Fred POV

—Me chamou, Roniquinho?

O grito de Rony foi uma excelente deixa para entrarmos na enfermaria. Mesmo que Jorge e eu não estivéssemos usando orelhas extensíveis, seria fácil saber que ele estava acordado.

Assim que todos saíram dos quartos, Jorge e eu inventamos desculpa para voltar para, tínhamos a mesma certeza: Rony não estava dormindo, não sem roncar como um hipogrifo com fome.

Rony estava vermelho de raiva, olhando diretamente para mim.

—Desde quando você está namorando a Hermione?! Como você… Como você tem coragem?! Ela é quase sua irmã, Fred!! Se estiver fazendo alguma pegadinha com ela, eu juro que eu vou… Que eu vou…!!

 -Se serve de consolo, Roniquinho - Jorge interveio - eu achei que você é que estava namorando a Hermione! Não tínhamos falado sobre isso antes das aulas voltarem?

—Bem… Eu… Na verdade estava planejando chamar Lilá Brown para sair. Desde que virei goleiro ano passado ela parecia interessada e esse ano tive coragem de fazer algo… E logo namoramos! Foi legal os beijos e tudo mais… Mas ela era muito grudenta!

—Nós ouvimos a conversa, Rony. Muito maduro seu jeito de terminar com uma garota, né?! Pelo menos eu agi com integridade com Angelina para terminar com ela!  Não usei a namorada de alguém para isso!

—E como eu poderia saber que vocês  estavam namorando? Quando começou isso?!

—...

—...

Olhei para Hermione e ela também me encarava. A verdade é que nunca houve um pedido de namoro. Fui até ela e beija sua mão com delicadeza:

—Hermione, aceita namorar comigo? 

—Com certeza!

A morena sorriu e me beijou.

—Oficialmente o namoro começou hoje. É tudo que você precisa saber, Rony.

—Se você magoá-la, Fred, eu mesmo faço um voto perpétuo de que vou garantir seu sofrimento.

***

No decorrer da semana toda a família continuou visitando Rony com permissão de Dumbledore. Jorge e eu ficaríamos até domingo em Hogsmead cuidando da papelada e medições da Zonco's, então fomos vê-lo quase todo dia.  Ele parou de fazer cara feia para mim, especialmente quando abriu nosso presente de aniversário e era um par de luvas de couro  novas.

—São perfeitas para o quadribol! Obrigado! Pena que não vou poder jogar esse fim de semana já que só recebo alta segunda…

—Quem vai jogar em seu lugar?

Jorge perguntou.

—Córmaco McGregor.

—Vixi… Espero que Harry fique bem. Córmaco era um imbecil no clube de Bexigas. Sempre queria dar ordens, mesmo não sendo o capitão...

Jorge tinha toda razão, o jogo foi um desastre.

Consegui falar com Dumbledore sobre a história de Florean que  tínhamos descoberto e nossas suspeitas de que ele foi para a casa de seu ancestral Dexter Fortescue na Albânia à procura de algo que acreditava que derrotaria Você-Sabe-quem. Dumbledore concordou em nos dar uma missão de rastreamento para fôssemos até lá.

Informei que ainda não tinha a informação do local, mas Hermione seria capaz de ajudar,  pois encontrou um meio de traduzir certas runas que encontramos nas provas e talvez lá haja alguma informação.

—Pelo visto preferiram não usar aquele sistema de pergaminhos para tratar da tradução das runas, é melhor assim.

—Como sabe dos pergaminhos, professor?

—Eu sei de muitas coisas, Frederick. Sei inclusive que você e a senhorita Granger enfim assumiram um relacionamento para a família , o que para um homem a moda antiga significa muito, então lhes dou meus parabéns e desejo felicidades.

Fiquei espantado em como Dumbledore poderia saber de tudo isso …Principalmente de nossos pergaminhos. Foi como se tivesse lido minha mente, pois explicou em seguida.

