Ruptura escrita por Sweet Winter


Capítulo 2
Onde as cobras espreitam


Notas iniciais do capítulo

Olá!!

Nada a dizer por aqui, então aproveitem a leitura.

* Os sete primeiros capítulos da história são focados em diferentes personagens, ou seja são focados em pontos de vista diferentes, como forma de introduzir os personagens.

Boa leitura!!!



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Ariadne era jovem e tola. Isso era o que todos diziam.

Em seus 20 anos de idade, cresceu em um castelo rodeada de empregados prontos para servir todos os seus desejos, o conforto e o luxo eram comuns na sua vida. Porém, quando seus pais vieram a falecer, em um ataque furtivo realizado por rebeldes, toda a proteção em cima da menina foi desfeita em pedaços. Sendo a única filha do rei e da rainha, era dever de Ariadne assumir o trono e governar.

O problema era que muitos tinham discordâncias dessa decisão e podiam apresentar muitos argumentos plausíveis sobre o porquê a rainha deveria ser substituída por alguém mais competente, porém nenhuma dessas razões era forte o suficiente para depô-la de verdade, era preciso mais.

E esse pensamento era o que estava afligindo a cabeça da jovem Ariadne, que, mesmo que os outros não notassem, ouvia todos os cochichos e conversas secretas sobre ela, criticando sua ingenuidade e incapacidade de governar. Aquilo a perturbava há dias já.

— Vossa majestade gostaria de prender o cabelo como? — perguntou a criada que a arrumava, acompanhada de outras duas que se mantinham em silêncio e apenas falavam quando necessário.

— Apenas faça o de sempre. Não há nada de importante hoje — disse Ariadne sem realmente prestar atenção. Em outra época ela poderia se preocupar mais com sua aparência, adorava fazer penteados elegantes e usar joias caras, mas agora isso só parecia bobo e fútil.

Para alguém que estava sempre rodeada de servos e pessoas que lhe enchiam os ouvidos com política, Ariadne parecia incrivelmente solitária. Não sorria para ninguém, não saia do castelo para se divertir e até mesmo os grandes bailes pareciam se tornar entediantes. Ariadne nunca havia sentido o que era ficar sozinha de verdade até seus pais morrerem e ela se ver na obrigação de assumir o posto de rainha.

E, junto com a solidão, os cochichos também estavam lhe atormentando. Entrando dentro de sua cabeça através de qualquer buraco que encontrassem, percorrendo seu cérebro, corroendo sua carne, levando até mesmo seus pensamentos em direções perigosas. Tornava-se mais e mais insuportável, Ariadne queria arrancar sua própria cabeça e jogá-la no fogo, quem sabe assim aqueles murmúrios parariam de atormentá-la.

Estava tão distraída que nem percebeu quando as criadas se retiraram do cômodo, apenas olhou ao redor e de repente notou que estava sozinha. O quarto vazio se tornava cada vez mais frio, até o ponto de que Ariadne não suportou e decidiu sair para tomar ar fresco. Pensou que seria uma boa ideia ir aos jardins do castelo, observar as bonitas flores e ouvir os sons dos pássaros.

Com seu longo vestido caro e o porte elegante, atravessou os corredores sem olhar ou cumprimentar aqueles que estavam no caminho. Não estava com paciência para essas pessoas.

— Tão arrogante… — sussurrou uma voz masculina.

Ariadne parou e olhou para trás, para o dono da voz que falava com outro homem. Ao perceber que a rainha lhe encarava ele ficou constrangido e soltou um pigarro.

— Vossa majestade. Como vai? — Se curvou em respeito.

Com um torcer de nariz, Ariadne virou as costas para ele sem lhe dirigir uma única palavra, seguindo o seu caminho.

Por onde andava, inevitavelmente chamava atenção e os cochichos aumentavam. Havia saído para tomar um ar, mas, ironicamente, se sentia ainda mais sufocada com aquelas pessoas ao seu redor.

“Talvez a única solução seja mesmo arrancar minha própria cabeça”, pensou com um suspiro.

O jardim do castelo estava vazio, o que foi um alívio no peito de Ariadne. Sentou-se em um dos bancos, em meio às árvores e flores bonitas, admirando a bela paisagem acompanhada do céu azul e brilhante. Naquele momento era difícil dizer que era uma rainha com diversas preocupações sobre o seu reino, com a vida de pessoas em suas mãos.

Lembrava-se de quando era pequena e gostava de brincar por aqueles lugares, sempre acompanhada de sua mãe. Seu pai, claro, era um homem muito ocupado, portanto tinha uma distância maior com ele, mas ele nunca deixou de demonstrar carinho quando podia.

