Fix You escrita por Atlanta Claremont


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos, mais um capítulo dessa história.



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Harry preparava uma xícara de chá, não sabia ao certo quando adquirira esse hábito, nem ao menos gostava de chá, talvez tantas idas a cada de Hagrid quando tinha algum problema tenha o feito associar uma coisa a outra. Já era a quarta xícara essa semana, ele era Harry Potter, os problemas faziam parte constante da sua vida, mesmo agora sem um bruxo psicopata querendo mata-lo ele ainda tinha uma profissão exaustante, uma esposa e três filhos. Mas dessa vez, sua preocupação vinha de outra fonte, os dois melhores amigos.

— Um beijo por seus pensamentos-  Uma voz agradável interrompeu seu raciocínio o fazendo dá um meio sorriso.

— O que me entregou?- questionou Harry bebericando mais uma vez um gole de bebida.

— O cheiro do chá, você sempre escolhe canela quando quer se esconder no escritório.

Harry olhou para esposa com carinho, Ginny o conhecia o suficiente para saber exatamente tudo o que se passava na sua mente, não era legitimencia, mas sim uma intimidade que só uma união como a deles poderiam ter. Ela esteve ao seu lado nos momentos mais sombrios da sua vida, e ao contrário do que a maioria pensa não foram os dias em que lutou contra Voldemort, mas o depois, ninguém enfrenta uma guerra sem morrer ao menos uma vez.

— Você deveria falar com eles- disse a mulher apenas confirmando o que sua mente já lhe dizia.

 Ele apenas encarou a puxando pelas mãos para que chegasse um pouco mais perto, o contato com a sua pele sempre o acalmava. Porque você acha que eu poderia dizer algo que os fizesse mudar de ideia? Ele queria perguntar, mas apenas deu mais um gole terminando seu chá.

— Vocês são o grande trio de ouro - insistiu a esposa.

— Ginny nós não temos mais dezesseis anos, não estamos mais na escola nos dividindo entre fazer deveres e nos meter em problemas.

— Por isso mesmo é que você deveria falar com eles. Você conhece a Hermione, ela não vai se abrir comigo como faria com você. E meu irmão... não tem tanta graça quando não posso gritar que ele está errado.

— Você acha que ele está certo?

—Nessa situação não acho que exista certo ou errado, herói ou vilão 

'' O mundo não é divido entre pessoas boas e comensais da morte'' a voz de Sirius ecoou na sua mente enquanto a esposa falava

 -Acho que existem duas pessoas magoadas que acabaram se magoando ainda mais , e que precisam da ajuda do melhor amigo- completou a mulher.

 Harry olhou Ginny, ela sorria sabendo que já o havia convencido. Na verdade, conversar com os amigos já era algo que ele queria fazer, só precisava de palavras de estimulo e aprovação da esposa. Depois de certo tempo de casados existia uma certa dependência mútua para algumas atitudes. 

— Ah- lembrou Ginny lhe dando um beijo - James está de castigo de novo, então nada de passeio hoje.

 

 

 -Harry??? - exclamou Hermione assustada com um barulho na lareira. 

—Oi - respondeu o amigo entre as chamas - Só queria ter certeza que você está em casa antes de aparatar aí.

— São onze da noite- ela protestou, mas o amigo lhe lançou um olhar impaciente.

— Olha, eu não quero visitas - mas antes que terminasse de falar hARRY já sumira. Ótimo pensou, no dia em que decidira sair cedo do trabalho não teria sossego. Não que Harry estivesse errado em verificar se estaria em casa, desde que Rony e os filhos haviam ido embora Hermione passava cada vez mais tempo no trabalho, chegar em casa completamente exausta a ponto de não conseguir sentir nada além de cansaço, era a melhor forma que ela havia encontrado para lidar com tudo. Ela não era burra, sabia que a maneira que estava lidando com a vida não era saudável, sabia que ignorar todos os problemas seria destrutivo, ela já havia feito isso uma vez e o resultado havia sido devastador. Mas ela não tinha forças, lidar com todos os sentimentos conflitantes dentro de si já era difícil antes da separação, agora além de triste, cansada e perdida, Hermione se sentia sozinha.

— Não deveria estar aqui tão tarde- falou para o amigo parado na sua sala de estar. Harry observava o ambiente a sua volta, a casa estava impecavelmente limpa, sabia que a amiga limpava tudo compulsivamente quando estava triste. Ao menos pelos livros, havia livros espalhados por todo lugar.

— Desde quando temos hora para nos ajudar?- questionou Harry. 

—Eu estou bem, olha!-  Respondeu Hermione apontando para a casa arrumada e um prato de comida jogado em cima da mesa que dizia que ela estava se alimentando. Ela também sorria. Se alguém perguntasse a Hermione qual era o seu maior talento ela diria que era o de sorrir,  sorrir mesmo quando estivesse destruída por dentro. Entretanto era Harry que estava parado na sua frente, seu melhor amigo, ele não se deixaria enganar.

— Hermione- protestou ele.

