O destino chama escrita por LC_Pena, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Presente de Natal levemente atrasado para minha amiga secreta Isa, espero que se divirta lendo, tentei usar o máximo de elementos que você pediu!



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As paredes de pedra da caverna pareciam grossas o suficiente, mas apenas quando o barulho de um batalhão completo da guarda real deixou de ser ouvido, James teve plena certeza de que estavam muito perto do coração da montanha.

Isso e o calor absurdo que fazia naquele lugar esquecido pelos deuses.

Assim que a próxima virada nos corredores apertados da caverna terminou em um salão de pedras rústicas amplo, com um imenso abismo cortado apenas por uma ridícula ponte feita de cordas e madeiras velhas, sentiu o toque de Lily em seu peito, o parando.

— Ele está perto, eu sinto. — Lily falou emocionada, olhando as paredes do outro lado quase com adoração.

A escuridão não o deixava ver muito, mas o caçador de recompensas sabia que a moça a sua frente estava com um sorriso suave no rosto, os grandes olhos verdes brilhando com a antecipação.

Conhecia a princesa muito bem agora para sua própria paz de espírito.

— Essa é uma grande notícia, porque eu confio a minha vida a coragem de Sirius e até estou disposto a dar um voto de confiança a astúcia do seu Sir Lupin, mas os soldados de seu pai logo estarão aqui, isso eu posso te garantir. — O homem disse baixo, com medo de sua voz causar a queda de uma ou de centenas de estalactites no teto abobadado do lugar.

— Acredito que seja hora de você retornar para ajudá-los, James. — A mulher respondeu, se virando para olhá-lo nos olhos. Chamá-lo pelo seu primeiro nome tinha sido um golpe baixo e Lily parecia estar ciente disso.

— Sua Alte... Lily. Você me contratou para ajudá-la a domar um dragão e, com todo o respeito, se eu te deixar enfrentar a criatura sozinha agora e você acabar morrendo, tudo isso terá sido em vão! — James gesticulou aleatoriamente com a mão, se referindo a caverna, ao treinamento, a missão... A tudo que haviam vivido nas últimas semanas. — Me deixe ir com você, princesa!

— Sua missão era apenas me trazer aqui e você fez muito, muito mais do que isso. — Lily se aproximou dele, entrando completamente no círculo de luz emitido por sua tocha. Agora sim James podia ver seus olhos. — Você acreditou em mim quando ninguém mais fez!

— Acreditei em você, porque você não me deu outra escolha. Eu ainda tenho os hematomas para provar. — O caçador respondeu com um de seus sorrisos marotos, que dessa vez não alcançou seus olhos. Mudou o tom de voz para um mais sério — Sabe que se morrer aqui nessa montanha, todos nós morreremos, não sabe?

Não completou, mas desejava que a princesa pudesse ver em seu rosto o que não podia falar em voz alta: se ela morresse, não importava que ele conseguisse escapar, pois havia muitas formas de um homem morrer em vida.

— Sempre soube que não tenho a opção de falhar. — Ela falou tocando em seu rosto e James soube, finalmente, que não estava ficando louco, ela sentia o mesmo que ele.

— Tem a opção de ficar viva e ver outro dia, princesa... Esse não tem que ser o fim para você. — Tentou uma última vez, mas sabia reconhecer uma causa perdida quando via uma.

E agora ele conhecia, como conhecia a seu próprio mau gênio, aquele brilho determinado no olhar da princesa Lily. Pelo visto era verdade o que diziam, as ruivas eram mesmo as mais determinadas e teimosas.

— Ganhe tempo para mim e fique vivo.

— Eu vou ten-

— Não vai apenas tentar, James, você vai ficar vivo, está me ouvindo? Fincará o joelho no chão e se entregará aos guardas, se for preciso, mas você ficará vivo, não importa o quê, promete? — Lily agora segurava seu rosto com as duas mãos e o olhava como se só houvesse uma única resposta aceitável para seu pedido.

Ele tinha certeza de que com ela isso era sempre verdade.

— Eu prometo. — Sussurrou, encantado de poder ver a mudança drástica da expressão da mulher, de determinação para alívio.

Só não esperava sentir os lábios suaves de Lily nos seus, um toque tão leve, que se não tivesse visto, talvez pudesse ter confundido com uma simples brisa da montanha fora de lugar.

— Te vejo do outro lado, James.

Ela soltou seu rosto e lhe deu as costas, com um último olhar travesso por sobre os ombros, enquanto atravessava a ponte. Ele levou alguns segundos para entender completamente o que ela havia dito.

— Ei, o que quer dizer com “do outro lado"? — Perguntou pateticamente, recebendo uma piscada travessa assim que ela terminou de atravessar a ponte. Lily retirou a espada das costas e a usou para cortar o único caminho possível até ela. — Pelos deuses, você ficou louca, mulher?!?!

— Sempre fui e você sempre soube, desde a primeira vez que me viu. — Ela respondeu com a voz já sumindo, à medida que se distanciava túnel adentro. James meneou a cabeça, incrédulo.

