We wish you a Merry Christmas! escrita por moreutz


Capítulo 1
Capítulo único




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25 de dezembro de 1972

O espírito natalino invadia o castelo de Hogwarts de uma forma que em nenhum outro lugar do mundo era possível enxergar tal coisa. Era uma experiência única experimentar as verdadeiras formas de um natal literalmente mágico, com direito a todos os tipos de comida, enfeites e sensações de esperança e bondade que o natal proporciona. 

Em cada salão, dormitório e até mesmo partes exteriores do castelo, era possível sentir a energia fluindo desde os primeiros dias de dezembro, e principalmente durante os dias 24 e 25 do mesmo mês. 

Enquanto alguns alunos voltavam para suas famílias, outros ficavam pela escola, seja por não terem como voltar, ou por simplesmente não estarem com vontade, nem por isso a festa deixava de ser animada e a sensação de pertencimento ligava a todos.

Sendo assim, no salão principal da Grifinória era possível ver alguns alunos trocando presentes e conversando sobre a noite que se passou. Relatos sobre a comida, a bebida diferenciada que foi servida, como o diretor Dumbledore parecia mais feliz do que o normal ou como a professora Minerva cantou junto do professor Flitwick, além disso, surgiam exclamações sobre uivos de lobos durante toda a noite. 

— Está doido? Não há lobos por aqui. — uma aluna do terceiro ano respondeu. 

— Talvez seja um lobisomem. — uma outra deu de ombros.

— Ah, claro! Porque lobos já não são possíveis, agora lobisomens? Com certeza!

— Ei, pare de ser cética desse jeito. Você nem sabe o que há na Floresta Proibida, o que te garante que não tenha lobisomens ou lobos por lá? — o garoto que havia relatado os uivos disse. 

— Só acho bobagem pensar nesse tipo de coisa, só falta vocês me dizerem que há um lobisomem infiltrado por aqui também. 

Passando ao lado dessa curiosa conversa, um garoto baixo se espanta e corre até o seu dormitório para contar o ocorrido aos seus amigos. Peter Pettigrew tinha uma certa fama de se assustar facilmente, tanto é que quando descobriu o segredo de seu amigo Remus Lupin, ficou aterrorizado por dias - e ainda fica, quando reflete sobre. Mas sempre tenta se manter calmo quanto a isso, e nesse momento, respirava para tentar comunicar o que ouviu pelo castelo, e não trazer suspeitas para si.

Ele carrega alguns medicamentos, que Madame Pomfrey, a enfermeira da escola, havia lhe entregado para cuidarem de Remus, por baixo do casaco, e, ao chegar no dormitório bate na porta e diz a senha:

— Seboso. 

Logo após ouve uma cadeira ser arrastada e a fechadura ser destrancada. 

— Deu tudo certo? — Um garoto de cabelo preto comprido e brilhante o puxa para dentro. Ele era mais alto que Pedro e mesmo com a cara preocupada, era possível ver um sorriso no canto de seus lábios, como se nunca desaparecesse, este era Sirius Black.

— Deu sim, mas…

— Peter, por Merlin! Achei que tinha acontecido alguma coisa! — Um outro garoto de óculos vem na direção do amigo com um olhar preocupado. Seu cabelo estava desarrumado, e ele estava suado, como se tivesse feito muitas flexões, mas poderia também ser uma fase da pré-adolescência, pois James Potter sempre gostava de falar que estava com um bigode crescendo.

— Vamos, me dá logo os remédios. — Sirius pega a sacola das mãos de Peter e anda até a cama em que as cortinas estão abaixadas. 

— Ele já acordou? — Peter pergunta para James enquanto observam o outro amigo abrir o frasco para passar nos ferimentos do garoto que está deitado. 

— Ainda não. Apenas resmungou algumas coisas… odeio ter de ver ele desse jeito. 

— Eu também.

