Cartas para Bella escrita por Lu Cullen


Capítulo 11
Emmett, o capitão do time cheio de inseguranças


Notas iniciais do capítulo

HEYYYY, brothers e sisters??? Como estão? Estou de volta com mais um capituloooo. ~Dancinha da felicidade~ Espero que gostem, hein?! Não se esqueçam de comentar e me dizer o que estão achanado, é muito importante. Enfim, boa leitura!!!



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    A cabeça parece estar prestes a explodir. O pior? A vergonha que domina meu corpo está gritando. O modo idiota, irresponsável e louca que fui na noite anterior é irresconhecivel! Eu só queria poder me esconder embaixo da terra.

    Não posso culpar o álcool! Infelizmente, não. Eu decidi bebê-lo. A culpa é minha e da minha personalidade idiota! Da forma impulsiva que agi. Tento evitar o olhar de Alice a manhã inteira. Ela tenta conversar comigo sobre a noite anterior, mas apenas dou desculpas dizendo que estamos atrasadas. 

    Consigo realmente respirar quando não vejo nenhum dos colegas da escola e muito menos Edward. Fico aliviada e me permito ter uma conversa aparentemente normal com Alice que diz que tudo está bem. Ela me explica que Jasper fora embora mais cedo para minha amiga tomar conta de mim. Eu peço desculpas mais uma vez pela minha loucura.

    A ida para a escola é tensa. Levo algum tempo para ter coragem de pôr a chave no carro. Alice parece perceber minha tremedeira, no entanto não fala nada e eu agradeço por isso. Tento manter meu coração num ritmo cardíaco baixo, assim como minha respiração tranquila. Quando o faço, o motor liga, fazendo o barulho padrão. Tento deixar todo o medo em um lado oculto no meu consciente. Tomo todo o cuidado nas pistas, apertando o volante cada vez mais forte ao escutar uma buzina.

Ao chegar no estacionamento da escola, penso sobre as consequências que teriam no dia de hoje dos eventos passados. Mallory e os outros teriam espalhado para os quatro cantos o que aconteceu na noite anterior? Eu deveria mandar mensagem agora ou depois para o correspondente? Eu deveria fingir passar mal para não participar da aula de biologia?

    Uma batidinha na janela me tira dos meus pensamentos. Alice sorri, abrindo a porta. Ela entrelaça seu braço ao meu para juntas caminharmos escola adentro. Mordendo os lábios de ansiedade, paro no meio do corredor, ao ver Tom acenando para mim. Eu mudo de direção, decidindo fazer o caminho longo para os armários, querendo evitar a turminha. Alice reclama um pouco, mas me segue.

    No armário, como rotina, Alice me entrega os materiais para a primeira aula, murmurando algo como “infatilidade” e “frouxa” o que eu não ligo. Eu sei que estou sendo uma covarde infantil. E mesmo após a noite de ontem, eu não mudaria as minhas ações.

    Sim, eu decidira continuar atrás do correspondente secreto. Não, eu não havia mudado de ideia e voltar a conversar com ele. Na verdade, o melhor para mim é me afastar. Acabar com esses sentimentos de “estar apaixonada” com direito a borboletas no estômago. Mesmo que com ele eu me sinta bem. Que eu posso fazer tudo. Balanço a cabeça, tentando não lembrar de nada disso.

    – Eu por um momento achei que era o Eric. - Alice traz o assunto novamente.

    – Pois é. - murmuro, olhando para longe. 

    – Ele tem todo esse ar de tímido romântico. De quem será que ele gosta?

    – Acho que da Angela.

    – A Weber?

    Assinto com a cabeça, entrando na sala.

    – Nós temos que juntar eles! Seremos as fadas madrinhas! - arregalo os olhos. Não, não, não.

    – Calma! Eu não sei se ele realmente gosta dela. - murmuro. - Só que ele parece ficar ainda mais envergonhado perto dela.

    Alice estreita os olhos.

    – Você sabe de alguma coisa que eu não sei?

    O sangue se esvai do meu rosto. Como eu deveria responder isso? Não, eu não estou escondendo que o nosso melhor amigo tem uma paixão secreta pelo namorado dela.

    – Claro que não. - digo, desviando os olhos, sentando em minha carteira. - Ele é muito reservado. Não me diria algo assim. Provavelmente para você, não para mim. 

    Alice dá de ombros, aparentemente, engolindo a minha tagarelice. Eu suspiro aliviada por ela não querer continuar neste tópico. Ao invés disso, seus olhos abrem em animação.

