Ébrio Por Você no Fim de Ano escrita por teffy-chan


Capítulo 2
Capítulo 2 – Ano Novo


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é narrado pelo Naruto.
Feliz ano novo para todos!



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Ainda não conseguia acreditar que aquilo tinha mesmo acontecido.

 Meu plano funcionou, mas não do jeito que eu esperava. Preparamos aquela festa, espalhando visco por toda parte estrategicamente como um plano B caso eu não conseguisse reunir coragem suficiente para me declarar para Sasuke por conta própria, e então usasse a tradição do visco como uma desculpa. Bem, na verdade toda a turma sempre se reunia para comemorar o Natal, mas este ano a data possuía esse objetivo em particular. Bom, eu meio que atingi minha meta. Consegui dizer a Sasuke que o amava, o beijei debaixo do visco… na verdade foi muito mais do que apenas um beijo… mas a que preço?

 Eu estava completamente ébrio por causa daquele maldito ponche que Kiba me convenceu a beber. E que eu ingeri mais do que aguentava… muito mais. Não é como se eu nunca tivesse provado álcool antes, mas era aquele tipo de sakê fraco servido nas barraquinhas dos Festivais. Porém tinha completado a maior idade há poucos meses então não havia mais problema em beber e estava desesperado para conseguir uma forma de criar coragem para dizer a Sasuke como me sentia. Tudo isso acabou resultando no que provavelmente foi a maior besteira que já fiz na vida.

 Minhas lembranças do que aconteceu estavam um pouco embaralhadas, mas o que eu recordava com clareza era terrivelmente constrangedor. A forma descarada como dei em cima dele. O jeito como eu simplesmente falei “eu te amo” com tanta facilidade, aquelas três palavras que tanto custei a dizer, simplesmente porque ele se ofereceu para me levar para casa ao notar que eu estava bêbado. E também teve aquela hora em que eu disse para ele se aproveitar de mim enquanto ele resistia aos meus avanços… céus, eu disse mesmo aquilo? Ele deve achar que sou um pervertido!

 Também me lembro que em algum momento ele parou de falar… nós dois paramos. Lembro dos beijos quentes dele e das mãos firmes percorrendo meu corpo… céus, o meu rosto queima só de lembrar. E ele… acho que ele tirou a minha roupa também… ou fui eu quem tirei? O quanto eu tinha tirado mesmo? Não me lembro… mas tenho certeza de que teria deixado ele fazer o que quisesse comigo naquela hora. Céus, como eu sou burro! Burro!

 Lembro de ele ter pedido para que eu parasse de provocá-lo, acho que mais de uma vez. Fazia sentido, ele não era o tipo de pessoa que se aproveitava dos outros… mas eu mesmo disse para ele se aproveitar de mim, não estou em posição de reclamar aqui.

 Por mais que tente, não consigo me lembrar até aonde fomos. Tenho alguns flashs de memória de estar no banco traseiro de um carro, com meu casaco servindo de cobertor, eu acho… depois fui carregado pelas escadas do meu apartamento… e ouvi muitos gritos da minha mãe, disso eu me lembro muito bem. Ela agradeceu a alguém por ter me trazido para casa… ah, é mesmo, foi o próprio Sasuke quem me levou para casa. Ele é realmente um cavalheiro… um dos motivos pelo qual eu o amo tanto.

 Ele tentou falar comigo no dia seguinte. E no dia depois desse. Mas eu sempre acabava inventando uma desculpa mais esfarrapada do que a outra e fugia dele. Como poderia encará-lo depois do que aconteceu? Eu tinha me declarado da pior forma possível! E como se isso não bastasse, não sabia se ele tinha levado aquela declaração a sério ou se pensava que eu o tinha agarrado apenas porque estava em estado de ebriez. Se era a segunda opção… bem, eu poderia ter agarrado qualquer um e fiz isso com ele por mero acaso. Sasuke com certeza estava furioso comigo e queria tirar satisfações.

 E com razão, veja só o que eu fiz com ele! E o que ele fez comigo… não que eu esteja reclamando, ao menos teve alguma coisa boa no meio de todo aquele desastre. Mas também lembro vagamente dele ter dito que eu o estava confundindo… o que mesmo? Não consigo lembrar… mas não devia ser coisa boa.

