Eclipse Lunar escrita por jujuba


Capítulo 16
A indescritível habilidade de fazer tudo ao mesmo tempo


Notas iniciais do capítulo

Olá amores!
Feliz Ano Novo para vocês! Que 2021 seja um ano de muita saúde, muita prosperidade, empatia, amor e sucesso para todxs nós!
Vamos para mais um capítulo, quero saber depois o que acharam e se conseguem adivinhar o que vem no horizonte!



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Provas finais.

Deus do Céu, eu achava que passaria por isso ilesa. Quem me dera. O meu nível de estresse parecia ter aumentado ainda mais depois de passar uma semana com a minha família. Tudo tinha sido lindo até minha mãe, três dias depois, ter voltado para Seattle. Eu não estava pronta para a saída dela, mas aconteceu mesmo assim. O maior problema era: Camille.

A questão é, sendo bem honesta: os trigêmeos nunca conviveram muito com Camille. Eles eram muito pequenos quando ela morou como a gente e então entrou na faculdade, o que limitou ainda mais o convívio de Camille com eles. Por consequência, os trigêmeos não tem nenhum respeito pela autoridade da minha irmã mais velha, muito pelo contrário, eles a desafiam o tempo inteiro (e quando eu digo o tempo inteiro, estou falando o tempo inteiro). Camille não os conhece mais do que o seu preconceito a permite, ela não gosta de crianças bagunceiras e acha que os trigêmeos são descontrolados. Não consegue perceber que existe um controle nesse caos, é só não deixar que eles se matem ou matem alguém. De resto, estamos no lucro.

A minha querida irmã mais velha está ao ponto de estourar, coitada. Eu até gostaria de ter ajudado um pouco mais, mas nas vezes em que tentei dar alguma dica ela simplesmente ignorou (como quando os trigêmeos decidiram construir uma cabana de madeira para eles nos fundos da casa e, ao invés de simplesmente ajudá-los no intuito, assim ela poderia supervisionar o uso das ferramentas como eu sugeri, Camille os proibiu de mexer em qualquer ferramenta de construção, eu não preciso nem dizer como isso acabou né? Eles quase destruíram a casa como forma de protesto). Sem falar que com as provas finais e as rondas ainda intensas eu também estava ao ponto de estourar, mas em uma grande loba branca preste a arrancar a cabeça do primeiro que cruzasse o meu caminho.

Assim sendo, não era difícil Finn e eu termos que intervir com os trigêmeos, aguentar os choros e surtos, a gritaria reclamona e o bater de pés – e outras coisas – pela casa. Sarah podia ter quatorze anos, mas essa não era essa a pior fase da adolescência? Ela estava querendo tanto atenção quanto os trigêmeos tinham e por isso fazia birra até não querer mais (inclusive uma greve de fome por três dias, mas que eu descobri depois que ela só aguentou tudo isso porque os trigêmeos contrabandeavam biscoitos para o quarto dela de madrugada). Se antes eu estava reclamando que não via a hora da escola acabar, agora eu estava me agarrando aos últimos dias com um desespero renovado.

Eu não consigo nem me lembrar a última vez que vi Jacob ou algum dos meninos sem ser nas rondas, não consigo me lembrar do sabor que é dormir (já que no meu tempo livre de tudo isso que estava acontecendo eu ainda tinha que estudar para as provas) e não consigo nem me imaginar mais conquistando algum autocontrole. Eu só não estava pior que Paul, porque pior que ele ninguém consegue ficar.

Parecia que algum gatilho tinha acontecido dentro de mim, não só dentro da minha cabeça. Desde a noite na Fogueira... As coisas estavam um pouco mais confusas. Era como se eu sentisse quase constantemente a presença da loba, como se eu não estivesse tentando controlar a transformação e sim ela; controlar esse lado selvagem que parecia ganhar mais força e território dentro de mim a cada dia que passava. O meu antigo medo tinha voltado (aquele que parecia tão distante, mas que só tinha se passado dois meses quase). Eu temia ceder e, se cedesse, o que seria de mim? Eu me perderia dentro dessa forma selvagem? A busca por autocontrole nunca me pareceu tão necessária como agora.

