Sim, mais um conto de Natal escrita por annaoneannatwo, Kacchako Project


Capítulo 1
O fantasma de Hakamada


Notas iniciais do capítulo

Esta fanfic é inspirada na obra "Um conto de Natal" de Charles Dickens, que veio a inspirar o filme Os Fantasmas de Scrooge e muitas outras obras que usam dessa mesma premissa shjsdjkasjla



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/798027/chapter/1

 

—  Fala aí, Bakubro! Feliz Natal!  —  o Fita Crepe o saúda assim que o vê entrar na área de convivência dos dormitórios.

 

—  Vai à merda. —  ele responde em um grunhido, indo até a geladeira e se servindo de um copo de água.

 

—  Que isso, cara? Cadê seu espírito natalino, pô? —  o Pikachu dá um tapa no ombro dele quando o puxa em um abraço de lado —  Olha como o dormitório ficou lindão com a decoração de Natal, as luzes ficaram muito boas, não ficaram? Pode falar que ficaram boas!

 

—  O Kaminari conseguiu ressuscitar umas lâmpadas queimadas e quer que a gente fique elogiando ele. —  o Kirishima explica, entrando na cozinha.

—  As luzes da árvore tão sensacionais! —  o Pikachu diz presunçosamente —  Vai ficar ainda melhor com a estrela, olha lá!

Katsuki sente seu coração subir pela garganta com a cena diante de si. A árvore de Natal é alta o bastante para se estender do chão até o teto do dormitório, colorida e iluminada de modo que chega até a doer a visão, só falta a estrela na parte mais alta para arrematar a decoração poluída, ou faltava. Uraraka posiciona o objeto dourado e brilhante no topo da árvore e a ajeita com concentração. Não dá para ver sua expressão exata daqui de baixo, mas ele consegue imaginá-la com a língua pra fora e aquelas sobrancelhas pequenininhas franzidas. A expressão típica dela de concentração, ironicamente, sempre o deixa distraído.

Ela é fofa pra caralho.

E ele é um completo imbecil!

O loiro bate a porta da geladeira com força e se obriga a desviar o olhar, não querendo assisti-la nem por mais um segundo, seria tão fácil fingir que ele não a vê, não a nota no canto dos olhos. Seria tão fácil, fingir que o dia de ontem não aconteceu.

—  Bom trabalho, Uraraka! —  o Fita Crepe a cumprimenta com um joinha quando ela está de volta ao chão com a ajuda da Menina Sapo, que usou sua língua para segurá-la e trazê-la para baixo ao restaurar a gravidade em si mesma.

 

—  Ficou show! — A voz de  Kirishima ecoa.

—  Quer uma água pra refrescar? —  e o Pikachu, sendo o imbecil de sempre, faz com que ela venha até eles, merda!

—  Ah, muito obrigada! —  ela agradece —  Ficou legal, né? Amanhã à noite, quando a gente apagar as luzes lá de fora para a festinha, vai ficar perfeito! Vocês vêm, né? Na festinha de confraternização?

—  Opa! Já tâmo lá! —  o Fita Crepe confirma. Katsuki abre a porta da geladeira de novo para… não é pra se esconder, ok? É que ele achou ter visto um negócio apodrecendo na geladeira, é, ele não tá se escondendo, por que raios se esconderia?

—  Que ótimo! Eu e o Todoroki-kun talvez cheguemos um pouquinho atrasados porque vamos participar de um evento lá no centro comunitário pra distribuir presentes pras crianças, mas vamos chegar a tempo. Aliás… nenhum de vocês têm interesse em se vestir de duende a ajudar a gente?

—  Duende?

—  É, eu vou ser a Mamãe Noel, e o Todoroki-kun vai ser a rena, precisávamos de um duende ajudante.

—  Pô, por mais que eu adoraria ver o Todoroki vestido de rena, tenho que passar em casa antes da festa. —  o Fita Crepe coça a cabeça, encabulado —  E claro, eu queria dar presentes pras crianças também.

—  Aham, sei. —  o Pikachu faz graça —  Poxa, não vai dar pra mim também, mas manda foto pra gente, viu? Nem precisa ser do Todoroki, pode mandar foto sua vestida de Mamãe Noel, de que tamanho é a sua saia? —  o imbecil dá um gritinho quando Katsuki bate a porta da geladeira com tudo e o fuzila com o olhar.

—  Não liga pra ele, Ura. —  o Kirishima dá de ombros —  Eu acho que não tenho nada pra fazer, vou ver e te aviso, pode ser?

—  Ok, muito obrigada, Kirishima-kun! —  ela sorri —  Bom, então… vejo todos vocês amanhã?

—  Ah, o Bakubro não vai na festa, ele não gosta do Natal. —  o Fita Crepe tenta puxá-lo, mas ele se desvencilha.

