Cartas para Bella escrita por Lu Cullen


Capítulo 13
Jacob Black, o menino que me culpa pelo o que aconteceu consigo.


Notas iniciais do capítulo

Genteeee linda, como vocês estão???? Eu to ótima!
Então algumas coisinhas aqui: eu juro esse é o maior capítulo que eu já escrevi para essa história. Cara, ele ta enormeeee. Enfim, o que isso tem haver com a combinação que eu estou planejando com vocês? TUDO!
Certo, eu estava pensando em postar um capítulo nesta quarta que vai vir. Começar a postar duas vezes na semana, já que estamos nos encaminhando para o fim! Eu sei, triste, muito triste. O problema é que eu não terminei o capítulo que teoricamente publicaria nessa quarta, o que quer dizer que eu nem comecei o do próximo domingo. Então ou eu começaria já a postar duas vezes nesta semana, sendo que pode ser que eu não consiga postar no próximo domingo, o que igualaria dois capítulos com previsão do proximo talvez na próxima quarta, OU começa a postar duas vezes na próxima semana sem ter medo de deixar vocês sem capítulo. O que vocês preferem? Me digam!
Independente das escolhas, eu gostaria de pedir para vocês me derem seus feeddbacks! Quero dizer, isso é uma via de mão dupla, certo? Então, vamos lá, quero comentários minha gente linda! Agora, aproveitem o capítulo enormeee e boa leitura!



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O café dos Crofts estava, para a minha alegria, não muito cheio. Tanto Jamie, a outra garçonete, quanto eu conseguimos atender e ganhar boas gorjetas. Termino de limpar uma mesa, escutando os resmungos de Emmett na mesa ao lado.

— Eu nunca vou entender isso. - ele resmunga, batendo com o caderno na cabeça.

— Eu te entendo, cara. - Seth dizendo, virando o caderno de ponta cabeça. - Estamos falando inglês ou árabe, Bella? Porque eu não entendo isso de jeito nenhum.

— Definitivamente árabe, cara.

Reviro os olhos para a conversa melodramática entre eles. Se fossem irmãos,  eu duvido que fossem tão parecidos. Assim que pus os pés na cafeteria, como combinado, Emmett me esperava na mesa do fundo com seus materiais de matemática. De última hora, Seth me implorou para ajudá-lo a estudar para o teste de matemática que estava por vir. Juntei o útil e o agradável e trouxe ele para a pequena sessão de estudos com Emm.

— Vocês mais reclamam do que de fato tentam entender a matéria! - bufo, ficando de frente a eles com as mãos na cintura.

— É muito difícil! Acho que meus neurônios estão queimados. - Seth murmura.

— No caso, os seus dois últimos? - indago, sarcasticamente. Ele me mostra o dedo do meio.

Emmett bate a cabeça no caderno, Seth cruza os braços à frente do peito. Eu dou uma olhada na cafeteria, vendo que os meus outros dois clientes estavam comendo e sentei-me ao lado dos dois idiotas. Pego o caderno de Emmett:

— Vamos fingir que X é um atacante que você não conhece. Você tem que descobrir quem ele é para montar sua estratégia de jogo. - falo, chamando sua atenção. - Para descobrir quem é, você tem que primeiro igualar eles que podemos dizer ver quem é quem do time. Depois, com o time separado, um lado denominado e o outro não, começamos a descobrir. Você passa o número 3 para o outro lado dividindo e BAM! - exclamo anotando a resposta. - Você sabe que o atacante central é o número 42.

Emmett analisa o papel, sério. Ele pega o lápis da minha mão, começando a fazer outro exercício. Eu passo a prestar atenção a Seth e ajudá-lo em Bhaskara. Anoto a fórmula em seu caderno e mando fazê-lo os exercícios quando escuto o sino da porta tocar.

Levanto rapidamente indo para trás do balão e gemo de irritação ao ver Lauren, Edward, Tom e Alice. Espera?! Alice?! Eles caminham para uma mesa e eu sendo obrigada, já que Jamie não está em nenhum lugar a minha vista, vou até lá me arrastando com o bloquinho de notas em mão.

— Oi! Então, o que vão pedir? - sou direta, não querendo prolongar meu tempo ali, eu seria mais educada se não fossem eles.

A coisa é: nenhum deles falou nada comigo sobre a fatídica noite. Ninguém caçou, nem recordou. De acordo com Emmett, tudo por causa de Edward. Eu sou agradecida por isso. Mas isso não quer dizer que eles não comentam isso entre eles. O que me faz querer me esconder e nunca mais ver a luz do dia.

— Bella! - Alice fala com um sorriso. - Então, já está tudo combinado, Jasper irá nos pegar lá em casa e depois vamos jantar...

— Okay, Alli. - corto-a. - Conversamos disso depois. - murmuro baixo. Ela faz um beicinho. 

Alice só fala do baile. Acho que vou enlouquecer. Eu não quero ir, mas vou deixá-la contente. Agora ter que escutá-la falar sobre isso 24 horas por dia é horrível! 

— Você vai no baile? Sério?! - Tom pergunta. 

— Vai sim! - Alice responde por mim. - Ela está sem par na verdade, Tom. Bem que vocês podiam ir juntos!

Seus olhos brilham com sarcasmo ou talvez seja algo como um brilho perverso.

— Alice! - eu repreendo-a. Ela nem liga para o que estou fazendo.

— Não que você seja alguém bom para estar com a Bella, mas dá para o gasto.

Eu sinto meu corpo todo esquentar de vergonha e raiva. 

— O que seria melhor para Bella? - Lauren perguntou cruzando as mãos.

— Alguém que não seja um babaca sem cérebro que nem vocês. Mas Tom, você é bonito! - Alice diz como se isso fosse algo reconfortante. - Dá para o gasto, não é Bella?!

— Vocês querem ou não pedir algo? - corto o assunto. - Eu tenho mais para fazer. 

Meus olhos cruzam com os de Edward. Ele sorri sarcasticamente. Seus olhos estão sombrios. Eu desvio o olhar, esperando as respostas. 

— Eu quero um frapuccino. - Alice diz. - Você consegue colocar granulado em cima. O preto, não o colorido.

Anoto no bloquinho.

— Eu quero bolinhas de queijo e um café expresso. - Lauren diz, encarando suas unhas enormes.

— Um chá gelado, por favor. - Tom pede.

Ergo a sobrancelha para Edward, esperando sua resposta.

— Só um chocolate quente. - ele murmura.

— Chocolate quente quase no verão? - pergunto, irônica.

— Chocolate quente é para todas as estações. - Lauren fala, se intrometendo. Eu reviro os olhos, saindo para a cozinha.