    – Vai pegar o caderno de Emmett, certo?

    Coço a nuca, olhando para trás, como se estivéssemos falando sobre alguma missão secreta dada pelo presidente dos Estados Unidos. 

    – Não acho que seja certo. - digo rápido. 

    – Qual é, Bella?! É só pedir.

    – E se ele não me emprestar?

    Alice tomba a cabeça para o lado.

    – Aí, você rouba.

    Arregala os olhos, segurando um grito.

    – Alice! - repreendo-a. - Eu posso ser expulsa por isso.

    – Ata que Emmett McCarty vai reportar um caderno que ele nem dá a mínima.

    – Eu ficaria preocupada se um caderno meu simplesmente sumisse da minha mochila.

    – Ele nem irá perceber. Acredite em mim. 

    Eu bufo. Os planos dela são péssimos!

    – E teoricamente, você vai estar pegando emprestado sem ele saber, porque vai colocar no lugar. É vapt e vupt! Pega e devolve. Pá, pum…

    – Entendi, Alice. Entendi! - a corto.

    Fui ensinada a pegar nada sem o consentimento. Meu avô me colocou de castigo por pegar um de seus biscoitos preciosos sem pedir. Pode-se dizer que ele era uma grande merda. 

    – Quando vai fazê-lo? - murmura, enquanto o senhor Pressintown escreve um texto no quadro.

    – Vou falar com ele depois daqui. 

    – Se ele negar?

    – Vou pedir de novo.

    – Se ele negar mais uma vez?

    Minha boca fica azeda.

    – Por que você quer tanto que eu pegue sem ele deixar?

    Ela abre um sorriso de lado que me lembra muito o de seu irmão.

    – Para você ver que é legal fazer uma coisinha errada de vez em quando.

    Eu abro a boca em choque. Ontem não mostrou que eu realmente posso fazer coisas erradas? 

    – Não tem nada de errado em beber para um cacete, Bella.

    Ela lê mentes agora?

    – Você é impossível, Alice!

    Ela dá um sorriso fraco, não negando. 

    Roo as minhas unhas, nervosa. Não quero roubar de jeito nenhum. Mas eu não estaria roubando, porque devolveria. Alice está certa em relação a Emmett não ligar? E por que eu já estou pensando no “roubo” se eu nem perguntei-lhe ainda. Eu e minha ansiedade nunca me deixando em paz.

    Nem tento prestar atenção. Eu não tenho feito isso há um tempo. Sinceramente, também não me importa. Engulo em seco, ao escutar meu telefone vibrar e mesmo não querendo, sinto-me desapontada ao ver uma mensagem de minha mãe.

    Não posso negar que sinto saudade do correspondente, das mensagens e conversas, se não estaria mentindo. Eu não vejo a hora para esse mistério acabar!

    O sinal toca, depois de quase meia hora de tortura, onde eu não pego absoluatmente uma palavra que senhor Pressintown diz. Meu caderno cheio de rabiscos é a prova viva que eu estava no mundo da lua, o que pode me deixar encrencada. 

    Sentindo um nervosismo, saio da sala quase correndo para ir para a sala de História. O professor Grene geralmente leva alguns minutos a mais para liberar os seus alunos. Após atravessar o pátio correndo, entrando no prédio dois, vejo Emmett com Jasper ao seu lado. 

    Caminho rapidamente até eles, batendo em Jasper de propósito. Largo o caderno e livro no chão, ficando apenas com o kindle em minha mão, fingindo ter os deixado cair sem querer. Emmett franze a testa, pronto para xingar, mas ao me ver abre um sorriso.

    – Gatinha desastrada! - ele exclama, pegando minhas coisas do chão.

    – Desculpe, Jasper. - sopro.

    – Ainda com a bebida no sistema, é?

    Lhe lança um olhar bravo. Ele não esqueceria disso tão cedo.

    – O que está fazendo tão longe?

Engasgo com a pergunta de Emmett. Porra o que eu responderia?

— Eu.. hã, fui pegar um livro na biblioteca. 

— Qual?

— Crepúsculo. - respondo. - Mas outra pessoa já pegou.

Os dois assentem, me encarando.

— Então, Emmett. - chamo sua atenção. - Você faz aula com o senhor Lake também, não é?

— Claro. Tenho que suportar aquele cara chato falando sobre matemática por dois períodos inteiros. Isso que dá tentar evitar matemática por três anos.

