Nós - Oneshot Blitzstone escrita por fanstalk


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi oi!

Espero que gostem desse amorzinho só pra fechar 2020 com o pé direito! Vamos fechar como começamos, com Blitzstone!

#2020dadiversidade DEZEMBRO: DIVERSIDADE E INCLUSÃO


LEIAM AS NOTAS FINAIS!!



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A amizade entre Blitzen e Hearthstone começou com um buquê de flores, Blitzen havia acabado de se mudar para a loja ao lado e precisava de buquês de flores para colocar em vasos pelo local, então, no horário quase no fim do expediente, ele foi até a floricultura vizinha e o único vendedor do local era um rapaz alto, talvez uns dois anos mais novo, no máximo, com a pele tão branca que parecia quase luz e olhos igualmente claros, tão claros que pareciam alterar de cor de acordo com a refração da luz.

A primeira coisa que o rapaz albino fez foi entregar um cartão a Blitzen, sua expressão era um nuance entre acanhada e simpática, e ele não pôde fazer muita coisa além de ler o bendito cartão. Em letras grandes estava escrito “Olá, meu nome é Hearthstone, em que posso ajudar?”, e em letras um pouco menores, logo abaixo dessa mensagem, se lia: “Eu sou surdo, me comunico exclusivamente através de ASL e caso escreva seu pedido para mim.”

Blitzen então usou o muitíssimo pouco que ele sabia de ASL para pedir por papel e caneta, o que Hearth lhe estendeu em segundos. Naquele fim de tarde, a comunicação entre os dois foi basicamente feita por papel e caneta e sorrisos direcionados onde Hearth tentava fazer com que o buquê de Blitzen chegasse ao conceito de parada gay e parasse de parecer um circo, até porque em algum ponto eles também trocaram ideias de significados de plantas e cores e Blitzen ficou preso em “conceitos” e não em “visual”. Hearth riu mais de uma vez naquele dia e isso foi o suficiente para fazer com que Blitzen se sentisse confortável para continuar excêntrico. Então foi assim que a amizade entre Hearth e Blitzen começou.

Se você for calcular desse o momento em que ambos se viram pela primeira vez até o momento em que tudo começou a mudar, talvez seis meses seja o resultado. Na primavera e no verão,  a amizade entre Hearthstone e Blitzen passou de tímida para notável, eles pareciam tão íntimos, tão próximos que quem visse na rua pensaria que se conheciam há anos. Na primavera e no verão, os dias de semana passavam com visitas em períodos livre entre as lojas que Blitz e Hearth trabalhavam, conversas entre aplicativos e com o parco vocabulário de Blitz em ASL. Na primavera e no verão foi tempo suficiente para se conhecerem com todos os detalhes. E aí veio o outono. Naquele primeiro dia de outono, Blitzen soube que algo mudaria.

Hearth estava grávido. O pai havia sumido. Hearth não sabia o que fazer porque não falava com a família há anos, ele não queria abortar, mas também não sabia como faria aquilo. Como criar uma criança quando ele não tinha ninguém? Mas Blitzen estava lá, ele pegou na mão de Hearth e disse que aquele poderia ser o bebê deles, afinal haveria amor, o amor de uma amizade, mas ainda amor.

Assim, o outono foi marcado por Blitzen fazendo mais visitas na floricultura, às vezes para comprar um novo buquê para os vasos da loja de roupas que ele administrava, na maioria das vezes, quase sempre, para saber se Hearth precisava de alguma coisa, talvez mimá-lo um pouquinho.

“Você me faz me sentir um doente me perguntando se eu estou bem o tempo inteiro.” Hearth gesticulou um dia.

Blitzen, que secretamente fazia vários cursos online de ASL, conseguira entender a maioria, e apesar de saber que Hearth entenderia mais o que seus lábios diriam do que as mãos, gesticulou uma resposta.

“Você está grávido, e pelo o que eu sei, comendo por dois. Minha mãe sempre dizia que sempre temos que saber quando um grávido precisa de algo ou são dez anos de azar.”

Hearth riu.

“E onde ela viu isso?”

“Ela inventou isso... Quando estava grávida de mim. Palavras de mãe tem poder, quem sou eu para desafiar tal força da natureza?”

Hearth riu de novo.

“Sendo assim, eu aceitaria um chocolate quente em alguns minutos, quando eu entrar no meu horário de almoço.”

“Te busco daqui a pouco então.”