—  Ah, que… que pena. —  Katsuki se segura pra não olhá-la, mas não consegue —  Bom, então… Feliz Natal pra você e pra toda sua família, Bakugou-kun!

—  Tsk. —  é o que ele se limita a responder. Foda-se, se ela vai fingir que nada aconteceu, ele também vai.

Até porque não é fingir, nada aconteceu. Ele só pode ter dado a entender que é apaixonado por ela, talvez ele tenha feito isso aos berros na frente da academia quando ela o repreendeu por ter se recusado a receber o presente de amigo secreto do Deku maldito, Katsuki talvez tenha se incomodado e reclamado que ela sempre toma o lado do nerd desgraçado, ela talvez tenha retrucado, que isso não seria necessário se ele não se comportasse tão mal, e tenha lembrado de já ter tentado conversar com ele sobre isso no primeiro ano, e ele pode ou não ter revirado os olhos e dito que não precisava lembrar disso pois nunca esqueceu, ele jamais esqueceu de qualquer interação que tenha tido com ela ao longo desses anos pois é fodidamente apaixonado por ela, e ela é tão burra e fica sempre tão grudada nos idiotas dos amigos dela que não percebeu. Nada demais, o loiro já pensou tanto nisso que tá começando a achar que realmente não aconteceu, foi só um pesadelo fodido.

Mas seria muito fácil se fosse assim.

Então é por isso que ele está tentando evitá-la a qualquer custo, não seria difícil se isso tivesse acontecido no primeiro ano quando eles mal se falavam, mas, de lá pra cá, muita coisa mudou. Eles fizeram várias atividades juntos, treinaram juntos, e participaram de um acampamento preparatório há alguns meses. Katsuki odeia admitir que são amigos e que a companhia dela é surpreendentemente tolerável. Tolerável até demais, na verdade é agradável, e ele odeia quando ela não está por perto. Então ignorá-la e evitá-la não é só patético, chega a ser doloroso.

Mas é necessário. Katsuki não tinha intenção de se confessar porque não achava que valesse a pena, eles estão no último ano, logo vão se formar e começar a trabalhar. Ele não ligaria de se submeter ao desafio de mostrar pra quem quiser ver que conseguiria conciliar a vida de um herói fodão com a de um namorado fodão, mas… a Uraraka nunca ia querer nada assim com ele, ela nem deveria. É melhor deixá-la quieta até que receba a confissão do Deku pela qual deve estar esperando ansiosamente e torcer para que se esqueça dessa palhaçada. É, quando o Deku se confessar, ela vai esquecer rapidinho.

—  Ei, cara! Tá tudo bem? —  o Kirishima pergunta pelo que deve ser a milésima vez quando eles chegam ao andar de seus quartos.

—  Tsk, já te falei que sim, por que não estaria?

—  Sei lá, é que você tá todo esquisito. Não ameaçou bater em ninguém, não implicou com a Ura quando a viu lá na cozinha, tá quietão… aconteceu alguma coisa?

—  Nada que te interesse...

—  Ah, então aconteceu alguma coisa! —  ele dá um breve sorriso —  Bom, o que quer que seja, tem certeza que não quer vir na festa de confraternização amanhã? Você pode tentar resolver o que tá te incomodando, ou sei lá, mesmo que não resolva, você só vem, come umas paradas gostosas, ganha um presente, dá uma relaxada…

—  Foda-se essa confraternização! Foda-se o Natal! Não sei nem pra quê comemoram essa porra! É aniversário de um cara chamado Cristo, e ninguém aqui é cristão, caralho!

—  Ah é, mas… é um feriado bacana, a gente se reúne com quem gosta e ajuda quem precisa, é bem másculo! Amizade, gentileza e masculinidade não precisam ter nada a ver com religião, saca?

—  Foda-se! Não quero saber dessa merda! Vou pra casa amanhã de manhã, então não me enche o saco e me deixa dormir!

—  Uhhh, vai passar o Natal com sua mãe?

—  Vou. Pra você ver o tanto que essa chatice sua e desse povo, principalmente da Uraraka, me enchem o saco. Prefiro até aguentar a velha chata! —  ele entra no quarto e bate a porta, imediatamente se repreendendo por ter deixado o nome da Uraraka escapar. O Kirishima só se faz de burro, mas não é,  tá no pé dele há meses querendo saber “qual a dele” com ela. Ele sabe bem qual é a de Katsuki, aquele maldito!

O loiro veste seu pijama na base do ódio, e deita fumegando, revirando pra lá e pra cá, enquanto recapitula a fatídica confissão aos berros e a cara de choque dela. Katsuki deu as costas assim que percebeu a merda que disse, vendo de relance a boca dela abrir para dizer alguma coisa, mas não ficou para ouví-la. Merda, ele deveria ter escutado, nem que fosse um “Desculpa, gosto de você só como amigo.” Seria uma merda mesmo sendo o esperado dela, mas ele ainda assim não quis ser rejeitado. E aí, hoje lá na cozinha, ela sorriu e desejou “Feliz Natal”, como se realmente quisesse que o Natal dele fosse feliz, tsk… de que jeito vai ser feliz depois dessa merda?