— Ei, vocês dois vão ficar fofocando ou vão me ajudar? 

— Sabia que você aquece o meu coração? — James se aproxima de Sirius e pega um pano para limpar o excesso do líquido. 

— Pare de se doer, Potter. — Black prende os cabelos atrás das orelhas. — O que você tinha de nos contar, Peter? 

— Oh, certo! Alguns alunos mais velhos estão falando sobre uivos de lobos lá embaixo, e uma garota falou ‘’oh, e se tiver um infiltrado aqui na escola?’’.

— Você tá me zoando. — James encara o amigo, com uma feição tão séria quanto se é possível.

— Juro que não.

— Você não disse nada, né? — Sirius pergunta, também se virando para ele. 

— É claro que não! 

— Só confirmando. Mas, ei, são só teorias, isso sempre pode acontecer, certo? Como na vez que juramos que o namorado de Narcissa, Lúcio, era um vampiro. — Sirius diz enquanto volta a sua atenção para Remus que ainda continua inconsciente; Ouvir algo sobre essa suspeita só deixaria o garoto mais nervoso.

— Eu ainda acho que ele é. — Potter diz baixo. 

— Da próxima que eu for para minha casa você me acompanha e a gente tira a prova junto, que tal? 

— Idiota.

— Sem noção. 

— Vocês não param nem no meu leito de morte? — Os três se assustam com a voz baixa e rouca que sai da boca do amigo há pouco inconsciente. 

Remus era o mais alto dos quatro. Era loiro e com algumas cicatrizes pelo corpo, mas a que mais aparecia era a cicatriz de seu rosto, que passava por ele todo. Era também o mais estudioso e compreensivo entre eles, a única coisa que o deixava de mau humor era ler notícias nos jornais, ou durante a época de lua cheia já que, bem, Remus era um lobisomem. E não, isso não era algo legal. 

Os amigos descobriram sobre a licantropia há cerca de dois meses atrás e desde então, permanecem ao lado de Lupin nas manhãs e tardes antes e após as transformações o ajudando com os ferimentos - a menos que sejam graves, então ficam com ele na enfermaria enquanto Madame Pomfrey cuida dele. 

O ciclo de lua cheia neste ano caíra durante o natal e Remus não queria atrapalhar a época de paz de seus pais, pois não gosta de atrapalhar ninguém. Porém, não contava que seus amigos deixariam de voltar para suas casas para ficar ao seu lado e lhe ajudar com seus problemas peludos, como James gostava de dizer.

Não sabia se sentia-se grato ou culpado por tal gesto. 

— Não acredito ainda que vocês ficaram aqui… Vocês vão voltar para casa dia 27, certo? É quando acaba tudo. — Remus se senta com dificuldade. — Outra pergunta: como vim parar aqui? 

— Hagrid te trouxe até a porta e eu e James te trouxemos para cima, enquanto Peter vigiava tudo. — Sirius fala.

— E, sim, vamos voltar dia 27, você também vai, certo? — James pergunta, enquanto lança um olhar profundo para Remus. — Porque sem chances de eu te deixar aqui… Sirius disse que vai para minha casa e se você não for pra sua te arrastamos para a minha. 

— Relaxa, eu acho que vou sim, estou com saudade dos meus pais e preciso dos chocolates da minha mãe. — Remus fala pegando um dos panos próximos e passando pela ferida que estava mais funda. 

— Se aventurou bastante hoje, hein? 

— Todo dia uma aventura diferente pelas florestas, deviam tentar um dia. 

— Talvez tentemos. — James exclama com um sorriso 

— O que isso quer dizer? — Remus arqueia uma das sobrancelhas.

— Nada…

Aquela resposta não convencera Remus, e, em relação aos outros dois: eles sabiam do James estava falando. 

Há não muito tempo, eles aprenderam sobre animagos enquanto folheavam um livro procurando uma forma de ajudar o amigo. Não encontraram nada efetivo, mas encontraram essa palavra incrível que James adora falar. 