Faço os cafés, pego as comidas e em menos de 20 minutos estou voltando para a terrível mesa. Com tudo empilhado na bandeja, ponho as coisas com cuidado. O silêncio da cafeteria é quebrado quando um grito vem do fundo. Meus olhos se arregalam ao ver Emmett correr na minha direção, como um touro quando vê um tecido vermelho, abraçando-me e balançando-me para todos os lados possíveis. Sinto meu cérebro balançando para todas as direções possíveis.

— Eu vou passar, caralho! - ele exclama. - Eu entendi, Bella! EU ACHEI A PORRA DO ATACANTE!

— Emmett! - exclamo. Ele me larga no chão me dando um abraço de urso. - Parabéns! Eu disse que você ia conseguir.

— Cara, você é enorme! - Seth exclama, batendo na altura do seu ombro.

— Seth? Emmett? O que vocês estão fazendo aqui? - Alice pergunta.

— Sessão de estudos com a super Bella. 

— Ela é uma puta professora. Quer dizer, não puta puta. Ela é uma puta em relação a ser foda. - Emmett fala rapidamente, confundindo-se nas palavras. - Me ensinou em algumas horas o que o senhor Blake nunca conseguiu.

— Nerd. - escuto Lauren falar. 

— Vadia. - murmuro alto o suficiente para ela escutar. Seus olhos se estreitam. - Bem, se vocês estão servindo. Vou me retirar.

— Calma que eu vou com vocês. Por que não me chamou, Bella?

Alice sai da mesa pegando seu frapuccino. Eu a levo para a nossa mesa no fundão. Emmett fecha o caderno enquanto conversa sobre futebol com Seth.

— Ah, não sei.

— Bem, mudando de assunto. - ela diz sentando-se elegantemente na cadeira. Eu faço o mesmo, mas desajeitadamente. - Último suspeito?

Emmett para de rabiscar em seu caderno e me encara. 

— Jacob Black. 

— Eu não sei se esse cara é ele. - Emmett diz.

— O que tem o Jake?

— Nós já fomos melhores amigos. Ele não era desse jeito. Ele me dava flores!

— Ele tirou a sua virgindade, o mínimo era te dar flores. - Alice fala.

— Eu pedi para ele tirar a minha virgindade.

— Você pediu para ele tirar a sua virgindade? - Emmett indaga.

— Você perdeu a virgindade? - Seth pergunta de olhos arregalados.

— Desde quando começamos a falar da minha não-virgindade? - pergunto, não entendendo o porquê de estarmos nessa pauta.

— Alice começou. - Seth fala.

Balanço a cabeça rapidamente.

— Olha, ele é a minha última chance. - murmuro. - Quero dizer, quem mais poderia ser? Tom? Por favor! Não tem nenhum outro garoto decente em Forks!

— HEY! - os dois garotos da mesa exclamam.

— Sem ofensas. - digo.

— Bella. - Alice fala segurando as minhas duas mãos. - Talvez, você precise abrir os seus olhos. Abrir os horizontes e não ficar tão focada nos seus suspeitos. Já pensou que o Jacob não seja?! Se ele não for, o que vai fazer?! Além do mais, o cara não te suporta. Você mesma me falou isso. 

Minha boca se abre, no entanto nenhum som sai. Eu respiro fundo. Não, eu não tinha pensado no que fazer, caso não fosse Jacob. Acho que estive a semana toda quase implorando para que eu estivesse certa. 

— Tem que ser ele! - digo com a voz falhando. 

Alice vira o rosto, olhando para fora, suspirando. Eu encaro os dois garotos.

— O que o Jacob tem que ser? Por que a Bella tem que abrir os olhos? Alguém pode me responder?!

— Qual o plano? - Emmett pergunta, debruçando-se na mesa.

— Bem, eu pensei que Seth pudesse nos prender dentro do pequeno galpão atrás da minha casa. 

— Isso não parece muito bom.

— Você tem alguma outra ideia? 

Ninguém fala nada. Tomo um incentivo para continuar.

— Depois da escola amanhã, você vai ligar para ele, Seth. Dizer que estou trancada. Empurra ele para dentro do galpão e nos trancar lá. O resto é tudo comigo.

— Vocês podem me explicar o por quê de eu ter que fazer isso? Eu não estou entendendo nada, porra. - ele diz, fazendo beicinho.

— Não importa, okay?! Só… Você faz isso por mim? 

Tento o olhar com a minha melhor cara de pidona. Ele revira os olha enquanto levanta as mãos para cim.

— Se formos presos, direi que você me ameaçou atropelar com aquela sua caminhonete velha!

Todos explodimos em gargalhadas com a seriedade que Seth usou para falar. Viro para trás ao ver Edward levantar-se da mesa indo para o caixa. Os três patetas continuam a discutir algo que eu não presto atenção. Caminho lentamente em direção ao balcão.

Faço a volta, ficando de frente ao caixa e a Edward. Ele me entrega a nota com tudo o que consumiram. Eu coloco no caixa, dando o total de 26,97 dólares. Eu ponho uma mecha atrás do cabelo.

— Então, aquela história de baile. Vai? - ele pergunta, entregando-me seu cartão de débito.

— Querer ir e ser obrigada a ir são duas coisas diferentes.

Ele arqueia a sobrancelha. 

— Você não quer ir.

— Estou indo porque fui intimada pela sua irmã.

Ele balança a cabeça quando lhe entrego a nota.

— Está indo para a deixá-la feliz?

— E porque ela não aceita o meu não. - dou de ombros.

Seus olhos percorrem todo o meu rosto. Eu mordo os lábios de nervoso.

— O que?

Ele guarda o cartão dentro da carteira.

— Isso te deixa feliz? 

— O que exatamente?

Ele apoia o cotovelo na bancada. Faço o mesmo, como se fossemos espelhos.

— Fazer as outras pessoas felizes.

Eu olho para baixo. Isso que eu faço, não é mesmo?! Fazer os outros felizes? Como vir para Forks para meus pais viajarem? Ir ao baile para Alice ficar com suas lindas memórias para mostrar os filhos? 

— Ou é algo que está no piloto automático? Se por em segundo lugar?

O encaro seriamente. Eu… Suspirando, mordo os lábios, sem saber o que dizer.

— É mais como se fosse… Eu não sei, Edward. - sussurro encarando a mesa do fundo. - Acho que não é tão ruim. É uma maldição, mas ao mesmo tempo uma benção, huh? 

Ele concorda com a cabeça.

— Talvez você devesse se priorizar. - ele fala. - Tom acha que vocês vão juntos. Vai dizer sim para ele também ou vai fazer o que você quiser? 

Logo, Edward se retira, caminhando com Lauren e Tom para o estacionamento. Eu passo a mão no cabelo, ansiosa. Será que eu deveria me impor e dizer não a Alice? Mas isso a deixaria chateada e super irritada. Definitivamente eu diria não a Thomas. Continuo a encarar pela janela Edward subindo em sua moto com Lauren em sua garoupa.