 O fato é que fugi tanto dele que quando dei por mim já era véspera de ano novo. Sasuke eventualmente desistiu de me procurar. Não podia culpá-lo, ele tentou conversar comigo sobre aquele desastre na festa de Natal, mas eu não tinha coragem de falar sobre isso… assim como não tive coragem de dizer que gostava dele durante três anos.

 Eu não podia mais enrolar. Kiba tinha razão, nesse ritmo logo nos formaríamos na escola e eu acabaria perdendo minha chance com ele. Não podia permitir que isso acontecesse depois de ter chegado tão perto. Não podia ficar dependendo de festividades ou de ponches para me dar coragem, eu precisava tomar iniciativa por conta própria. E faria isso hoje.

 Eu sabia que Sasuke costumava visitar o templo com a família quando não estava viajando, mas não passava o tempo todo junto deles, então decidi ir ao templo no último dia do ano ao invés de no primeiro e vigiá-lo de longe. Quando Sasuke se afastasse da família eu falaria com ele.

 O momento chegou mais rápido do que eu esperava. Sasuke disse alguma coisa ao irmão mais velho e se afastou, dirigindo-se a uma barraca que vendia dangos. Reuni toda coragem que tinha e caminhei a passos firmes na direção dele.

 — Oi Sasuke — cumprimentei, sem ter ideia do que dizer a seguir. Ele nem me encarou, talvez estivesse zangado —Você, hm… por acaso… isso é dango?

 — Sim — ele respondeu após pagar pela comida.

 — Mas você nem gosta de doce!

 — Eu sei. Mas você gosta, não é? — ele me ofereceu a guloseima. Aceitei, um pouco surpreso com o gesto — Sei que precisamos conversar, mas se ficar me seguindo descaradamente minha família fará perguntas que não sei como responder. Vamos para outro lugar. 

Eu o segui por alguns minutos em silêncio até a parte de trás da barraca de tirar a sorte. Àquela altura já tinha terminado de comer o doce e não tinha mais nenhuma desculpa para me demorar quando a avalanche de perguntas viesse. Quando enfim paramos de caminhar, Sasuke virou-se de frente para mim, mas não me encarou nos olhos.

 — Sinto muito, Naruto.

 — O que? — senti meu queixo cair. Eu é quem deveria estar dizendo aquilo, e não ele! — Por que está se desculpando?

 — Bem, pelo que aconteceu na festa de Natal, é claro — ele respondeu. A simples menção à ocasião fez minhas bochechas esquentarem — Você estava bêbado, não sabia o que estava fazendo. Mas eu… eu estava sóbrio e ainda assim acabei fazendo aquelas coisas com você. Eu devia ter resistido mais. Desculpe.

 — Sasuke, não precisa se desculpar. Não foi culpa sua, eu fiquei te provocando…

 — É claro que foi! — ele interrompeu, enfim m encarando nos olhos — Eu me aproveitei de alguém que estava fora de si…

 — Eu mesmo havia dito para você se aproveitar de mim, lembra? — recordei, rindo sem jeito. 

— Você queria até tirar a roupa — Sasuke acompanhou minha risada nervosa.

 — Se você não tivesse me impedido eu provavelmente teria tirado mesmo — eu estava rindo mas era de nervoso. Céus, eu só passo vergonha — Está vendo? Não foi culpa sua.

 — Então não está zangado comigo? 

— Claro que não! 

— E por que passou a semana inteira fugindo de mim? — Sasuke questionou — Eu queria entender porque você tinha feito aquilo, mas você sempre inventava alguma desculpa quando eu tentava falar com você. Achei que era porque tinha se arrependido do que aconteceu.

 — Talvez eu tenha me arrependido um pouco… não era assim que eu queria que você soubesse — desviei o olhar enquanto me balançava na ponta dos pés. Por isso era tão difícil? — Lembra quando eu te chamei de cavalheiro e disse que te amava? Bem, eu não disse aquilo só porque estava ébrio. Quero dizer, foi como um empurrão para me dar coragem para dizer algo que eu queria te contar já faz três anos… que eu te amo, Sasuke. De verdade.

— Naruto… você bebeu alguma coisa hoje? — ele perguntou depois de um longo instante em silêncio. Não podia culpá-lo pela pergunta depois do que aconteceu. 

— Não, não, eu estou sóbrio — ri sem jeito — E estou dizendo a verdade. O pessoal da classe me ajudou a fazer a festa de um modo a me preparar para me declarar para você. Lembra que comentei sobre o visco antes? — recordei — Eu queria ter me declarado naquela hora, mas fiquei nervoso e não deu certo… então o Kiba me deu um pouco do ponche, dizendo que me ajudaria a me soltar. Mas parece que fez mais do que isso.

