Edward

— Harry não vejo aqui nenhuma nota de compra em nome de Isabella. – falei olhando as notas pela terceira vez.

— Não chegou nada senhor. Tudo está na sua mesa. – ele estava em pé.

— Mas ela não tinha que montar um enxoval?

— Sua mãe comprou algumas coisas... – ele me mostrou as notas.

— Mas não são vestidos.

— Quer que ela compre vestidos?

— Ela só usa cores escuras! – disse frustrado.

— Bom, podemos enviar uma modista. Tenho certeza que isso poderá ser arranjado.

— O casamento é daqui a dois dias. Não podemos ver isso agora.

Respirei frustrado.

— Pague todas as notas. Deixei os empregados também já com seus pagamentos mensais. Não quero me preocupar com nada.

— A senhorita Tânia enviou notas. – ele disse me apresentando.

Tinha um pouco de tudo. Notas altas. Não que nada disso não pudesse ser pago, mas ela levou a reforma da casa bem a fundo.

— Tapetes. Quadros. Vasos. Uma nova coleção de louça. – ele disse ainda me mostrando mais papéis. – E também tem as damas que precisam ser pagas senhor.

— Acerte tudo. – falei não querendo mais ver nada. – Tudo está ajeitado?

— Sim. Os presentes também foram para Berkshire.

— Presentes?

— Sim. As famílias presentearam o senhor e a senhorita. Uma carruagem saiu há uns dias, fiz cartões de agradecimentos, mas sua mãe mandou um mensageiro com notas de agradecimentos.

— Minha mãe? Posso ver?

Ele mostrou uma caixa de madeira com várias notas curtas de agradecimento a cada um.

— Não é a letra de minha mãe. – era uma letra fina. Delicada e desenhada. Muito bonita.

— Não, a senhorita as fez pessoalmente.

— Isabella escreveu mais de vinte cartões de agradecimento?

— Sim. E com uma assinatura bem específica.

Olhei e vi um S envolvido em um E. Nossas iniciais. Ficou elegante e muito refinado.

— Coloque tudo em envelopes e vamos selar com o selo Cullen. Merecem uma apresentação melhor.

Ficamos fazendo isso por alguns minutos. Harry colocava em envelopes especiais e eu selava com cuidado.

— As famílias ficarão muito surpreendidas senhor.

— Mande entregar tudo ainda hoje. Peça a um entregador particular.

Harry fez o que pedi e me senti feliz de Isabella ter tido esse cuidado. Muito atencioso. Em cada nota tinha um agradecimento particular, mencionando o presente como algo especial. Mesmo que fosse um jogo de Cristal, ela fazia parecer único. Uma amiga de mamãe enviou um jarro e ela disse que ficariam perfeitas com flores silvestres no seu escritório. Os Hales deram um conjunto de quadro renascentistas e ela citou o pintor e sua importâncias para artes e como o colaria na sala de visitas.

— A carruagem está pronta senhor. O senhor deve chegar um pouco atrasado, mas dará tudo certo.

Sim, a viagem foi longa. O tempo não ajudou, mas segundo Harry todos já tinham chegado e estava tudo de acordo. Eu tinha apenas que me vestir adequadamente que tudo estaria orquestrado. O casamento aconteceria em Berkshire a pedido de mamãe, eu achei acomodaria melhor os convidados e poderíamos fazer uma recepção no grande salão de baile que a casa tinha. Mas a cerimônia ocorreria num salão menor e privado. Eu não tinha ideia do que encontraria quando chegasse. Apenas que mamãe tinha me garantido que estava tudo na mais devida ordem.

Berkshire era a maior propriedade que tínhamos. Olhei ela assim que cheguei me lembrando pouco dela, era usada apenas em algumas temporadas por mamãe. O sol finalmente saiu deixando o dia um pouco mais festivo. Entrei com os empregados a todo vapor colocando flores por todos os lados, a casa estava linda. Tinha flores, quadros, cortinhas mais finais do que me lembrava o que dava uma iluminação maior aos cômodos.

— Edward! – mamãe estava linda com seu cabelo arrumado com um arranjo discreto de flores e um vestido de baile verde claro.

— Está linda mamãe! – falei indo até ela.

— Linda? Não viu Isabella querido.

— Vamos que o Padre está querendo fazer a cerimônia. – ela riu – O Arcebispo é muito chato.

— Arcebispo?

— Vitória o mandou para realizar a cerimônia como presente. Ele veio a pedido dela e tivemos que abrigar ele e mais dos padres que vieram. Mas conseguimos ajeitar tudo. Seu ajudante já está tudo e chegou o broche com o novo símbolo.

— O broche?

— Vitória te deu um título novo. O broche com o símbolo novo. É lindo. Isabella tem o dela. Ela mandou um para ela também. Duquesa de Lorne. Ela ficou muito emocionada.

— A senhoria sabia que ela era escocesa?

— Claro que sim, seu pai e eu os conhecemos em uma viagem a Escócia a pedido do Rei. Ficamos na casa deles.

— E por acaso essa casa ainda existe?

Mamãe me olhou estranhou a pergunta.

— Por que não existiria?

— Porque ela veio morar na Inglaterra. – falei como se fosse óbvio.

— Ela passa uma temporada lá uma vez por ano. Mas somente no verão. No inverno fica impossível sair. Os ventos, a neve... – ela parou e me olhou séria. – Vá se arrumar. Pelo amor de Deus estamos em cima da hora.