— Olha Hharry, eu entendo sua preocupação, mas posso cuidar dos meus problemas com Rony sozinha- respondeu impaciente.

 — Então você admite que estão com problemas? 

— Estamos separados, é claro que estamos com problemas. Mas é isso acontece, as pessoas se separam, o amor não é eterno e a vida segue mesmo assim. 

Harry sentou no sofá, não tinha a mínima ideia do que dizer. Hermione era teimosa, ela não falava sobre os seus problemas, sobre os seus sentimentos, era sempre muito difícil ajuda-la. Ele sempre a viu como uma fortaleza, como alguém que estaria ali por ele sempre o impedindo de desmoronar, de tomar atitudes erradas, sempre salvando sua pele. Hermione era tudo que Ginny não poderia ser para ele, vice e versa. Sua primeira amiga, irmã, quase mãe. Quando a viu doente a primeira vez não quis acreditar, tentou diminuir a situação. ''É só uma fase, você sabe, é a Hermione'', dizia ao melhor amigo que se desesperava entre os cuidados dos filhos e da esposa. Era isso que ele esperava, isso que dizia a si mesmo, era só uma fase, Hermione era a pessoa mais forte que ele conhecia e nada poderia a abalar. Mas ele havia se enganado, sentia culpa por não ter feito algo antes, é que às vezes, concluiu, é muito difícil enxergar que as pessoas que estão sempre nos dando apoio, que são nossos exemplos de força podem ter as mesmas dores que nós. 

  Ele olhou para amiga parada enfrente a porta, como se esperasse que ele fosse embora, lembrou da menininha chorando do banheiro por não ter amigos então jongando-se no sofá cruzou os braços e as pernas como se dissesse que não iria a nenhum lugar. Ela o olhou confusa, não estava acostumado com Harry invasivo, eles tinham uma dinâmica no qual ele sempre lhe dava espaço, nunca se metia nos problemas dela com Rony, no final eles se resolveriam, sempre foi assim, desde que eram adolescentes. Mas ele não ira mais dar espaço, não quando as coisas pareciam cada vez mais distantes de serem resolvidas.

— Rose e Hugo passaram o dia lá em casa ontem- falou tentando amenizar o clima

— Eu sei, Rony me contou- respondeu Hermione impaciente.

— Então vocês ainda conversam?

— Rony me põe apar de tudo que acontece com as crianças.

Harry a encava buscando uma forma sensível de lidar com toda a situação, mas deu apenas um suspiro profundo resolvendo ir direto ao ponto. 

— Eu não acredito nisso Hermione, não acredito que vai deixar sua família simplesmente ir embora- exclamou indignado.

— O que você quer que eu faça Harry?- respondeu a mulher dando voltas pela sala, a ansiedade não permitia que ela ficasse parada-  Eu estraguei tudo ok. É isso que você queria? Vir aqui me lembrar de como destruí a minha vida?

— Claro que não, só quero que faça alguma coisa a respeito. Eu não posso ficar em casa assistindo você assim, se enterrando no trabalho, ignorando todo mundo, afastando as pessoas que te amam.

— Sinto muito se isso te frustra- respondeu rispidamente.

— Não são dos meus sentimentos que estamos tratando aqui- rebateu 

 — Não tem nada que eu posso fazer Harry- Hermione respondeu cansada, sentando-se resignada na poltrona enfrente ao amigo-  Eu sou uma pessoa horrível, sinto muito te decepcionar, mas ultimamente é só isso que eu tenho feito. Meus filhos me odeiam, Rony...

— Isso não é verdade Mione, seus filhos te amam e Rony também.

— Ele te disso isso?- ela o questionou com o olhar surpreso.

— Alguma vez ele precisou me dizer?

 — Eu o afastei Harry, eu fiz coisas que.... acho que ele nunca vai me perdoar sabe. Eu sou uma pessoa horrível- Agora sua voz falhava e lágrimas enchiam seus olhos.

— Não diga isso- repreendeu Harry-  Tenho certeza que vocês podem se acertar. São Ronmione, foram feitos um para outro, e eu já sabia disso muito antes de vocês. 

Hermione sorriu limpando as lágrimas do olhos antes que elas chegassem a escorres pelo rosto.

— Ter eles de volta seria maravilhoso, mas acho que eles estão melhor sem mim, principalmente as crianças.

— Sabe- Harry disse a encarando seriamente- Em todos esses anos sendo seu amigo isso foi a primeira coisa burra que ouvi você dizer.

A amiga abriu a boca para contestar mas nenhuma voz saiu, então Harry prosseguiu. 

— Hermione você precisa de uma ajuda que nem eu, nem Rony, nem você mesma sozinha pode te dá- ele disse tirando um cartão do bolso.

— Oque está querendo dizer?

— Esse o cartão da doutora Kin, ela me ajudou quando as coisas ficaram difíceis. Sei que não gosta de falar sobre isso, sei que gosta de fingir que aquele ano nunca aconteceu, mas eu entendo você Hermione, entendo o que você passou.