Sorrio fraca.

— Eu estava pensando. Você poderia me emprestar o seu caderno?

Seus olhos se abrem.

— Por que?

Mordo os lábios.

— Eu não sei se entendo uma matéria que perdi de quando sofri o acidente. 

— Não pode pedir para outra pessoa?

Franzo a testa. Porque ele não pode me emprestar seu caderno?

— Não sei. Eu não me dou muito bem com a turma.

— Tenho certeza que alguém pode emprestar o caderno, Gatinha. Qualquer um faria qualquer coisa por você. - diz, me dando um beijo estalado na bochecha.

 O sinal bate, anunciando o retorno as aulas. Emmett dá as costas para Jasper e eu para seguir seu caminho para sua próxima aula. Abro a boca para dizer algo, no entanto nada sai. Eu tombo a cabeça, levemente em choque. Por que ele não queria me dar seu caderno de algebra? 

— Você não vai conseguir entrar na aula da senhorita Blake. - Jasper murmura. 

— Eu sei.

Pisco duas vezes, olhando para o espaço onde Emmett antes ocupava. Ele talvez não gostasse que outras pessoas mexessem em suas coisas. Ou talvez ele fosse desorganizado com seu caderno.

— Se quiser não levar uma advertência ou coisa do tipo, vá para o banheiro do segundo andar, aquele interditado, e só saia de lá quando o sino tocar. Não deixe nenhum monitor te ver, okay?!

Assenti com a cabeça, levemente.

— Obrigada, Jazz. Sobre ontem me desculpa, eu não sei o que aconteceu.

Encaro Jasper. Ele põe a mão em meu ombro.

— Acho que você guarda muitas coisas para si. - seu tom é tranquilo, mas preocupado. - De alguma forma, elas tem que sair… Nem que seja ficando bêbada e quase pagando um boquete para o Edward.

Arregalo os olhos, lhe dando um soco no braço.

— Cala a boca! - exclamo, desacreditada.

Ele ri da minha reação. Eu bufo.

— Mas falando sério. - o olho debochadamente. - Sério mesmo! Você tem que achar um jeito de pôr todo esse furacão para fora, Bella. Eu vi que você mal consegue entrar na Pulga sem quase desmaiar. Converse com alguém. Eu, sua tia, Alice, até o seu gato! Colocar as coisas para fora e parar de guardar tudo dentro daqui. - Jasper aponta em direção ao meu coração.

Mordo os lábios, nervosa.

— Daqui a pouco não vai conseguir entrar na aula. - murmuro, desviando o assunto.

Ele assente lentamente, para então acenar e sair. 

Vejo-o virar o corredor antes de me mexer. Caminho com cuidado, indo em direção ao banheiro do segundo andar, onde ninguém ia lá. Estava interditado a mais de anos. A escola dizia faltar verba para poder mandar arrumar, sendo assim, tornou-se o lugar para matar aula. Ou talvez um ou dois alunos iam lá para fumar um baseado, mas nada mais que isso. Cuido a todo momento para não esbarrar com o senhor Velazquez. O cara consegue ser bem ranzinza quando quer.

Bato na porta do banheiro duas vezes com os nós dos dedos. Ao não escutar nenhuma movimentação, entro para fechar a porta rapidamente. Largo meus materiais na pia, tentando não pensar no que Jasper disse. Retiro meu casaco, colocando-o no chão vermelho e sento em cima. Encosto as costas na parede branca de azulejos, tentando relaxar.

Eu tenho Sue para me ajudar. Eu tenho Alice para me ajudar. Eu tenho Seth para me ajudar. Sei que se eu pedisse, prontamente os três estariam prontos para fazer o que eu pedisse. Sei que não há problema em pedir ajuda, então por que eu não o faço?

Por que eu não digo que tenho pesadelos? Que toda vez que entro num carro eu me sinto mal? Que todo momento que estou sozinha, sinto um vazio no peito? Que eu só gostaria de chorar? Gritar?

Fecho os olhos, na tentativa de parar o intenso fluxo de pensamentos, o que não dá certo. Não para um minuto. Sempre tem um “e se”. Um “eu poderia”. Nada nunca está bem!

Pego o telefone do bolso, abrindo para mandar uma mensagem para Sue. Ignoro o aperto no peito ao ver o número do Correspondente Secreto. Vejo que ela está online e me ponho a escrever.