Sorrio de canto ao ver senhor e senhora Croft passando pelas portas. Jamie se despede. Eu tiro meu avental durante caminho para a mesa cheia de conversa, sentando ao lado de Alice.

— Eu não acredito que você quer fazer isso, Emmett! - Alice exclama.

— Eu não acredito que você está na cola da Rosalie Hale! Ela é uma deusa grega!

— O que houve? 

— Vou pedir a Rose para ir ao baile cantando.

— Vai ser tão romântico!

— Ela vai odiar! - afirmo.

— O que? - Emmett quase grita.

— Qual é, Emmett. Ela é das coisas simples, okay?! É só ver que ela não usa roupas extravagantes, está sempre com as mesmas argolas douradas e tênis vans. Ela gosta da cor de azul, porque é a cor da mochila e caderno dela, além de que parece gostar de Rosas. Seja direto, ela não gosta de enrolações, isso porque ela é direta.

Emmett pisca três vezes, sem acreditar.

— Como você sabe de tudo isso?

— Eu só gosto de observar as coisas. - murmuro.

— Tem certeza que você não é da CIA? - Seth pergunta, rindo. 

— Quem sabe? - Alice indaga.

Sentindo-me exausta pelo longo dia, não demoramos muito para sair da cafeteria. Emmett levaria Alice para casa, o que me deixou feliz já que não precisaria fazer um desvio. Seth e eu vamos para casa, onde com Sue jantamos pizza. Depois de tomar um banho quente, colocar grossas meias e jogar-me debaixo dos cobertores, meu telefone vibra.

 

hey!

Oi!

sabe aquele sentimento de que algo vai mudar

sei sim

ent pq eu estou me sentindo assim?

n sei…. brigou com alguém?

não… mas eu tive uma conversa com uma pessoa q n deveria

ah é… e quem?

bem não importa

espero n ter feito uma cagada

eu estava pensando

talvez eu vá estudar no fim de semana lá na campina

ah é?!

Pois é! As últimas provas são na metade da 

semana que vem… Ia ser legal se alguém 

fosse estudar comigo

bella!

Correspondente!

n vamos estrar aí, okay

Tudo bem

Tenha uma boa noite, Cs

boa noite, princesa!

 

Eu não sei quanto tempo levei para dormir após nossa despedida. A única coisa que eu tenho certeza é que desde nossa “volta”, eu tenho dormido melhor. Me sentindo melhor. Sendo melhor.

Acordo na manhã seguinte com o alarme do meu celular tocando as 7 horas em ponto. Eu levanto da cama quentinha, caminhando em direção ao closet. Pego no armário calça jeans escura, blusa de manga comprida e uma jaqueta leve. Troco de roupa rápido para ir ajudar Seth que agora está com uma bota ortopédica. Antes de fechar a porta, vejo o vestido que eu comprei pendurado. Querendo afastar todos os meus pensamentos, fecho a porta.

Chego no seu quarto, abrindo as cortinas. O sol entra no quarto fedorento de adolescente. Seth resmunga, se cobrindo com o cobertor. Eu reviro os olhos.

— Se você demorar demais, eu juro que te deixo sem carona.

— Aí eu não vou para a escola.

— Aí você fica de castigo.

Ele grita contra o travesseiro antes de se levantar e ir para o banheiro. Balançando a cabeça, desço as escadas, encontrando Sue na cozinha com uma xícara de café. Lhe dou um beijo na bochecha de bom dia. 

— Dormiu bem? 

— Dormi sim. 

Conversamos sobre o dia de hoje. Sue teria um paciente às 7 horas da noite, o que eu reclamei dizendo que estava trabalhando demais. Ela riu da minha cara. Seth desce vestido e devora o cereal na mesa. Eu o acompanho.

Vinte minutos depois, onde Seth teve uma "jornalada" na cabeça por Sue, nos despedimos dela, entramos em Pulga e rumamos à escola. Coço a nuca ao ver a mensagem de minha mãe. Eu estive os ignorando desde a nossa “briga”. Depois de uma batalha feia na minha consciência, pego o celular respondendo ela, aproveitando mando mensagem para o Correspondente.

Eu n aguento mais escola

menos de duas semanas e tudo acaba

Engulo a seco. Tudo acaba? Esse tudo engloba o que temos?

Tudo tudo?

eu n sei

 

Desligo o celular, jogando para o banco de trás. Chegamos na escola após 10 minutos. Ajudo Seth a descer da caminhonete para então seguirmos dentro da escola. De relance, vejo Edward, estacionando sua moto. Mordo os lábios quando sou pega o encarando e apreço Seth o mais rápido que posso para entrar na escola.

Virando o corredor, vejo Eric, Alice e Emmett na frente dos nossos armários. Gemo internamente, sabendo que aquele complô era ou para falar sobre baile ou sobre o que aconteceria hoje. Eu lembro da conversa que tive com Edward no dia anterior. Era uma coisa natural eu me pôr em segundo lugar ou eu fui acostumada que tenho que deixar os outros felizes?

Desde que eu me entendo por gente, lembro de pensar em mim depois que tudo estava resolvido. Até hoje é assim. Eu vim para Forks com 13 anos para meus pais poderem trabalhar. Eu dei minha boneca preferida a Hayley quando a sua foi decapitada pelo seu irmão mais velho. Edward está certo! Eu tenho que pensar em mim um pouco.

— Oi! - digo, largando a mochila no meu armário.

— Então, eu vou falar com a Rose hoje! - Emmett exclama.

— Trouxe as flores?

— Rosas azuis. - diz, abrindo a mochila, onde um buquê está ali dentro.

— Que ótimo!

Pego as coisas, fechando o armário. Os dois garotos e Alice me encaram.

— O que houve?

— AIII! Era para ser um segredo, mas eu não consigo! Vamos de limousine para o baile! - ela exclama agarrando o meu braço. - Eu conversei com Tom para você e ele disse que pode ser o seu acompanhante.

— Wow, wow, wow. Calma aí! Alice, eu não quero ir com ele!

— Não?!

— É claro que não, Alice! Você é uma das únicas pessoas que sabe que eu estou afim de outro cara e quer me jogar para cima de outro?! Você sabe que eu nem quero ir nessa merda, só estou indo por você! - silvo, baixo. Alice abre um sorriso. - O que é agora?

— Achei que você nunca ia me dizer isso. - ela fecha o seu próprio armário. - Vamos para a aula, bobinha. Eu nunca iria te pressionar a ir com alguém que você não queira. Só queria clarear essa sua mente.

Minha mente?

— Tchau, meninos! Nos vemos no almoço!

Sendo segurada pelos braços finos, mas fortes, de Alice. Caminhamos juntas para a aula de inglês com a minha cabeça girando em perguntas. Por que ela me levaria ao limite? Para provar que eu estava indo só por ela? Ela sabe disso! Ou talvez para eu perceber que estou fazendo isso por ela e que, na verdade, eu deva fazer por mim? 