— Não, não entende Harry, você não rejeitou o próprio filho- sua voz triste foi rapidamente substituída por outra amargurada.

— Mas rejeitei a mim mesmo- confessou Harry num suspiro- E a Ginny e qualquer outra pessoa que chegasse perto. Você e Rony tinham acabado de casar, estavam em lua de mel e felizes, fiz de tudo para que não percebessem oque estava acontecendo comigo, mas olha isso - disse mostrando as marcas que escondia embaixo do relógio que havia ganhado da senhora Weasley quando ficou maior de idade- Aquela guerra, ela acabou comigo de um jeito talvez eu mesmo nunca consiga entender. Todas as perdas, todas aquelas vidas. Se não fosse a ajuda da doutora Kin nunca teria me recuperado, nunca teria me casado com Ginny, talvez nem estivesse mais aqui.

Hermione olhou para o amigo surpresa, ela sabia que o pós guerra havia sido muito difícil para todos, mas não imaginava que Harry havia chegado a tal ponto. Também, como ele mesmo havia dito, após a guerra tudo que ela queria era se apegar a momentos felizes, então se entregou ao amor de Rony e durante meses foi a única coisa que viveu.

— Por que não me contou isso antes?- questionou com o olhar peiedoso.

— Por que nunca conversou comigo sobre sua depressão?- ele respondeu da forma mais didática que encontrou - Sei que deveria ter falado sobre isso antes, mas eu nem conseguia Mione. A morte não é a pior perda da nossa vida sabe, a maior perda é o que morre dentro de nós quando ainda estamos vivos e eu....bem, nós perdemos muito.

Hermione agora segurava a mão do amigo, ela o entendia. Também sentiu as mesmas coisas que ele descrevia, talvez tenha demorado uma pouco mais para sentir, ou apenas conseguiu ignorar a dor por mais tempo, ela era boa nisso, sabia. Mas os sentimentos são caprichosos, não gostam de ser ignorados, possuem uma voz que podem enlouquecer até as pessoas mais fortes. Isso ela também sabia.

 - Quando você ficou mal- Harry continuou percebendo que a amiga o ouvia atentamente- Eu não consegui vê você aquela forma. Dizia a mim mesmo que você era mais forte do que eu e que as coisas iriam se acertar sozinhas. Que você conseguiria porque você é você. Hermione Granger Weasley, minha melhor amiga e uma das pessoas mais inteligente e sensata que já conheci.

—Harry- ela disse docemente.

—Você  me promete que vai procura-la?- ele apertou a cartão em sua mão com mais força.

— Não é uma garantia que terei Rony de volta- sussurrou com a cabeça baixa. Não queria admitir mas pensava em Rony todos os minutos do seu dia.

—Mas é uma possibilidade de trazer você de volta- respondeu Harry- Tenho certeza de que ele sente a sua falta, todos nós sentimos. 

—Obrigada Harry- ela o abraçou . Queria dizer que ele era seu melhor amigo, mas ele era muito mais que isso, ele era sua família, e estava grata por ainda ter uma parte dela ao seu lado.

— Ginny a intimou para o jantar amanhã, disse que te arrastaria a força caso não aparecesse, eu não duvidaria se fosse você. E Albus disse que está com saudades. Você sabe que é a tia favorita dele né?

— Voce sabe que ele é esquisito não sabe?-  Hermione sorriu maldosa.

— Como esquecer se James diz isso umas dez vezes por dia?- ele respondeu num suspiro de cansaço - Tá tudo bem se eu for, ou prefere que eu fique por aqui?

—Não, pode ir- ela sabia que o amigo e a cunhada tinham um trabalho gigantesco em colocar os filhos na linha,  e sentiu-se muito sortuda pelas duas crianças tranquilas que havia colocado no mundo- Eu vou ficar bem. 

Após se despedirem Hermione olhou para o cartão em suas mãos. Era um papel endurecido com a foto de uma bruxa de aparência  séria, porém suave. Letras douradas diziam: Doutora Sage Kin, medibruxa especialista em saúde mental. Aquelas palavras a intimidaram e por um breve segundo, teve um impulso de jogar o cartão fora e simplesmente esquecer tudo aquilo. Porém pensou na conversa em que acabara de ter com Harry, e nos filhos, e em Rony. Pensou em si mesma, e como já estava cansada de sentir falta de quem era. O que  mais poderia perder se tentasse? Um passo de cada vez era melhor do que ficar parada para sempre, pensou. E com esse fio de esperança prendeu o cartão ao porta retrato, um dos poucos que Hugo havia deixado para trás e foi dormir. Quem sabe sonharia? 

 


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Notas finais do capítulo

Olá, sei que devem ter sentido falta do Rony por aqui, mas acho que não podemos falar de Ronmione e deixar o Harry totalmente de lado, com certeza ele tentaria algo para ajudar, e na maioria das vezes é mais fácil á ouvidos as pessoas de fora.
Acredito que o próximo capítulo seja o último, não tenho certeza, mas é bem prováavel.
Bjs e obrigada a todos que tem acompanhado



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