Essa era uma das cenas que mais aconteciam durante o outono, essa mesma cena reproduzida em milhares de maneiras diferentes, e apesar que todos ao redor já terem notado isso, parecia que no pequeno mundinho de Blitzen e Hearth era a primeira vez. Os momentos do outono começaram felizes, radiantes, mas no penúltimo dia da estação, veio a notícia que de fato fez o inverno começar mais cinza do que o esperado.

Hearth havia sofrido um aborto espontâneo.

Hearth havia mandado uma mensagem para Blitzen no início da manhã, a mensagem dizia ter muito sangue na cama e o estado caótico do desespero de Hearthstone vendo tudo aquilo sem ninguém por perto. Blitzen correu seis quadras até o apartamento de Hearth para o encontrar completamente consciente naquele cenário macabro, Blitzen olhou para o cômodo e desejou que Hearth estivesse inconsciente, porque em seus olhos claros havia tanto vestígio de dor e ansiedade e choro que não parecia ser algo que alguma vez o loiro tivesse que experienciar.

“Eu vou te tirar daqui.” Blitzen disse. Ele viu o olhar de Hearth em seus lábios, tentando compreender palavra por palavra. E depois assentindo enquanto uma lágrima descia sua bochecha direita.

Blitzen não lembra se chamou a ambulância ou se colocou Hearth em um Uber, mas lembra que até isso acontecer, ele teve que segurar o rapaz em seus braços, o tirar da teia de lençóis sangrentos e limpá-lo da melhor forma possível, pedindo que não olhasse para o chão, só para os olhos de Blitzen, ou mantivesse os olhos fechados. Pela primeira vez, ele sentiu o olhar de Hearth sobre ele por mais tempo do que o necessário, a primeira vez que Blitzen sentiu que realmente era o porto-seguro de Hearthstone, a primeira vez que se sentira assim desde o dia em que Hearth descobriu que estava grávido. E agora, já não estava mais.

Algumas horas depois, naquele mesmo dia, Blitzen estava com Hearthstone em seus braços mais uma vez. Hearth estava chorando, a notícia do aborto espontâneo sendo confirmada pelo médico tomou toda a cabeça deles, pior ainda foi a intervenção médica dizendo que o ideal seria que Hearth tirasse o útero, e assim foi feito. Hearth estava abalado pelo resto da anestesia de cirurgia e pelas palavras do médico, Blitzen também estava, apesar de tudo ter sido tão inesperado, ele gostava da ideia de ter um filho e ele sabia que Hearth também.

Meses se passaram depois desse acontecimento, Hearth estava tentando voltar ao que era, mas Blitzen sabia que não era fácil, que com o histórico de Hearth era mais fácil afundar do que manter a cabeça erguida, então Blitzen decidiu que precisava fazer algo. Primeiro, ele não confiava em Hearth sozinho em casa, então eles começaram a dividir apartamento, todos os dias Blitzen fazia um café da manhã surpresa para Hearth, todas as tardes ele visitava Hearth na floricultura e todo fim de tarde, ele comprava um buquê de flores minimamente excêntrico que faria Hearth sorrir e o presenteava.

Meses e meses até a primavera chegar mais uma vez, meses até todo o pensamento de Blitzen ser preenchido por Hearthstone de alguma forma, da forma mais bonita possível, e já era começava a ficar um pouco estranho presentear Hearthstone, porque toda vez que seus olhares se conectavam, Blitzen automaticamente olhava para os lábios finos e rosados de Hearth. Demorou mais uma hora depois de tantos meses para que Blitzen olhasse para Hearthstone e percebesse que caíra mais uma vez no clichê de estar apaixonado pela melhor amigo.

E por isso, ele manteria silêncio.

[...]

Se sete era um número simbólico, o número perfeito em tantas culturas e tradições, então aquele seria o ano em que talvez Hearthstone finalmente diria para Blitzen que havia um problema entre eles, e o problema era que eles ainda continuavam amigos.

Hearth não se considerava um romântico, pelo menos não um incorrigível, mas ele sabia que ficar com Blitzen parecia destino, alguma força superior constantemente o levava a ele e quem era Hearth para ir contra?

Quer dizer, Hearth sabia de suas limitações, ele era albino, surdo e gay, ele sabia que toda aquela coisa de inclusão dentro da comunidade LGBT era só história para colocar em jornais, porque na prática, era uma hierarquia seguindo uma pirâmide de padrão físico, e só nesse quesito, Hearth já estava descartado, ele também era um homem trans, então lá estava o rebaixamento para a pirâmide mais baixa. A questão era: ele esperava que ocasionalmente Blitzen ficasse mais distante quando todo aquele atrito e tensão “mais que amigos” sobrevoasse eles, mas Blitzen ficou, e correspondeu cada flerte e cada situação merda, mas mesmo correspondendo, ele nunca dizia nada sobre querer ser algo mais de Hearth. E isso sim era uma bela bosta.

