I saw mommy kissing Santa Claus escrita por moreutz


Capítulo 1
Capítulo único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/798036/chapter/1

25 de dezembro de 1976

— Não tenho certeza se é uma boa ideia, Ted… — Andromeda falou enquanto checava o bolo no forno. — E não era para você ter feito isso de madrugada? Por que o papai noel apareceria por aqui na hora do almoço? 

— Ele é ocupado, você acha que é fácil dar a volta no mundo todo? — Edward Tonks arrumou a almofada que usava na barriga para dar volume e ajeitou sem casaco vermelho. — Além disso, é uma ótima tradição, meu pai fazia sempre e eu, meus irmãos e primos adorávamos. Ele sentava e ficava conversando conosco por tempos, e depois entregava um presente especial. Dora vai amar isso! 

— Você conhece sua filha e realmente está achando que em algum momento ela não vai tentar puxar sua barba ou algo do tipo? 

— Eu confio nela. — ‘’Ted’’ disse com um sorriso — agora vem cá, me dá um beijo de boa sorte. 

Era o quarto natal de Nynfadora Tonks, a qual, mesmo com quatro anos, não gostava de ser chamada por seu nome completo - desastres com potes de comida voando pela cozinha ensinaram os familiares a tomarem cuidado quanto a isso. E o pai havia prometido uma surpresa para ela: uma visita especial de um antigo amigo. 

Ted buscava sempre deixar a garota a par do mundo bruxo e do mundo trouxa o máximo que conseguisse, e por isso, não achou nada mais justo do que trazer o Papai Noel, símbolo do natal de sua infância, para a vida de sua filha.

A garota havia passado os últimos dias em que descobrira sobre a surpresa questionando sua mãe, seu pai e até os vizinhos, perguntando se eles estavam escondendo alguém em suas casas - sempre bem rígida, o que, possivelmente, possa parecer estranho sentir receio de uma criança de dois anos, mas Dora sempre consegue ser séria quando precisa. 

 Em meio a muitas perguntas, e planos para conseguir descobrir, ela vinha rondando a casa de maneira silenciosa e calma - algo extraordinário para uma pequena criatura tão barulhenta - e foi em uma dessas suas explorações para descobrir algo que viu algo que chocou. 

— Mamãe está beijando o papai noel! — a garota de, agora, cabelo amarelo, exclamou baixo enquanto espiava pela porta da cozinha. 

Já tinha visto aquele velhinho algumas vezes em vitrines de lojas, em uma poltrona na praça em que ela e sua mãe passearam no começo do mês, e até mesmo na televisão. Ele era alguém bem famoso, e por isso não entendi o que ele estaria fazendo em sua casa, e ainda mais beijando sua mãe!

Se afastou devagar da porta e foi em direção às escadas para voltar para o seu quarto. A melhor forma de lidar com isso era fingir que nada havia acontecido, até conseguir conversar com alguém. 

Seu cabelo mudou do tom amarelo para o azul com a facilidade a qual estava acostumada, ele estava preso em dois e variavam a tonalidade, demonstrando o nervosismo que a menina sentia. Nynfadora andava por seu quarto, rodeada de bichos de pelúcia e alguns brinquedos que costumava trocar com alguns amigos no parque ou na escola. Não havia outra coisa a fazer além de contar para algum adulto, afinal, seus pais sempre lhe diziam: ‘’Se algo de estranho acontecer, algo que você não está achando certo, tem que contar para algum adulto, como nós, ou seu avós.’’

— Dora, venha até aqui, tem alguém que veio te conhecer! — Ela ouviu sua mãe chamar do andar de baixo. Teria de fingir surpresa. 

— HOHOHO! — A voz de um homem veio logo em seguida.

Desceu as escadas tensa, ainda com o cabelo variando e a expressão fechada, diferente de como geralmente se portava. Seus pais perceberam algo diferente e se entreolharam. 

— Tudo bem, filha? — Andrômeda se abaixou na altura da garota, que evitou olhar em seus olhos. 

— Uhum. 

— Certo… bom, Dora, quero que você conheça um grande amigo de seu pai, este é…

— O papai noel, eu sei, ele tá em todo lugar. Como teve tempo pra tá aqui? — Dora foi para frente de Ted e o encarou, fazendo uma cara séria. 

— Ora, eu acabei todas as minhas entregas, e como recebi o convite de seu pai há algumas semanas, vi que tinha tempo para passar e aqui estou! Hohoho.

— Hm. Onde o papai tá? — Ela falou se direcionando à mãe.

— Seu pai foi até o mercado e depois iria passar na casa de um amigo, mas disse que tentaria vir o mais rápido possível!

— Então, Dora, me contaram que gosta de ser chamada assim, certo? Você foi uma boa garota neste ano? Ho! — Ted havia se abaixado na altura da filha, que ainda o encarava com postura severa. 