As aulas passam voando, logo estou na hora do almoço, sentada em uma mesa mais para o fundo com Alice, Eric e, a nova adição ao grupo, Emmett. Ele esfrega as mãos de um lado para o outro, ansioso pela entrada de Rosalie.

— Para,  caralho! - eu exclamo. - Você está me deixando nervosa!

— Eu acho que vou me cagar, sério!

Eu tapo a boca com a mão tentando não rir de sua cara. Todos na mesa gargalham da sua cara, deixando o clima mais leve. Jasper entra na cafeteria na companhia de Rosalie. Emmett fica de pé com o buque ao seu lado, levando tapinhas reconfortantes de Eric. 

— Hora de brilhar, grandão. - Alice diz.

Emmett chama Rosalie para conversar, Jasper os deixa sozinhos e vem para nossa mesa. Com o canto de olho, vejo Jacob sentado a três mesas da minha. Ele ria com os amigos.

Eu não tenho ideia do que aconteceu. Depois daquela noite, fomos separados. Agora, quando volto, ele está todo diferente. Seus olhos encaram os meus. Ele arquea a sobrancelha, eu desvio o olhar. 

— Acho que não seja ele. - Alice sussurra.

— Se não é ele, é quem?

Os olhos de Alice se desviam de mim para atrás de mim. Apenas maneio a cabeça, afundando-me no grande hambúrguer a minha frente. E se não for ele? O que eu faria? Tem uma semana e meia para as aulas acabarem. Com as aulas, o que quer que seja que nós temos acabaria? Eu não podia deixar! Vejo por entre os cílios, Alice saindo da mesa, correndo. Quando estou prestes a segui-la, Jasper me segura.

— Ela já volta, okay?! Deixa ela.

— Mas o que aconteceu?

— Nada importante. Coisa de família, eu acho. 

Viro a cabeça, vendo Alice seguindo Edward. O que aconteceu com ele? Jasper puxa assunto com Eric, tentando me deixar animada. A única coisa que minha mente foca é como eu arrancaria a verdade de Jacob hoje lá em casa, porque eu o faria. 

As aulas da tarde passam voando para a minha felicidade. Nos corredores, escuto sobre cartas de aprovação nas faculdades. Porra! Eu ainda não recebera a minha carta! Tiro o celular do bolso, tentando ligar para o número de casa, mas ninguém atende. Talvez, esteja em Nova Iorque. Enviaram para lá, não para cá, porque meu endereço de residência está lá, claro!

— Vai ficar o dia todo de pé?

Saindo do meu transe com a voz de Seth, subo na caminhonete, onde ele já estava, para enfim irmos embora. Chegamos em casa rapidamente, eu faço algo para nós comermos e em pouco tempo, com Seth de barriga cheia, mando ele ligar para Jacob.

— É complicado, okay?! - respondo sua pergunta de “por que?”.  - Eu juro que depois que resolver isso, te explicarei o que quiser.

— Promessa de dedinho? - diz, esticando o minguinho. 

Revirando os olhos, eu entrelaço nossos dedos, confirmando a promessa de dedinho. Seth fica satisfeito. Ele liga para Jacob e com a maior falsidade, ou atuação, ele começa:

— Jacob! Puta merda, cara! Me ajuda! É a Bella! - ele fica quieto com um grande sorriso no rosto. - Não! Ela está presa dentro do galpão! Eu não sei o que aconteceu! Ela está gritando desesperada lá! Me ajuda, cara! Vocês já foram melhores amigos! - ele fica quieto, escutando o que quer que seja que Jacob esteja falando. - Okay! Vou fazer isso! 

Seth desliga o celular, guardando dentro do bolso da frente da calça jeans. Ele pega a tigela com doce dentro, enchendo a boca. 

— O que ele disse? - indago, nervosa.

Uhli da aka hein inco binutis. - diz de boca cheia. Eu estreito os olhos. - Ele está aqui em cinco minutos.

— Seth! - exclamo, subindo as escadas correndo. 

Eu vou para o galpão da casa, respirando fundo. Não pira! Não pira! Não pira! Ele é pequeno, um metro por dois. A cor vermelha está desbotada por conta do tempo e que a última vez que fora pintado, chuto, a pelo menos 5 anos. Eu abro a porta branca, ligo a luz do lugar que leva um tempinho e tusso ao sentir a poeira entrando da minha garganta. Pelo menos não tinha nem um bicho, já que Sue arrumava isso de 2 em 2 meses.

Lembrando do plano: Seth ligar para Jacob, trancar nós aqui, eu o perguntar sobre as cartas, depois que ele admitir, eu o deixo-o ir. A pergunta mais importante é: eu realmente acredito que seja Jacob? Bem, no dia em que eu recebi a carta, ele não deixou eu lê-la, assim que peguei. Quando éramos menores, eu tive uma leve queda por ele. Ele era querido. Mas e agora? Ele está tentando se reaproximar? Ou está querendo me dizer que se afastou por que ainda gosta de mim?

Balanço a cabeça negando. Claro que não! No entanto, e se a resposta for sim? Eu aceitaria ele como meu correspondente secreto? Aquele por quem eu estou apaixonada? 

Ao escutar um barulho de moto vindo da rua, sou tirada dos meus pensamentos para me jogar para dentro da pequena casa. Fecho a porta com força, me encostando na parede oposta da porta. Sento num banquinho que tinha ali, querendo acalmar o nervosismo.

Eu conseguiria aceitar Jacob como Correspondente. Penso. 

Onde ela está? - escuto a voz abafada de Jacob.

Lá dentro. Vem! 

O que aconteceu?

Acho que a porta emperrou, cara.

Os passos dos dois garotos vão ficando cada vez mais altos. Acontece tudo muito rápido. Seth fala algo sobre um esquilo, a porta se abre, Seth empurra Jacob para dentro do galpão e volta a fechar a porta. Escutamos um click e os passos de Seth para longe.

MEU TEMA DE MATEMÁTICA VAI ESTAR EM CIMA DA SUA CAMA! — Seth grita, afastando-se.

Jacob caira com os braços e as pernas espalhados pelo chão. Ele apoia-se nos cotovelos e levando-se em seguida. Jacob me encara com os olhos estreitos. Seus olhos estão confusos. Ele volta para a porta, socando-a.

— SETH! ABRE ISSO AQUI!

Deixo ele tentar fazer o Seth voltar. Ele não sabe, mas Seth deve estar se empanturrando com alguns Donuts, jogando seu videogame no máximo de volume para nos ignorar. Tudo o que nós dois combinamos.

— Será que você pode, por favor, parar? - eu digo, me enchendo o saco com seus gritos.

Jacob vira rapidamente a cabeça para trás. Eu paro para o analisar. A última vez que nos vimos, três anos antes, ele tinha os cabelos compridos, batendo abaixo da metade de suas costas. Agora, estão raspados. Ele sempre fora alto, só que seco. Agora parece ter quase dois metros de altura de puro músculo.