Hearth queria beijar aquele anão filho da puta que sabia exatamente o que fazer para lhe tirar o fôlego e o melhor sorriso do dia, mas não tinha atitude para dispensar Hearth de uma vez por todas, dizer que nunca seria mais do que amizade entre eles, parar de alimentar as falsas esperanças de Hearth. Nada.

E mesmo assim, Hearth começou o dia como se fosse qualquer outro. Levantou da cama, foi até o banheiro e escovou os dentes, colocou alguma roupa confortável e checou no celular o horário, dez da manhã do último dia do ano. Ele suspirou, já imaginando tudo que teria que fazer para o fim do ano, mas saiu do quarto e encontrou Blitzen na cozinha fazendo o café da manhã deles, usando apenas seu pijama e dançando “Singles Ladies” da Beyoncé, ele pôde notar isso pela coreografia que Blitzen imitava.

Hearth observou toda aquela pompa com um sorriso no rosto e depois olhou para a janela do apartamento, parecia que era só mais um dia qualquer, mas era a virada do ano, Hearth nem tinha ideia ainda do que iria vestir, ele só tinha até agora uma meta para o ano seguinte e era a mesma meta há anos.

Blitzen cutucou Hearth e apontou para o prato com torradas, ovo frito, salsicha e bacon, e depois colocou um suco de laranja em um copo ao do prato. Depois sorriu, aquele sorriso grande, com barba por fazer e um resquício de sono, tudo completamente genuíno como Blitzen sempre é.

“Dormiu bem?” Blitzen gesticulou.

“Mais ou menos, acho que dormi numa posição errada, uma parte da minha coluna está doendo.” O rosto de Blitzen se tornou algo muito próximo da preocupação “Mas não é nada.”

“Você estava com dores ontem, tem certeza de que não é nada?”

“Sim, ainda podemos continuar os planos para a virada do ano.”

Blitzen ergueu a sobrancelha enquanto comia seu café da manhã.

“Você pretende mesmo ficar em pé no frio de Boston e ocasionalmente ir de bar em bar?”

“Foi o combinado.”

“Podemos fazer algo mais doméstico, Hearth, você sabe. Podemos só subir no terraço, colocar algumas luzes e ver os fogos de artifício sendo estourados de algum ponto da cidade.”

“Guardamos isso para o plano B.”

“Se é assim que prefere...”

“Prefiro!”

“Alguém acordou mandão hoje, hm?”

“É o meu charme!”

“Eu sei bem disso...” Blitzen gesticulou no fim e continuando a comer o prato de café da manhã sem erguer a cabeça até que tivesse terminado.

Hearth fez o mesmo, comeu o café da manhã pensando no que tinha que fazer naquele dia e olhando esporadicamente a manhã do lado de fora, parecia insuportavelmente fria. E Hearth teria que sair em poucos instantes. Quando Blitzen foi para o quarto se arrumar, Hearth recolheu tudo da mesa e começou a lavar as louças. Era uma regra: Blitzen cozinhava, Hearth lavava. E estava bom assim.

Hearth demorou para acabar, mas quando se virou, Blitzen estava novamente na cozinha, ele escrevia duas listas na bancada, provavelmente a lista de coisas que eles deveriam fazer antes da virada do ano, os preparativos. Hearth deve ter ficado parado uns cinco minutos analisando a cena, mas lá estava um sorriso quando Blitzen terminou a tarefa e o notou, ele disse algo sem ser em ASL e Hearth demorou para decifrar, afinal, ler lábios ainda era difícil, mas antes que pudesse realmente entender, Blitzen colocava a lista de Hearth no bolso da camisa do loiro e lhe dado um selinho rápido em sua boca antes de ir embora.

Foi só quando a porta bateu que Hearth realmente entendeu o que tinha acontecido. Blitzen havia lhe beijado, não necessariamente um beijo de cinema, mas aquele beijo de quando você já está tão doméstico que um selinho é o suficiente. Blitzen o havia beijado. Hearth se sentia energizado e corado e com toda a porra de disposição para fazer tudo.

Tudo iria dar certo, tudo.

[...]

Tudo tinha dado errado no momento em que Hearth virou a esquina, tropeçou em algo, deslizou em uma parte com gelo no asfalto e torceu a porra do tornozelo. Felizmente, ele já havia completado toda a lista, a catástrofe aconteceu quando ele decidiu ir num café perto de casa para pegar alguns bolinhos para mais tarde.