Jasper estava me esperando sorridente no final da escada quando desci arrumado. Eu estava com as roupas mais formais que tinha. A faixa real, todos os broches e títulos de meu pai que foram passados a mim. E claro, o novo ducado.

— Meu amigo. Pensei que ela fugiria, mas está indo bem. – Jasper brincou e sorri para ele.

— Pelo amor de Deus Jasper.

Fomos andando para o local da cerimônia e me surpreendi com o arco de flores no meio.  O Arcebispo me recebeu com toda reverência, beijei seu anel em sinal de respeito a Igreja. Os Brandon tinham vindo. Alice estava lindo em seu vestido azul claro. Todas as damas estavam com cores claras. Todas tinham arranjos discretos no cabelo. A esposa do Coronel estava segurando um lenço claramente emocionada, não demorou para todos irem para seus lugares e a porta revelar Isabella em toda sua glória com um vestido branco muito bonito, o tecido parecia flutuar enquanto ela andava devagar com o Coronel. Ao contrário das damas ela tinha uma tiara de diamantes e pérolas no cabelo. Ele não estava preso como o de costume, estava um pouco mais solto que o usado e o colar de pérolas ressalva ainda mais sua graça e delicadeza. Todas as olharam com admiração e surpresa.

— Quem entrega essa dama?

— Coronel Jackson em nome de Charlie Swan.

Ela o olhou emocionada. Ele beijou sua testa e peguei sua mão. Percebi que o buque que carregava era de flores brancas com arranjos bem elaborados caindo. Muito elegante.

O Arcebispo demorou em suas palavras, mas ninguém parecia incomodado. Isabella estava radiante ouvindo tudo atentamente. Nos ajoelhamos para receber a benção, seu vestido parecia se moldar a qualquer postura, era branco, o que me deixou muito surpreso. Quando trocamos os votos tradicionais eu vi mamãe enxugar suas lágrimas junto com a esposa do Coronel que olhava tudo orgulhoso.

Coloquei a aliança de ouro amarelo delicado em seus dedos. E fomos declarados marido e mulher. Os convidados aplaudiram e fomos conduzidos para uma parte que pedi para ser feita.

— O que é isso? – ela perguntou entrando no quarto. O fotógrafo estava posicionado.

— Pedi que tirassem fotografias deste dia.

— Fotografias?

— Sim.

Fiz questão de ter pelo menos cinco nossas em posições diferentes. Uma que mais gostei foi dela sentada e eu pé atrás dela. Ela parecia saber se posicionar muito bem. Chamei o Coronel e sua esposa, depois mamãe. Jasper e sua família. Os brandon. Queria muitas fotografias, ela era a noiva mais linda que já tinha visto.

— Hora da recepção. – mamãe disse feliz.

Todas as damas estavam em volta de Isabella olhando seu anel de noivado e suas joias, Alice era a mais interessada. Sorria e fazia Isabella girar para ver os detalhes do vestido.

— Ela está linda não?- mamãe falou quando me viu a encarando.

— A noiva mais linda que já vi. Emprestou suas joias?

— Não. São delas. A tiara era de sua mãe. Ela usou em seu casamento, Isabella quis usar.

— Da sua família. Uma joia de sua família.

— Sim. Eu emprestei o colar de pérolas. O broche que Rainha deu é algo novo. E de azul ela está usando um tecido azul que foi de um vestido da mãe por baixo da saia.

— Algo novo, algo emprestado e algo azul?

—Tradição. – mamãe disse.

— A tiara é linda.

— Sim.

A festa foi recheada de conversas agradáveis, músicos chegaram e todos ficaram um pouco mais feliz.

—Hora de subir. – falei para Isabella. Ela sorriu para mim e Leah logo se aproximou. – Está muito bonita.

— Obrigada. – ela sorriu

— Vamos senhora.

Eu fiquei conversando com alguns cavaleiros e me recolhi. Nesta primeira noite deveríamos dormir na mesma cama, depois que todos fossem embora isso poderia ser revertido, mas a primeira não.

Isabella estava com os cabelos soltos e uma camisola longa. Não revelava muito e ela parecia não se importar quando entrei apenas de robe.

— Foi um casamento muito bonito. – ela disse a vontade.

— Gostei também. Por que branco?

Perguntei e ela corou.

— Branco é uma cor que representa muitas coisas, mas principalmente a pureza. Penso que a pureza de nossos corações deva ser ressaltada em toda e qualquer oportunidade.

— Muito bonita sua letra. – lembrei dos cartões.

Ela deu os ombros como se não fosse nada demais.

— Como está Aurora? – perguntei indo deitar.

— Feliz. Ela tem espaço para cavalgar livre, ela ama isso.

— Tem cavalgado muito?

— Sim. Liz e sua mãe são ótimas. Acostumaram Solar e Lua muito mal. – falou sorrindo.

— Imagino que eles vão sentir falta.

— E dos petiscos que elas davam escondido?

Sorri achando graça.

— Boa noite.

— Boa noite.

E pela primeira vez em semanas eu dormi. Dormi bem. A imagem dela entrando como um anjo ficaria gravada eternamente em minhas memórias. Linda. Não havia como ter tido mais sorte dela ter me aceitado, sim, me senti sortudo.

What do you want to do ?