Jingle bell rocks escrita por moreutz


Capítulo 1
Capítulo único




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24 de dezembro de 1977

— O que você tá cantarolando? — Lily perguntou para James enquanto cortava os tomates que sua sogra havia pedido, e o garoto conferia se o macarrão estava bom.

— Nada… — ele respondeu. Por algum motivo ele ainda acha que pode esconder algo de mim, pensou ela.

— É fofo você achar que consegue esconder algo de mim, sabe? Agora fala, você sabe do que sou capaz. — ela se virou para o namorado com uma das sobrancelhas arqueadas. 

Faziam 6 meses que estavam namorando. E como era época de natal Lily estava passando alguns dias até o dia 25 na casa dos Potter, com James e seus pais - e Sirius, Remus, Peter e Frank - e no dia de natal James iria pela primeira vez conhecer os pais da garota oficialmente como seu namorado.

Já haviam se conhecido antes, óbvio, e os pais de Evans gostavam de James - embora dissessem que preferiam Remus - mas o cenário de estar sendo apresentado como seu namorado, passando um feriado de natal, que é uma das coisas mais importantes para ela, junto de seus pais era, quando parava para pensar, assustador. 

— Sirius me disse que trouxas têm o costume de se juntar para cantar músicas em família, então fui atrás de aprender algumas músicas trouxas de natal. 

— Sirius te disse isso? 

— Sim.

— Alguém mais confirmou?

— Os meninos, Marlene, Mary, Alice e Dorcas. 

— Oh, James… — ela soltou a faca e foi em direção de James para abraçá-lo — Adoro como conseguimos te enganar fácil, mas não precisa se preocupar, não ficamos cantando músicas de natal. O mais perto em que chegamos disso era quando eu e Pet fazíamos uma apresentação boba quando mais novas para a família, mas isso com 8 anos, hoje em dia só comemos, contamos história do passado e acabo cochilando com meu pai na sala enquanto algum filme antigo passa na TV.

— Então eu aprendi ‘’Jingle Bell Rocks’’ à toa? — James colocou as mãos na cintura, e Lily segurou a risada pois, com as mãos na cintura e aquele guardanapo pendurado em um dos ombros, ele ficava igual à Euphemia. 

— É claro que não! Você pode performar para nós qualquer dia desses!

— Apenas em seus sonhos, Evans.

— Oh, em meus sonhos você faz muito mais do que isso, Potter... — ela falou provocando. 

— Calma, o qu… — foi interrompido por alguém caindo no chão da cozinha.

— Sirius? — Lily não se surpreendia mais com qualquer um dos que estavam naquela casa há algum tempo, mas mesmo assim sempre fazia questão de perguntar sobre o que estava acontecendo. 

— Hey, Evans! Cortando bem os tomates? — Black estava com o cabelo preso, mas muitos fios rebeldes caíam em volta. 

— O que você tá fazendo? 

— Tentei aparatar do quarto para cá e olha só, deu certo! — abriu um sorriso.

— Por que simplesmente não desceu as escadas? 

— Por que simplesmente mimimi… — ele afinou a voz e fez movimentos com a mão, ao passo que Lily revirou os olhos. — Olhe, Evans, não é assim que a banda toca, certo? Se tenho capacidade de aparatar, irei fazer isso, além disso vim checar se vocês não estavam fazendo nada obsceno. 

— Bom, eu acho que você tem de treinar mais, então, cair no chão daquele jeito não deve ser algo muito profissional. 

— Eu não caí. 

— Caiu sim. — James entrou na conversa, até então estava apenas olhando os dois discutirem como geralmente fazia, pois as discussões sempre cresciam e em algumas vezes se tornava até um duelo. 

— É assim, então? Ela começa a te beijar e você para de me defender? E o nosso beijo? Não vale de nada para você, James Potter?

— Já falamos sobre isso…

— Olha, se vou ser tão insultado desse jeito por aqui, irei voltar para o meu namorado, o qual eu deixei bravo lá em cima já que estávamos nos beijando e eu interrompi para vir verificar vocês dois. Espero que estejam satisfeitos! 

— Você o q… Parece que não vou mais ser capaz de terminar uma frase por aqui. — James olhou para Lily que sorria de canto — O que foi?

— Você tá idêntico à sua mãe!

— Que? Não tô não!

— Vai pra um espelho, sério!

Não demorou muito até a garota ouvir a voz grossa de James do banheiro, ao passo que ela estourou em risadas.