“Você está bem?” foi a primeira coisa que Blitzen gesticulou quando chegou em casa.

Hearth tinha mandado uma mensagem dizendo que havia torcido o pé e que, apesar da dor, não se sentia mal, mas também não conseguia ficar em pé por mais que dois minutos, o tempo que levava para ir da sua cama até o banheiro do quarto. Blitzen não respondeu, mas ali estava todo o desespero que Hearth esperava do rapaz.

“Só com um pouco de dor. O médico disse que eu preciso manter o tornozelo para cima e não posso forçar ficar em pé, então... Desculpa, eu arruinei o nosso fim de ano.”

“Você nunca arruinaria nada, eu acho que você deveria descansar agora. Dorme um pouco, quando você acordar, tudo vai estar resolvido.”

Blitzen usou seus dedos para fechar delicadamente os olhos de Hearth, e Hearth acha que talvez ele tenha dito algo, porque ele sentiu um pouco do ar da fala batendo contra sua orelha, e três segundos depois ele estava sonhando. Sonhando com Blitzen segurando sua mão e o chamando de namorado, de noivo e de marido. Foi assim que Hearth percebeu que era apenas um sonho, porque definitivamente não faria isso na vida real, mesmo que pelos olhos dos outros eles já agissem como um casal de esposos.

Quando o Blitzen do sonho foi lhe dar um beijo definitivamente apaixonado, Hearth acordou, e pelo relógio de seu celular já passava das sete horas da noite. Ou seja, ele havia dormido demais, mas seu tornozelo parecia melhor e ele se sentia definitivamente melhor.

Ele levantou da cama e buscou novamente pelo celular, mandando uma mensagem para Blitzen e depois pensando em como tomaria banho e se prepararia para o fim de ano, porra, era incrível como o dia começava bem e terminava assim. Bom, pelo menos ela já tinha um reflexo de seu futuro.

[...]

Blitzen abriu a porta do quarto de Hearthstone e, felizmente, Hearth estava com uma roupa de sua cor favorita, mas nada comparado a como Blitzen estava. Hearthstone sempre teve a impressão de que Blitzen ficava bonito em qualquer traje, qualquer situação, o que realmente potencializava como Blitzen estava agora. Deslumbrante.

Ele vestia um terno em vermelho escuro e ouro, como se fosse da realeza, seu cabelo estava trançado com cores de ouro e prata, a barba rala estava feita, um delineador em tom ouro velho marcava seu olhar, as unhas estavam pintadas de laranja, a calça era de cor amarela, os sapatos pretos e engraxados, Blitzen parecia um popstar da moda ou um filantropo rico que nunca olharia para Hearth, mas por baixo de toda aquela roupa ele ainda era Blitzen, completamente aéreo sobre o quão bonito, deslumbrante e, Hearth ousava dizer em seus pensamentos, gostoso ele ficava 24 horas por dia o tempo todo. Uma prova disso era como ele olhou para o loiro, vestido em um smoking violeta e por baixo um moletom amarelo que combinava com as calças de Blitz, além de uma calça jeans de lavagem escura e meias de pares diferentes, uma era cinza e a outra branca.

Blitzen olhava Hearth como se visse um deus, e isso fazia Hearth corar como nunca.

“Está melhor agora?”’

“Eu estava bem antes.”

“E está ainda melhor agora?” havia um sorriso de Blitzen que abria à medida que Hearth era indiscutivelmente atrevido e teimoso.

“Estaria melhor se tivesse ajudado com os preparativos do fim do ano.”

“Não precisava.”

“Mas eu queria.”

“Você ficou bem melhor dormindo, e eu adaptei as coisas.” Blitzen abriu mais a porta “Vem, vou te mostrar.”

[...]

Uma nevasca começou a cair perto das oito da noite, então isso significava que os convidados não poderiam mais ir até o apartamento de Hearth e Blitzen, as ruas com pessoas foram evacuadas e a ordem era para que ninguém saísse até o dia seguinte ou até a nevasca passar, o que viesse primeiro.

Blitzen havia tornado o plano B da festa uma realidade adaptada, subir até o terraço do prédio incluía obrigatoriamente escadas, o que impedia Hearth de chegar até lá em seu atual estado, então ele montou tudo dentro do apartamento dos dois, tudo decorado com enfeites em cor prata e dourado, havia uma ceia pronta em cima da bancada da cozinha e uma mesa decorada para o jantar, havia também várias velas junto com outros artigos de iluminação e uma playlist do Youtube tocando as melhores músicas do ano com um intérprete de libras. E tudo só para eles.