Havia se alistado para a busca de um dragão perdido com nada mais que um nobre em desgraça, um cavaleiro rabugento e uma princesa, que acreditava ser uma guerreira de dragões predestinada... E essa nem era a parte estranha de sua história!

Porque aquela mulher estava louca de jogar pérolas aos porcos e comer repolhos pela raiz e ele estava completamente apaixonado por ela!

— Boa sorte, Lily!

***

Não acreditava que havia feito aquilo, tinha deixado para trás toda a ajuda com a qual podia contar nesse final de percurso, tudo porque tinha essa certeza ilógica na mente de que havia nascido para isso.

Não sabia como.

Nem quando.

Nem o porquê.

Mas a princesa Lily Evans tinha, desde seu primeiro raciocínio lógico na vida, a certeza de que seria a primeira pessoa, depois de séculos, a ganhar a domar um dragão!

Por toda sua vida esperou o momento de, além de ter a honra de trazer de volta um reinado de cavaleiros de dragões para o seu lar, conseguir legitimar, diante de todo o Conselho do rei, o seu lugar como futura soberana do reino, de uma vez por todas!

Bem, isso tudo parecia um destino perfeito, agora ela só precisava encontrar e domar o tal dragão.

Respirou fundo, tentando acalmar as batidas de seu coração. Sim, estava sozinha, mas havia pessoas que dependiam de seu sucesso e, no fim das contas, domar um dragão não devia ser tão difícil quanto suportar o descrédito dos nobres, dos conselhos e acima de tudo, de seu pai, o rei.

Caso falhasse com o dragão apenas morreria e seria uma morte rápida, com toda certa, fato pelo qual era grata.

— Que deprimente, Lily! — Resmungou para si mesma, ajeitando melhor o capuz que cobria seus infames cabelos vermelhos. A chama da tocha que levava tremeu e diminuiu de intensidade, à medida que avançava pelo túnel cada vez mais apertado.

A lógica lhe dizia que não havia como um dragão realmente ter passado por entre aquelas paredes esculpidas naturalmente, mas o leve tremor ritmado e calor que emanavam das pedras contava uma história diferente. Aquela devia ser uma fera inacreditavelmente grande...

O ruído de respiração bestial ficou mais intenso, limpo, sem obstáculos. A jovem sabia que na próxima curva estaria todo o seu destino, um destino incerto, mas ao menos um escolhido inteiramente por ela.

Uma última prece para qualquer divindade que, por um acaso, estivesse a escutando agora, então Lily deu um passo em direção ao inimaginável.

Olhos verdes em olhos amarelos, a fera a encarou como se já soubesse de sua presença, não pelo cheiro ou pelo barulho de suas botas no chão coberto por cascalhos, mas sim por um conhecimento muito mais poderoso do que o provido pelos sentidos mundanos.

E a partir daquele momento, a princesa soube: finalmente não havia nada mais a temer.

***

Black sacodia um dos pés cruzados sobre a perna oposta com impaciência. Verdade fosse dita, era preciso ter uma arrogância de berço incrustada na alma para um homem agir com tanta displicência diante da foice do carrasco.

— Eu preferia ser enforcado. — Declarou para ninguém em particular, arrancando um risinho do melhor amigo no outro lado da cela. — Sempre tive um apego descabido pela minha garganta...

Sir Lupin apenas revirou os olhos para o comentário, mesmo que estivesse pensando algo similar. Ele, como um dos fiéis cavaleiros do rei, preferiria morrer pela ponta da espada de um inimigo e não decepado em praça pública por traição contra a Coroa.

Bem, cada um com suas preferências.

— Tenha um pouco de fé, velho amigo, já disse que vamos sair dessa. — James declarou com um sorriso tranquilo, apoiando melhor as costas na parede quase encurvada da cela apertada.

— Não me leve a mal, Prongs, todos nós estamos devidamente encantados pela doçura de Sua Alteza, mas sendo um pouco mais realista aqui, acha mesmo que aquela garota magricela que treinamos tem chances contra um dragão? — Sirius questionou com uma careta de pena no final da sentença, pois estava claro que seu pobre amigo havia se deixado enamorar pela princesa e aquilo estava prejudicando o seu já parco bom senso.

— Cuidado como fala da princesa, Black. — Remus resmungou de olhos fechados, mais por força do hábito do que qualquer outra coisa. Aparentemente a ironia de sua irrefreável lealdade a Coroa ainda não podia ser deixada de lado.

— É lorde Black para você, Sir Lupin, se você insiste nas formalidades... Deuses, ao menos podiam nos colocar em uma cela individual, eu certamente apreciaria poder usar o urinol sem plateia. — O nobre caído em desgraça acrescentou com um suspiro enojado, lançando um olhar desconfiado para o sujeito com ares de roedor que o encarava na cela da frente.

— Você acabou de falar uma verdade agora, Pads... Não, não. Não sobre o urinol! Me referia a princesa. — James dispensou a pergunta não dita do amigo com a mão, animado, se levantando para logo se arrepender, já que a cela, além de estreita e sem privacidade, tinha um ridículo teto baixo. — Treinamos a princesa muito bem, meus caros!