O sinal da última aula (e do último dia de aula) tocou e todo mundo gritou animado enquanto eu gritava um sonoro “Não!” e deitava a minha cabeça na mesa. Dakota, que permaneceu ao meu lado na aula de Cálculo mesmo depois da antiga parceira dela retornar à saúde normal, me olhou e riu.

— Não me diga que vai abraçar a mesa e se recusar a deixar a propriedade da escola em um ato de protesto – ela disse.

— Sim! Eu me recuso a sair dessa sala, eu me recuso a deixar que as aulas terminem! – falei de forma dramática, mas levantei quando o professor me encarou de cara fechada. Ele parecia mais ansioso do que eu para dispensar os alunos.

— Vem, vamos antes que ele decida passar dever de casa para o inverno – ela sussurrou urgente para mim.

Eu queria ficar na escola, mas não estava tão desesperada ao ponto de querer dever de inverno de Cálculo. Por isso, peguei com rapidez a minha mochila – que estava tristemente vazia – e segui Dakota para fora da sala. Ela tagarelava sobre as festas de férias que iam acontecer na casa de alguns meninos do último ano. Aparentemente eles tinham todo um cronograma de dias em que essas festas iam acontecer e na casa de quem. A festa final seria na praia, um grande luau se o clima permitisse.

Eu achava improvável. Com o inverno se aproximando, alguns dias de neve estavam previstos para as próximas semanas, o que não ia permitir um banho de mar. Porém, isso nunca impediu ninguém de La Push de qualquer forma.

Despedi-me de Dakota e me encontrei com Jacob no estacionamento. Ele me abraçou longamente, parecia aliviado que as aulas tinham finalmente acabado por um tempo. Eu sentia falta dele. Sentia tanta falta que perdia o ar só de lembrar da falta que ele fazia. Eu podia estar sendo bem melodramática no momento, mas estava pressentindo que os tempos de ouro ainda iam demorar para voltar. Pelo menos por um tempo.

— Por que não vai lá pra casa agora de tarde? – ele perguntou em meu ouvido.

— Não posso. Prometi aos trigêmeos que ia ajudar na construção da cabana deles – falei amuada – E também prometi a Sarah que ia ajuda-la com o judô. Parece que a única coisa que eu preciso fazer é ser o saco de pancada dela.

Jacob riu – Tem certeza? Não é lá uma atividade muito tranquilizante.

— Porque correr por aí como um lobo caçando vampiros é o cúmulo da atividade tranquila – murmurei ainda com a cabeça em seu peito.

Jacob riu de novo, dessa vez me apertando firme em seu peito, encostando sua bochecha no topo da minha cabeça.

— Vai ficar melhor, você vai ver. Vai ficar tão calmo por aqui que você vai estar pedindo por confusão – ele brincou.

— Você sabe que os meus irmãos, com exceção de Camille, se mudaram para valer, não sabe? La Push nunca mais será a mesma com aqueles quatro soltos por aí – eu o desafiei.

Como de costume, Jacob deu uma carona para Finn e eu de volta para casa. Eu amava a carona porque era um tempo a mais que eu passava com Jacob – que parecia estar se tornando mais raro a cada dia – mas também vinha pensando em comprar o meu próprio carro. Eu tinha algumas economias guardadas por causa do emprego na biblioteca que seriam o suficiente para comprar algum carro de segunda mão. Eu falava sobre isso com Jacob quando, ao entrar no caminho principal da nossa casa, minha irmã me esperava na porta já, de braços cruzados e cara fechada.

— Você deixou alguma toalha jogada em cima da cama? – Finn me questionou ao se debruçar no vão dos bancos e encarar a nossa irmã do outro lado.