Eu só quero que tudo pare. Só quero um momento em paz, sem preocupações, sem medos, sem ataques de pânico ou de ansiedade. Quero me livrar do medo de não ser aceita em Yale e ter que ficar em Nova Iorque com os meus pais ou nessa pequena, verde e idiota cidade. Quero chorar até me acabar. Quero que você fique comigo, porque você é como uma mãe e eu te amo mesmo eu sendo uma vaca às vezes sem necessidade. Quero pode respirar sem me perguntar o motivo de estar respirando, quero poder assistir filmes sem precisar me perguntar por que não estou fazendo um trabalho idiota. Quero poder conhecer meu correspondente secreto e dizer que estou apaixonada por ele e tudo bem! Pq nós vamos dar um jeito em tudo. Quero ser amada sem restrições e quero amar sem medos. Quero fazer as coisas sem pensar, duas, até três vezes. Quero viver. Aproveitar e não pensar nas ações seguintes. Eu preciso disso! Eu quero isso! Mas como? 

 

Pondero se devo ou não mandar e percebo que não adiantará em nada. Ela se preocuparia, ligaria e viria atrás de mim. E depois? Falaria com os meus pais? Eles me mandariam para uma clínica psiquiátrica?

Sei que não tenho nenhum problema. Apenas, penso demais. O que no final das contas se torna um problema. Por a necessidade de outras pessoas a minha se torna outro problema. Manter-me quieta, mantendo sentimentos e pensamentos para mim também se torna outro problema.

Após muitos minutos, em dúvida, apago a mensagem para, em seguida, a porta do banheiro se abre. Eu grito de susto. 

— Swan?

Suspiro, tensa. Poderia ser qualquer um. Qualquer um! Olho para a suas mãos, onde há um cigarro e um isqueiro da Califórnia.

— Tentando se matar? - pergunto, baixinho, depois de um momento em silêncio. 

Lembro da noite de ontem, sentindo minhas bochechas queimarem. Porra, eu fui uma tremenda vadia! A que ponto de bebedeira eu tinha chegado para ficar com ele?! Quase pagar um boquete para ele?! Quase ter transado com ele?!

Edward dá de ombros.

— Não é como se alguém fosse notar.

Franzo a testa com sua resposta. Estamos em um dia depressivo, não é mesmo?! Quase certeza que seja pela grande nuvem que cerca toda a cidade.

— Sua mãe iria. Alice também. Provavelmente todas as garotas dessa escola. Lauren com certeza morreria junto, estilo Romeu e Julieta.

Espero uma risada sua, mas ele não faz nada. Os olhos dele encaram meu rosto. Sinto um calafrio na espinha. Meu rosto queima. Devo parecer um tomate.

— Faltando aula?

Controlo a língua para dar uma resposta idiota. Assinto com a cabeça.

— Que loucura, não é?

— Quem diria que Isabella Swan faltaria aula. 

— Deve ser efeito colateral da bebida de ontem.

Ficamos em silêncio, sentindo a tensão no ar ficando cada vez mais. Ele se lembrava da noite anterior? O modo agressivo que me beijara? O jeito íntimo que nos tocamos? Eu traindo meus próprios sentimentos?

— Edward, olha. - murmuro, sentindo seu olhar por todo o meu corpo, como se tentasse me decifrar. - A noite de ontem foi uma completa merda.

Ele arqueia a sobrancelha.

— Como assim?

— Não devia ter acontecido. - murmuro, olhando para baixo. - Eu estou com uns...problemas.

— Você ter problemas? O que? Tirou A ao invés de A+ em biologia?

Ele está debochando da minha cara? Respiro fundo para não cuspir em seu rosto.

— Algumas coisas na cabeça e depois que a Mallory me provocou, eu fiquei ainda mais puta! Não devia ter aceitado aquilo. Foi mal por você sabe. - continuo, após ignorar sua fala.

— Não sei, não.

Reviro os olhos.

— Por ser uma escrota. 

Ele balança a cabeça devagar. Eu gostaria de me jogar dessa janela por tanta vergonha.

— Por que?

— Porque o que?

— Não pagou o boquete? - abro a boca, chocada.

— Isso realmente não te interessa. - retruco. - Eu não preciso me explicar para você! Já ouviu que não significa não?

— Não que eu esteja acostumado a ser rejeitado, mas eu sei sim o significado. - ele passa as mãos pelos cabelos. - Agora, responda! Vai ficar entre nós, Swan. Promessa de minguinho!

— Edward! Por favor, me larga de mão!