—A magia, meu caro Weasley, sempre deixa rastros, mesmo os mais sutis. Foi uma forma realmente inteligente de se comunicarem à distância, mas devo alertar que se eu consegui interceptar essa comunicação, receio que alguém do outro lado também possa. Então peço que durante sua missão não use esse ou outros meios não convencionais de comunicação. Sobre a tradução das runas, faça aqui no castelo durante o fim de semana, onde é seguro e eu posso garantir que as informações que encontrem não caiam nas mãos erradas.

Assim, além da enfermaria, tive permissão de ir ver o jogo. Contei para Hermione sobre os pergaminhos e combinamos não conversar exceto em último recurso.

Ela também conseguiu traduzir as runas que estavam na história de Florean e Helena Ravenclaw.

"Ainda tenho bastante sorvete de limão para uma boa conversa, meu velho amigo. 

41º2’20º43’ “

A frase não fazia sentido para mim, mas Hermione ficou empolgada assim que a leu.

— É um recado diretamente para o professor Dumbledore!

—Como sabe disso?

— Sorvete de limão é uma das senhas da sala dele. Harry recebeu uma mensagem parecida para chegar à sala e ter aulas particulares com Dumbledore. Não pode ser coincidência.

— E esse números estranhos? É algum tipo de código trouxa? Essa bolinha não tem a ver com ângulos?

— Mais simples ainda, são coordenadas! Precisamos de um mapa, agora!

Assim, Hermione me pegou pela mão e me puxou para a torre de astronomia. Conseguimos um globo e as marcações de latitude e longitude, segundo Hermione, correspondiam exatamente com um lago na Albânia.

Na empolgação do momento, nos beijamos. Desde nosso último encontro no telhado eu não tive a oportunidade de beijar Hermione e dizer como estou feliz de tê-la comigo. Ela parecia sentir o mesmo, sentir a urgência desse beijo e de como seria difícil nos separar, mas era necessário.

 Se até mesmo Dumbledore concorda com a missão, devemos estar no caminho certo para encontrar algo para combater Voldemort.

Aproveitamos para matar a saudade enquanto todos assistiam a partida. Logo Hermione estava encurralada em uma parede enquanto eu lhe beijava o pescoço. Céus, não me lembrava que o uniforme de Hogwarts tinha tantas camadas! Minhas mãos deslizavam por dentro de sua blusa e eu ouvia a melodia de seus suspiros. 

É claro que era arriscado… Mas já era nossa marca registrada correr alguns riscos junto aos beijos.

Conseguíamos ouvir a narração da partida:

“Setenta a quarenta para Lufa-Lufa!”, anunciou a professora McGonagall ao megafone. Em seguida ouvimos Luna:

“Já?!...Ah, vejam! O goleiro da Grifinória arrancou o bastão de um dos batedores. Talvez seja alguma técnica de jogo de planejaram.”

 Luna comentava de seu jeito exótico, não era como Lino, mas não deixava de ser divertido.

 Do nada, veio um silêncio. Nos aproximamos da janela, vimos um alvoroço de pessoas saindo das arquibancadas… A multidão de vermelha não parecia empolgada como a amarela e, principalmente, a verde, mesmo que nem fossem os Sonserinos jogando. Para explicar essa empolgação...

—Harry…

Hermione pensou o mesmo que eu. Corremos para a enfermaria e de fato Harry estava lá.

Parece que todo ano ele precisa sofrer um acidente durante o quadribol!

—O que aconteceu?

Hermione perguntou ao Rony pois Harry estava desacordado.

—Parece que Córmaco tentou ensinar os batedores a jogar no meio da partida, obviamente deu tudo errado e ele acabou acertado um balaço no Harry quando estava prestes a pegar o pomo - eu podia jurar que Rony tinha se divertido com o acidente do melhor amigo, talvez porque seu subistituto foi um fracasso completo -  essa coisa molenga desacordada é o que sobrou do Harry… Um momento. Vocês não estavam assistindo o jogo? 

Olhei para Hermione e ela estava vermelha, imagino que eu também.