Se naquela época ao menos imaginasse o que estava por vir…

— Aquela pequena arrogante ainda acha que é superior.

Ariadne virou a cabeça quando escutou alguém falar, ao que parece não haviam a visto ali. Curiosa, não denunciou sua própria presença e se manteve quieta, ouvindo com atenção.

— Ela ainda passa por nós com aquele nariz empinado, como se fosse o próprio Deus.

— Achei que a essa altura ela já estaria fora do trono. O que aconteceu?

— Muita burocracia. Ao que parece não é tão fácil assim substituí-la. Privilégios de nascer filha do rei e da rainha.

A outra pessoa bufou.

— Se tirassem a coroa dela, provavelmente se espernearia para obter de volta. Típico de uma garota mimada.

Ariadne não podia ouvir mais daquelas asneiras, se aguentasse aquilo de cabeça baixa por mais tempo provavelmente enlouqueceria. Em um impulso se levantou e andou com passos firmes na direção dos dois jovens, que se assustaram quando a viram.

— Vossa majes- — nem completou a frase quando Ariadne de repente o empurrou com força, esbravejando:

— Você acha que é tão fácil assim?! Vocês acham que eu estou feliz com isso?! Por que vocês não têm seus pais mortos e também não governam o reino?! Querem assumir meu lugar?! Então fiquem com essa porcaria de coroa! Eu não quero! — A cada frase ela avançava nos dois, com tapas e empurrões. Eles, por outro lado, estavam perplexos, não esperavam uma atitude raivosa assim vinda da rainha.

— Vossa majestade, se acalme — pediam tentando usar uma voz calma. — Guardas! Guardas, por favor!

Os guardas do castelo se aproximaram, sem entender a confusão que havia se armado. Quando viram que o rosto da rainha estava envolvido naquele alarde, ficaram surpresos.

— E vocês ainda se atrevem a chamar os meus guardas?! Os guardas do meu castelo?! Vocês…! — Ela apontou para os soldados. — Se vocês se atreverem a encostar em mim, eu expulsarei vocês desse castelo! Eu expulsarei todos vocês!

— Vossa majestade, por favor… — pediu um deles com súplica, tentando achar um meio de acalmar a garota descontrolada.

— O quê?! Irá desacatar minhas ordens?! Então, aqui eu formarei uma nova lei… — Puxou a espada da bainha de um dos guardas e apontou para aquele com quem falava. — Aquele que for contra sua rainha e o seu reinado, será punido com pena de morte! — E para provar que estava segura do que dizia, passou o fio da lâmina no pescoço daquele soldado, fazendo sangue jorrar incessantemente. — Quem mais irá me questionar?!

Todos estavam estupefatos com a atitude daquela donzela, sem saber como reagir. Muitos se perguntando como ela acabou assim, outros temendo a própria vida.

Sem ninguém para segurá-la, Ariadne saiu pelos corredores, com a espada em punho encharcada de sangue. Seu olhar descontrolado era como o de um animal selvagem pronto para atacar. E foi isso o que ela fez.

Atacou qualquer um que estivesse em seu caminho, lembrando-se claramente dos cochichos pelas suas costas, das frases de desprezo e das expressões de desaprovação contida. De agora em diante, não iria mais tolerar aquilo, não iria aceitar os insultos contra sua pessoa.

Pela primeira vez, Ariadne sentiu o quanto a mão da rainha era poderosa. Podia cortar todas aquelas gargantas ingratas e ninguém a pararia. Não, ninguém se atreveria.

Riu com gosto daqueles que agonizavam no chão. Os que antes falavam mil coisas por trás de si agora mal conseguiam abrir a boca para soltar um grito de socorro. Não havia arrependimento na jovem e tola rainha, apenas o prazer de ver aqueles que mais odiava sofrerem.

Este era o seu reinado, regrado com sangue e mortes, aqueles que a insultavam seriam todos postos em seus lugares. Ninguém tinha poder para impedi-la. Ninguém.

Ou foi o que pensou, quando parou de repente no meio do corredor, com os olhos arregalados de susto.

— O quê… — Seu corpo paralisou de medo, como se estivesse congelado no lugar. Queria correr, mas seus pés não se mexiam. A espada caiu no chão com um tilintar alto, mas Ariadne não se importou em recolhê-la, mesmo que a empunhasse não seria o suficiente para protegê-la daquilo.

Ao mesmo tempo, a enorme sombra negra se aproximava, prestes a engoli-la.


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo finalizado :) o que será que vai acontecer a seguir?

Críticas são sempre bem aceitas.

=^.^=



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