— Eu pensei que só era possível eu parecer com meu pai, eu não esperava por essa, sabe? — James voltou para a cozinha jogando o guardanapo em direção à mesa.

— Tá tudo bem, eu te amo APESAR disso… além disso sua mãe é uma das minhas pessoas favoritas do mundo.

— Isso é algo esquisito de se falar pro namorado, tipo ‘’tá tudo bem você ser igual sua mãe, eu amo ela’’.

— Você entendeu, seu idiota.

— Eu sei… — James foi puxando Lily para perto de si.

— Você é um idiota, sabe disso? — ela sorria de canto, levantando um pouco a cabeça para olhá-lo nos olhos. 

— Sei, você deixa isso claro desde que nos conhecemos. — James colocou uma parte do cabelo da namorada atrás da orelha esquerda e segurou em sua cintura, conduzindo-a em uma música que tocava apenas em sua cabeça, para dançarem parados.

— Ora, não é assim, no primeiro ano eu nunca te chamei de idiota.

— Apenas de sem noção.

— Sim, e é uma coisa bem diferente uma da outra. — Lily seguia o ritmo de James, que agora pegara em sua mão direita e ela sentiu uma vontade de encostar a cabeça no peito do namorado e apenas ficar ali, imaginando que música ele estava ouvindo desta vez em sua cabeça, e sentir o cheiro forte de hortelã que ele tinha. 

— Ei, James… — ela começou a afastar a cabeça quando ele voltou ela para o lugar em que estava.

— Eu sei.

— Não, você não sabe, me deixa terminar.

— Evans… eu sei. E eu também. 

(...)

Todos estavam em volta da mesa. Frank havia se despedido algumas horas antes para voltar para casa e passar o dia 25 com Alice, e Remus conseguiu ficar mais um dia a pedido de Euphemia e Fleamont - e uma pressão por parte de Sirius e James que ameaçaram não serem mais felizes caso Lupin fosse embora. 

Tudo cheirava a lar, como deveria ser. Cada canto da casa expressava amor e um sentimento natalino que permanecia até o próximo natal, Lily e os outros adoravam esse detalhe nos Potter: a capacidade de fazer qualquer um se sentir bem e pertencente a um lugar. Não é à toa que Sirius tinha aquele lugar como seu lar há anos, bem antes de ser expulso de casa.

O jantar exposto na mesa contava com um peru com rodelas de tomate em volta de si, duas vasilhas de purê de batata, arroz e algumas frutas. Além disso, haviam duas garrafas de vinho que Remus havia trazido como presente de seus pais, e refrigerantes. 

— Bom, como somos adultos, deixemos os refrigerantes para as crianças, no caso, Pedro e Lily. — Sirius se esticou para alcançar a garrafa de vinho.

— Você tá falando sério? Eu sou mais velha que James e Remus, Black! — Lily estava sentada de frente para o garoto, que expunha um sorriso travesso nos lábios.

— Oh, então você gosta de garotos mais novos, Evans? Me conte como é revelar isso em frente à sua sogra.

— Você quer receber uma vasilha de purê na sua cara? Porque eu não tenho o menor problema com isso.

— Sirius, todos vocês vão tomar vinho de forma consciente e que eu não tenha que lidar com nenhum pai ou mãe batendo na minha porta arrumando problemas. — Fleamont se levantou da cadeira e pegou os talheres para fatiar o peru.

— Não precisa se preocupar comigo então… — Sirius deu de ombros. 

— E, Remus, James e Lily precisam acordar cedo amanhã para irem para casa, então, sem dormir muito tarde também. 

James encontrou o olhar de Sirius do outro lado da mesa. Sirius e Remus já namoravam há um ano e meio e Black não havia ido para a casa do namorado nenhuma vez até então, e James achou que neste ano haveria alguma mudança referente à isso, mas quando questionou o melhor amigo nos últimos dias recebeu respostas negativas e que sempre fugiam do assunto. 

Não teve muita sorte com Remus também, ele sempre dizia que a decisão cabia apenas à Sirius e que não havia nada o que fazer além de esperar por ele, mas Potter sentia como isso era dito como uma certa tristeza. Foi difícil aceitar toda a situação, e seus pais nunca proibiram nada, mas lidar com sentimentos nunca foi o forte de Remus, e saber que seu namorado não iria para sua casa durante a época em que mais gostava devia ser pior ainda. 

Sirius piscou com um olho para James, que retribuiu com um sorriso. 