—...Sinceramente?! Prefiro não saber. Primeiro Gina se pegando com o Dino, não preciso saber o que vocês estavam fazendo durante o jogo.

—Era mais ou menos assim, Rony! - Virei de costas e fiz minha melhor imitação de um amasso - com um pouco mais de "Oh! Fred! Fred! ".

Hermione me deu um tapa rindo da encenação, Rony continuava com uma cara de enjoado.

—Pelo menos não vou ter que ver mais  Gina com Dino. Os dois saíram brigando feio da enfermaria quando trouxeram Harry.

—O que aconteceu? Não me diga que o Dino fez besteira com nossa irmãzinha…

— Parece que ele riu do Harry caindo da vassoura e ela não gostou… Bem, acho que eu também riria se estivesse lá.

Olhei para Hermione e ela deve ter pensado a mesma coisa. Quem sabe chegou o momento em que Gina e Harry vão se acertar. Não gosto de imaginar minha caçula com outros rapazes… Mas Harry era um cara legal.

Hermione POV

Logo Rony e Harry tiveram alta e fizemos as pazes. Harry contou sobre a última aula que teve com Dumbledore, sobre Voldemort estar interessado em Horcrux, mas a memória da conversa com Slughorn foi alterada e cabia a Harry conseguir a verdadeira. Harry tentou mais de uma vez falar com Slughorn e não conseguiu o que precisava. Foi assim que Rony acabou parando na sala do professor de poções e foi envenenado.

Tudo parecia tão confuso! Katia ser controlada para levar uma colar amaldiçoado, agora Rony foi envenenado… certamente estavam conectados, mas como?

Harry insistia em Malfoy.

Ele me contou que colocou Monstro e Dobby para vigiar tudo que Malfoy estava fazendo no castelo.

—Harry! Você não tem direito de explorar os dois assim!

Dei-lhe alguns tapas com um jornal.

—Eu vou pagar pelo serviço, eu juro!

Estávamos no Salão da Grifinória esperando dar o horário para que Rony e eu fôssemos para Hogsmead fazer o teste de aparatação. 

Não vi mais Fred desde que Harry foi para o hospital. Ele precisava cuidar dos negócios e planejar sua viagem para a Albânia.

Eu não o veria mais até que voltasse. Agora que não usamos mais o pergaminho, eu sequer teria notícias suas até sua volta. Isso me encheu de saudade!

—A propósito, tentei descobrir algo sobre Horcrux, então  fui a…

—Biblioteca. - Biblioteca!

Os dois completaram minha frase.

—Isso. E Tom Riddle tinha razão. Não há quase nada sobre ela. Só que é uma magia negra terrível, que jamais deveria ser utilizada.

—Isso já sabíamos.

Retrucou Rony.

—Também fui pesquisar sobre o Príncipe Mestiço  e talvez eu esteja certa, Harry. 

—Sobre o que?

—Vejam- apontei um anuário de Hogwarts-Ellen Prince, aluna da sonserina, capitã do time de bexigas de Hogwarts. A data em que estudou bate com a do livro. Pode ser que seja ela A "Príncipe Mestiço" e...Bem, não achei nada de maligno sobre ela. Até se casou com um não mágico. Pode ser apenas uma bruxa talentosa, tenho que admitir que não tenho mais como suspeitar do livro. 

Rony comentou em seguida:

—Isso foi o mais perto que Hermione chegou de admitir derrota.Estou impressionado, Harry!

***

Fomos para o teste de aparatação. Harry não veio conosco pois ainda não  tem 17 anos. Consegui minha habilitação! Rony não passou por muito pouco, só uma sobrancelha que ficou para trás (consigo imaginar Fred e Jorge pegando em seu pé), mas tenho certeza que vai conseguir com Harry ano que vem…

Aliás, haverá ano que vem?

Depois de toda essa confusão, quase me esqueci da guerra em andamento. De nosso treinamento, de que talvez estaremos fazendo uma longa viagem, como a Fred e Jorge para a Albânia.