— Ele não vai abrir a porta. - esclareço. 

— Por que?

Eu engulo o seco ao ver sua expressão irritada.

— Bem, her, eu precisava falar com você.

Jacob cruza os braços na altura do peito. Ele vestia apenas um moletom e calças jeans.

— Não podia fazer isso como alguém comum e me chamar pelo telefone?

— Você me bloqueou! - eu digo. Óbvio que eu tentei conversar com ele antes.

— Isso porque você me bloqueou primeiro! - eu fico de pé, quando ele aponta seu dedo em minha direção.

— Não! Eu não bloqueei ninguém! Meus pais trocaram meu telefone assim que eu cheguei em casa. Quando consegui seu número, você tinha me bloqueado!

Ficamos nos encarando, silenciosamente. Não era desse jeito que tinha planejado a nossa conversa!

— Que tal a escola? Você podia ter conversado comigo lá! - ele bate as mãos nas coxas, apontando para fora do  lugar.

— Você sempre está correndo de mim, Jacob! - eu exclamo, ficando de pé. - Ou me ignorando, ou sendo rude, ou sendo um babaca. Então, te prender dentro do galpão atrás da minha casa para podermos conversar não parecia ser tão ruim assim!

— Ah, além de me trancar num galpão, você também vai me ofender?! Ótimo! 

— Se você toma as suas próprias atitudes como ofensa, talvez devesse mudar o seu comportamento, não acha?!

Cruzo os braços, respirando fundo e me controlando para não o colocar para fora. Qual seria o ponto disso aqui se tudo desse errado? Ele me fulmina pelos olhos.

Jacob torna a ficar de costas para mim, socando a porta. Eu reviro os olhos, me sentando no banco. Começo a brincar com uma mecha do meu cabelo para o tempo passar. Como eu o faria admitir? Tudo estava dando errado. Era para estarmos conversando e não discutindo! 

— O que é que você está tão desesperada que precisa me trancar aqui? 

— Bem, você pode me dizer. 

Ele ergue a sobrancelha. 

— Jacob está tudo bem, okay?! Pode admitir. Eu não vou te julgar. 

Suas sobrancelhas se juntam em, claramente, confusão.

— Julgar o que, garota? Está louca, é?!

Eu volto a sentar no banquinho. Louca?! Ah, ele vai ver quem é a louca aqui!

— Claro, eu que sou a louca, aqui não é?! Mas não sou eu que estou mandando cartas querendo me desculpar.

— De que porra você está falando?

— De que porra eu to falado? Não se faça de desentendido, Jacob! Eu sei que é você, agora para logo com essa palhaçada, okay? Eu, de verdade, já estou de saco cheio com isso. Não aguento mais! - falo jogando as mãos para cima.

— Eu não sei do que você está falando. - ele diz. Eu passo a mão pela nuca. 

— Vamos, Jacob. O que deu errado com a gente? 

Ele se vira, encostando-se na porta. Um barulho vindo de forma, confirma que começou a chover. Eu ergo uma sobrancelha esperando sua resposta. Ele abaixa os olhos.

— Nós éramos amigos, Jake. Os melhores. - murmuro me aproximando. - Nós íamos para La Push, ficávamos até tarde com sua irmã comendo pizza e bebendo nossas primeiras cervejas, você tirou minha virgindade, porra! - comento, rindo de nervoso. - Depois da escola, a gente saia correndo para tocar campainha nas casas das pessoas ou passávamos a tarde na garagem do seu pai, fazendo qualquer coisa, menos estudando! Eu te passava colas nas provas, te tirava de enrascadas. Você me salvava das garotas estúpidas da minha turma e me ajudava na aula de educação física, porque eu não tenho coordenação motora!  Então, Jacob, eu te pergunto e se quiser imploro para escutar a sua reposta: o que infernos aconteceu? 

— Você me ignorou. Me esqueceu. Me apagou da sua memória!

Lágrimas escorrem de meus olhos. Estava mais do que óbvio que Jacob não era o meu correspondente secreto, mas no momento, eu realmente não queria pensar nisso. Queria tentar entender o que aconteceu com a gente.

— Você lembra que sua mãe dizia que íamos casar? Éramos perfeitos um para o outro? Eu lembro que fazia “eca”, mas na verdade adorava por dentro. Eu tinha uma queda por você! Então, me explica o motivo de eu decidir apagar você da minha memória, sendo que você foi um dos meus únicos amigos nesta cidade de merda!

Quando fico quieta, tentando impedir as lágrimas descerem por minhas bochechas, lembrando dos nossos momentos juntos até aquela noite, vejo Jacob fraquejar, ele pensou no mesmo. Ele respira fundo. Jacob se afasta da porta ainda de frente para ela. Eu grito, tentando o impedir quando ele começa a chutar a maçaneta.

— JACOB, NÃO!

Uma, duas, três chutes depois a porta se abre num estalo. Jacob começa a sair chuva a fora, com os ombros tensos. Ele vira a cabeça uma última vez e não consigo dizer se está chorando ou é apenas a chuva. Seth sai para a varanda com uma faca na mão, mas abaixa ao ver Jacob. O garoto sobe na moto e parte, sem dizer uma palavra.

Eu atravesso o pátio, onde abraço Seth, soluçando. Ele atravessa seus braços pelos meus ombros. Ele acaricia as minhas costas para, em seguida, entrarmos em casa. Eu sento na mesa de jantar, recompondo-me, enquanto Seth coloca uma jarra de chocolate quente na minha frente.

— Sempre me deixa melhor. - ele diz, de mal jeito. - Tomar chocolate quente.

Sorrindo fraco, agradeço e começo a tomar o chocolate. Seth levanta-se da cadeira e anda até o controle da calefação, onde aumenta alguns graus.

— Bella. - eu o encaro. - Eu sei que, bem, você está passando por algo. E se quiser falar com alguém. - ele suspira. - Eu sei que você já tem os seus amigos, mas você é a minha prima, postiça, porque sou adotado, mas minha prima. Então, eu vou estar aqui para qualquer coisa.

Eu o puxo para um abraço apertado. Lhe dou um beijo na bochecha enquanto bagunço seu cabelo.

— Pode deixar, Seth!

Após o chocolate quente, eu tomo um banho, colocando um pijama. Entrando no meu quarto, eu pego o livro de espanhol e óculos para começar a estudar para a prova na próxima segunda-feira. Seth não me escuta e continua a jogar videogame. Não sei quanto tempo fico com a cara no livro, tentando distrair meu cérebro de começar a pensar em tudo. Só sei que é tarde quando Sue entra no meu quarto, sentando-se na ponta da minha cama, usando um robe preto.

— Você sabe que já é quase meia-noite, certo?! - eu olho para o relógio da cozinha e gemo.

— Agora, eu sei. - murmuro, tirando os óculos.