Ele gargalha. Edward gargalha com a minha reação! Eu não sei se devo gritar de raiva ou morrer de vergonha.

— Você me deixou de bolas azuis, é claro que me interessa! Ou já sei! Você apenas ficou insegura por causa do tamanho do meu pau.

Prendo meu cabelo em um coque, sentindo o pequeno banheiro aumentar a temperatura para 100 graus celsius. Ele está de brincadeira comigo, não é?! Eu rio nervosa. Claro que eu já tinha escutado rumores sobre o tamanho do seu pau e os estragos que ele fazia, afinal, nenhuma garota fala nada além disso! E não é que eu tenha prestado atenção, mas são rumores! Uma hora você escuta sem querer, certo?! 

— Bem, está errado. A verdade é que eu nunca paguei um boquete, tá legal?! Então, eu achei que conseguiria e depois só liguei que não rolaria. Satisfeito?

Parece ser uma boa desculpa para mim. Ele coça o queixo com o dedo indicador enquanto o cigarro está entre seu dedo anelar e o do meio.

— Além do mais, Mallory estava lá. Não duvido que tenha fodido ela para acalmar as suas bolas azuis. - digo, debochando de sua cara.

Edward solta a fumaça pela boca com os olhos estreitos.

— Não que seja da sua conta, mas todo mundo foi embora depois que voltamos para a sala. - ele brinca com o isqueiro, acendendo-o e apagando-o. -  E eu também não fodi ninguém.

Balanço a cabeça. Por que tudo acabou? Por que não continuaram com a sua brincadeirinha ridícula? Por que fiquei aliviada de saber que ele não tinha fodido outra depois que ficamos?

— Por que está se escondendo? - ele interrompe meus pensamentos. 

— Me atrasei para a aula da senhorita Blake e sei que ela não deixa entrar, não querendo levar um comunicado vim para cá. Agora, você vai continuar me incomodando ou eu vou ter que ir atrás de outro lugar para me esconder?

Edward senta na outra parede do banheiro, abrindo um sorriso canalha. Eu arqueio a sobrancelha, me preparando para levantar e sair atrás de qualquer outro lugar. Não, eu não suportaria ver sua cara debochada me debochando pelo o que aconteceu na outra noite.

— Foda-se. - murmuro, de pé. - Prefiro um comunicado ao ter que ver você rindo da minha cara.

— Eu não estou rindo. - ele diz.

— E esse sorriso ai na porra do seu rosto? Lembrou de alguém caindo, foi?

Sinto-me nervosa. Não teria um modo de apagar sua memória? Um feitiço de Harry Potter, talvez seria minha saída!

— Relaxa, Bella. Fica aí. - ele diz, passando as mãos nos cabelos. - Sério, não vou mais te incomodar.

Seu rosto risonho se desfez. Eu olho para a porta do banheiro. 

— Não vamos conversar sobre ontem a noite. 

— Quem disse que eu queria falar sobre isso?

A SUA CARA, INFERNO!

— Não vamos falar nada! Ponto!

Ele apenas concorda com um aceno de cabeça. Eu volto a me sentar, encostada na parede. Suspirando fundo, vejo o kindle entre meu caderno e livro. Coço a nuca antes de pegá-lo. Abro um livro do Harry Potter e começo a lê-lo, tentando a todo custo esquecer de quem eu ganhara aquele presente.

— O que está lendo?

Por cima do kindle vejo Edward com uma expressão curiosa.

— A gente concordou que não íamos conversar, lembra?

— Só responda a pergunta.

Bufo.

— Harry Potter.

Ele assente com um sorriso de canto.

— Cálice de Fogo é o melhor da saga.

— Errado mais uma vez, Cullen.

— Será que estou mesmo?

Com um sorriso no canto, ele pega seu celular, voltando a ficar calado. Eu o encaro uma última vez. Apesar de seu sorriso, este não chegava aos seus olhos. Seus cabelos estão revoltosos  e lembro o quão macios são. Eu não podia mentir, Edward Cullen é bonito. Principalmente com jaquetas de couro. Edward me olha e sinto as bochechas esquentarem por ter me pego no flagra. Abaixo a cabeça e me ponho a ler.

—-------***--------

 Chuto a bola com força em direção ao gol, onde não acerto. Por pouco, não piso na bola e caio de cara no chão. Da arquibancada, vejo Eric rindo da minha situação. Antes de entrarmos na aula conversamos sobre a noite anterior, onde eu implorava pelo seu perdão. Ele riu e pediu, caso não fosse um incomodo, eu lhe contar a história toda. Disse tudo resumidamente e das minhas outras duas tentativas falhas com Mile e Tyler.