— Claro que sim! Trato todo mundo bem e troco meus brinquedos… e também aprendi como mudar meu nariz. — Dora cruzou os braços. 

— Oh, e não foi mal criada com seus pais? Hoho!

— Hmm… não tanto… não gosto que me chamem de Nynfadora.

— Eu também não gostaria. — O pai concordou, recebendo um chute leve da esposa, que disfarçou logo após pedindo desculpas. 

— Por que vocês dois não vão até o sofá para conversarem? Sei que o senhor é muito ocupado e logo tem de ir embora, não? Vou só tirar um bolo que deixei no forno! — Andrômeda falou e piscou para a filha, que virou o rosto. 

— Vamos, eu te mostro onde é. — a Tonks menor chamou o Papai Noel com a mão direita e o guiou até o sofá a poucos metros deles, mostrando o lugar para sentar. 

— Então, Dora, eu normalmente trago uma surpresa para as minhas pessoas especiais e com você não foi diferente, deixe só eu procurar. Hohoho! — Ted se abaixou para mexer no saco vermelho que carregava consigo.

— Você tem que fazer isso toda vez? — ela perguntou com uma das sobrancelhas arqueadas. 

— É minha palavra favorita! Depois de neve, natal e renas! 

— Mas não é uma palavra.

— É sim.

— Não é.

— É.

Os dois ficaram em silêncio se olhando por um tempo, o pai se perguntava porque ela estava tão receosa com a situação e o que estava tramando, e a filha se perguntava quando ele iria admitir o que fizera. 

— Posso fazer uma última pergunta, Papai Noel? — Ninfadora quebrou o silêncio, se arrumando no sofá. 

— Mas é claro, minha menina!

— Por que você beijou a minha mãe? 

Ted congelou. 

Normalmente quando Nynfadora tinha perguntas inesperadas era Andrômeda quem sabia lidar - porque as perguntas costumavam ser complexas e realmente inesperadas, como nesse caso. Como explicaria para a filha que havia beijado a mãe dela porque na verdade ele estava fingindo ser o Papai Noel sem estragar a imaginação mágica natalina que tanto queria que a filha tivesse, ou, como explicaria sem parecer que sua esposa estava tendo um caso com o Papai Noel?

— Eu… han… eu não…

— Beijou SIM! EU VI TUDO! MEU PAI VAI SABER DISSO! — Dora ficou de pé no sofá e apontou o dedo indicador no rosto de seu pai, seu cabelo mudara para o vermelho.

— O que a senhorita está fazendo, Nynfadora? — A voz da mulher mais velha surgiu na sala. Ela segurava uma travessa com um bolo com calda de chocolate.

— Você e ele se beijaram, papai vai ficar sabendo!

— Nynfadora…

Os dois adultos trocaram olhares desesperados, como se estivessem se comunicando para decidir o que fariam nessa situação, o que diriam e como seria o resultado disso. 

— Dora… — Ted começou a tirar a fantasia — não precisa se preocupar, sou eu.

— O QUE? — O tom de cabelo mudou para laranja.

— Eu me vesti de Papai Noel para fazer uma surpresa para você.

— Então… você mentiu pra mim?

— Bom…

— Não! — Andy tomou a fala do esposo — Não mentimos, Dora, sempre te falamos que isso é errado, não? É que, Papai Noel é alguém realmente ocupado, e mesmo no dia 25 ele continua tendo trabalho e tem que decidir o próximo natal, uma loucura! Seu pai se vestiu como ele porque ficou triste por ele não poder ter vindo.

Eles esperavam que isso desse certo e que a garota comprasse a desculpa, sem muitas perguntas adicionais como normalmente acontecia. A feição dela mudava incansavelmente e não era possível dizer o que ela realmente estava pensando.

— Faz sentido! Sem ofensas, papai, mas achar que Papai Noel estaria sem trabalho em dezembro… isso é bobo. — Ela falou soltando uma risada fazendo o cabelo se tornar rosa claro. 

— Sinto muito que não tenha dado certo, filha, mas ainda tenho o seu presente! — Ted abraçou a filha. 

— Eu quero! E tá tudo bem, papai… — Ela passou a mão pelo cabelo castanho do pai — Parece que quem tá mais triste de não ver ele é mais você do que eu mesmo, — ela deu de ombros — mas tenho certeza que ele gosta muito de você tá? 

— Obrigado, Dora. Ele gosta de você também. 

— Tanto faz, a gente nunca se viu mesmo.

E assim mais um natal se seguia na casa dos Tonks, com presentes trocados, assistindo algum programa de natal na televisão, e comendo o bolo de chocolate com um copo de leite, como era de costume, sem ligar se deveriam estar ou não almoçando, pois era natal, e não há nada como estar perto de quem ama nesse dia. 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!