— Sabe, eu cheguei do trabalho e vi que a porta do galpão estava aberta. Para o meu horror, está quebrada! 

Eu giro a cadeira, ficando de frente para ela, batucando a ponta do lápis na mesa. 

— Hmm. - digo, desviando de seu rosto, voltando a admirar o livro.

— Perguntei a Seth, sabe. Eu nunca vi aquele garoto gaguejando tanto.

Sorri de canto. Ele não é um bom ator quando pego desprevenido.

— Deve ter sido um urso. - minto na cara dura. Sue toca em meu cabelo.

— Não preciso saber o que aconteceu? - eu me limito a negar com a cabeça. - Tudo bem.

Sue me dá um beijo nos cabelos. Ela caminha para fora do quarto, desligando a luz de cima. 

— Vá dormir, Bella. Tem a semana toda para estudar. 

— Boa noite, Sue.

Ela pisca antes de fechar a porta. Eu respiro fundo para jogar-me na cama grande. Espio pela barra de notificações as mensagens recebidas, entre elas, meu corresponde secreto. Meu coração bate mais forte, misturando tristeza e paixão. O que eu faço, deixa até eu meio chocada, mas decido o ignorar. Largo o telefone no balcão e viro em direção para a parede, adormecendo poucos minutos depois.

 

「• • •」

 

— Você está acabada! - Emmett diz, ao me ver. Rosalie e ele seguram as mãos. Ótimo! Mais alguém para jogar na minha cara que está com alguém! Já não bastava Jasper e Alice.

— Sério?! O que te denunciou foi as olheiras ou minhas meias não combinando? - digo, caminhando com o casal pelo corredor.

— Definitivamente foi esse mau-humor. Que foi? Acordou com o pé esquerdo? 

Eu o ignoro, abrindo meu armário. Pelo canto do olho, vejo o grandão ir conversar com alguns colegas de time. Eu fecho a porta de metal, encontrando Rosalie.

— Garota, eu não sei o que deu com esse seu humor. - eu suspiro. - Você está sendo uma cadela.

— Bem, isso você sabe bem, não é?! - os olhos de Rosalie se arregalam rapidamente. Eu coço a nuca. - Olha, foi mal. Ontem aconteceu algumas coisas e eu não estou com a cabeça no normal.

Ela levanta a mão, não me deixando terminar meu papo furado.

— Você não tem que me pedir desculpas. Eu também fui uma cadela com você várias vezes sem motivo. Eu posso aguentar! - ela ri, eu me junto a ela. - Além do mais, eu tenho que te agradecer por fazer Emmett esquecer da tal serenata que ele estava planejando.

— Eu imaginei que você fosse odiar. Coisa brega! - reclamo, encostando-me no meu armário.

— Eu devia ter ficado sua amiga mais cedo...  - ela balança a cabeça para o lado e o outro. - Eu estava tão puta que talvez você e Emmett estivessem tendo algo que ativou o lado cadela. Você estava tão fragilizada aquele dia na oficina. - ela coloca sua mão em meu ombro. Eu encaro os lindos olhos azuis de Rosalie e vejo verdade. - Me desculpa por aquilo. 

Sorrindo fraco, eu concordo. Eu encaro Emmett, fazendo uma careta.

— Ele vai levar uma eternidade. Eu tenho aula de biologia e…

— Nos vemos depois, Bella. 

— Claro!

Caminho pelos corredores até a sala do senhor Medina, sentindo a cada passo, uma exaustão. Quando chego lá, largo as coisas em cima da mesa, desleixadamente. Com a manga da minha blusa xadrez, coço a ponta do meu nariz. Respirando fundo, ponho a cabeça entre meus braços, tentando acalmar qualquer que fosse a onda que estivesse vindo.

— Bella! - escuto o sussurro de Edward. Eu espio seu rosto em feições preocupadas.

— Me fale algo estúpido. - peço, respirando fundo. Eu sinto lágrimas começarem a ameaçar descer.

— Alice quase me comprou um terno amarelo ontem.

— Por que?

Edward tira uma mecha de cabelo da frente do meu rosto.

— Porque eu disse que não queria parecer um palhaço de terno no baile.

Eu rio baixinho.

— Você fica mesmo bem de couro. - suspiro, encarando seus olhos verdes hipnotizantes. - Eu tento convencer a ela dizendo que o couro é a nova moda. - ele sorri de lado. - Onde você deixa o capacete para andar de moto?

— Eu não uso um.

— Você sabia que motos são o que mais causam acidentes? - ele arqueia a sobrancelha. - Você devia usar um.

— Eu gosto da velocidade.

— Podia aproveitar melhor ela se usasse capacete, pelo seu bem e da sua família. - algo acontece. Os ombros de Edward tensionam.

— Melhor?

Mordo os lábios, levantando a cabeça.

— Obrigada. - murmuro, sentindo minha cabeça com menos pressão. 

— Sempre que precisar. Eu posso ser seu super-herói ou coisa assim.

O professor entra na sala, no exato momento que Edward abre a boca para dizer algo, mas cala-se. Eu até insistiria para ele me contar o que é, porém, estou tão esgotada da tarde de ontem que deixo passar.

A aula passa arrastando para minha infelicidade. Eu conto todas as páginas do meu caderno, desenho rosas e encaro Edward algumas vezes. Desde que ficamos, ele parecia mais… atencioso. É, acho que essa palavra pode ser usada nesse caso. 

Ele vestia uma camisa branca, com o casaco de couro na mesa. Eu nunca o vi trazendo um caderno para essa aula. Na verdade, acho que nunca o vi nem com uma mochila. Edward fica batucando os dedos na mesa durante a aula toda. Quando o sinal toca, eu quase grito de felicidade.

Dou um tchau para Edward, caminhando pelos corredores, sentindo-me melhor. Eu tenho amigos que se importam comigo. Emmett, Jasper, Alice, Eric… Edward. Não que ele se encaixasse nessa categoria, afinal de acordo com Camila Cabello, amigos não conhecem seu gosto. Ou conhecem? 

Franzo a testa, ao tentar abrir meu armário e não conseguindo. Faço tanta força que as pontas dos meus dedos chegam a ficar brancas. Eu dou tapas e socos, até ele fazer o favor de se abrir. 

Viro-me para frente, esperando encontrar Alice, Jasper ou os dois. Meus olhos semi-cerram ao ver do outro lado Jacob. Seus olhos estão direcionados a mim. Ele percorre todo o caminho, me encarando furiosamente. Minha respiração tranca, quando Jacob fica na minha frente.

— Qual é a sua, hein?

Eu rio.

— A minha?

— Primeiro, você me ignora por anos, depois me tranca em seu armário e agora você manda Seth ir me ameaçar?!

Abro a minha boca em um “O”.

— Como é?!

— Agora, pare você de desentendida!