 — Fez muito mais do que isso — Sasuke concordou — Naruto… quero que você saiba que eu tentei resistir às suas investidas enquanto você estava bêbado, caso não se lembre, porque sabia que era errado. Mas só acabei cedendo porque… bem, porque era você — Sasuke tentava aparentar calma, mas havia certo nervosismo em sua voz — Se fosse qualquer outra pessoa bêbada dando em cima de mim eu conseguiria contornar a situação, mas você… não tinha como eu resistir.

 — Sasuke? O que você…

 Não consegui terminar a frase. Sasuke segurou meu queixo com firmeza, me puxando para perto e uniu nossos lábios. Deixei escapar um suspiro de surpresa com o gesto, mas não me afastei. Era dezenas de vezes melhor do que eu me lembrava. Agora que estava sóbrio podia saborear o gosto dos lábios de Sasuke junto aos meus, movendo-se lentamente, como se ainda pensasse que eu só o beijei antes devido à embriaguez e pudesse me afastar agora. Fiz questão de deixar bem claro que era isso o que eu queria. Enlacei o pescoço dele e o puxei para mais perto, arrancando-lhe um suspiro. Senti ele apoiar a mão em meu ombro, intensificando o beijo aos poucos.

 Na verdade tinha se tornado intenso bem rápido. Sasuke enroscava nossas línguas de forma sedutora, me fazendo gemer baixinho. A mão que antes repousava em meu ombro havia decido e percorria minhas costas enquanto que a outra me segurava com firmeza pela cintura, ameaçando escorregar até o quadril. Podia ouvi-lo suspirar todas as vezes em que eu arranhava seus ombros , mesmo por baixo do tecido grosso do casaco enquanto ele me tocava.

 Logo descobri que o cabelo dele era muito macio e gostoso de segurar e puxar quando ele se empolgava. A sensação de passar os dedos entre as mechas negras espetadas era incrível. Descobri também que ele parecia gostar mais de me arrancar gemidos com seus beijos do que de carícias. Vez ou outra suas mãos paravam de percorrer meu corpo e ele apenas me abraçava e me beijava, intenso, sedutor, ardente. Seus beijos eram quase obscenos.

 Quando o oxigênio enfim se tornou necessário nos afastamos ofegantes. Sasuke estava corado e eu com certeza devia estar mais vermelho do que ele.

 — Durante o Natal… eu fiquei embriagado também, mas foi por você, Naruto — Sasuke falou ao recuperar o fôlego — Eu sabia que precisava de mais daquilo, mas era porque é você. Porque gosto de estar ao seu lado. Você é alegre, gentil, persistente… um pouco atrapalhado, mas isso te torna muito fofo. Acho que o que eu estou tentando dizer é… que também te amo. Então, você… hm, quer namorar comigo?

 — Sasuke! — exclamei com um enorme sorriso estampado no rosto e me joguei em cima dele sem pensar no que fazia. Sasuke me rodou no ar aos risos enquanto eu mantinha os braços firmes ao redor do pescoço dele — É lógico que quero! É o que eu mais quero!

 — Estamos namorando então — Sasuke sorriu, me colocando do chão. Ouvi algo parecido com um estouro ao longe antes que pudesse responder alguma coisa. E de novo. Quando olhei para o céu vi que os fogos de artifício tinham começado. Já era meia-noite.

 — Feliz ano novo, Sasuke — falei, segurando a mão dele.

 — Feliz ano novo — ele respondeu — Ei Naruto, olha — ele apontou para o alto e eu segui a direção, imaginando se eram fogos particularmente bonitos, mas ele apontava para uma árvore — Visco.

 Eu ri com o comentário antes de beijá-lo de novo. Logo ele, que criticou a tradição do visco na semana passada, agora estava usando isso como desculpa para me beijar sendo que tinha acabado de me pedir em namoro. Bem, não importa. Tradição ou não, o visco acabou ajudando, ainda que indiretamente. Enfim consegui declarar meus sentimentos para Sasuke. Ele dizia que eu o deixava ébrio, mas o mesmo valia para ele. Estar com Sasuke era uma alegria tão grande que mal cabia no peito. Aquele seria o melhor ano da minha vida.

 


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