— Não. Você lembrou de abaixar a tampa da privada?

— Hm... Droga.

Jacob não sorria. Desde que minha irmã percebera que uma rotina tinha sido feita na ausência dos meus pais, no qual Jacob estava incluso em quase todos os momentos, Camille tinha feito de tudo para me manter ocupada em casa. Eu não acho que isso tenha sido a pedido de mamãe, até porque ela tinha preocupações maiores para lidar agora; acreditava que isso fazia parte do plano de Camille em ter tudo em perfeita ordem e controle o tempo inteiro. Por causa disso, a animosidade de Jacob em relação a ela cresceu muito. Ele não se importava realmente se a minha família aprovava ou não, mas a minha irmã estava de fato começando a dar nos nervos.

— Eu te vejo na ronda daqui a pouco? – perguntei enquanto lhe dava um rápido beijo.

— Uhum – ele respondeu, a expressão séria.

Fiquei observando o Rabit dar a meia volta e então sumir pelas árvores, indo rumo à La Push novamente. Eu sentia minhas mãos tremerem conforme voltava a encarar Camille. Estava claro que não era nenhum problema em relação à casa e sim em relação a Jacob. Ela não tinha o direito de se meter na minha vida dessa forma e se resolvesse ir até o fim com isso era bom ela saber onde estava pisando, porque eu tinha mais folego que ela.

— Mamãe e papai estão cheios de preocupação lá em Seattle e você não se importa nem um pouco, não é mesmo? – Camille disse assim que passei por ela.

Calma, fique calma, eu dizia a mim mesma.

— Sabe que ela não quer que você se encontrei com esse garoto Black e você nem liga para isso – ela continuou, não se permitindo ser ignorada enquanto eu entrava em casa.

— Por que você ligou muito quando fugiu aos dezessete anos com o menino da escola, não é? Por que você ligou muito para o que a mamãe sentia quando se mudou de um dia para o outro para o apartamento daquele namoradinho seu, que os pais nem aprovam na verdade, né? – eu respondi sem alterar o tom de voz e sem elevar a voz. Não me impedia, no entanto, de tremer loucamente de raiva.

Eu me voltei para encará-la, já que Camille ficou um momento em silencio.

— Não venha você me dar lição de moral sobre namorados. Logo você, a que sempre arranja alguém que os pais não aprovam. Às vezes até acho que faz de propósito – eu continuei, sem deixa-la tomar folego para continuar – Pelo menos eu não estou fugindo com o meu namorado e nem abandonando a minha família.

Deixei que a mão firme de Finn praticamente me arrastasse para longe enquanto eu quase solavancava de raiva. Tinha muito que eu queria falar, mas me segurei por não conseguir decidir se ia me transformar ou xingá-la. No primeiro andar, caminhei com passos duros para o meu quarto, sendo seguida de perto por Finn. Camille não tinha ideia do quanto eu gostaria de estar em Seattle agora, ela não tinha ideia do que eu ia fazer ao maníaco quando – e se – alguém o encontrasse. Ela simplesmente não tinha ideia.

— Deixa ela falar, Raven. Não entra na onda da Camille – Finn disse baixinho, tomando cuidado para que ninguém que estivesse passando pelo corredor pudesse nos ouvir – Ela só fala isso da boca pra fora, está extravasando a raiva dela dos trigêmeos em você.

— Não é justo! – eu chiei um pouco alto – Qual o problema de estar com Jacob? Por que ela não cuida da própria vida? Eu não a vejo pegando no seu pé tanto quanto no meu.

Finn deu de ombros, sem saber as respostas para isso, mas ao invés fez um novo questionamento.

— Você está pouco se lixando para os pais em Seattle? – ele perguntou.

— É claro que não! Você sabe o quanto eu gostaria de estar lá!

— Então a sua consciência está tranquila, entrar em um conflito com a Camille agora não é o mais inteligente. Quando os pais voltarem, qual acha que vai ser o primeiro relatório dela? Os trigêmeos? Claro que não, você!