Um grupo de pessoas começa a se juntar em um bolinho. Vejo que Rosalie está junto a Alice e Edward.

— Jacob, eu não mandei o Seth falar nada! - me exalto.

— Sabe depois que eu fui embora ontem eu fiquei pensando o que infernos aconteceu. E sabe eu acho que cheguei a uma conclusão.

— Então, fala porra. - eu praticamente rosno. Ele se afasta, caminhando de um lado para o outro.

— A conclusão? A conclusão é que você é uma escrota, Isabella!

Eu arregalo os olhos.

— COMO É?! - grito.

— Isso mesmo! Você voltou para Nova Iorque e simplesmente apagou a minha existência na sua vida! Isso não é o suficiente?! - ele soca o armário do meu lado. - Agora, mandar Seth me ameaçar, te transformando em vítima. Essa é nova.

— EU NÃO MANDEI ELE FAZER NADA! VOCÊ É TÃO DOENTE QUE NÃO ESCUTA ISSO?!

Jacob gargalha. No fim do corredor vejo o senhor Velazquez praticamente correndo. Rosalie arremanga as mangas de blusa branca, mas é segurada por Alice. Emmett atravessa o pequeno círculo chegando perto de Emmett.

— Não! - ele exclama. - Nem pensa, Emmett! Aí, Isabella, eu fui mandado para o exército, porque o meu pai resolveu escutar o merda de seu avô, dizendo que estávamos usando maconha. ADIVINHA QUEM QUASE MORREU POR FICAR 10 HORAS EM UMA PROVA DE RESISTÊNCIA. EU SÓ ESPERAVA UMA NOTÍCIA SUA!- Emmett agarra o ombro de Jacob.

— Calma lá, cara.

— E VOCÊ REALMENTE ACHA QUE AQUELE VELHO ESCROTO NÃO ME FODEU TAMBEM, JACOB? QUE EU FUI TIRADA DE TUDO E TAMBÉM ESPERAVA UMA NOTÍCIA SUA? - sinto um aperto no meu braço. Olho para trás , encarando Edward.

— OUOU. - o inspetor chega, ficando entre Jacob e eu. - Todos vocês vão para as salas. - escutando um murmuro de tristeza, aos poucos os alunos vão se espalhando. Menos Alice, Rosalie, Emmett e Edward. - Eu disse todos.

— Só vamos esperar a Bella. - Alice diz.

— Vocês dois que começaram o tumulto. - Velazquez aponta. - Detenção após a aula, até às cinco horas.

— O que?! - exclamo, desacreditada. - Ele começou tudo! Por que eu tenho que ir também?

— Quer que eu estenda por duas tarde até às seis horas? - sua cara mostrava que ele esperava que eu o desafiasse. 

Bato meu armário com força, mostrando meu desapontamento. Encaro Jacob, olho no olho, até que ele não estivesse mais à minha vista. Porra! Eu estava fodida! 

Alice tenta me parar para conversar, mas eu a olho torto, pedindo silenciosamente que não. Ela balança a cabeça, concordando. Vejo Rosalie lançando olhares raivosos para Jacob. Edward dá um passo para a frente. Eu arqueio a sobrancelha, balançando a cabeça.  Emmett pega suas coisas largadas num canto qualquer. Lado a lado vamos em direção ao ginásio, em silêncio.

Eu não consigo acreditar nas merdas que aquele garoto está pensando! Seth ainda não me ajuda! Eu ainda não acredito que vou ter que ficar em detenção. Nunca na minha vida eu fiquei em detenção e agora que falta uma semana e meia para acabar as aulas, eu pego uma. Incrível! Perfeito! Tudo o que definitivamente preciso!

— Se você quiser, eu posso combinar com os caras de darmos um pacotão nele amanhã. - Emmett fala seriamente.

— Não é uma má ideia. - murmuro.

Durante a aula de educação física, a qual eu me recusei a fazer, Eric tentou me convencer de que não é tão ruim assim ficar em detenção. Algo explodiu em seu armário uma vez e ele ficou dois dias detento. Eu não me importo com a detenção, pelo menos, não agora. Qual é a do Jacob? O cara me ignora por tanto tempo e do nada decidi jogar coisas na minha cara que nem são verdade?! Ele não consegue ter uma conversa civilizada?! Porra, ele se acha o dono da verdade?

O sinal bate, anunciando o fim das aulas. Eric me leva até a secretaria, onde o senhor Velazquez nos espera. Eric se despede, assim que o inspetor pergunta se ele também quer uma detenção. Cara mau-humorado. Deve ser falta de coisa para fazer, ficar afugentando alunos. Vejo Seth pela janela, eu aponto para Eric e mando ele ir atrás do garoto que lhe dará carona para casa.

Ele paquera um pouco Dottie, a secretaria, descaradamente até a hora em que Jacob decide aparecer. Nós nos encaramos, eu mostrando minha chateação e ele sua raiva. Percebo que ele tem o lábio cortado. Emmett realmente teria batido nele?

Depois de dar a pior cantada que eu já escutei para Dottie, Velazquez nos encaminha para a pequena biblioteca da escola. Ela tem quatro corredores com duas estantes de cada lado. Na parede norte, uma mesa comprida cheia de computadores antigos. Espalhados pela sala, várias mesas de estudo.

— O que exatamente nós precisamos fazer? - eu pergunto, não entendendo a nossa vinda.

— Estão vendo aquele carrinho? - ele aponta para um carrinho cheio de livros, no mínimo uns cem. - Vocês vão recatalogar eles. Depois, colocar no sistema da biblioteca e guardar nas estantes. A senha e o usuário já estão logados no computador.

— Você quer que a gente faça tudo isso hoje?

— Sempre tem o dia de amanhã, Black. 

Eu inspiro fundo. Tudo bem. Daria tudo certo.

— Vejo vocês daqui a algumas horas.

— Você não vai ficar aqui com a gente? - indago, não entendendo.

— Eu tenho mais coisas para fazer, senhorita Swan. 

Ele sai pelas portas de vidro, deixando Jacob e eu sozinhos. Largo minhas coisas em uma mesa qualquer, prendendo meu cabelo em um coque. Pego o carrinho, levando-o para perto da mesa da bibliotecária. Tiro alguns livros do carrinho até ver Jacob parado de pé com os braços cruzados.

— Vai ficar só olhando? 

Ele arqueia a sobrancelha. Eu bufo, voltando a colocar os livros empilhados em ordem alfabética. Escuto movimentos atrás de mim, Jacob está do meu lado pegando o resto dos livros. Jacob pega o catalogador de livros e vai passando-o na parte da lombada. Eu digito o código de barras, o que leva tempo.

Passada mais de quarenta minutos em silêncio puro entre nós, somente escutando o barulho das teclas do teclado e a fita, eu decido ir beber uma água. Jacob arqueia a sobrancelha ao me ver saindo e para minha infelicidade, ele vem atrás de mim.