Blitzen colocou Hearth no sofá com a perna para cima e depois foi buscar taças de champanhe, que como Hearth estava tomando remédios, se tornou cidra de maçã. E queijinhos, e suco de uva integral com bastante gosto de vinho. E uma conversa agradável e cheia de flertes que fazia com que o pobre coração de Hearth batesse rápido demais e deixasse seus pobres sentidos esgotados.

“Você está bem?”

“Sim.” Hearth gesticulou bebendo mais cidra.

Blitzen estava tão perto e Hearth estava tão profundamente embriagado pelo perfume de Blitzen que se não se controlasse poderia acidentalmente beijá-lo. E já bastava o beijo não debatido do início da manhã que era para ser o primeiro, mas poderia muito bem ser o único.

“Vou servir o jantar.” Blitzen disse.

E saiu. Deixando Hearth e seus sentidos em combustão. Imaginando mais um beijo.

[...]

O jantar foi... estranho? Talvez com mais tensão que o esperado. Que o normal. Hearth tinha certeza de que ele não estava olhando para os lábios de Blitzen porque queria lê-los, e nem mesmo Blitzen olhava os seus para checar se tinha uma sujeira ao redor. Era só pura tensão, essa mesma tensão que se acentuara com todos os eventos do dia.  

Hearth decidiu que ele daria um fim na tensão.

Assim que voltasse do banheiro depois de fazer xixi e lavar o rosto e recobrar pelo menos 1% de seus sentidos que não paravam de zunir ao redor de Blitzen.

Então ele só saiu para o banheiro e passou dez minutos lá dentro, e quando saiu, havia um bilhete de Blitzen na bancada. Dizia que já voltava, que havia alguém na portaria. O relógio marcava dez minutos para a virada. Ele precisava mesmo ir até a portaria naquele instante?

Hearth tinha planos, seu plano era dar um jeito de beijar Blitzen na virada apenas para poder passar todos os anos seguintes lhe beijando, e se as forças superiores permitissem, com um título à altura. Hearth não se importava de se chamar de senhor Blitzen.

Com o celular no bolso, o tornozelo torcido e sentidos aguçados, Hearth saiu do apartamento trancando a porta, correndo, ou tentando, pelo corredor até o elevador e descendo até a recepção pedindo que Blitzen ainda estivesse lá, que ele encontrasse Blitzen na portaria esperando por ele e por um beijo na virada. O elevador levou quase cinco minutos para chegar no térreo, uma vez que a maioria das pessoas estava chamando o elevador para sair e sei lá, passar a virada com uma ventada de neve na cara, pessoas podem ser estranhas.

Mas finalmente Hearthstone havia chegado na recepção, Blitzen estava de costas, falando algo no celular, talvez, mas Hearth tirou o celular do bolso, colocou no aplicativo já conhecido e tocou no comando de fala pelos menos umas cinco vezes onde uma voz feminina robotizada exclamava o nome de Blitzen em um volume extremamente alto, e a medida que ia tocando no comando, ele ia se aproximando de Blitzen.

Ele estava criando a porra de uma cena, mas seus pobre sentidos e coração já não aguentavam mais, foram sete anos assim e mais aqueles flertes e o beijo e a tensão, ele estava tão determinado a reclamar o que era seu.

Blitzen se virou e Hearth automaticamente guardou seu celular e começou a gesticular.

“Eu não aguento mais ser seu amigo, eu preciso beijar a sua boca.”

Primeiro, Blitzen ficou chocado, atônito. Mas depois ele sorriu, se aproximou de Hearth e o beijou. O beijou com tanta intensidade que Hearth nunca pensou que um beijo poderia o deixar sem ar, os dentes de Blitzen mordendo seu lábio inferior, a língua, os dedos firmes em sua cintura, era como se não tivesse nada ao redor e tudo o que importasse eram aqueles segundos em que eles estavam presos.

Foi difícil se separar, quando o grande beijo acabou, eles relaram os narizes e voltaram para o beijo, e isso aconteceu por pelo menos umas cinco vezes antes de Blitzen realmente olhar ao redor e então para Hearth e gesticular “Feliz ano novo!” antes de mais um beijo.

Sim, 2021 seria bom, pelo menos já estava ótimo para Hearth. E também para Blitzen.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?

Tentei fazer esse fluffy da melhor maneira possível e eu espero que vocês digam o que acharam pelos comentários! Feliz ano novo para vocês e a gente se vê no ano que vem!!

me sigam no Twitter: @pipeynaallstark ♥

Xx

Lah ♥



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