— Ela certamente se tornou melhor do que vocês dois no duelo com espadas... — Sir Lupin apontou com o primeiro sorriso sincero desde que haviam sido capturados no topo da montanha de Godric.

— Ou talvez tenhamos apenas deixado ela ganhar para adquirir um pouco de confiança, porque é isso o que bons mestres fazem! — Sirius sugeriu com um sorriso cínico.

— Talvez vocês apenas tenham...

— Ei, shhh-shhh! Silêncio, vocês dois! Estão ouvindo isso? — James perguntou, encostando a orelha na parede, que com certeza devia estar orientada para o agitado mar que cercava a temida prisão de Azkaban.

— Estou ouvindo apenas o irritante barulho das ondas e do... Não, espera! Agora eu ouvi também! — Sirius falou surpreso, enquanto se aproximava do mesmo ponto em que James tentava ouvir melhor o ruído. — Isso são... Asas?

— Senhores, acho melhor se afastarem dessa parede... — Remus sugeriu em dúvida, porque se fosse o que estava pensando, talvez sua cabeça já tivesse caído na cesta do carrasco, com sua mente ainda lhe pregando uma última peça.

Sirius e James não esperaram uma segunda sugestão, se colocaram o mais longe daquela parede que sua diminuta cela permitia, ao lado de Remus, contra as barras de metal que impediam sua fuga.

O barulho ficou mais intenso, então mais distante, o que deixou os três homens confusos, até que as asas retornaram, dessa vez no final do corredor entre as celas, longe o suficiente para que precisassem se apertar contra as barras de ferro do cubículo para ver toda a ação melhor.

Um ruído leve de metal no metal soou na janela acima da cadeira onde um vigia pouco amedrontador cochilava, fazendo o outro pobre prisioneiro misterioso olhar para o local, então para os três homens ainda intrigados a sua frente.

— Me levem com vocês, por favor, milordes! — O homem com a aparência de um camundongo gorducho implorou, porém, antes que qualquer um pudesse lhe dignar uma resposta, toda a parede leste da prisão foi arrancada em um único momento.

Assim que o barulho ensurdecedor e a nuvem de poeira diminuíram, James pôde se fixar na melhor imagem que já tinha visto em toda sua existência. Aquilo certamente deveria ser eternizado por um artista talentoso, porque beleza e força era a combinação mais potente em que o home podia pensar.

— Sempre me perguntei o porquê dessa prisão ser tão alta e no meio do mar... Acho que foi o destino querendo facilitar minha vida, porque isso foi muito conveniente. — Lily provocou assim que pisou na borda incerta do que havia restado da parede de pedras.

— Sua Alteza, a senhora está...

— Deuses, princesa! O pobre guarda que estava nessa parede ainda está vivo? — Sirius questionou assombrado, vendo a garota ruiva arrastar um gancho ligado a uma corda da grossura do braço de um homem para perto da cela em que se encontravam.

— Espero que sim. — A moça respondeu, encaixando o gancho na barra de metal, quase acertando a mão de Sirius no processo. — Agora se afaste um pouco das grades, sim?

— O que aconteceu com o plano de se apresentar a seu pai como a herdeira legítima do trono e nos tirar da prisão pelas vias legais, Sua Alteza? — Remus perguntou tudo em um só fôlego, fazendo os dois companheiros de cela o encarararem exasperados. — O que? Só eu estou curioso para saber o porquê de tal chegada dramática?

— Estou tirando a corda do seu pescoço, Sir Lupin, você devia apenas ser grato. — Lily respondeu sarcástica, dando tapinhas na mão do homem, ainda agarrada na grade que pretendia remover.

— O rei não aceitou elegantemente esse seu ato de independência, não foi? — James perguntou em voz baixa, porque sabia o quanto a aprovação do pai era importante para sua princesa.

— Bem, ele cairá em si mais cedo ou mais tarde. — A princesa respondeu em um tom tenso, mas sorriu assim que seus olhos encontraram os do seu caçador de recompensas tão querido. — Até lá... Que tal um pouco de aventura, senhores?

Deu uma piscadinha para James, então fez um último gesto para que os homens se afastassem da grade, entrou em uma das celas vazias ao lado do grupo, e por fim, assobiou com toda a força de seus pulmões para a criatura do lado de fora da prisão isolada.

O gancho e a corda se tensionaram rapidamente e em menos de dois segundos, a então bastante impressionante coleção de grades de uma das celas mais altas da infame prisão de Azkaban foi arrancada completamente.

Assim que tirou as mãos dos ouvidos, Remus olhou para a sua amiga de infância e soberana com um olhar, misto de exasperação e sarcasmo, que lhe era tão característico.

— Acredito que as chaves da cela estavam penduradas na parede, Sua Alteza!

— Parede essa que ela atirou no mar, meu caro Sir Lupin... — Sirius acrescentou, depois sorriu amarelo ao ver o olhar perigoso da garota ruiva a sua frente e do cavaleiro ao seu lado. — Não estou reclamando, só informando.

— Bem, o importante é que está feito, agora... Que tal uma volta de dragão, senhores?


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Notas finais do capítulo

Conto engraçadinho para deixar esse fim de Natal mais leve!

Bjuxxx



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