Meu Nerd Favorito escrita por PepitaPocket


Capítulo 4
Quando Uma Garota Precisa de Consolo




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Shino se concentrou tanto copiando aquelas coisas no caderno, que acabou nem percebendo que já tinham se passado mais de vinte minutos e a Ino não tinha voltado.

— Será que aconteceu alguma coisa? – Shino se perguntou percebendo que a maluquinha tinha deixado sua bolsa para trás.

Apenas por isso, ele devolveu os livros, recolheu o material, e deixou um recado com a bibliotecária de que ele tinha saído para procura-la.

Por causa daquela tagarela, ele levou um sermão sobre biblioteca ser local de fazer silêncio, o que não fazia sentido, já que cada vez mais os professores exigiam trabalho em grupo, de preferência com muito debate de ideias, e não tinha como se fazer essas coisas em silêncio.

Shino pensando saindo pela porta, olhando pelos lados a procura daquela doida, achando que ela foi no banheiro.

Mas, Ino já não estava lá.

Tinha saído dramaticamente dali, como um vento, mais ou menos a uns dez minutos.

E, não tinha acontecido nada demais. Hinata a viu chorando, e percebendo isto a gentil moça, lhe ofereceu um de seus lenços demaquilante, já que Ino estava coma  maquiagem borrada. Mas, orgulhosa Ino achou que aquilo seria humilhação: consolada pela atual de seu ex-namorado.

Então, saiu porta a fora, sem nem agradecer, nem dizer nada.

Sua mãe lhe arrancaria as orelhas, por ter essa atitude impensada, mas foi mais forte do que ela, sair sem nem agradecer.

Sakura dizia que ela estava levando muito a sério o término de seu namoro com Kiba. Quer dizer, eles saíram algumas vezes, trocaram alguns beijos, e até tomaram banho de piscina juntos e dormiram abraçadinhos na rede do sitio dele.

Mas, felizmente não aconteceu nada de mais íntimo, porque ela não se sentia preparada.

Mas, o Kiba vinha tocando cada vez mais no assunto.

Então, um dia eles brigaram. E, ela no impulso rompeu. Ele garantiu que ela iria se arrepender, mas ela não deu trela.

Mas, foi dito e feito, no dia seguinte ele apareceu de mãos dadas com Hinata.

Justo quando ela tinha acabado de mandar uma mensagem melosa para Kiba, prometendo mundos e fundos, inclusive sua preciosa virgindade.

O cretino mostrou aquilo para os amigos, que falaram para suas namoradas e para ela aquilo foi um suicídio social.

Como não conseguiu convencer sua mãe a deixa-la uns dias em casa (já que não tinha autorização de seus pais para namorar), ela achou uma ótima ideia matar aula.  

Foram três dias, apenas. Ela conseguiu negociar as faltas com Anko-sensei, Kurenai-sensei, Kakashi-sensei, Asuma-sensei e até o esquisito do Yamato-sensei, mas com o monstro do Orochimaru-sensei, os termos não foram amigáveis.

E, agora acontecia aquilo.

— Loira bonitinhas, não deveriam sofrer por amor. Devo ser a última exceção. – Ela disse entre uma fungada e outra.

— Não existem muitas loiras naturais no Japão, então por aqui você deve ser uma exceção por natureza. Mas, tem várias nações no mundo que elas são maioria, como na Alemanha, então eu duvido muito que não tenha alguma, chorando por quem não merece suas lágrimas.

Ino deu um salto para fora do banco da arquibancada que ela estava sentada.

Só estava tendo treino de futsal feminino naquele momento, e a professora Anko era tão carrasca, que as alunas não teriam nem tempo de fazer outra coisa, a não ser torcer para que o treino acabasse.

Shino ficou surpreso consigo mesmo, por ter sido tão eloquente e conseguido dizer meia dúzias de palavras.

— Não pense que estou chorando pelo que você me disse. – Ela disse empinando o nariz, tentando disfarçar o próprio constrangimento.

— Oh, eu não pensaria nisso. – Ele por sua vez respondeu ajeitando seus óculos, enquanto olhava para o horizonte em uma quietude enervante.

— Embora, eu tenha ficado chateada com suas palavras. – Ela disse mais alto do que o necessária.

— Yamanaka-san, estou de seu lado... – Ele disse coçando o ouvido. – Não precisa gritar.

— Preciso sim. – Ela disse com dramaticidade, enquanto tentava não chorar. – Não está vendo tudo de ruim que está acontecendo comigo?

— Ah, claro...! – Ele disse em tom de ironia. – Eu sei que ter um cara esquisitão como parceiro de trabalho, deva ser muito ruim para você, princesa. – Shino continuou seu discurso ponderado, só que Ino estufou as bochechas com contrariedade, já que aquele idiota parecia não entender as coisas.

— Você parece achar que tudo se resume a você não é? Como você mesmo disse, estudamos juntos e não te conheço tão bem assim, para considerá-lo uma coisa boa ou uma coisa ruim. - Ela disse usando da mesma sinceridade com ele.

— Agora, por favor me dê minha bolsa. – Ela disse estendendo sua mão trêmula para ele. – Preciso fazer a maquiagem e procurar uma boa taça de sorvete, para afogar minhas mágoas.

Ela disse em um tom tão dramático que até o Aburame se sentiu mal por ela.