Senhor Clapp, finalmente, apita avisando o final do jogo das meninas. Ele avisa que temos 5 minutos de intervalo. Os garotos descem dos bancos. Na hora, vejo Emmett e sua grandeza, rindo com Jéssica. Mordo os lábios, me sentindo ansiosa.

Após meu tempo com Edward, onde ficamos ambos quietos por pelo menos 45 minutos, fui correndo para a aula de espanhol, querendo fugir dele como o diabo foge da cruz. Ao nosso redor naquele banheiro havia uma tensão palpável (eu não distingui se era sexual ou não) e foi um alívio quando o sinal tocara, me avisando que eu podia fugir dele e sua pose de bad boy.

Vendo a escudeira de Lauren jogando seus peitos para cima de Emmett percebo que nenhuma delas falaram comigo ou sobre ontem. Eu não sei o que aconteceu, mas ninguém de seu grupo comentou sobre o incidente de ontem, o que eu agradecia. Nem mesmo Tom tentou falar comigo. Ninguém aparentemente sabia.

Durante o almoço, eu tentei pedir o caderno de Emmett novamente, parecendo desesperada. Ele, na verdade, pediu para um de seus colegas me emprestar. Eu quis morrer de raiva, porque teria que apelar para o plano B, o qual eu não gostava. 

Arrasto-me em direção ao banheiro feminino para tomar uma ducha rápida e trocar as roupas suadas. Coloco uma legging preta, blusa de manga comprida branca, minhas botas Uggs e meu casacão. Em menos de 10 minutos eu estava pronta para ir atrás do caderno de Emmett. Entro no banheiro masculino, vendo as dezenas de armários espalhados. Vou até o final, vendo os armários dos garotos do último ano, Eric tinha me contado isso mais cedo. Arregalo os olhos ao ver que tenho menos de 20 minutos para encontrar o armário de Emmett. 

Pelo menos os armários aqui não tem cadeado.

Acontece que como nosso último período é no ginásio é muito mais prático trazer nossas mochilas para cá e ir direto para casa, do que ter que parar na metade do caminho.

Abro os armários de Tom Lance, Gerard Bernardet, Laurent Duboa, Eric,  e entre outros garotos da classe. Os armários são uma bagunça total, com um cheiro terrível e percebo que todas as mochilas são praticamente iguais! Pretas ou então pretas com algumas listras diferentes.

Por cima do ombro, vejo se te alguma movimentação e para parar escutar algum barulho fora da ala dos armários. No meu telefone, consigo ver que falta menos de dois minutos para o professor Clapp largar os garotos. Volto a abrir armários e mais armários.

Quando encontro a mochila de Emmett no último armário da última fila, quase grito de felicidade. Eu arranco qualquer caderno correndo de sua mochila, pondo debaixo do braço, pronta para sair daquele lugar fedido. O único problema é que escuto passos e gargalhadas. Meu coração para por um momento, assim como meu raciocínio.

Olho para os lados, talvez me esconda em um dos armários! Acho que não entro neles. Olho para trás, vendo as cabines dos boxes e sem pensar, mais nem menos, jogo-me para dentro deles. 

Os barulhos ficam mais altos e pela fresta debaixo da porta, vejo os pés de alguém. A pessoa bate na porta e eu ponho a mão na boca, sem saber o que fazer.

— Hey, se não for tomar banho, sai daí, cara. - eu engulo o seco com o coração a mil. Ofego, sentindo a adrenalina tomar conta do meu corpo.

O que fazer? O que fazer? Desmaiar? Me fazer de louca?

— Vai atrás de outro box, cara. - engrosso a voz o máximo que consigo e por fim ligo a ducha. 

A água quente escorre pela minha cabeça, encharcando as minhas roupas. Os pés do garoto vão para o lado. Solto a respiração. Ponho o ouvido na porta, tentando escutar alguma movimentação vindo para este lugar. Escuto reclamações dos garotos sobre a “minha” demora, mas apenas fico quieta.

Não sei quanto tempo passa. Meia hora? Quinze minutos? Aos poucos, o barulho no banheiro vai cessando até que finalmente escuto somente a minha respiração contra o azulejo, a água saindo do chuveiro e meu coração bombeando rápido demais. 