Sabia porque Black não iria para lá. E odiava saber o porquê.

— Quem quer a primeira fatia? — Fleamont perguntou.

— Por que pergunta isso se sempre dá para mamãe? — James respondeu.

— Porque quero dar a impressão de que vocês têm alguma escolha, filho.

Depois do jantar e de algumas conversas jogadas fora, os mais novos começaram a arrumar tudo, enquanto o casal mais velho foi para a frente da casa sentar na varanda. A noite estava fria como se espera de dezembro, mas ainda sim, observar as estrelas no céu escuro da noite próximas às 22:00 era algo necessário para se limpar a cabeça de tudo o que acontecia.

Sirius e James cuidavam da cozinha, enquanto Lily, Remus e Peter cuidavam da sala de estar e dos cômodos de cima - que ainda não haviam sido arrumados, e muito menos as malas dos hóspedes.

— Nervoso para amanhã? — Sirius pegava os pratos que foram deixados na bancada e colocava na pia enquanto James os lavava. 

— Um pouco…

— Eles vão te adorar, prongs, sério mesmo.

— Lily não adorava.

— Claro que adorava, ela só não sabia o quanto adorava. 

— E quais os seus planos para amanhã? Sabe, já que não vai pra casa com Remus. 

— Entregar os presentes dos seus pais e ficar tranquilo analisando minha vida para o próximo ano… talvez ir ver a Marlene e passar o dia com ela, já que Dorcas viajou. — Sirius deu de ombro e se apoiou com as costas na pia.

— E o que mais? 

— E esperar pela sua volta, já que minha vida não tem sentido sem você. 

— Eu tô falando sério, Six!

— E eu também!

— Sirius, você não pode se arriscar a ir para casa dos seus pais de novo! É sempre a mesma coisa e da última vez sua prima quase te viu! Ele não quer falar com você! — James soltou a esponja e se virou para Sirius. — Para de se torturar assim, eu te imploro.

— Você não entende… se fosse você na minha situação e eu na dele, o que você faria? 

James permaneceu em silêncio.

— Me diz, James, o que você faria?

— Eu não sei. 

— Você sabe. Você iria atrás de mim. Você é meu irmão e eu te agradeço tudo o que faz por mim, mas não pode pedir para eu deixar Regulus de lado.

— Regulus iria querer que você vivesse sua vida, Sirius, que você fosse com seu namorado para a casa dele para um almoço saudável de natal, de uma maneira saudável. Isso não é justo com nenhum de vocês dois. Você três, pois agora Remus também está no meio disso. — James segurou o ombro do amigo. — Você nem ao menos disse a ele o porquê de não ir, né? 

— Ele não vai entender! — Black desviou o rosto, mas Potter percebeu os olhos marejados.

— É claro que vai, Six, ele sempre entende a gente, e vai ficar mais magoado se não se abrir com ele do que se falar algo. É capaz que ele entenda mais do que eu…

— Isso qualquer um faz, James. 

— Lily disse que preciso cantar aquela música que aprendi para vocês.

— OH! SIM, VOCÊ COM TODA A CERTEZA PRECISA! — Sirius se afastou da pia e soltou uma gargalhada. 

— Não.

— Sim.

— Apenas para você e para mais ninguém? 

— Feito. 

James começou a cantarolar a música ‘’Jingle Bell Rocks’’ enquanto fazia uma dança aleatória com seus braços e Sirius o acompanhava nos movimento. Não demorou muito para que os dois começassem a rir sem parar. 

— O que é tudo isso? — Lily entrou na cozinha pegando ambos com os olhos cheios de lágrimas de tanta risada, e James inclinado para a frente.

— Você… aiai… você não entenderia, ruiva. — Sirius limpava os olhos e ajeitava o cabelo. Estava vermelho e ainda soltava risos abafados.

— Eu juro que minha vontade de te bater só aumentou depois de começar a namorar o James. — ela revirou os olhos para ele. 

— Isso porque a raiva que você direcionava para ele tá agora em mim, então você tem duas vezes mais raiva. — o garoto tentou levantar James, que ainda dava risadas altas, do chão.

— Isso até que faz sentido.

— Agora — ele aproximou James da garota — vou deixá-lo sob seus cuidados pois tenho assuntos a tratar com meu namorado. Cuide bem dele até 00h.

— Pode deixar. 