— Onde está indo? - pergunta. - Vai me deixar sozinho aqui e ir embora? Sério?

Eu paro no bebedouro. O ignorando, começo a beber a água, acabando com a minha sede. Ao voltar a encarar Jacob, ele tem a boca torta. Voltando para a biblioteca eu resolvo falar:

— Quando eu cheguei aqui eu realmente fui a sua procura. Fui à sua casa e só estava seu pai. Ele me contou sobre a sua mãe que estava com câncer e venceu. Fui embora e no dia seguinte quando nos vimos aqui eu estava tão feliz. Aí você foi um escroto.

— E o que você esperava? Que eu estivesse de braços abertos te esperando?

Eu rio, colocando o livro de volta ao carrinho.

— Na verdade, sim. - ele abre a boca para falar. - Nem venha com essa de que eu te bloqueei. Não foi isso que aconteceu. Eu te disse, seu número já tinha me bloqueado. Meus pais trocaram meu celular, assim que cheguei em Nova Iorque naquele ano. Eu pensei que você ficaria feliz em me ver, já que não nos víamos há tanto tempo.

Jacob balança a cabeça, como se não quisesse acreditar.

— Seth, aquele pedacinho de merda, foi dizer que iria me quebrar na porrada se eu não te deixasse em paz. 

— Não fale do Seth, porra. - eu exclamo apontando meu dedo na sua cara. - Não fale dele. Ele não tem nada haver com isso, Jacob.

Jacob estreita os olhos, me fulminando.

— Seu avô fodeu comigo. Com a minha família toda. Meu pai acreditou naquele velho.

— Ah e agora é culpa minha? - indago, fechando um livro com força. - É minha culpa que a atitude de um velho escroto fez? Sério, Jacob? Não tem nenhum outro motivo para tentar me culpar pela sua vida fodida? 

— Escuta aqui, Isabella.

— Não, escuta aqui você, Jacob. - eu retruco chegando mais perto dele. - Eu não sei se você lembra, mas quem foi quase estuprada embaixo do próprio teto, pelo próprio avô, fui eu. Quem foi ignorada pelos pais e culpada por coisas que não fiz, fui eu. Quem foi afastada de um dos melhores amigos, fui eu. Quem teve que conviver anos CALADA, JACOB, FUI EU. ENTÃO SE VOCÊ QUER FICAR TENDO AUTOPIEDADE, VÁ PARA A PUTA QUE PARIU!

Eu engulo o seco, segurando as lágrimas.

— Você não acha que pelo o que passei não foi fodido? Ficar quieta, escutando e lembrando e sem saber o que fazer? Depois daquela noite, eu me culpei durante muito tempo pelo o que aconteceu, Jacob. Aquela noite foi um pesadelo por muito tempo. Então, eu decidi que iria esquecer. Eu me foquei nos estudos e não fazia mais nada, eu dizia que queria entrar em Yale. Mas não é verdade. Eu queria esquecer o que aconteceu. Então, agora você quer mesmo comparar nossas histórias. Quer fazer uma disputa de autopiedade? Vamos fazer, então. Qual a sua história? Foi para o colégio militar, teve um castigo fodido, a amiga não falava mais com você por culpa dos pais, se sentiu abandonado e voltou para casa. Wow, triste mesmo. - zombo de sua cara, querendo gritar em sua cara. Eu limpo as minhas lágrimas, Jacob segura as minhas mãos.

— Você não acha que eu também fiquei me culpando por aquilo? Que eu fui obrigado a ficar de boca fechada? Se a gente não tivesse bebido, talvez aquilo nunca tivesse acontecido! EU TENHO PESADELOS ATÉ HOJE, BELLA!

— MAS ACONTECEU, JACOB! ACONTECEU! - me descontrolo, saindo de perto do garoto que chorava. - Não dá para pensar no “e se?” “e se?”. A gente tem que seguir em frente. Ponto! - eu respiro fundo, sentando-me na cadeira. Jacob senta no choro. - Qual é o motivo disso? Você vai continuar a me ignorar de qualquer jeito, achando que é o dono da razão.

— Talvez se você não tivesse me trancado no galpão, isso não estaria acontecendo.

— Talvez se você não tivesse me ignorado e tivéssemos essa conversa antes, isso definitivamente não estaria acontecendo.

— Talvez se você não tivesse mandado eles me baterem. - ele cala-se. 

— Mandar bater em você? Quem? - eu arqueio a sobrancelha.

— Não importa. - ele resmunga.

— É por isso que você está com o lábio cortado. - murmuro. - Quem fez isso?

— Não importa. - ele resmunga. 

— Você está certo, não importa. - eu decido, por desistir. Se ele não quer tentar se resolver e continuar a bater na mesma tecla, fará isso sozinho. - Não importa que por um momento eu tenha pensado que você estaria me mandando cartas românticas. Não importa que você tenha a impressão errada de mim. Não importa que você esteja cometendo erros. Não importa que você é um sem noção. Eu cansei, Jacob! - levantando, pego minhas coisas. - Se você quiser continuar com essa briga que não levará a lugar algum, pode continuar sozinho. Eu estou com a consciência tranquilo. - é contraditório dizer isso, sendo que eu chorava como condenada. - A única coisa triste é ver que eu realmente perdi um grande amigo. - vejo as lágrimas grossas de Jacob. - Na verdade, acho que ele ficou naquela noite, porque esse não é você.

Eu saio da sala, sentindo-me sufocada. Olho pela janela, a chuva caindo. Coloco meu casaco que eu  usava como abafador de choro. Escuto um barulho alto, de coisas caindo no chão. Eu aperto o meu passo, praticamente correndo nos corredores da escola, saindo em direção a minha caminhonete no meio do pátio, não sabendo se estou chorando ou era a chuva que caia por cima da minha cabeça.  A última coisa que lembro, era eu discando o número do correspondente, precisando escutar sua voz. Precisando descobrir quem ele era. Precisando de mais do que simples mensagens. Dependendo de sua resposta, eu penso tristemente, aquele ali seria o nosso começo ou o nosso fim


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Notas finais do capítulo

E então gente?! O que acharam??? Amizade de Emmett, Bella, Seth e Alice >>>>>> perfeitos demais! Agora, a Rosalie e o Emmett juntossss, POR UMA VEZ NA ETERNIDADE! E elas virando amigas? Gente, adoro!
Finalmente estamos esclarecidos com a situação do Jacob. Que merda, não é?! A dor no coração por essa amizade ter acabado é grande, principalmente pela culpa ser do avô e dos pais da Bella. Além, de que trouxe tudo a Bella.
Eu espero de coração que vocês tenham gostado! Não se esqueçam de pensar sobre o que conversamos lá em cima, okay?! Não se esqueçam de comentar também! Independente de quando o capítulo sairá, quero o mínimo de uns 8 comentários, hein KSKSKSK Beijossss...



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