Arregalo os olhos, tirando o caderno debaixo do braço. Meus ombros caem para frente e sinto uma tristeza me invadir. Desligo o chuveiro, parando a água agora gelada de escorrer pela minha cabeça. Eu saio do box encarando o caderno encharcado.

Sento em um dos bancos, folheando o caderno, tentando ver a letra de Emmett. Mas tudo o que um dia foi algo escrito, tornou-se apenas borrões. As folhas se desfazem na palma da minha mão. Irritada pela minha idiotice, jogo o caderno que bate na parede. Como eu não percebi que molharia?!

O que eu faria agora? Como eu entregaria o caderno para Emmett? Como explicaria para Sue e Seth que estou encharcada? 

Apoio os cotovelos nas coxas e minha cabeça nas minhas mãos, sentindo-me derrotada. Chateada. Não é para ser. Não é para eu encontrá-lo, essa é a única porra de resposta que me vem a mente!

Por que eu ainda tento? Por que eu ainda procuro? Eu deveria ficar quieta no meu canto! Esquecer ele! Essa ideia idiota! Quem eu acho que sou, o Sherlock Holmes? A irmã dele? Qual é!

Passo a mão nos cabelos molhados, eu simplesmente não consigo deixar isso de lado. Suspiro, pondo a mão em meu pescoço. Eu não consigo e isso tudo por que eu gosto dele. Eu gosto de como conversamos. Como ele me faz bem. Mesmo que eu não devesse.

Me sentindo deslocada e triste, choro. É tanta coisa que acontece que eu choro por tudo. Sendo que eu não tenho certeza o que engloba esse “tudo”. Um tempo depois, mais calma e com os ossos congelados, levanto-me do banco para pegar o caderno. Depois de pegar minhas coisas no banheiro feminino, caminho em direção ao estacionamento, não encontrando ninguém durante o meu trajeto.

No estacionamento, encontro somente o meu carro estacionado. Jogo minha mochila no banco de trás e levo um susto quando me viro e encontro Emmett em minha frente. Eu grito de susto. 

— Emmett! - exclamo, lhe batendo. Meu coração volta a bater rápido.

— Não achei que ia levar tanto tempo para sair do banheiro.

— Eu… Como você sabe que eu estava no banheiro? - ingago confusa.

— Que tal se você me der uma carona?

Assinto, meio em choque. Emmett entra do outro lado do carro. Subo na caminhonete, ligando o ar condicionado quente, esperando que isso descongele o meu corpo.

Saio do estacionamento tremendo, entro na rua principal.

— Eu vi você entrando no box, Bella. - ele esclarece. - Eu estava entrando no banheiro com todo mundo quando vi você correndo para os boxes. E vi um dos meus cadernos. A esquerda.

Eu faço o que ele me instrui, virando a esquerda. 

— O que você queria com o meu caderno? Quer contar a todos como estou prestes a rodar o ano? Como talvez eu não entre na faculdade? - sua voz é baixa. Eu franzo a testa. Ele está para reprovar. - Que eu sou um fracassado? Perdedor?

— Emmett eu-.

— Direita. 

Balançando a cabeça, eu viro a direita. 

— Não é isso o que você está pensando, Emmett. Eu não tinha ideia que você podia rodar. 

— Então, por que queria o meu caderno? Se não é isso, o que seria? 

— Sabe é bem escroto da sua parte pensar que eu faria alguma coisa dessas! - exclamo irritada. - Eu não sou escrota, assim.

— Bem, eu não me pago de anjinha que na verdade bebe e paga boquete para os outros.

Freio o carro rapidamente, fazendo nossos corpos irem para frente.

— Como é? O que você disse?

Os olhos de Emmett se arregalam. Ele abre a boca. Então, todo mundo sabia?

— Eu bebi, sim. Mas não paguei boquete para ninguém. - murmuro. Um carro buzina para mim, o que faz eu voltar a andar.

— Eu-

— Eu só queria ver seu caderno para ver se batia com as cartas que eu estava recebendo! - falo cada palavra em um tom mais alto. - Eu achei que pudesse ser você. Estava errada, de novo! Eu nunca faria algo assim com ninguém Emmett.

Os olhos de Emmett abaixam. Eu paro em frente a casa de Emmett, o capitão perdedor.

— Olha, me desculpa. Eu não devia pegar o seu caderno sem seu consentimento, okay?! - digo, entregando-o o caderno molhado. - Mas eu não sou a vadia que você escutou da boca dos outros. Eu achei que éramos amigos!