Eu me calei por um tempo, pensando no que Finn tinha me dito. Fazia sentido. Camille, por mais que ela tentasse, sabia que nunca ia conseguir controlar os trigêmeos. Não seria surpresa nenhuma para os meus pais tudo o que eles aprontaram durante a semana. Agora se ela distorcesse ou falasse de uma forma mais tendenciosa a respeito de mim...

A minha raiva agora se transformou e tinha um rosto muito claro, e próximo, na minha mente: Sam. Era por causa dele que eu não estava em Seattle ajudando os meus pais da forma que podia. Eu gostaria que houvesse uma forma de poder quebrar com a ordem dele, mas até agora, semanas depois do que acontecera, eu ainda não tinha encontrado uma brecha.

— Eu tenho que ir para a ronda, você vai ficar bem? – ele perguntou.

— Sim, pode ir – eu disse me jogando na cama.

Finn se debruçou e beijou a minha testa com um sorriso de canto, sussurrando um “Se controle!” antes de sair. Não demorou muito para os trigêmeos invadirem o meu quarto exigindo que eu cumprisse a minha parte no trato em ajudá-los a construir a cabana nos fundos do nosso quintal.

Eu não entendia nada daquilo, para ser honesta. O meu trabalho ali era na verdade manter Brandon longe da serra elétrica, Lorelai longe de um martelo (ela tendia a jogar o martelo na pessoa que a irritava) e Luke longe dos pregos (o danadinho tinha mania de querer colocar no nariz). O que me surpreendeu mesmo foi a habilidade dos três naquilo. Eles sabiam exatamente o que precisavam fazer e como.

Ficamos mais ou menos três horas do lado de fora enquanto eles martelavam aqui, mediam ali, pediam para que eu cortasse acolá. Quando esfriou ao ponto das nossas respirações se tornarem visíveis e uma fina garoa nos atingir, instrui todos para dentro. Não foi fácil e eu acho que se não fosse uma loba – com a força e rapidez de uma – não teria os feito cumprir minha ordem... Bom, eu também subornei com chocolate, mas ninguém conta essa parte, né?

Como de costume nos últimos dias, Velho Quil vinha para jantar com a gente – e ouvir gentilmente as reclamações de Camille sobre os mais novos. Eu sentia falta de morar com o meu avô. Nunca achei que poderia dizer isso, nunca achei que fosse pensar nele dessa forma para ser honesta, mas aqui estou eu, sentindo falta da calma, serenidade e sabedoria de Velho Quil. Ele me fazia me sentir um pouco mais em controle, um pouco mais livre e próxima de minhas raízes.

— Já tô vendo que está precisando de um novo corte de cabelo – ele disse rindo à guisa de cumprimento.

Eu rolei os olhos, mas não deixei de concordar com ele. Realmente meu cabelo já estava começando a ficar mais selvagem do que o permitido e aceitável.

Comemos não em paz, mas em um caos controlado enquanto eu ajudava minha irmã mais velho com os menores. A greve de fome de Sarah abriu o apetite da menina por dias, já os trigêmeos sempre tentavam jogar comida um no outro quando se irritavam com as brincadeiras alheias. Era nesse momento quando Camille tinha o meu apoio e do meu avô que ela geralmente escapulia para o seu quarto, abria a janela e fumava dois cigarros em tragadas longas e escondidas. Se mamãe soubesse...

Enquanto ela subia para o primeiro andar de forma furtiva – ou pelo menos acreditava que assim estava sendo – meu avo e eu ficamos na sala com os pequenos. Eles assistiam a um programa de televisão infantil enquanto Sarah lia um livro em uma das poltronas. Ainda tinham muitos móveis para comprar, mas o pouco que os meus pais conseguiram comprar e enviar para a casa já estava fazendo alguma diferença.

— Como você está? – meu avo perguntou depois de um tempo.