Seus devaneios raivosos são interrompidos por três batidas na porta, ele está irritado, mas também um pouco satisfeito por ter alguém com quem gritar e descontar essa raiva. Tomara que seja o Pikachu, ele pedindo foto da Uraraka é um negócio que tá entalado e Katsuki não vai deixar essa besteira passar, poderia ser o Quatro-Olhos ou o Meio a Meio caçando briga, ou melhor ainda, aquele maldito do Deku. Ah, seria ótimo! O que aquele idiota pensa que tá fazendo enrolando pra se confessar pra ela? Uraraka não merece essa angústia, ela merece coisa muito melhor, alguém melhor que o Deku, mas se é ele quem ela quer, o idiota tem mais é que adorá-la como a deusa que ela é, qualquer coisa menor que isso é escrotice.

Mas não, deve ser o Kirishima, o idiota nunca desiste. Em lutas, é uma boa qualidade, de resto, é só encheção de saco.

—  Já te falei pra me deixar dormir, por- —  ele se corta assim que vê que não é o Kirishima, não passa nem perto. Os cabelos loiros meticulosamente penteados e olhos azuis serenos e impassíveis são as únicas partes visíveis, o resto de seu rosto e todo o corpo estão cobertos por um traje azul jeans, o que faz muito sentido já que o nome dele é Best Jeanist.

O que não faz sentido é ele estar aqui, considerando que o Best Jeanist morreu há uns dois anos.

—  Boa noite, Bakugou.

—  Que porra…? —  ele sente os próprios olhos arregalados e as mãos tensas, mas sacode a cabeça e fecha a cara, que merda de sonho é esse e por que o deixa tão assustado? Ele vai ter medo de um defunto? Tsk! —  Ah, nem vem com essa merd- —  Katsuki faz que vai fechar a porta, mas é impedido.

—  Você é um terceiranista e ainda tem péssimos modos, eu percebo. Não vai me convidar a entrar?

—  Quê? Lógico que não, porra! Você tá morto! E… e isso aqui é um sonho! Um… pesadelo!

—  Entendo, então você só não me convida a entrar pois estou, em tese, morto, e isto é, em tese, um sonho, certo? Se isto fosse a realidade, você me convidaria a entrar independente de eu estar ou não morto.

—  Quê? N-não! E como assim “em tese, morto”? Você TÁ morto, porra! —  ele foi ao funeral, foi lá que Katsuki revelou seu nome de herói pela primeira vez.

—  Meu corpo, talvez. Minha alma está aqui, você a vê, não?

—  Foda-se, não vou deixar porra de fantasma nenhum entrar no meu quarto!

—  Muito bem, você tem sorte que posso dar meu recado aqui mesmo, mas espero que até o fim da noite você tenha revisto essa sua postura grosseira.

—  Tsk. —  ele resmunga —  Peraí, que recado?

—  O que me foi incumbido de te entregar. Eu não sou o primeiro fantasma que você verá hoje.

—  Ah, não fode!

—  Você será visitado por três fantasmas ao longo da noite. O Fantasma dos Natais passados, o Fantasma dos Natais presentes e o Fantasma dos Natais futuros. Eles lhe mostrarão sua vida por uma outra perspectiva para que você perceba onde está errando e como pode melhorar.

—  Tsk, então vai ser tipo a aula do Aizawa, onde ele faz a gente assistir nossos vídeos de combate e falar o que erramos? 

—  Claro, pense assim se quiser.

—  Grande merda! Eu nunca erro nada mesmo!

—  E aí está o seu primeiro erro, sua arrogância. Mas não cabe a mim apontar nada, você tem que ver por si mesmo, e acredito que essa noite você verá. Boa sorte, Ground Zero.

Ele vai resmungar uma resposta irritada, mas o fantasma do sonho não está mais lá. Que porra…? Ele deu pra dar uma de sonâmbulo agora? Katsuki tava na cama e então… que merda de sonho foi esse? Por que o Best Jeanist, justo ele? Ugh, como se esse dia não pudesse ficar pior!

O loiro volta para a cama e se deita, deixando que o sono vença a batalha contra a raiva e a frustração.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi oi! Repostando uma short fic de Natal que fiz para o Kacchako Project ano passado, a capa é temporária, uma amiga muito queria fará uma pra mim em breve.
Como eu escrevi já tem um ano, o mangá não estava no pondo está agora e, embora eu até desconfiasse que o Best Jeanist não tinha mesmo morrido, achei que seria bom pro enredo dessa história que ele estivesse morto como em teoria estava no mangá naquela época hdjjsdjjs
Espero que curta! São cinco capítulos, irei postar um por dia té dia 25!
Obrigada por ler!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sim, mais um conto de Natal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.