— Nós somos. 

— Então, por que ser um cuzão?

— A vida está difícil. 

— A minha também! Eu gosto de alguém que eu não sei quem é, quero desesperadamente fugir dos meus pais, fugir da minha vida monótona, fugir do meu avô morto, entrar em uma faculdade difícil e nem por isso estou sendo escrota com os outros!

Respiro fundo. 

— Sabe por que achei que era você me mandando as cartas? Achei que pudesse ser você por conta das cantadas. Do seu jeito leve e querido comigo.  Porque eu gosto de você! - murmuro. 

Não sei quanto tempo ficamos quietos, escutando nossas respirações e o pára-brisa de Pulga. Encaro a rua, vendo a garoa até Emmett voltar a chamar minha atenção.

— Eu queria fazer ciúmes em alguém. - ele sussurra. - A ideia brilhante, cantar a garota nova. 

— Quem é?

— Rosalie Hale.

— Irmã do Jasper?

Ele assente. Ficamos em silêncio.

— Não vai conquistá-la fazendo ciúmes. Ela me odeia, o que é um bom sinal, já que isso quer dizer que ela gosta de você.

Mordo os lábios.

— Eu gosto de você, Emmett. Como amigos. Ficaria feliz em ajudar você em matemática.

Os olhos de Emmett se arregalam.

— Mesmo depois de ser um cuzão?!

— Mesmo depois de ser um cuzão.

Eu olho para a frente. 

— Todo mundo sabe?

— Sabe sobre o que?

— Não seja idiota. Sobre o que aconteceu ontem na casa da Alice.

— Não! - Emmett quase feita. Viro-me para encarar seu rosto. - Quando Lauren estava contando o quão “cagona” você foi no primeiro período, Edward chegou e deu um puta xingão nela. Mandou todo mundo ficar quieto e se alguém falasse um “a” sobre, bem, não queira saber.

Minha boca se abre com a revelação. Eu deveria agradecer ou me sentir ofendida? Bem, eu não devia ter sido tão idiota com ele no início da manhã.

— Me desculpe, Bella. De verdade, eu fiquei nervoso e…

— Está tudo bem, Emmett. Eu também sou uma cadela quando algo ruim acontece.

— Cadela cadela?

— Exatamente como você foi.

Sorrio de leve. Ele também.

— Então, hã, tem alguém te mandando cartas? 

Balança a cabeça.

— Eu, bem, gosto dele. Mas brigamos recentemente e ele não quer dizer quem é! Eu fiz uma lista de suspeitos e até agora só errei.

— Eu era um deles. - concordo. - Que honra, viu?!

Sorrio de lado. 

— Você não foi o primeiro. - digo.

— Não fui?

— Não, senhor.

— Irá me contar?

— Vai rir da minha cara?

— Eu posso tentar.

Olho para a frente. Talvez uma opinião masculina não seja ruim.

— Mike Newton, Eric Yorkie, Tyler Crowley, você e meu último suspeito, Jacob Black

Ele arqueia sua sobrancelha.

— Bem variado, não acha? Um punheteiro, um nerd, um escroto, um jogador lindo e um estranho.

Assinto, rindo de sua observação.

— E se não for ninguém da lista?

Boa pergunta. E se não for ninguém da lista? 

— Eu não sei, Emm.

O que eu faria?

— Você gosta? Desse cara?

Balanço a cabeça, concordando.

— Talvez nem seja um cara. Pode ser a Lauren!

— Pode apostar que se fosse ela, eu estaria sabendo.

Voltamos a ficar em silêncio, escutando o motor de Pulga a todo o vapor. 

— Bella. - eu olho em direção a Emmett, o capitão do time cheio de inseguranças. Quem diria?  - Você quer ficar e jantar? Vai estar minha mãe e meus irmãos. Pizza. Sei lá. Como um pedido de desculpas?

Sorrio.

— Bem, desde que você me conte melhor sobre sua paixonite pela Rosalie.

Os olhos de Emmett brilham de excitação.

— Fechado!

 


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Notas finais do capítulo

Aiaiaiaiai, o que vocês acharam? Gostaram? Odiaro? Emmett lindo cheio de inseguranças como qualquer pessoa passando pelo terceiro ano do ensino médio. Eu te entendo, Emm!!! E a Bella? Louquíssima e suuuper envergonhada com a noite anterior? E aí? O que vai acontecer? O que acham? Um grande beijo pra todes!!!



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