— Estou bem. Continuo um pouco sensível demais, mas estou bem – respondi com sinceridade.

— Faremos nesse final de semana uma nova Fogueira, dessa vez para Colin e Brady estarem presentes...

— Eu não vou, vô – o cortei antes mesmo dele fazer o convite que eu sei que faria – Já fico quase oito horas por dia com o Sam dia sim e dia não. É o máximo que eu consigo.

Meu avô suspirou.

— Essa sua situação com o Sam... – ele começou e então pensou melhor – Você precisa se desprender, não está lhe fazendo nenhum bem e certamente ao bando também.

Eu fiquei um momento calada, sem saber ao certo o que responder. Nós conversávamos em voz baixa, mas eu não queria correr o risco com os meus irmãos... Ao mesmo tempo em que eu não sabia muito bem o que responder. Eu entendia como deveria ser difícil para os outros sentirem essa minha aversão a Sam, nas últimas semanas eu tinha me distanciado bastante no meu tempo livre, não só por causa das provas – embora eu tivesse usado isso como desculpa -, mas porque eu não conseguia ainda engolir com facilidade o que acontecera. Era eu que tinha que viver todos os dias presa dentro de escolhas que eu não tomei, impossibilitada de sair do território para ajudar os meus pais, mesmo que como humana.

— A verdade é que... Eu não o escolhi, vô – falei – Não escolhi Sam como o meu líder. E não escolheria se tivesse a chance. Não digo que ele não é bom para o bando e para a comunidade, sei que ele é e sei que ele sacrifica muito do seu bem-estar e tempo para cumprir essas tarefas, mas eu não o escolhi.

— Mas ele é o líder que você tem. Não existe outro, não quando Jacob renunciou o lugar dele como Alfa – ele interpôs, a voz grave e séria.

Eu esfreguei minhas mãos em meu rosto, cansada. Quando não estava pensando nas provas, na minha família e em Jacob, estava pensando na ordem ridícula que eu era obrigada a cumprir. Era sufocante saber que a ordem estava lá, pairando sobre a minha cabeça e me impedindo.

— Sei disso – suspirei – Acho que vai demorar um tempo, mas vou voltar a me entender com Sam. Não concordo com a atitude dele e não posso abaixar a cabeça sempre que o achar errado, mas devo respeito a ele. Sei disso.

— Você pensa por si própria, é um sentimento natural de ter quando isso é confrontado. Porém, você agora vive em bando. E em bando, o bem coletivo é mais importante algumas vezes, mesmo que isso nos custe algo.

Trinquei meus dentes em raiva, mas reconhecimento. Ele não estava errado. Se em sociedade normalmente já tínhamos que pensar no bem comum, em um bando de lobisomens então isso era ainda mais forte, mais presente. Eu só gostaria de ser forte o suficiente para minar esse poder que Sam exercia em mim.

— Finn me pediu alguns livros sobre a nossa comunidade e nossas leis – meu avô disse tirando do bolso dois livros de tamanho médio e com poucas folhas – Ele quer entender melhor o fluxo de La Push e da reserva, entender o seu papel dentro dela mais do que só pertencer ao bando. Acho que seria bom para você dar uma lida também. Você parece perdida, minha filha. Talvez isso lhe ajude a se encontrar.

Eu analisei os dois livretos um pouco desconfiada. Sabia que o bando agia em prol de La Push, até mesmo em questões socio-políticas, mas me sentia receosa de tentar buscar o meu lugar dentro desse sistema. Pertencer ao bando já me causava uma baita dor de cabeça na maioria das vezes.

Folheei o livro por cima, tentando entender como isso faria Finn se encaixar melhor. Se havia um local no mundo que ele tinha se adequado perfeitamente tinha sido com o bando. Eu não encarava isso como algo ruim, a respeito da ordem de Sam estávamos do mesmo lado, mas Finn tinha uma natureza mais graciosa, ele perdoava com mais facilidade. Finn respeitava muito Sam, gostava de fazer parte do bando e não me surpreendia ele estar tentando encontrar caminhos para se fazer ainda mais útil.

