo?

 - Descobriu meu segredo, eu cursei dois semestres de psicologia e depois decidi que queria curar corpos e não somente a mente.

Dei um riso baixo – Você é uma caixinha de surpresas Jacob Black, mas e você, acredita em destino?

— Sim – Ele concordou com a cabeça - O destino é simplesmente o sentido, a direção para a qual algo está programado, por exemplo, do ônibus que vai para Vancouver seguirá para Vancouver. Ele está destinado para Vancouver.

O olhei e ele sorriu olhando em meus olhos – Mas e se ele não chegar a Vancouver? Pode acontecer algo, um acidente.

— O destino só não se concretiza se ocorrerem acidentes Nessie, e eu me sinto feliz que não tenha acontecido nenhum acidente e você tenha vindo para Portland, pois você era meu destino, sempre foi, todas as sequências de erros cometidos te trouxeram até mim.

— Jade não foi um erro.

— Não – Ele sussurrou – Foi o único acerto que fiz, antes de conhecer você.

Sorri timidamente e encostei meus lábios nos dele iniciando um beijo doce e calmo, Jake parou o beijo com alguns selinhos e ficamos em silêncio até adormecermos.

Na manhã seguinte acordamos cedo e fomos para o hospital, passamos algumas horas com Jade antes de toda a preparação para o transplante, era importante deixá-la tranquila para aquele momento, após me despedir da minha pequena fui para um dos quartos me preparar, uma enfermeira me aguardava acompanhada de minha mãe que ficou ao meu lado durante todo o processo de preparação.

— Até daqui a pouco mãe – Falei lhe dando um abraço apertado.

— Vai dar tudo certo meu amor – Disse ela carinhosamente – Você e minha neta estarão aqui daqui a algumas horas.

Concordei com cabeça – Sim mamãe, tudo vai dar certo!

Me despedi de minha mãe e segui acompanhada da enfermeira até o bloco cirúrgico, sorri ao ver Jacob me esperando com sua roupa verde de cirurgião com uma expressão de tranquilidade.

— Está pronto doutor? Perguntei dando um largo sorriso.

Ele não respondeu, apenas apertou minha bochecha e também sorriu, segurou minha mão entrelaçando nossos dedos e passamos pela porta do bloco cirúrgico.