Quando voltamos para o castelo, nos deparamos com um Harry transtornado e Gina cuidando dele.

—Você  não sabia o que estava fazendo, Harry. Tá tudo bem, foi só um acidente…

Harry estava com a cabeça no colo de Gina e lá ficou até dormir.

—O que aconteceu?

Sussurrei.

—Katia voltou hoje. Ela disse não saber quem a enfeitiçou, mas Harry viu a reação dela ao ver Malfoy. Ele o seguiu. Estavam no banheiro e… Harry usou um feitiço daquele Príncipe Mestiço. Era uma magia negra cruel, Malfoy foi esfaqueado. Eu o segui e vi a cena… Hermione, foi horrível! Snape chegou e cuidou de Malfoy, mas Harry ficou transtornado, é claro que ele não planejava matar Draco. Ele pode ser alguém desagradável, mas ainda é só um aluno, né?

Abracei Gina, Rony ficou ao seu lado. Continuamos daquele jeito até Harry adormecer.

Rony e eu nos encaramos. Tínhamos de esconder aquele livro. Harry às vezes testava feitiços do Príncipe Mestiço em Rony, por brincadeira. Não quero nem imaginar se ele tivesse feito algo assim com esse feitiço.

***

Levei Rony à Sala Precisa para escondermos o livro em meio às centenas de objetos guardados.

—Como descobriu esse lugar, Hermione?

 Rony comentou empolgado pegando uma Goles velha e arremessando-a numa pilha gigantesca de tralhas.

—Rony, eu… Acho que preciso confessar algo.

Somente Dobby sabia o que passei esse ano, nem mesmo Fred sabia do meu tormento com  Kraish. Eu precisava falar com alguém sobre isso. Como eu temi que Harry tivesse corrido risco semelhante.

—Mas porque não contou do Fred? A gente estava meio distante e o Harry como sempre tá cheio de problema… Mas ele é seu namorado, né? - Rony ainda fazia cara feia ao tocar no assunto -  Eu não sou nenhum especialista em namoros, mas até eu sei que esconder coisas assim num namoro é um problema! 

— Mas o que diria? Fred, querido. Lembra do presente que você me deu para me ajudar a estudar? Então, ele estava possuído por um gênio que conseguiu me convencer a fazer um trato com ele e eu passei o ano todo atormentada com a chance dele me controlar! Mas agora tá tudo bem, eu fiz uma runa da magia negra para selar ele no meu corpo e eu só preciso refazer ela pelo resto da minha vida!

— Bem… Sim. Exatamente isso. Ele vai se sentir meio mal, talvez achar que foi culpa dele ou coisa assim, mas tenho certeza que ele vai gostar de saber que você está bem agora e que pode te ajudar a lidar com isso. 

— Obrigada, eu acho… Quem é você e o que fez com meu amigo que tem a sensibilidade de uma porta?

— Acho que perder uma sobrancelha  numa aparatação faz a gente refletir sobre a vida.

Rimos. Eu explicaria a Fred tudo que aconteceu comigo quando fosse mais oportuno.

Quando voltamos, Harry estava melhor. Havia um sorriso bobo em seu rosto e definitivamente ele só fingia estar dormindo.

Gina foi buscar algo para comermos no Salão da Grifinória e Rony subiu para buscar seu xadrez no quarto.

— Ela já saiu, Harry. Conta logo, o que aconteceu?

Perguntei curiosa.

— Dino apareceu aqui enquanto Gina cuidava de mim e... Parece que eles terminaram mesmo.

Sorri para meu amigo.

— Não desperdice essa chance, Harry. Chame Gina para sair logo, antes que alguém tome sua sorte e saia com ela primeiro. - parei um segundo para refletir sobre o que falei - Harry, é isso que você precisa! Sorte! Para conseguir a memória do professor Slushorn.

—Do que está falando, Hermione?

— Felix Felicis, Harry. Você precisa tomar Sorte Líquida.