Parei momentaneamente em um tópico sobre a hierarquia do bando. Eu sabia sobre ela, Jacob era o Segundo e Jared era o Terceiro, mesmo assim Jacob tinha Embry como o seu Segundo e Jared tinha Paul como o seu Terceiro – substitutos caso algo acontecesse ao bando. No entanto, o que chamou a minha atenção foi algo que eu não sabia antes. Sam foi escolhido para ser o Alfa (quando Finn e eu ainda nem sonhávamos que isso poderia acontecer com a gente). Pelo menos era o que a hierarquia dizia em palavras gerais, se o Alfa legítimo recusasse o cargo outro poderia ser escolhido como Alfa, sendo ele o próximo na hierarquia dos antepassados. Isso me fez ter uma linha de pensamento interessante, da qual separei para perseguir quando tivesse mais tempo. Talvez, só talvez, essa minha situação não precisava ser tão a ferro e fogo.

Meu avô foi embora logo quando Camille desceu – e eu podia sentir o cheiro de nicotina misturado com a bala de menta forte que ela tinha chupado antes de nos encontrar. A batalha seguinte foi para colocar todos na cama por conta do horário, ainda mais por já estarem de férias. Após eu, descaradamente e sem consciência culpada, subornar com mais chocolates no dia seguinte, eles seguiram para os seus quartos sem reclamar. Permitimos que Sarah ficasse por mais tempo por ser mais velha.

Eu precisava descansar um pouco antes de iniciar a minha ronda da madrugada e, dessa vez, minha vigília na casa de Bella junto à Jacob. Vesti um vestido de algodão preto só para não precisar acordar cinco minutos mais cedo para trocar de roupa antes de sair. Estava quase adormecendo quando escutei passos correndo pelo meu quintal e então a leveza de um pulo para a minha janela, que se abriu lentamente.

Jacob colocou a cabeça para dentro e sorriu um sorriso travesso. Estava tudo escuro já, apenas a Lua encoberta pelas nuvens densas de chuva. Em mais um pulo ágil, Jacob entrou pela minha janela e se deitou ao meu lado na cama.

— Resolvi passar aqui para saber se você ainda estava viva depois de uma tarde próxima dos seus irmãos e equipamentos perigosos – ele brincou, puxando-me para o ninho de seus braços quentes.

— Perdi alguns dedos e evitei alguns assassinatos, mas tudo sob controle.

Ele geralmente vinha nessa hora da noite quando tínhamos rondas juntos, assim aproveitávamos o tempo que tínhamos. Não que isso tinha acontecido com muita frequência essa semana ou semana passada. Eu me encontrava tão cansada e estressada por conta do dia que adormecia assim que me deitava em seu peito.

— Hoje tem vigília na casa da Bella, né – eu disse em meia voz, de olhos fechados e sentindo o sono vir.

— Na verdade troquei com Quil e Embry.

Eu bocejei – Não me importo de fazer – falei, mas me importava porque a vigília era mais longa que as corridas. Porém, eu não queria fazer corpo mole.

— Mas eu, sim. Esses turnos dobrados têm acabado comigo, preciso descansar pelo menos um dia.

— Podemos matar aula, então? – eu perguntei sorrindo travessa no escuro – Podemos fingir que o despertador não tocou.

Jacob riu baixo, sua risada vibrando por seu corpo – Eu gostaria disso.

Eu tinha sentido tanto a falta dele! Mesmo o vendo todos os dias, eu senti falta de estar assim com ele, nessa bolha só nossa, sem preocupações, sem raiva, sem ressentimentos. Só nós dois. E foi pensando nisso que a minha mudança de humor nos levou para um passatempo diferente; um passatempo que eu tinha sentido mais falta ainda.


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