Nossa canção escrita por mjrooxy


Capítulo 4
Capítulo 3




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— Limpa essa babinha no queixo, Jane. - Charlotte brinca descontraída.

— Para de implicar comigo, Char. - Jane pede toda envergonhada.

— Mana, realmente deu para perceber! - provoco também.

Ela suspira resignada e nós três rimos. Realmente, os dois são muito gatos, Charles mais do que esse tal de Darcy, claro. Afinal, que cara intragável, nem cumprimentou direito, parece que tem o rei na barriga.

Volta para o mar oferenda!

Depois de ver os bonitões minha amiga fica eufórica, diz que precisava circular e colher mais informações em prol da saúde mental de Jane. Ficamos só nós duas na mesa, os garçons trazem aperitivos e coquetéis, comemos e bebemos e minutos depois ouvimos a voz de Charlotte:

— 1, 2, 1, 2. - Ela está testando o microfone para se apresentar.

— Essa é minha amiga, arrebenta, Charlotte!

— Boa noite pessoal, para quem não me conhece meu nome é Charlotte. Vou abrir as apresentações, já que ninguém tomou a iniciativa! - Brinca de um jeito divertido.

Na sequência Char inicia os acordes de Tempos Modernos - Lulu Santos ao violão.

— Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isso por cima de um muro
De hipocrisia que insiste em nos rodear

Eu vejo a vida mais clara e farta
Repleta de toda satisfação
Que se tem direito do firmamento ao chão... — Começa a cantar.

O timbre dela é limpo, um contralto muito bem articulado, ela tem a voz bonita e sua técnica de respiração também é perfeita. Por esse motivo, todos começam a prestar atenção na morena de cabelos escuros e a balançar os corpos no ritmo da música. De longe avisto as duas figuras altivas próximo ao palco improvisado, os bonitos estão conversando, pelo que deu para perceber.

A música termina e Charlotte é muito aplaudida, foi uma bela apresentação.

— Agradeço os aplausos, agora gostaria de chamar minha amiga, Liz, para continuar nesse clima! - Anuncia apontando na minha direção.

Eu congelo, como assim eu vou continuar? Tem muita gente aqui, Charlotte você me paga!

Todo mundo começa a me encarar esperando eu levantar e ir até o palco, só que eu travo. É sério, eu sou tímida! Olho para o lado e vejo dois pares de olhos na minha direção, Charles e Darcy me encaram. Jane me olha sorridente e diz para eu ir.

Levanto e sigo para o palco, afinal, eu sou mulher ou um saco de batatas? Que isso, preciso tomar vergonha na cara! Chego lá e sorrio para Charlotte, mas ela irá me pagar depois.

— Boa noite. - Eu digo pegando o violão.

Bato uma nota no instrumento para testar a afinação e claro que está afinado, Charlotte é professora de violão, afinal. Enfim, estou levemente nervosa. Não pela quantidade de pessoas em si mais, porque eu sempre esqueço de tudo quando começo a cantar ou tocar, na realidade, sinto um frio na espinha quando avisto aqueles olhos azuis julgadores tão próximos de mim. O tal de Darcy está de frente para o palco, me encarando com aquela expressão de superioridade e isso me irrita, só de raiva eu vou cantar agora, ah se vou.

Ínicio os primeiros acordes da música perfeitamente, sou multi-instrumentista, lembram?

— Ah, quase ninguém vê
Quanto mais o tempo passa
Mais aumenta a graça em te ver, eh

Ah, e sai sem eu dizer
Tem mais do que te mostro
Não escondo quanto gosto de você, eh

O coração dispara
Tropeça, quase para
Encaixo no teu cheiro
E ali me deixo inteiro ... - Começo a música suavemente, para ganhar força depois.

Meu tom é um mezzo soprano, alcanço notas agudas e graves com moderação, minha extensão vocal é boa, se eu me esforçar chego no soprano tranquilamente. Mas prefiro não forçar.

— Eu amei te ver
Eu amei te ver
Eu amei te ver

Ah, quase ninguém vê
Quanto mais aumenta a graça
Mais o tempo passa por você, eh

Ah, e sai sem eu dizer
O tanto que eu gosto
Me desmancho quando encosto em você, eh

Continuo cantando e esqueço que estou na frente de várias pessoas. Me sinto em casa, é isso que eu gosto de fazer, é isso que eu sei fazer, fecho os meus olhos e só sinto a música. Enquanto isso, os acordes do violão saem sem que eu precise olhar para o instrumento.

Abro os meus olhos depois de alguns segundos e eles seguem instintivamente na direção dos dois, Charles sorri e balança o corpo levemente, está curtindo o momento. Já o outro, me fita com uma expressão que eu não sei decifrar, seus olhos estão nos meus e mesmo eu mantendo os meus fixos nos dele, Darcy não diminui a intensidade do olhar.

A música termina e eu agradeço, colocando o violão no suporte. Outro que venha pagar mico, estou fora. Ouço muitos aplausos e assovios, fazendo com que me sinta bem. Aliás, não ramelei, aleluia!

 


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