— Se quiser pago o sorvete para você. – Ele disse totalmente no impulso, e ela arregalou os olhos ao ouvir aquelas palavras.

— Não é um encontro. – Ele disse gaguejando muito, nervoso pelas coisas ficarem ainda mais esquisitas entre eles.

— Oh, eu não pensaria isso... – Ela disse com a voz carregada de ironia. – Você é muito bom para sair com uma garota como eu.

Ela disse enquanto terminava de passar o batom. E, Shino tinha de admitir que a cobertura roxa, lembrava muito uvas. E, ele amava uvas.

Isso o deixou um tantinho tentado em saber, como seria a textura de seus lábios.

Mas, preocupado com a direção de seus pensamentos tratou de ignorá-los, enquanto levava a mãos aos bolsos, com a cara amarrada.

— Essa frase quem deveria dizer sou eu, Yamanaka Ino. – Ele disse pausadamente.

— Que pena, mas fui eu que disse, então não permito que você a imite. – Ela disse ainda alto, mais uma vez aquilo o deixou com dor no ouvido.

— Tanto faz, mas já disse para não gritar, estou aqui do seu lado. – Ele falou coçando mais uma vez, sua orelha.

— Só por causa do trabalho. – Ela disse revirando seus olhinhos azuis.

— Sim. Trabalho que por sinal, deveríamos estar fazendo, temos apenas sexta para entregar.

— Dane-se, vou tomar meu sorvete primeiro. – Ela disse fungando, tentando soar altiva, mas ela estava triste.

— Tudo bem. – Ele disse dando de ombros, enquanto revirava os olhos. – Mas, depois precisamos prosseguir. – Ele disse querendo ser motivador, mas acabou engolindo em seco, quando ela o encarou diretamente nos olhos.

— Espero que tenha trazido bastante dinheiro, pois quando fico desse jeito, preciso experimentar um de cada sabor.

Ela disse com altivez, e Shino fez uma expressão ainda mais estranha para ele.

“É magra de ruim”.

Ele pensou ainda com a mão nos bolsos, enquanto a observava caminhar com passos duros em direção a sorveteria que não ficava muito longe da escola.

...

Sentaram-se em uma mesa no canto. E, Ino não brincou, quando disse que queria um sabor de cada vez, estava com um enorme tigela, com 37 bolas coloridas de sorvetes, encobertas por diferentes coberturas, e granulados de todas as cores e tamanhos.

“Lá se vai toda minha mesada do ano”.

Shino pensou com uma gota na cabeça, duvidando que ela fosse comer tudo aquilo, mas para alguém que era magrinha e certamente bitolada, em manter-se assim... Ela comia e muito.

— Maldito, Inuzuka! Por sua casa, terei de fazer duas horas extras de esteira. – Ino disse tão de repente, e chorando mais repentinamente ainda, que Shino quase caiu da cadeira, por causa disso.

Sem saber, muito o que fazer ele lhe alcançou alguns guardanapos de papel, e aquilo teria de servir como substituto de um lenço, mesmo assim o gesto deixou a Ino com as bochechas coradas, enquanto ela pegava os papéis, cheia de admiração.

— Para um nerd, até que você sabe agradar uma garota. – Ela disse visivelmente querendo ser simpática, mas aquilo não foi lá muito eficaz.

— Vou entender isso como um elogio. – Ele disse franzindo o cenho e com seriedade, o que fez a garota achar que ele estava zangado com ela.

— Não precisa ficar bravo, só achei que um cara com você, sabe... – Ino parou de falar em meio a um demorado suspiro, pensando bem o que ela queria dizer não soava gentil, por mais que ela quisesse que fosse.

— Primeiro, não sou nerd. Nem mesmo sou entendido de coisas geeks. – Ela ia protestar, mas com um gesto ele a fez ouvi-la primeiro. – Segundo, mesmo que fosse, não vejo porque uma coisa iria anular a outra.

Ele disse surpreendendo-se com a própria eloquência, já que nem com seus pais ele costumava falar tanto assim. E, não era por nenhuma questão triste ou traumática, ele apenas era quieto mesmo.

Ino por um momento não dissera nada, parecia pensativa, e ele até ficou preocupado que estivesse sendo muito duro com ela. Mas, ele era uma pessoa prática e não o tipo que ficava fazendo rodeios desnecessários.

— Pensando bem você tem razão. – Ela falou com certa dificuldade de dar o braço a torcer, mas ela estava achando a companhia daquele esquisitão que usa óculos escuros até mesmo dentro de uma sorveteria algo bem agradável.

— Como diria meu pai, não se julga um livro pela capa. – Ela falou levando a mão dela na dele por impulso.

Não estava flertando nem nada, mas sendo uma pessoa expansiva, Ino invadia com frequência o espaço pessoal das pessoas, Samui reclamava disso quase sempre.

Mas, quando suas mãos se tocaram o rosto de ambos corou, e como se tivessem vida própria seus dedos se enroscaram.

E, a garota de repente, nem pensava tanto assim em Kiba, ainda mais quando sem separar as mãos, e ainda mantendo contato visual, lhe disse:

— Você é muito bonita para chorar por causa de um idiota qualquer. – Ele disse querendo acertar com as palavras, e o modo que ela sorriu lhe deu pistas de que ao menos dessa vez ele disse a coisa certa.


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