Lily foi se sentando no chão novamente e James a acompanhou, os sintomas de tantas risadas haviam passado, mas ele ainda parecia zonzo. Eles apoiaram as costas no armário e ficaram em silêncio encarando os próprios reflexos que o vidro do fogão refletia. 

Ela se lembrou de quando James se tornou monitor, como ela tentou fazer de tudo para que Remus não deixasse o cargo, como foi difícil aceitar que teriam de fazer ronda; Lembrou como foi quando viu James em seu uniforme de quadribol pela primeira vez e ele disse ‘’O que foi, Evans? Estou mais bonito do que o normal?’’ e ela não conseguia sentir outra coisa além de suas bochechas quentes; Lembrou como fora para aceitar que estava sentindo algo além de antipatia por Potter, e como começou a admirar os cabelos que nunca estavam arrumados, os óculos que sempre estavam caindo, e a gravata que sempre era solta assim que saiam da sala de aula. Foi mais difícil ainda aceitar que nunca havia de fato odiado James. 

Lembrou quando foi que percebeu que estava o amando: estava sentada num corredor qualquer do castelo e tinha algumas pedrinhas que ficava acertando na poça de água que estava à sua frente, quando sentiu alguém sentar ao seu lado. Não precisava de esforço para saber quem era, já que o cheiro de hortelã invadia todo o seu corpo. 

Já estavam saindo juntos há um tempo e naquele dia Lily havia falhado em uma prova, então não estava sendo a pessoa mais acessível do mundo. 

E ele não fez nada além de sentar ali ao seu lado e ficar jogando pedrinhas com ela. Quando a ronda estava para acabar - e eles não haviam feito nada além de ficarem sentados - ele pegou em sua mão e apertou forte, a olhou e piscou com um dos olhos - o jeito que ela odiava admitir que gostava. 

Antes de lhe dar a mão para levantar, ela olhou mais uma vez nos olhos castanhos do rapaz e soube que era naqueles olhos que gostaria de olhar durante todos os anos que se passassem, e eram aquelas mãos que gostaria de sentir sempre que se sentisse mal. 

Lily precisava daquilo.

— Está pensando em que? — James cortou seus pensamentos, a trazendo de volta. 

— Em nós. 

— Eu também. 

Um sorriu para o outro, se encararam por um tempo, e James segurou a mão da namorada. 

— E também em como você rebola bem… belo rebolado, Potter! 

— EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ VIU AQUILO!

— Ora, James, você já fez uma serenata para mim, aquela dança não foi nada, até acho que me apaixonei mais dessa vez do que na outra. 

— Você me ofende desse jeito. 

— Faz aqueles movimentos de novo. 

— Você é uma sem vergonha, Evans.

— Então não vai fazer? — Lily fez uma cara de dó para o namorado. 

— É claro que vou, só preciso do meu gorro. 

James colocou o gorro de papai noel e começou a dançar novamente, cantarolando a música e um tempo depois Lily o acompanhou na letra. 

(...)

— Mande um abraço para seus pais, certo? — Euphemia abraçava Lily de forma carinhosa — e traga meu filho inteiro, por favor!

— Mandarei, a segunda parte não sei se posso prometer… minha irmã e seu noivo não são pessoas muito amigáveis.

— Qualquer coisa dá pra enfeitiçar eles. — Sirius falou e recebeu um tapa de Remus logo em seguida. 

— Quem me dera você tivesse um dispositivo que não te permitisse falar esse tipo de coisa, né? — Remus falou.

— O trem está para sair, então… até amanhã, eu acho. — James falou inseguro. Se Lily falasse ‘’ei, que tal você não ir?’’ ele provavelmente aceitaria, mas então todo o discurso que deu ontem para Sirius seria em vão, então não havia jeito. 

— Tchau, queridos! Tentem mandar notícias, ok? Remus principalmente!

— Pode deixar! 

Os três entraram no trem. Remus pararia duas estações antes, e Lily e James parariam na última. Cada vez que a casa da namorada ficava mais próxima, mais tenso James ia ficando. 

Quando Remus se despediu e foi embora, Potter estava a caminho de se tornar uma pedra. 

Lily soube que era sua vez de pegar em sua mão e olhar em seus olhos, tentando passar o máximo de calma que fosse capaz. 

— Ei, Jay…

— Eu sei, Lil. Eu também. 

E assim James soube que não importava para onde fosse, ou com quem estivesse, ele já havia achado seu lar logo ali na mulher que queria ao seu lado até o final de sua vida. 


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