Eles teriam de fazer uma poção e vários procedimentos, e assim se transformariam em animais e ficariam ao lado de Remus nos dias de transformações já que lobisomens não atacam outros animais - aprenderam essa informação de um dos livros. 

— Quer ver seus presentes? — Peter quebra o silêncio.

— Ah, gente! 

— Se você falar que não precisava eu vou fazer mais uma ferida em você. — Sirius aponta para Remus tentando parecer ameaçador, mas este apenas revira os olhos em resposta. 

— Esse é o segundo ano de muitos trocando presente, Rem, você vai ter de se acostumar com isso!  — James volta com 3 pacotes, enquanto os outros vão buscar os seus nos baús de suas camas. — Esse é seu. — ele estica um dos pacotes para Remus — E esses dois são de vocês! — entrega para os outros dois amigos. 

Não demoraram muito até estarem com todos os presentes abertos e espalhados pela cama de Lupin e pelo tapete no chão. Enquanto conversavam e riam, comiam os doces da cesta que Remus ganhou de Peter. 

Remus contava com uma cesta de doces, um quadro de lua cheia e ‘’Um Estudo em Vermelho’’ em uma capa diferenciada, pois era seu livro favorito; Peter tinha um novo suéter, um suporte para sua varinha pois ele estava sempre perdendo-a, e um poster de um de seus jogadores favoritos de Ballycastle Bats; Sirius ganhou um novo gel para o cabelo, alguns elásticos para prendê-los e um globo de neve com uma estrela no meio; James admirava suas meias novas da cor da grifinória que foram tricotadas, ao lado estava um produto para limpar sua vassoura e uma caixa para guardar seus óculos.

Os garotos passaram o resto da tarde no quarto conversando e aproveitando a companhia um do outro, tentando ao máximo distrair Remus do que aconteceria novamente em poucas horas - mas eles ainda não sabiam que isso era algo difícil de se fazer. Mesmo assim, as risadas aliviaram a dor e apreensão que sentia. 

É sempre bom estar em meio à pessoas que te aceitam e estão ao seu lado em momentos difíceis, e tanto Remus quanto os outros três não pensavam em outra coisa além de que, não importava quantos presentes recebessem ou trocassem um com os outros, o grande presente deles era ter recebido amizades tão grandes dessa forma, com uma conexão forte em tão pouco tempo. 

Na hora de Remus ir em direção à Casa dos Gritos, onde passava a noite, os três foram com ele até a sala em que encontraria Hagrid que iria acompanhá-lo no caminho. Descobriram na mesma semana que Dumbledore tinha ciência de que os amigos conheciam a situação de Lupin, e não via porque proibir que eles estivessem ao seu lado, desde que não se colocassem em perigo - isso porque James queria tentar passar a noite na Casa dos Gritos em algum lugar para não deixá-lo sozinho.

— Bom, está na hora… — Remus diz evitando olhar diretamente para os amigos, sentia certa vergonha ainda. 

— Nos vemos logo de manhã, Rem, não tenha aventuras muito doidas sem nós! — Sirius fala e dá um soco fraco no ombro do amigo. 

— Iremos guardar os doces para você igual fizemos ontem, tá? — James diz com um sorriso no rosto. 

— E não vamos comer os seus doces, eu protejo eles do Sirius. — Peter diz e exclama um ‘’Ai!’’ logo em seguida pela cotovelado que recebe de Black. 

— Obrigada, gente… por tudo. Até daqui a pouco. 

Remus dá as costas a James, Sirius e Peter, que permanecem no lugar até perderem o amigo totalmente de vista. Torciam para que ele passasse mais uma noite e que ficasse bem, na medida do possível. Esperavam que o dia tenha sido suficiente para que ele soubesse como é querido em meio a eles.

Porque, apesar de tudo, foi um bom natal.


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